O papel da informação na elaboração da estratégia

  1. Informação

Nos últimos anos o mundo dos negócios passou por uma transição de uma economia industrial para uma economia de informação, um ambiente onde a informação aciona a criação de riquezas e prosperidade, onde as empresas habituadas a vencerem pelo tamanho estão perdendo terreno para concorrentes mais ágeis no uso da informação. Neste contexto, a informação deve ser tratada como recurso estratégico e precisa ser administrada diariamente, com a mesma atenção dispensada aos recursos humanos e financeiros da organização (MCGEE e PRUSAK, 1994).

Segundo Marchiori (2002), a economia se volta de forma crescente para a produção de bens, serviços e atividades de informação, que pode ser caracterizada, de maneira geral, pelos seguintes pressupostos:

  • a percepção de que as áreas e os setores econômicos se tornarão dependentes de uma força de trabalho que tenha acesso e possa compartilhar informação;
  • o reconhecimento de que a informação, para ser acessível, deve ser organizada e gerenciada;
  • o reconhecimento de que as habilidades de criação, de busca, análise e interpretação de informação são essenciais para indivíduos e grupos;
  • a percepção de que as necessidades de informação se tornam cada vez mais complexas e dependentes de diferentes e múltiplas fontes – cuja correta avaliação e qualidade é fator crucial para os processos de tomada de decisão;
  • que o crescente desenvolvimento e substituição de tecnologias desafiam tanto as habilidades dos leigos como dos profissionais da informação, em termos do seu entendimento, domínio e gerenciamento efetivo;
  • o conhecimento de que o setor de informação é uma parte substancial da economia dos países.

Mas como pode ser definida a informação?

Para Laudon e Laudon (2004), informação é um conjunto de dados apresentados de forma significativa e útil para os seres humanos. Já para Davenport e Prusak (1998), não é fácil distinguir, na prática, dados, informação e conhecimento. Para os autores, dados são fatos brutos, entidades quantificáveis, que podem ser coletados por pessoas ou tecnologia apropriada. Informação exige análise das pessoas, pois a informação são os dados transformados. Já o conhecimento é a informação com um contexto, com um significado, uma interpretação.

Entretanto, para a informação ser utilizada, ela precisa ser valiosa. Hoje os gerentes estão subjulgando o grande volume de informações disponíveis. Isso requer um processo de gestão consciente para identificar qual informação é valiosa. (HARWOOD, 1994). Para serem valiosas as informações precisam ser úteis, precisas e confiáveis. Por informações úteis entendem-se aquelas capazes de auxiliar as tomadas de decisões, contudo, é comum a insuficiência de informações ou o excesso de dados que não se aplicam a uma tomada de decisão específica. A precisão diz respeito à capacidade de se conseguir informações no momento certo. A confiança, por sua vez, está relacionada à não existência de erros.

As pessoas desejam informações de alta qualidade, ou seja, produtos de informação cujas características, atributos ou qualidades ajudam a torná-los valiosa para elas. (O’BRIEN, 2004).

A informação agrega valor quando permite a empresa perceber as oportunidades e ameaças a sua operação, detectando tendências ou problemas, ou ainda, a informação agrega valor aos negócios quando da sua análise cega-se a novas maneiras de fazer negócios de novos produtos.

A informação tem a sua importância, pois é condicionante para o sucesso das organizações, já que se traduz como uma ferramenta estratégica de alto valor agregado, pois permite aos gestores estarem constantemente informados sobre os cenários externos, além de consolidar, em qualquer tempo, todas as variáveis importantes para a tomada de decisão (REZENDE, 2003).

Para tal, estas informações precisam ser gerenciadas, mediante um processo que envolve o desenvolvimento de capacidades para adquirir, tratar, interpretar e utilizar a informação de forma eficaz, tendo como problema fundamental definir a informação correta, em tempo hábil e no local adequado (MCGEE e PRUSAK, 1994).

Outro ponto importante a se destacar é que quando se fala em gerenciar informações, geralmente esta gestão é associada com tecnologia, como se somente ela bastasse para trazer as informações coerentes para a tomada de decisões. Embora exista consenso sobre a importância estratégica da informação, a literatura disponível aborda principalmente o tratamento eletrônico dos dados e seu reflexo nos processos empresariais. Para Davenport (1998), o uso efetivo da informação não cresceu na mesma proporção que a tecnologia, que por si só, parece incapaz de fornecer as informações que os gerentes necessitam para executar e administrar seus negócios.

