Resumo

Este artigo está centrado em análise acerca do papel do professor na relação ensino-aprendizagem, tendo em vista a necessidade de refletirmos sobre a ação pedagógica praticada em suas diferentes concepções para a construção do conhecimento. O trabalho tem como objetivo verificar o processo ensino-aprendizagem na docência a partir do levantamento bibliográfico seguido de leituras e seleções de materiais como livros e artigos especializados.

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O artigo está baseado nas concepções de autores como Paulo Freire, Masetto, Demerval Saviani, entre outros. A observação maior desses autores se dá no fato de que ser educador está se tornando cada vez mais complexo, pois exige muito mais que apenas uma reprodução dos conhecimentos e experiências e nos leva a pensar em uma ação  pedagógica  inovadora,  na  qual  o  professor  faça  despertar  a curiosidade, de acompanhar ações no desenvolvimento das atividades, facilitar e mediar na  construção ativa  do  conhecimento do  aluno.Com base nestas concepções buscaremos respostas para os questionamentos seguintes: Qual o papel do professor na atualidade? Como é compreendido o relacionamento e postura do professor em sala de aula?  Obtendo conhecimento acerca deste assunto desenvolvido, espera-se que o profissional compreenda melhor a importância de sua ação na docência adotando uma nova postura.

 

 

 

 

 

 INTRODUÇÃO

Há muito o ato de ensinar; repassar o conhecimento ao outro se tornou um tema de reflexão, de pesquisas e, especialmente, a base para a construção de uma educação mais participativa, em que professor seja antes de “detentor absoluto do saber”, o mediador deste. Como enfatiza Saviani (1995) ao enaltecer o caráter humanístico da relação ensino aprendizagem:

O trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo. (SAVIANI, 1995, p.17)      

Observamos a partir dessa visão que ser educador é, portanto, entendido como o ato de colocar-se enquanto humano como instrumento da educação, imbuído de instruir outros humanos, os quais deverão repassar de alguma forma aquilo que absorveram para a sociedade, de modo que a relação entre professor e aluno deixa de ser tomada no sentido hierárquico, da imposição, e passa a ser tratada mais em seu caráter interpessoal, em que todos sejam autores de uma educação participativa e humanizada. 

Freire (1979) nos diz que “a ação docente é a base de uma boa formação escolar e contribui para a construção de uma sociedade pensante”. Este renomado estudioso da educação no Brasil nos leva à reflexão de como as relações no ambiente escolar são complexas e devem ser entendidas como tal para que o fazer educacional se torne melhor e com mais qualidade entre os agentes envolvidos, focando-se principalmente na formação do docente, a prática de aprender a ensinar.

Tendo como foco a aquisição do conhecimento pela mediação do professor, a escola também ganha uma importância para a análise do papel do docente, pois é onde de fato essa transmissão do saber ocorre com mais veemência, embora haja consenso entre autores sobre a educação para além do ambiente escolar. Içami Tiba (1996) corrobora a dificuldade encontrada pelos educadores em aplicar o ensino onde não lhes é oferecida condição para tanto:

[...] Nesses estabelecimentos, os professores não são orientados de maneira adequada para explorar suas capacidades e aperfeiçoar a qualidade de seu trabalho. Desconhecem sua importância decisiva na educação dos alunos, que muitas vezes só têm a si mesmos como elementos de confiança, uma vez que a crise socioeconômica também consome seus pais. Tais professores passam a ser material de comércio e, portanto, facilmente descartáveis [...] (TIBA, 1996, p.134)

Na chamada pedagogia inovadora, o aluno é visto como fundamental para a construção do conhecimento que ele próprio absorve. Como propõe Masetto (2010), o professor, nessa perspectiva, deve ao invés de apenas repassar o conteúdo ao discente, incitá-lo a ir à busca das informações:

Atualmente o professor assume um papel muito importante e duradouro juntos aos seus alunos no que diz respeito ao conhecimento: colaborar para que o aluno aprenda a buscar informações, detectar as fontes atuais dessas informações, dominar o caminho para acessá-las, aprender a selecioná-las, compará-las, criticá-las, integrá-las ao seu mundo intelectual. (MASETTO, 2010, p.68)

