O DIALOGO INTERCULTURAL NAS CLASSES DE E/LE

 

Iniciaremos nossa discussão esclarecendo o que pode ser entendido por intercultural, e no momento seguinte, exporei a aplicação desse conceito dentro do debate atual do ensino de línguas. Para melhor entendermos o que significa o termo intercultural, tomaremos como referências as ideias de Candu (2005). Segundo esta autora a interculturalidade:

 Orienta processos que tem por base o reconhecimento do direito adiferença e a luta contra todas as formas de discriminação e desigualdade social. Tenta promover relações dialógicas e igualitárias entre as pessoas e grupos que pertencem auniversos culturais diferentes, trabalhando os conflitos inerentes a essa realidade não ignora as relações de poder presentes nas relações sócias e interpessoais. Reconhece e assume os conflitos, procurando as estratégias, mas adequadas para enfrentá-los. (Candu, 2005, p.32)

 A interculturalidade também é uma postura que podemos ter em relação à cultura do outra. Tem como base a compreensão e o respeito, e busca a harmonia na sociedade, onde as identidades culturais sejam reconhecidas e respeitas e a diferenças não sejam refletidas em atitudes preconceituosas e em discriminações.

Por uma atitude intercultural devemos entender e reconhecer que no mundo em que vivemos existem diversas identidades culturais, onde cada uma tem sua particularidade e especificidade, que devem ser respeitas ao serem reconhecidas como diferentes favorecendo assim uma relação, mas humana e igualitária, pois assim como nos sugere Morin (2007, p.95), “[...] Compreender inclui, necessariamente, um processo de empatia, de identificação e de projeção. Sempre intersubjetiva, a compreensão pede abertura, simpatia e generosidade”.

A exposição à diversidade cultural esta intrinsecamente ligada ao processo de aprendizado de uma língua estrangeira sobre isso Brun corroboram que:

 O aprendiz de uma língua estrangeira gerencia permanentemente a diversidade no seu processo de aprendizagem e, por conseguinte, revisa princípios, reorganiza seus vínculos socioculturais, reelabora sentimentos acerca de si mesmo e do mundo. (Brun, 2004, p.75)

 Ainda segundo a mesma autora “[...] Ao consideramos o intercultural como elemento constitutivo do cultural, todo contado cultural se destaca como enriquecedor [...]” (2004,75). Porém ressaltamos que este conhecimento só será realmente desenvolvido principalmente dentro das salas de aula de E/LE, onde a diversidade cultura se faz tão presente, quando percebemos que somos seres culturas que estamos em constantes transformações, pois uma vez que analisamos e refletimos sobre as culturas nas quais estamos imersos, bem como as novas culturas com as quais estaremos em contato constantemente estaremos facilitando a aceitação por meio da compreensão ajudando assim no processo de construção de um mundo mais igualitário em que o respeito e a aceitação do outro seja refletida no modo de pensar e de agir de cada um.

Desta forma, ao manter um diálogo intercultural estamos indo muito além do conhecimento linguístico, além do conhecimento de fatos isolados de uma determinada cultura, para pensar em como podemos refletir sobre as diferenças, sem perder de vista a identidade de cada indivíduo que segundo Almeida (2011, p.46), “também não é única, mas sim multifacetada, como se fosse um mosaico formado por vários elementos”.

Nesta perspectiva, Mendes afirma que:

 Ser e ágil de modo intercultural, incluir a atitude de contribuir para que este mundo que enxergamos, com todas as suas diferenças, torne-se também nosso. Faça-nos diferentes. ( Mendes 2008, apud Mariano 2010, p.52)

 Assim considero que é de grande importância que alunos e professores em formação sejam incentivados a buscar e a assumir uma atitude que favoreça o diálogo, o respeito e as diferenças, adotando assim, uma postura critica e avaliativa dentro do processo de aprendizagem.

.REFERENCIAS

ALMEIDA, Mariza Riva de. Um olhar Intercultural na Formação de Professores de Línguas Estrangeira. Tese de doutorado. Programa de pós-graduação em Letras e Artes Curitiba: UFPR, 2011.

 BRUN, Milenna. (Re) Construção indenitária no contexto da aprendizagem de línguas estrangeiras. In: Mota, Kátia Maria Santos. SCHEYERL, Denise. Recortes Interculturais  na aula de línguas estrangeiras. Salvador: EDUFBA, 2004. P. 73-104

 CANDU, V.M (Org.) Cultura(s) e educação: Entre o crítico e o pós- crítico. Rio de Janeiro, DP&A, 2005.

 MARIANO, Luciana. Concepções e reações dos professores de Espanhol como Língua Estrangeira em formação frente às culturas e representações dos povos latino-americanos hispânicos. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia. Salvador, 2010.

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. Brasília: Cortez, 2007.