A competição baseada no uso de informação não é sinônimo de investimentos em tecnologia da informação. A criação, captação, organização, distribuição, interpretação e comercialização da informação são processos essenciais. A tecnologia utilizada para apoiar esses processos é consideravelmente menos importante do que a informação contida nos sistemas. A informação é dinâmica, capaz de criar grande valor, e é o elemento que mantém as organizações unificadas (MCGEE e PRUSAK, 1994).

Porém, quando utilizada de forma eficaz, a tecnologia pode sim auxiliar no gerenciamento das informações.

1.1.   O papel da informação na elaboração da estratégia

A importância da informação para as organizações é universalmente aceita, constituindo, senão o mais importante, pelo menos um dos recursos cuja gestão e aproveitamento estão diretamente relacionados com o sucesso desejado. A informação também é considerada e utilizada em muitas organizações como um fator estruturante e um instrumento de gestão. Portanto, a gestão efetiva de uma organização requer a percepção objetiva e precisa dos valores da informação e do sistema de informação.

No entanto, apesar do discurso em relação à informação e a sua devida gestão, muitas empresas não a gerenciam de forma adequada e, no pior dos casos, não a consideram no momento de tomada de decisões.

A informação tem orientado na definição de estratégias, nos processos de tomada de decisão, bem como no controle das atividades operacionais que são cada vez mais dinâmicas. Além d e caracterizar-se como pilar para a escolha de estratégias, no processo de tomada de decisão e no controle operacional, a informação também pode caracterizar-se como “agente” de mudança, criando ou adaptando o comportamento organizacional as contingências do ambiente interno e externo a organização.

Dessa forma, a informação é fundamental no apoio às estratégias e processos de tomada de decisão, bem como no controle das operações empresariais (BEUREN, 2000).

O grande desafio da gestão estratégica da informação é gerenciar as atividades ou operações das organizações minorando os riscos e ameaças, ampliando e explorando as oportunidades através da otimização dos recursos disponíveis para a consecução dos objetivos definidos por seus gestores. Para Mcgee e Prusak (1994), o planejamento estratégico está altamente ligado à informação.

Miranda (1999) apud Andrade et. al. (2004) afirma que a informação estratégica é obtida no monitoramento do ambiente empresarial, a qual subsidia a formulação de estratégias pelo tomadores de decisão nos níveis gerenciais da organização.

Beuren (2000) afirma que a estratégia identifica a posição da empresa no ambiente competitivo e a forma como ela poderá continuar se mantendo, ou, até mesmo, melhorar sua posição em relação a seus concorrentes. Para isso, os gestores precisam de informações sobre a organização e o ambiente externo da empresa, com vista a identificar ameaças e oportunidades, criando um cenário para uma reposta eficaz e competitiva.

Assim, se o tipo da estratégia da organização está voltada para diferenciação de produtos, a ênfase deve ser centrada na diferenciação. Se a estratégia é voltada para desempenho de entregas, a ênfase deve ser dada a logística. Dessa forma, pode-se observar que a informação funciona como um recurso essencial na definição da estratégia empresarial (BEUREN, 2000).

Referências Bibliográficas

ANDRADE, J. H. et. al. Gestão da informação na pequena empresa: identificação de tipos e fontes de informação relevantes para a administração estratégica. XI SIMPEP, 2004.

BEUREN, Ilse M. Gerenciamento da Informação: um recurso estratégico no processo de gestão empresarial. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2000.

CARVALHO, K.C. ; ESCRIVÃO FILHO, E. Gestão Estratégica das Informações Externas na Pequena Empresa: apresentação de resultados de um estudo com hotéis da região central do estado de São Paulo. XI SIMPEP, 2004.

DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Ecologia da Informação: por que só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. 4 ed. São Paulo: Futura, 1998.

FERREIRA, D. T. Profissional da informação: perfil de habilidades demandadas pelo mercado de trabalho. Ciência da Informação, v.32, n.1, 42-49, 2003.

HARWOOD, G. Information Management. Logistics Information Management, v.7, n.5, 30-35, 1994.

LAUDON, Kenneth c.; LAUDON, Jane p. Sistemas De Informação Gerenciais. São Paulo: Pearson, 2004.

MCGEE, James V. ; PRUSAK, Laurence. Gerenciamento Estratégico da informação: aumente a competitividade e a eficiência de sua empresa utilizando a informação como uma ferramenta estratégica. Rio de Janeiro: Campus, 1994.

O’BRIEN, James A. (2004). Sistemas de Informação e as decisões gerenciais na era da Internet. Título Original: Introduction to information systems, 11ª edição. Tradução Célio Knipel Moreira e Cid Knipel Moreira. 2. ed. São Paulo: Saraiva.

REZENDE, D. A. Planejamento de sistemas de informação e informática. São Paulo: Atlas, 2003