Introdução

 

 

A adolescência é considerada como um período determinante na vida do homem e constitui uma etapa decisiva de um processo de desprendimento. Esse procedimento ultrapassa três momentos essenciais: o primeiro é o nascimento, o segundo ocorre ao final do primeiro ano com o surgimento da linguagem, da dentição, da posição em pé e a marcha e da genitalidade; o ultimo momento acontece na adolescência. (Aberastury, 1990).

O aparecimento de um novo período etário designado adolescência, é referente a um distanciamento entre a condição infantil e o estado adulto.

A adolescência é composta por um fenômeno cultural, e não determina características manifestas de inicio e término. Contudo, declarando a necessidade de demarcação para planejamento, a OMS define sendo como um período da vida compreendido entre 10 e 19 anos e, e pela ECA, de12 a18 anos. (BASTOS, deslandes, 2009).

A Chamada puberdade ou adolescência era distinguida devido às mudanças físicas no seu corpo, sobretudo os denominados caracteres sexuais secundários, no caso do adolescente do sexo masculino, eram descritos como um adolescente desengonçado, que estava modificando a voz, surgimento de pêlos e o sexo feminino, era uma criatura igualmente desproporcionada, e havendo surgimento das glândulas mamárias. Além disso, são descritos estados mentais e particulares relacionados ao seu comportamento, marcando não somente a obtenção da imagem corporal definitiva, como também a estruturação final da personalidade, aspectos psicológicos, biológicos, sociais e culturais. Todo processo maturativo biopsicossocial do individuo se culmina na adolescência. (OSÓRIO, 1989).

Na adolescência, acontecem modificações rápidas e importantes nos corpos infantis, assim como também no estilo de vida. Porém, quando o indivíduo tem deficiência mental, esta etapa do ciclo de vida quase não é levada em consideração.

De acordo com o DSM-IV, a deficiência intelectual pode ser definida como sendo uma condição de funcionamento intelectual, expressivamente inferior à média, envolvendo pelo menos dois fatores de funcionamento adaptativo integrados a prejuízos , entre eles: comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, saúde, segurança, trabalho, lazer, aptdões escolares e utilização de recursos comunitários. (BASTOS, deslandes, 2009).

A avaliação deve ser realizada de acordo com uniformização de testes psicométricos ou por uma discrepância cognitiva de acordo com as respostas apropriadas para a idade e realidade sociocultural, através de roteiros, escalas fundamentadas nas teorias psicogenéticas e provas. Esse comprometimento teria de incidir durante o momento do desenvolvimento, que se dá até os 18 anos, para que seja confirmada a deficiência intelectual na pessoa. (BASTOS, deslandes, 2009).

O conceito social edifica a adolescência de maneira que determinadas características desta fase do desenvolvimento passam a ser essenciais para que o sujeito seja considerado um adolescente. (BASTOS, deslandes, 2009).

Dentre outras propriedades, BASTOS (2009 apud Greydanus), acredita-se que os adolescentes apresentem um maior cuidado com seu corpo, tendem a tornar-se mais preocupados com a saúde e contraponham os valores da sociedade e dos pais. (BASTOS, deslandes, 2009). A adolescência nas ultimas décadas, vem sendo considerado um momento decisivo do desenvolvimento do individuo, marcando não somente a obtenção da imagem corporal definitiva, como também a estruturação final da personalidade. (Osório, 1989).

Conforme Bee (1997), pelo fato de serem tão surpreendentes as mudanças físicas e emocionais ocorridas nesta fase de transição, a etapa da adolescência adquiriu uma reputação de ser repleto de Sturn und drag (“tempestade e estresse”). Aborda uma definição que excede bastante o grau de agitação emocional que a grande parte dos adolescentes vivencia.

