WAGNER DUTRA DA COSTA

 

 

 

Universidade Estadual do Ceará- UECE

4º Semestre-noturno

 

O PENSAMENTO ECONÔMICO NA GRÉCIA ANTIGA

 

INTRODUÇÃO

 

      Na obra sobre a história das doutrinas econômicas de Paul Hugon percebemos a evolução do pensamento econômico até o século XVIII. Porém, neste pequeno esboço iremos tratar da sua origem e surgimento na Grécia antiga destacando os fatos e as idéias econômicas e monetárias existente na época.

  1. 1.    FATOS E IDÉIAS ECONÔMICAS

 

1.1 Os Fatos Econômicos

Anterior a uma economia propriamente dita, a Grécia conhecia um tipo mais “arcaico”, ou seja, uma economia baseada numa vida domestica, em meados dos séculos XII e VIII a.C.

Entre os séculos V e III da mesma era, surge, no período helenístico e homérico uma vida econômica de trocas por duas situações naturais vividas pela Grécia: o comercio e a navegação. Tanto um como o outro se impuseram ao mundo grego. O primeiro pela pobreza do solo, a exigüidade do território e o excesso de sua população. O segundo, pelo mar que “…com seus numerosos golfos e baías, estava a indicar aos gregos o largo caminho dos longínquos mercados”.[1]

Apesar de reuni os principais elementos de um meio econômico, a Grécia ainda não possuia autonomia de pensamento nesta área, como ocorria com a filosofia, mecânica ou geometria.

 

 

1.2 As Idéias Econômicas

            Apesar da existência de um pensamento econômico, era evidente a predominância do pensamento filosófico. Desta maneira, a economia estava subordinada a filosofia, por três razões principais: “…idéia de predominância do geral sobre o particular; idéia de igualdade; idéia de desprezo da riqueza.”[2]

            Com relação às idéias filosóficas citadas acima é necessário destacar que a Grécia se dividia em cidades independentes     que viviam em pé de guerra uma com as outras, e por isso a principal ocupação era a cidade. Além disso, o aspecto ético[3] era de fundamental importância para a convivência na cidade. E por fim, uma atitude filosófica de desprezo com relação à riqueza indicava o caminho da vida feliz, pois como dizia Platão “… O ouro e a virtude são como dois pesos colocados nos pratos de uma balança, de tal modo que um não pode subir sem que desça o outro”.[4] Sendo assim, a felicidade consiste na virtude, e não na riqueza.

            Este panorama histórico contribuía para que a economia não se desenvolvesse aos moldes de um pensamento geral e sistemático. Contudo, mesmo nos tratados filosóficos surgem os primeiros indícios de futuras doutrinas econômicas iniciadas por meio das correntes individualista, socialista e intervencionista.

            A corrente individualista[5] surge como contraposição a razão do Estado colocando em questão o direito das pessoas. A corrente socialista, tendo como principal representante o filósofo Platão, propõe um regime de comunismo absoluto, descritos em suas obras “A República”, e “ As Leis”. A corrente intervencionista surge com Aristóteles em contraposição ao comunismo de Platão ao refutar que o melhor regime não é o comunismo, pois do contrario já teria se realizado. Assim, Aristóteles “… Na sua teoria sobre a população, recomenda medidas intervencionistas severas de limitação de reprodução, a fim de manter a estabilidade demográfica”.[6]

2.  FATOS E IDÉIAS MONETÁRIAS

 

2.1 Os Fatos Monetários

Conforme o autor José Julio Senna “A moeda cunhada surgiu entre os gregos, possivelmente em 620-600 a.C., na Lídia, pequena, mas prospera província situada na Ásia Menor”.[7]

Sob influencia da expansão geográfica, a Grécia viu na moeda um instrumento necessário para a evolução da economia com o intuito de facilitar o comercio que se desenvolvia com o passar dos anos. O surgimento da moeda foi, sem dúvida, o grande marco na economia da época. Havia uma grande variedade de moedas gregas, dentre elas se destacam: o ouro, a prata, o chumbo, o cobre, e o bronze, todos classificados como metais preciosos que traziam impressas variadas representações de heróis, deuses, animais, etc, cultuados pelos gregos.

Em sua obra “Política Monetária” José Julio Senna explica que “A estabilidade monetária reinante na Grécia antiga é explicada, portanto, pela vocação comercial do povo, por sua particular forma de organização política e por sua paixão pelas moedas”.[8]

 

2.2 As Idéias Monetárias

 

            Como se pode constatar na historia, segundo Hugon Paul, as idéias monetárias são mais avançadas que as idéias econômicas, conforme o que se lê na obra “A Política” de Aristóteles que o surgimento da moeda ocorreu para que dificultasse as trocas diretas.

            Deste modo, Aristóteles define dois tipos de economia: uma chamada de crematística natural (boa e necessária) e a outra crematística não natural (relacionada à economia mercantil, troca por intermédio de moeda).

            “Mas, tanto Aristóteles, como os socráticos, focalizaram também uma segunda questão monetária do mais alto interesse doutrinário: depende o valor da moeda do metal precioso que a constitui ou provém ele da autoridade que a põe em circulação?”.[9]

            Já Platão, em contraposição a Aristóteles, dá ênfase, em sua obra “As Leis” a moeda –sinal por algumas razões, como: a questão da onipotência do Estado como dogma incontestável, as rápidas mudanças econômicas na Grécia causadas pela moeda que, para Platão é o agente corruptor.

            Apesar de tudo, “O pensamento grego, econômico e monetário permanece, assim, subordinado ao filosófico”.[10]

 

 

 

 

 

                                                                                                               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HUGON, Paulo. 1902 - História das doutrinas econômicas. 13º Ed. São Paulo, Atlas, 1974, 480 p.

SENNA, José Julio, 1946 - Política monetária: idéias, experiências e evolução/ José Julio Senna. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010, 524 p.



[1] HUGON, Paul. História das Doutrinas Econômicas, p. 32.

[2] HUGON, Paul. Historia das Doutrinas Econômicas, p. 32.

[3] A preocupação igualitária preponderava também na esfera econômica, conforme destaca o autor Paul Hugon.

[4] HUGON, Paul. Historia das Doutrinas Econômicas, p. 34.

[5] Compreende escritores da segunda ordem, dos séculos V e VI a.C., os sofistas Hípias, Protágoras, etc.

[6] HUGON, Paul. Historia das Doutrinas Econômicas, p. 37.

[7] SENNA, José Julio. Política Monetária: idéias, experiências, e evolução, p. 33.

[8] SENNA, José Julio. Política Monetária: idéias, experiências, e evolução, p. 35.              

[9] HUGON, Paul. Historia das Doutrinas Econômicas, p. 40

[10] HUGON, Paul. Historia das Doutrinas Econômicas, p.41.