O objetivo do presente trabalho é mostrar as concepções encontradas nos PCN e RCNEI sobre o papel do professor no ensino da Arte na escola, com as concepções dos professores de Arte do ensino básico, identificando as ações pedagógicas delas decorrentes.  

A arte valoriza a organização do mundo da criança e do jovem, sua auto-compreensão, assim como o relacionamento com o outro e com o seu meio.  Assim contextualizamos o trabalho na vertente do lúdico e do fazer, com a ação mais significante do que os resultados, ou seja, não se propõe atividades que não levam a nada. Baseados no texto da autora Luciana Esmeralda Ostetto em seu livro intitulado “Linguagem da arte na infância”, ao cursar Pedagogia, em suas vivências como professora em uma creche na Educação Infantil, percebeu que nos dias atuais, a proposta de trabalho desta disciplina tem sido realizada de forma precária, sendo utilizada apenas como complemento à outra, ou ainda como momento de distração e lazer das crianças. Vale ressaltar que a arte é relevante no dia a dia das crianças, dados os benefícios que ela proporciona colaborando com o desenvolvimento de sua auto-expressão, possibilitando a expressar seus sentimentos e criatividade, desenvolvendo a capacidade de sensibilização, trabalho e desenvolvimento a partir de situações diversas, que ocorrem no seu contexto social podendo visualizar o mundo com outros olhos.

 Dentro dessa visão a autora com os conhecimentos adquiridos em sua graduação desejou buscar métodos para  o organizar o cotidiano das crianças com as quais trabalhava, bem como das atividades para cada faixa etária, pois no dia-a-dia percebeu a diferença existente entre teoria e prática. Suas experiências e crescimento se deram através do envolvimento com cada uma daquelas crianças do morro e as etapas pelas quais passou para compreendê-las. Essas crianças viviam num contexto diferente de sua realidade. Ao ler Madalene Freire, em seu livro intitulado “A paixão de conhecer o mundo”, fez despertar sua paixão e prazer pela prática educativa. Nessa pequena introdução a autora afirma que é preciso conhecer a criança, isto é, se dispor a adentrar em seu mundo, em suas vivências e experiências adquiridas, sendo que essa especificidade precisa estar acima do conteúdo, pois a criança precisa estar em primeiro plano e  as teorias nos trazem universos múltiplos do modo de ser e viver da infância. O educador precisa ter um olhar atento para fazer a real aproximação onde é necessário, fazer acolhimento das perguntas, ver, ouvir as diferentes experiências, para conseguir uma real aproximação. As crianças precisam interagir, trocar os pontos de vista, pesquisar, inventar, criar e elaborar formas. O conhecimento da criança é traçado por um caminho que vai sendo construído aos poucos, onde a experiência faz total integração com o restante do mundo.

Uma lição prazerosa – poesia e música

 

E importante trazer a poesia para o cotidiano educativo, dando sabor ao saber, na busca do conhecimento. Falar de poesia é falar de tudo que é inteiro, intenso, cheio de vida. Poesia é vida pulsando, fazendo-se cores, formas, sons, movimentos. Criação. Imaginação, sonho ,o indizível e o  inexplicável dão um profundo sentido a Arte. Na liberdade de dizer, criar realidades, fundar mundos, inaugurar caminhos, revelar o desconhecido,  o consciente e o inconsciente.

Ao invocar a imaginação, a criação, a poesia para o oficio de professor, ao assinalar a essência da arte nos caminhos do conhecimento para qualificar saberes e fazeres na educação infantil reafirma a importância da dúvida, da incerteza nos processos educativos partilhados entre adultos e crianças. O professor deve propiciar acesso das crianças aos conteúdos nas atividades e no cotidiano da instituição, fazendo levantamento das músicas, jogos e brincadeiras do tempo que seus pais e avós eram crianças.

Pode ser uma atividade interessante que favoreça a ampliação do repertório histórico e cultural das crianças, percepção e utilização dos elementos da linguagem musical (som, duração, timbre, textura, dinâmica, forma etc.), em processos pessoais e grupais de improvisação, composição e interpretação, respeitando a produção própria e à dos colegas. Ser propiciado momentos de apreciação musical, utilizando vocabulário adequado, apreciação de músicas do próprio meio sociocultural, nacionais e internacionais, que fazem parte do conhecimento musical construído pela humanidade no decorrer dos tempos e nos diferentes espaços geográficos, estabelecendo inter-relações com as outras modalidades artísticas e com as demais áreas do conhecimento e compreensão da Música como produto cultural e histórico. Ouvir, perceber e diferenciar os diversos sons através da brincadeira, imitação e reprodução musical.

Explorar e identificar elementos da música, perceber, expressar sensações, sentimentos e pensamentos utilizando composições e interpretações musicais. Segundo a LDB ( Lei de Diretrizes e bases da Educação) , também chamada Lei Darcy Ribeiro, manteve a obrigatoriedade da Arte na educação básica: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos”. Vários dos trabalhos consultados mencionam a desvalorização da disciplina e do professor de Arte. A falta de clareza quanto à concepção sobre a função do ensino da Arte na escola é:

 Um dos fatores responsáveis pela baixa qualidade do ensino, devido ao papel determinante que exerce na seleção de objetivos, métodos e conteúdos. Por considerarmos, que a concepção sobre a função do ensino da Arte na escola é um dos fatores que interferem diretamente sobre a qualidade do ensino ministrado, e, portanto, essenciais como fundamentação ao professor de Arte. Importante função é atribuída ao ensino da Arte, pelos PCNS, no que diz respeito à dimensão social das manifestações artísticas.( CORAGEM, 1989).