O marco “a perda do desconhecido” e o impulso ao desprendimento, conduzem o adolescente a atravessar um período de ambivalência, contradições, ambigüidade e atritos com o meio familiar e o espaço circundante, tanto quanto a  suscetibilidade, o mau humor e a impulsividade .(aberastury, 1990)

Bastos (2009, apud Erickson), avalia que a tarefa fundamental da adolescência seja a aquisição da identidade adulta, que são impostas como características determinantes na etapa do desenvolvimento dos indivíduos.

A puberdade, nos adolescentes com deficiência intelectual, se apresentará da mesma forma, caso estes não apresentem nenhuma doença concomitante que posso dificultar seu início. O desenvolvimento psicossocial encontra-se comumente comprometido, devido as influências de alguns fatores, e o meio ambiente e a cultura são essenciais na fase de transição da criança para a adolescência. Contudo, adolescentes com deficiência intelectual apresentam comprometimento da realização nas atividades do dia-a-dia, que são importantes para o seu desenvolvimento. (BASTOS, deslandes, 2009).

O contato com pessoas da mesma faixa etária e a elaboração da identidade pessoal ganha influência da identidade social e pode trazer como implicação uma “ausência de representações” que refletirá em determinadas áreas do desenvolvimento mental, intervindo neste procedimento. (BASTOS, deslandes, 2009).

Neste período importante o convívio social, muitas vezes não é acirrado pelos familiares, por obter dificuldades para lidar com esta nova etapa de vida dos filhos.Por conseguinte,  ocorre uma falecia das habilidades sociais, importantes para desenvolvimento e a integração social, nos adolescentes com deficiências intelectuais, resultantes de uma ausência de recursos comunitários disponíveis. (KAPLAN, J.SADOCK p.727)

A estimativa da prevalência da deficiência intelectual é de 1 % da população. Sua incidência é de difícil precisão devido à impossibilidade de diagnosticar um individuo tendo a deficiência. A deficiência em muitos casos pode permanecer oculta por um longo tempo antes das limitações da pessoa ser distinguida ou, sobretudo devido a uma boa adaptação, o diagnóstico formal pode não se explicar em uma época particular da vida da pessoa. (KAPLAN, J.SADOCK p.727)

A deficiência é aproximadamente 11/2 vezes mais comuns no sexo masculino que no feminino. A alta incidência ocorre no pico das idades de10 a14 anos nas crianças de idade escolar.Por apresentar altas taxas de mortalidade, resultantes dos transtornos físicos associados, a prevalência em populações idosas é menor.

 (KAPLAN, J.SADOCK p.727)

Os níveis e graus de deficiência intelectual são expressos em vários termos. O DSM-II apresenta a deficiência intelectual com quatro subtítulos, sendo mencionada ao grau de comprometimento intelectual: leve, moderado, severo e profundo.

Tabela (Características Desenvolvimentais dos Individuos Deficientes Intelectuais):

LeveIdade Pré-Escolar (0-5) Maturação e Desenvolvimento:

 Consegue desenvolver habilidades sociais e de comunicação; retardo mínimo em áreas sensório-motoras; frequentemente não se distingue do normal até idades mais avançadas.

Idade Escolar (6-20) Treinamento e Educação:

Consegue aprender tarefas escolares ate aproximadamente o nível de 6 série pelo final da adolescência; pode ser guiado em direção a conformidade social.

Idade Adulta (21 e acima) Adequação Social e Vocacional:

Geralmente consegue desenvolver habilidades sociais e vocacionais para uma alta manutenção mínima, mas pode necessitar de orientação e assistência quando sob estresse social e econômico incomum.

Moderado – Idade Pré-Escolar (0-5) Maturação e Desenvolvimento:

Consegue falar ou aprender a comunicar-se; consciência social deficiente; desenvolvimento motor satisfatório; beneficia-se do treinamento do cuidado próprio; pode ser controlado com supervisão adequeada.

Idade Escolar (6-20) Treinamento e Educação:

Pode beneficiar-se do treinamento em habilidades sociais e ocupacionais; incapaz de progredir além do nível de 2 série escolar; pode aprender a viajar sozinho a lugares familiares.

