Geralmente as crianças com dificuldades na comunicação impostas pela deficiência, funcionam viradas para si mesmas, para o seu interior. "Alargar as suas possibilidades de progredir e facilitar seu desenvolvimento neste domínio, usando formas alternativas de comunicação, de modo a poderem entender melhor o mundo que as cerca e serem mais facilmente compreendidas pelos outros" (Downing. 1999). Esta é uma das formas do educador poder auxiliar no desenvolvimento da comunicação da criança.
Gleason (1995) e Mac Farland & McLetchie (s/d) enumeram algumas condições essenciais para se estabelecer essa relação, são elas:

Reconhecer e responder aos seus comportamentos;
Levá-la a aceitar a presença do outro e a divertir-se na interação;
Usar as rotinas significativas para a criança de uma forma consistente com início, meio e final bem definidos;
Realizar atividades em conjunto de forma que a criança possa aprender por imitação;
Dar "pistas" sobre o que irá acontecer;
Encorajar a criança a aprender mais sobre seu mundo, para poder reconhecer que é um ser diferenciado dos outros (não esta ligada a mãe ou educador);
Ajudá-la a compreender que as coisas de que falamos podem não estar próximas de nós;
Dar oportunidades de experimentar várias situações em que possa controlar o que acontece.

Ao longo do processo de aprendizagem e de acordo com Nielson (s/d) o papel do adulto na interação com a criança é importante no sentido de poder fornecer materiais e oportunidades de aprendizagem e partilhar com ela as suas experiências. Por isso o papel do educador deve ser o de facilitar a aprendizagem, deixando a criança aprender da forma mais participativa e ativa possível, brincando. Para isso o educador pode usar de estratégias relacionadas ao ambiente da sala de aula e a interpretação de seus comportamentos comunicativos.
Jogue com a criança, já que jogar é muito mais do que brincar, pois através do jogo a criança pode:

Aprender a confiar no outro;
Antecipar acontecimentos;
Entender que pode causar efeitos nos objetos e reações nas pessoas;
Aprender formas de pedir ajuda, pedir para repetir, brincar mais, parar de fazer, etc.;
Realizar escolhas;
Compreender melhor o mundo a seu redor e suas regras;
Comunicar de diferentes formas.

Outro aspecto muito importante na comunicação que deve ser ensinado e estimulado é a possibilidade de escolhas. Muitas vezes no intuito de facilitar a vida da criança, o adulto tira dela a possibilidade de escolha, fazendo por ela a seleção necessária. O educador deve incentivá-la ou até mesmo ensiná-la a escolher o que quer fazer, comer, se quer beber água ou ir ao banheiro nessa hora ou vai deixá-lo para mais tarde.
Você pode começar mostrando o que sabe que ela gosta e o que não gosta, apesar de não ser exatamente uma escolha, deixe-a selecionar o objeto que prefere, ela aos poucos entenderá que seu comportamento resulta em uma ação.
Algumas sugestões de como auxiliar no desenvolvimento desta parte da comunicação:

Dê oportunidades de escolha, de modo que ela se sinta controlando a situação;
Aproveite as horas de refeição ou do vestir para lhe ensinar, estimular, este comportamento;
Use situações do cotidiano escolar como: escolher um livro de histórias, um jogo a ser jogado, um colega para conversar ou brincar;
Ajude a criança a ter consciência daquilo que escolheu ou prefere;
Respeite sua escolha, não escolha por ela ou mude sua escolha.


Bibliografia:

BLAHA, Robbie. Calendários para Estudiantes com Múltiples Discapacidades Incluído Sordoceguera. Rotagraf, 2003. Córdoba

NUNES, Clarisse. Aprendizagem Activa na Criança com Multideficiência, guia para educadores. Ministério da Educação, Departamento da educação Básica, 2001. Lisboa

Educação infantil : saberes e práticas da inclusão : dificuldades acentuadas de aprendizagem : deficiência múltipla. [4. ed.] / elaboração profª Ana Maria de Godói ? Associação de Assistência à Criança Deficiente ? AACD... [et. al.]. ? Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006.

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