RESUMO

 Este artigo busca explicações sobre um fenômeno crônico da educação brasileira: o fracasso escolar.Seu objetivo éentender como ele é produzido e verificar qual é o papel da Psicopedagogia frente ao mesmo. Utilizando-se da pesquisabibliográfica e da abordagem qualitativa, procurou-seanalisar areprovação e a evasão escolar em relação ao fracasso escolar; o porquê de existir do mesmo e quais as contribuições da Psicopedagogia frente a ele. Os resultados apontaram que a educação como temos hoje, não atende as reais demandas educacionais da população brasileira, pois não consegue contemplar todos os imperativos educativos dela. Os dados mostraram ainda que refletir sobre o fracasso escolar é refletir, sobre reprovação e evasão escolar. Mostrou que analisar a questão do fracasso escolar vai muito mais além de apontar um ou outro culpado,porquanto,quando acontece o fracasso escolar se pode dizer que a educação, não se comprometeu com o processo de aprendizagem e assinalou a ruína de milhares de alunos. Pode-se considerar que perante as múltiplas circunstâncias que induzem ao fracasso escolar, se percebe que ele não pode ser extinto do meio escolar, entretanto, ele pode ser evitado, e isso só é possível por meio do trabalho basilar do psicopedagogo, já que esse profissional possui um novo olhar sobre o fracasso escolar, contribuindo sobremaneira para seu arrefecimento.

 Introdução

Atualmente, os altos índices de evasão e reprovação persistem ao longo das reformas e de projetos técnicos administrativos dos governos na educação e culminam no fracasso escolar. Por considerá-lo um fenômeno nacional, se busca

estudá-lo de forma mais genérica, a fim de compreender os motivos que corroboram para que a escola não cumpra seu papel que é ensinar e formar cidadãos críticos.

São várias as produções científicas que abordam os fatores do processo escolar. Tem-se também atualmente, inúmeras pesquisas que apontam os números do fracasso educacional, como a SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e o Ministério da Educação e Cultura (MEC).

Estudos realizados por Forgiarini e Silva em 2007 apontaram que o fracasso das ações da escola no âmbito nacional pode ser apreendido também pelosnúmeros do INEP (2007) que evidenciaram a seguinte realidade: 41% dos alunos que entram na 1ºano do ensino fundamental não conseguiramconcluir o nono ano. E dos que ingressam no ensinomédio, 26% não concluiu e leva em torno de 10,2 e 3,7 anos concomitantemente paracompletarem.

            Para Madalóz, Scalabrin e Jappe (2012), o fracasso escolar é um assuntoimportante e polêmico que solicita atenção no meioescolar. Segundo os autores,ele tem sido eixo de incessantes discussões por estar profundamenteacoplado a temascomo: reprovação, evasão, indisciplina, erro, fracasso e insucesso escolar.

Corroborando, Pinheiro e Weber (2012) pontuam que mesmo com todo o empenho dos especialistas educacionais para combater esse acontecimento, o fracasso escolar prossegue expondo elevada prevalência na realidade brasileira contemporânea.

Porém, atualmente uma área tem se destacado no sentido de prevenir o fracasso escolar, ou seja, os conhecimentos e o olhar da Psicopedagogia tem buscado contribuir no sentido de diminui-lo. No ambiente escolar, o psicopedagogo trabalha interligado com outros olhares a fim de possibilitarum acoplamento contínuo com a finalidade de compreender o aluno na sua complexidade e ao mesmo tempo, na sua particularidade(LIMA, 2008).

Nessa direção, Afonso (2014) explica que atualmente a Psicopedagogia abre passagens para a junção de saberes, colaborando para a educação do Terceiro Milênio, originando a igualdade e a articulação dos distintos conhecimentos sobre o ensinar e o aprender.Segundo a autora, se pode considerar que a elatem o método e a prática imperiosos para sobrepujaro fracasso escolar.

A escolha do tema se deu, pois o trabalho da Psicopedagogia é prevenir ou refrear o fracasso escolar em uma visão de sujeito como um todo, com a finalidade de promover o processo de aprendizagem. Justifica-se o estudo, já que ela tem se desenvolvido a cada dia no âmbito nacional, e os professores buscam-na a todo o momento, uma vez que a mesma não se reduz somente ao estudo das dificuldades e dos distúrbios de aprendizagem, mas à aprendizagem de uma forma geral. Nesse contexto, é preciso conhecer como o psicopedagogo intervém no aprendizado dos escolares, como ele pode e deve contribuir no enfrentamento do fracasso escolar. 

Diante do exposto e, com base na bibliografia estudada foi possível esboçar a indagação basilardessa pesquisa:como se produz o fracasso escolare qual é o papel da Psicopedagogia nesse contexto?Os pressupostos aqui levantados é que a educação não tem atendido com competência as necessidades educativas dos alunos e a Psicopedagogia pode ajudar a mudar essa realidade.

O retorno desse questionamento vem de encontro ao objetivo geral da pesquisa que consiste em entender como se produz o fracasso escolar e verificar qual é o papel da Psicopedagogia nesse contexto.Apartir de levantamento bibliográfico e por meio da abordagem qualitativa, procura analisar a reprovação e a evasão em relação ao fracasso escolar, ou seja, o não aproveitamentoentre outros elementos educativos que acabam culminando no fracasso escolar. Também o porquê de existir do mesmo epor fim, analisa o papel da Psicopedagogia frente a ele.