Idade adulta (21 e acima) Adequação Social e Vocacional:

Pode atingir o alto sustento em trabalhos não especializados sob condições de proteção; necessita-se de supervisão e orientação quando sob estresse social e econômico moderado.

Grave - Idade Pré-Escolar (0-5) Maturação e Desenvolvimento:

Apresenta um desenvolvimento motor deficiente, linguagem mínima; geralmente incapaz de obter benefícios do treinamento de cuidado próprio; pouca ou quase nenhuma capacidade de comunicação.

Idade escolar (6-20) Treinamento e Educação:

 Pode-se aprender a comunicar-se; pode ser treinado nos hábitos elementares de saúde; beneficia-se do treinamento sistemático do habito; incapaz de se beneficiar do treinamento vocacional.

 Idade Adulta (21 e acima) Adequação Social e Vocacional: Pode contribuir parcialmente para automanutenção sob completa supervisão; pode desenvolver capacidades de autoproteção em um nível útil mínimo em ambiente controlado.

Profundo- Pré-Escolar (0-5) Maturação e Desenvolvimento:

Retardo maciço; capacidade mínima nas áreas sensório-motoras; necessita de cuidados de enfermagem; requer constante ajuda e supervisão.

Idade escolar (6-20) Treinamento e Educação:

Presença de algum movimento motor; pode responder a treinamento de cuidado próprio mínino ou limitado.

Idade Adulta (21 e acima) Adequação Social e Vocacional:

Algum desenvolvimento motor e da linguagem; consegue atingir um cuidado próprio muito limitado; necessita de cuidados de enfermagem.

(KAPLAN, J.SADOCK p.728)

Aproximadamente 25 % dos casos de deficiência intelectual atualmente são reconhecidamente originadas por anormalidades biológicas. Transtornos cromossômicos e metabólicos-tais como síndrome de Down, síndrome do X frágil e fenilcetoúria (PKU). Nos casos de deficiência intelectual leve, as classes socioeconômicas mais baixas são representadas. Todavia, a privação psicossocial, como a privação de estímulos sociais, lingüísticos e intelectuais, tem sido mediada por contribuir para a deficiência intelectual sem etiologia biológica conhecida, envolvendo três conjuntos fatores isoladamente ou em combinações: Fatores genéticos, biológicos e ambientais e experiências na primeira infância. (KAPLAN, J.SADOCK p.729).

Entre os profissionais e o público existe um equivoco ao crer que as pessoas portadoras de deficiência intelectual apresentam um grupo de comportamento homogêneo. De fato, as pessoas deficientes apresentam mais estilos de personalidades tanto quanto, mais padrões de comportamentos do que as não deficientes. No entanto, alguns padrões comportamentais podem estar mais ligados com a deficiência por conta das causas dos déficits cognitivos, relacionados a egocentricidade e pensamento concreto, particularmente a dificuldade na formação de conceito e pensamentos abstratos e das experiências de vida das pessoas deficientes. Anormalidades neurológicas são encontradas em indivíduos profundamente deficientes, podendo estar associados com hiperatividade motora e período de atenção curto, em geral não estão relacionadas a padrões de comportamentos, especialmente em pessoas leve e moderadamente comprometidas. (KAPLAN, J.SADOCK p.737).

Inversamente a outra concepção errônea, a conduta agressiva não representa um aspecto notadamente comum no comportamento e não tem base orgânica no individuo com deficiência intelectual. Os principais fatores responsáveis pelo comportamento do individuo deficiente provavelmente são as influencias ambientes e experiências de vida. Instituições desumanas, inadequadas e de custódia impessoal, têm sido mais patogênicas neste sentido. Os funcionários na maioria das vezes reparam a passividade, a obediência e a falta de iniciativa.