Saviani (2008) ressalta o que ele denomina de escola nova ao retratar a pedagogia inovadora em sua obra “Escola e democracia”. Para o autor “O professor agiria como um estimulador e orientador da aprendizagem cuja iniciativa principal caberia aos próprios alunos. Tal aprendizagem seria uma decorrência espontânea de o ambiente estimulante e da relação viva que se estabeleceria entre os alunos e entre estes e o professor.” (2008, p.8). Com isso, fica evidente que o professor precisa preparar-se cada vez mais para lidar com esse novo olhar sobre o ato de educar. Freire dá ênfase a esse fator quando sugere em sua obra “Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática da educação”, que a prática do ensino exige a reciclagem constante do professor:

[...] Um educador precisa sempre, a cada dia, renovar sua forma pedagógica para, da melhor maneira, atender a seus alunos, pois é por meio do comprometimento e da “paixão” pela profissão e pela educação que o educador pode, verdadeiramente, assumir o seu papel e se interessar em realmente aprender a ensinar. (FREIRE, 1996, p.31)

Nesse sentido, este artigo busca por meio da compilação de ideias e estudos como os do professor Doutor Demerval Saviani, analisar como é compreendido o papel do docente na construção do conhecimento, de modo que a discussão sem dúvida não cessa nas palavras aqui escritas, mas eleva o nível do pensamento crítico a respeito de um assunto importante para a formação cidadã.

1-RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO EM SALA DE AULA

O relacionamento entre professor/aluno envolve interesses e intenções, pois a educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos indivíduos. Nesse sentido, a interação entre eles caracteriza-se pela seleção de conteúdo, organização, sistematização didática para facilitar o aprendizado dos alunos e repasse destes conteúdos pelo professor. Porém, este paradigma deve ser quebrado, pois o professor não é o único que tem conhecimento.

Os professores já se reconhecem como não mais os únicos detentores do saber a ser transmitido, mas como um dos parceiros a quem compete compartilhar seus conhecimentos com outros e mesmo aprender com os outros, inclusive com seus próprios alunos. É um novo mundo, uma nova atitude, uma nova perspectiva na relação entre o professor e o aluno no ensino superior (MASETTO, 2003, p.14). 

As palavras de Masetto destacam mais uma mudança possibilitada pelo avanço tecnológico: a relação professor-aluno. A aula não precisa mais se restringir aos horários e sob o teto das instituições de ensino. Pode acontecer em qualquer lugar; qualquer hora, bastando para isso que docentes e discentes estejam conectados à rede mundial de computadores.

Umas das maneiras de trabalhar a relação professor –aluno é o diálogo. Segundo Gadotti (1999),

O educador para pôr em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe de tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida (GADOTTI, 1999, p.2).

Desta forma, torna-se muito mais interessante aprender, pois o aluno se sente competente através dos métodos e atitudes de motivação em sala de aula. Geralmente, o prazer pelo aprendizado não surge de forma espontânea, em alguns casos é encarada como obrigação. Em virtude disso, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos e acompanhar o desenvolvimento de suas atividades, preocupar-se não só com o repasse de informações, mas também com o processo de construção de cidadania do indivíduo.

O trabalho do professor em sala de aula e seu relacionamento com os alunos são expressos pela relação que ele tem com a sociedade e com a cultura.

É o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos, fundamentam-se numa determinada concepção do papel do professor que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade. (ABREU & MASETTO,1990:115)

O ato de educar significa reconhecer que juntos, alunos e professores aprendem na sala de aula, já que todos trazem muitos conhecimentos das experiências que já vivenciaram. Dessa forma, o papel do aluno é assumir-se como ser histórico e social, como ser pensante, comunicante, transformador, criador e realizador de utopias.

Então, professores e alunos podem perceber criticamente as razões que condicionam as situações nas quais se encontram como caminho para decisões, escolhas e intervenções, além disso, ensinam e aprendem simultaneamente, conhecem o mundo em que vivem criticamente e constroem relações de respeito mútuo, de justiça, constituindo um clima real de disciplina, por relações dialógicas, tornando a sala de aula um desafio interessante e desafiador a todos os envolvidos, como sugere Freire (1996, p.38) quando afirma que “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”.

Dentre os fatores que são imprescindíveis na prática educativa na sala de aula destacamos afetividade, alegrias, domínio de conscientização acerca dos regulamentos, assim como suas possíveis transformações. Além disso, outro fator imprescindível é a comunicação dialógica na sala de aula, que implica também no silêncio. Saber falar, mas também ter disponibilidade para a escuta, com pleno direito de discordar, de opor-se, de posicionar-se e debater por meio de argumentos.

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