Momentos de arte vivenciados em sala de aula

 A avaliação realizada de 4 à 6 anos é pela utilização da linguagem expressiva e a consciência do valor da comunicação por meio da voz , do corpo e dos instrumentos musicais.  O registro foi feito através da prática de uma das autoras que estimulou a  Leitura “Cantiga dos Ventos” através da cópia do texto. Na sequência colocou o  CD da galinha pintadinha com a música “ Mestre André”. Foi comentado os versos, estrofes, instrumentos  e estilo de música com uma explanação sobre a construção do instrumento musical e a utilização de um  texto Instrucional acompanhado pela Ficha técnica elaborada pelos alunos . Na sequência foi realizada a leitura e cópia do poema “A festa dos bichos”. Os trabalhos artísticos das crianças podem revelar muitas coisas, desde o desenvolvimento de sua capacidade criadora até a exteriorização de seus desejos, além da simples imagem, ou do produto confeccionado, pois ao realizar qualquer trabalho a criança deposita ali sua visão de mundo, seus desejos e anseios, sem receio, pois para ela a arte é mais do que um momento de distração, sendo desta forma um meio de comunicação, tanto consigo mesma, como com o meio que a cerca. O ensino da arte se torna fascinante, quando observamos a forma com que as crianças se expressam, quando buscamos compreender como elas retratam o seu meio, seus sentimentos e suas vivências de mundo. Segundo HOLM (2004, p.160): “Uma tarefa criativa brilhante é aquela que faz o aluno pensar para além dos limites dados, ou quebrar as fronteiras”.

Muitos educadores pensam que a escolha de um tema é importante para realizar ou desenvolver uma aula de arte, porém nesta disciplina a escolha de um tema possui um significado que se diferem das demais.

 [...]  Experiências artísticas não existe um tema para ser ensinado. O mesmo conteúdo temático é usado pelas crianças muito pequenas e pelos artistas profissionais. Um homem pode ser desenhado por uma criança de cinco anos ou por um jovem de dezesseis. A diferença entre os dois desenhos não reside no tema, mas sim na maneira como este é representado. Lowenfeld e Brittain (1970, p. 51).

 Conclusão

 Esta disciplina contribui para o desenvolvimento de diferentes competências de cada ser humano, pois as representações artísticas possíveis a serem realizadas em uma sala de aula, refletem o modo de pensar e agir do educando e ainda como este produz e organiza seus pensamentos. Com isto a arte se faz presente na construção e formação da identidade pessoal de cada educando durante a educação fundamental.  A partir de uma aula bem planejada, que envolva a arte, será possível permitir a criança fazer amigos, aprender as regras de convivência além das regras sociais, respeitar os outros e buscar soluções para a resolução de problemas, sendo que a arte engloba diversos desenvolvimentos no processo de formação das crianças conforme já citamos anteriormente, e ainda, desenvolve a autonomia, a criatividade e a cooperação destes educandos.

Em síntese, a arte está presente no mundo deste a existência do homem, porém com o passar do tempo, o ser humano está perdendo sua sensibilidade, fechando os olhos para tal disciplina, pois este se acomoda e aceita o padrão de beleza preestabelecido pela sociedade que o cerca, deixando de exercer seu papel como cidadão, principalmente de formar seus próprios desejos e anseios, perdendo então a sua identidade. A arte, não se resume em atividades de pintura ou criação de objetos de decoração, menos ainda como momento de distração. Esta disciplina também engloba diversos desenvolvimentos e aprendizados no processo de ensino-aprendizado, precisa apenas ser bem utilizada na educação fundamental, para que isso venha a fluir com naturalidade.

Por fim concluímos que uma pessoa ao possuir domínio artístico não se deixará abater por qualquer problema, tendo sempre um olhar criador e inovador para enfrentar a situação que lhe remete dificuldade. Será neste momento, quando ao conseguir ultrapassar tal situação que compreenderá que isso só foi possível, por possuir criatividade e visão de mundo frente ao que foi enfrentado

 Referências

 Arte na escola para que ? – Regina Prandini

 (CORAGEM, Amarilis Coelho, (1989). Da vivência ao ensino: uma alternativa de atuação docente do professor de Arte, na escola de 1.oGrau. São Paulo: PUC.

OSTETTO, Linguagem da Arte na Infância

Silvia Sell Duarte Pillatto (organizadora)

Capítulo Luciana Esmeralda Otetto: Entre a prosa e a poesia; fazeres e saberes e conhecimento na educação infantil.

Pag. 30-45 ;editora Univille. Joinville.SC. ,2007

PAULA, H. RCNEI: Eixo Música.

 Disponível em: <http://helidapaula.blogspot.com/2007/08/rcnei-eixo-msica.html>. Acesso em: 30 de maio. 2012.

LEÂO, M M. M. R. de. A arte no espaço educativo.

Disponível em: <http://caracol.com/paragrafo_aberto/rml_arteduca.html>. Acesso em: 15 de maio. 2012.