O estudo foi realizado por meio de um levantamento bibliográfico. Buscou-se nesse sentido, não se deter em apenas a um único autor, masum número suficiente para promover um diálogo entre os mesmos, apresentando o maior número possível de informações sobre a temática analisada. O estudo sobre o fracasso escolar demanda por estudos de qualidade que possam contribuir para que o mesmo seja eliminado do meio escolar. Assim, se optou pelo método qualitativo, pois se considerou que o mesmo é o mais adequado e pode cooperar nesse sentido.

Buscou-se com o estudo, mostrar inquietações pessoais e fazer uma discussão à luz de alguns autores.  Mesmo com o conhecimento de que é um tema muito debatido, lido e discutido, se procura trabalhar com ele, pois se acredita que se estará contribuindo com o conhecimento científico e com a melhoria na educação. 

  1. Fundamentação teórica

     

    2.1Reprovação e evasão escolar:componentes do fracasso escolar

    Refletirsobre o fracasso escolar é refletir, ainda sobre reprovação.Segundo Torres (2004)apudMadalóz, Scalabrin e Jappe (2012, p. 2), a reprovação é a forma - interna – que o sistema escolar encontrou“para lidar com o problema da não aprendizagem ou da má qualidade de tal aprendizagem...”.

    Nesse sentido, um estudo revelou que os elevadosnúmeros de reprovação no primeiro anoremetem à década de 1930, distinguindo-a como uma questão crítica do sistema educacional brasileiro (PATTO, 1996apud FERREIRA e PENTEADO, 2014).Mesmo com o passar dos anos, ainda permanecemos problemas em ensinar a todos, o que ocasiona uma verdadeirametodologia de produção do analfabetismo(ZONTA e MEIRA, 2007 e JARDIM, 2007 apud FERREIRA e PENTEADO, 2014). Esse procedimentoaborda tanto aqueles que nem sequer conseguemser aceitos no processo de alfabetização na idade de escolarização obrigatória, quanto os alunos, que depoisde terem sido aceitos, são afastadospor meio da reprovação(FERREIRA e PENTEADO, 2014).

    No âmbito nacional, as instituições escolares possuemelevadas taxas de reprovação, que assinalam o fracasso escolar.Esses índices evidenciam que quem consegue ingressar na escola, nem sempre adquirem conhecimento ou se conservam nela. Segundo estatísticas, “de cada 100 crianças que iniciam a 1ª série, abaixo da metade chega a 2ª, um terço consegue atingir a 4ª série e menos de um quinto conclui o 1º grau. A não aprendizagem – repetência –explica o progresso afunilado que caracteriza a pirâmide educacional brasileira” (COSTA, 2014, p.111). De acordo com Freitas (2007), a reprovação é um modo arcaico de exclusão, que hoje coexiste com outros modos mais atuais desenvolvidos nos sistemas educacionais.

                Outro componente do fracasso escolar é a evasão escolar. Ceratti (2008) pontua que esse problema também faz parte das inquietações da escola,pois ao perceberestudantes com escassapretensão de estudar, ou com relevantesretardamentos na sua aprendizagem,ela empreende esforços para obter a frequência e aprovação dos mesmos, mas mesmo assim, não consegue assegurar a estabilidade deles na escola. Pelo contrário, muitos abandonam os estudos.

    Conforme síntese dos indicadores sociais,opercentual de evasão escolar em 2010 no ensino médio foi de 10%, o que denota que para cada dez alunos ingressantes nesse nível de ensino, um evade antes de sua conclusão. Isso acaba por configurar o Brasil como o país de maior índice de abandono escolar nesta fase de escolarização dentre os países do MERCOSUL (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Uruguai e Venezuela). Já no ensino fundamental, a circunstância não é diferente, embora apresente taxa de 3,2% de evasão, o país mesmo assim se situa na última disposição em relação a comparativo com tais países (IBGE, 2010apudFERREIRA e PENTEADO, 2014).

    Nessadireção, Costa (2014) esclarece que este seguramente é o maior problema encarado pelasescolas brasileirasatualmente, e que dá ao paísuma colocaçãomuito desconfortante quando comparado com outros países. Estudos realizados pelo autor mostraram que as taxas de reprovação e evasão escolar no Brasil se assemelhama de países africanos como a Nigéria e o Sudão.

    Porém, conforme Capellini, Tonelotto e Ciasca (2004, p. 88) eles podem ser minimizados, “a partir da oferta de melhores condições de estabelecimento da relação desenvolvimento/aprendizagem”. 

    2.2 O porquê do fracasso escolar 

    Muito se falou até aqui sobre o fracasso escolar, mas qual o seu significado? Conceição (2011, p. 42) pontua que na sua raiz etimológica, o termo fracasso deriva dapalavra latinafracassare, “som que remete a estrondos, algo que se destroça ou entra em ruína, sinal ou prelúdio de destruição”. 

    Considera-se como fracasso escolar uma resposta insuficiente do aluno a uma exigência ou demanda da escola. Essaquestão pode ser analisada e estudada por diferentes perspectivas: a da sociedade, a da escola e a do aluno (WEISS, 2004 apud LIMA, 2008, p. 45). 

    Patto et al. (2004)apudCruz e Barros (2008, p. 62) realizaram um levantamento sobre as produções acadêmicas recentesda Universidade de São Paulo que tratavam da culpabilização do fracasso escolar, nelas foram sublinhado o seguinte: “(a) problema psíquico: a culpabilizaçao é das crianças e de seus pais; (b) problema técnico: a culpabilizaçao é do professor; (c) questão institucional: a lógica excludente da escola; (d) 

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