 (KAPLAN, J.SADOCK p.737)

A atenção negativa do pessoal através de comportamentos inadequados, incluindo a agressividade, desperta a atenção de alguns indivíduos. Os pais são
frequentemente responsáveis, devido à superprotecão, pela dependência do individuo deficiente, sua baixa tolerância a frustrações, sendo de inadequação e baixa auto-estima. (KAPLAN, J.SADOCK p.738).

Um diagnóstico seguro consiste em saber a historia dos pais e do responsável primário, sendo a única fonte de informação acerca da pessoa deficiente, competindo portanto, ter todo empenho e precaução para  garantir sua precisão. A presença de transtornos hereditários em suas famílias, a historia da gravidez e do parto, e da consangüinidade dos pais, merecem particular atenção. Os pais devido a preconceitos e ansiedade parentais, uma área notadamente sujeita a distorção, podem prover informações sobre marcos evolutivos da criança. A historia particular é de extrema importância para a avaliação emocional familiar e sócio-cultural, para os laudos clínicos. (KAPLAN, J.SADOCK p.738).

 Justificativa

A escolha do tema “O trabalho do psicólogo com Adolescentes com Deficiência Intelectual” deu-se pelo interesse da equipe com o tema e assim compreender mais precisamente o trabalho deste profissional, junto com as dificuldades encontradas nessa área especifica, e diante disso perceber a importância desse profissional nesse campo multidisciplinar que cada vez mais se expande.

 

Objetivo Geral

 

Investigar o trabalho do psicólogo com adolescentes com deficiência intelectual.

 

Objetivo Específico

 

Observar o trabalho desenvolvido na instituição.

Observar o confronto do conhecimento teórico e a prática adotada.

Observar e participar das atividades propostas pelo psicólogo, de forma a não invadir o espaço do mesmo.

Observar as respostas dos deficientes intelectuais mediante as intervenções do psicólogo.

Observar o acompanhamento e a influencia familiar com os deficientes intelectuais.

 

Método

 

      Participantes:Psicóloga que trabalha em uma organização não governamental que atende crianças, adolescentes e em alguns casos adultos, quando já possuem muito tempo na instituição. São de ambos os sexos, com maior predominância do sexo masculino, com deficiência intelectual, e a grande maioria esta inserida em uma classe social baixa. É destacado com os pais desses adolescentes, grupo composto principalmente por mães, onde a maior parte trabalha na instituição.

Local: Uma instituição filantrópica situada em um bairro de classe baixa de Salvador, que tem como objetivo ensinar aos deficientes intelectuais a terem autonomia e independência, para que possam se inserir na sociedade. É destacada a presença de salas, os quais são separados por idade e grau de deficiência.

       Instrumentos: Utilizaremos uma técnica de coleta de dados, que não consiste em apenas ver ou ouvir, mas também em examinar fatos que desejamos estudar. Sendo empregado como meio de pesquisa a observação simples, que deve conter uma parte descritiva e uma parte reflexiva. Sendo acompanhado pela psicóloga da instituição.

Sendo utilizados para estrutura do relatório, folhas pautadas e canetas, sendo depois passadas para o diário de campo.

Procedimentos: Com a observação simples, procuraremos coletar informações sobre o trabalho da psicóloga na instituição com adolescentes com deficiência intelectual.

Destacando, um levantamento de documentação teórico sobre o tema proposto. Para assim, realizarmos um relatório final.

Referências Bibliográficas

 

ABERASTURY, A; KNOBEL, M. Adolescência Normal. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

BASTOS,O.M; DESLANDES, S.F. Adolescer com deficiência mental: a ótica dos pais. Ciênc. saúde coletiva vol.14 no.1 Rio de Janeiro, 2009.

BEE,H. O ciclo Vital. Porto Alegre, 1997.

 

OSÓRIO,L,C. Adolescente hoje. 2ed.Porto Alegre: Artes Médicas,1989.

 

KLAPAN, Harold. I; SADOCK, Benjamin. J. Compêndio de psiquiatria: ciências comportamentais . Psiquiatria Clínica. Porto Alegre: Artes Medicas Sul,1993.