O PAPEL DA EXPERIMENTAÇÃO NA APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS EM UM CURSO DA EJA DO ENSINO MÉDIO

Daniel Marcos de Jesus1,Davi Ferreira Barreto2, Antônio Marcos de Jesus3

 

 

RESUMO

 

A presente pesquisa faz parte de uma oficina realizada na escola Estadual Aldemiro Vilas Boas nas aulas de Química e Física. O estudo desenvolveu um conjunto de atividades práticas do cotidiano relacionadas aos conteúdos de Ciências na EJA (Educação de Jovens e Adultos) - Ensino Médio, promovendo a investigação do desenvolvimento da compreensão e da construção conceitual, na percepção de educandos. Acredita-se que o ensino na EJA deve ser feita de maneira diferenciada, tendo em vista a variedade de conceitos trazidos relacionados ao seu cotidiano.

 

Palavras chaves: Aprendizagem. Educação de Jovens e Adultos, Conceitos.

 

 

INTRODUÇÃO

 

As aulas de ciências ainda tem sido realizadas de forma tradicional,onde o professor transmite informações para os seu alunos e este memoriza os conteúdos. Este modelo tem sido foco de discursões na pesquisa em Ensino de ciências de vários autores (CARVALHO, 2006; DELIZOICOV, ANGOTTI EPERNAMBUCO, 2002; FREITAS, 2008; MALDANER; ZANON, 2004).Considera-se que há uma necessidade da melhoria da qualidade do ensino de Ciências .Com relação  a isso Os PCN´S destacam para a introdução de novos elementos de aprendizagem  é necessário  superar “as limitações do ensino passivo, fundado na memorização de definições e de classificações sem qualquer sentido para o aluno”. (BRASIL, 1998a, p. 62).

No âmbito do ensino, um dos grandes problemas do professor de Química consiste na grande distância que existe entre os conteúdos e a realidade dos conteúdos escolares, pois as ações pedagógicas apresentam, em geral, uma dicotomia entre a teoria e a prática. Além de grande parte dos professores trabalharem de forma tradicional, trazem um ensino de forma verbalista, mecânica e produtivista. Esta postura da ação pedagógica baseada em aulas expositivas é bastante precária e desestruturada.

Tendo em vista esses problemas acreditamos que é preciso pensar em novos elementos que possam subsidiar uma aprendizagem mais significativa a exemplo disso as atividades investigativas experimentais. Sob essa perspectiva surgiu o problema-chave que guiou a execução desse trabalho.

 

 

A IMPORTÂNCIA DE ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS

Não como negar a importância das Ciências Naturais. Está presente na vida de todo ser humano. Dessa forma, torna-se cada vez mais necessário compreender os fenômenos relacionados com essas ciências, trabalhando, sobretudo a linguagem científica, entendo seus princípios básicos e interpretando processos cotidianos. Para tanto, é necessário que haja uma mudança significativa capaz de motivar o estudante a aprendizagens das Ciências Naturais.

O Ensino de Educação de Jovens e Adultos (EJA),é uma modalidade da Educação Básica, que atende principalmente a estudantes que  que não cursaram esse nível de escolaridade na idade própria e busca  oferecer aprendizagem e qualificação permanentes, favorecendo a emancipação dos alunos (BRASIL, 2002). Percebe-se que muitas vezes em turmas de EJA também ocorre ensino focado na memorização de informações e isso tem levado a diversas críticas. Alguns autores discutem a respeito do ensino do EJA, como Piconez (2006), por exemplo, critica o ensino transmissivo argumentando que a qualificação para o mercado de trabalho, almejada pelos alunos da EJA, é “algo provisório, móvel, flexível e constante, associado mais à noção de fluxo que de estoque (conhecimentos e habilidades)” (PICONEZ, 2006, p. 14). Para esta autora, não é preciso ir à escola para ter acesso a informações e conhecimentos, o importante é saber como encontrá-las e utilizá-las e se formar continuamente. A escola pode contribuir muito no desenvolvimento de instrumentos fundamentais como as habilidades de leitura e escrita, raciocínio lógico-matemático, possibilidades de refletir sobre novas relações, soluções ou alternativas, praticar a tomada de decisões e exercer a criatividade (PICONEZ, 2006).

Dessa forma, percebemos que é importante pensar em novas práticas pedagógicas no ensino de Ciências e em particular no ensino de Química e Física. A esse respeito e discutindo sobre a renovação do Ensino de Ciências, Pompeu e Zimmermann et al Carvalho (2006), destaca papel do professor neste processo e sugere três condições para que a renovação seja possível:

“1.Problematizar a influência no ensino das concepções de Ciências, de Educação  e de Ensino de Ciências que os professores levam para a sala de aula (...).

2. Favorecer a vivência de propostas inovadoras e a reflexão crítica explícita das atividades de sala de aula (...).

3 Introduzir os professores na investigação dos problemas de ensino e aprendizagem de Ciências, tendo em vista superar o distanciamento entre contribuições da pesquisa educacional e a sua adoção (CARVALHO, 2006,p. 12)”.

 

Entendendo a importância da melhoria da qualidade do ensino nessa área essa pesquisa teve como objetivo principal aplicar junto aos alunos os conhecimentos de Química e Física, através da experimentação com materiais de baixo custo, visando uma integração entre a teoria e a prática, considerando a relação entre o fenômeno observado e as explicações teóricas encontradas para tal fenômeno.

O objetivo desse trabalho se pauta também na seleção de práticas laboratoriais que permitam o uso de materiais sucateados e recicláveis, visando ampliar e facilitar a aprendizagem dos educandos selecionados; Comprovar que a união da teoria à prática é um procedimento que beneficia e facilita a aprendizagem dos alunos, foram os objetivos específicos desta pesquisa.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada com os alunos da EJA do Médio da Escola Estadual Aldemiro Vilas Boas, localizada na cidade de São Miguel das Matas-Ba. As turmas de EJA contavam com vários alunos de diversas idades que variava de 18 a 50 anos. O trabalho foi desenvolvido a partir do acompanhamento das aulas durante o mês de julho do ano de 2012.

Na primeira parte deste trabalho foram utilizadas com os alunos aulas expositivas, leitura e produção de textos baseados nos livros didáticos, revistas e artigos científicos utilizados nas disciplinas de Química e Física, além da análise das propostas curriculares dessas disciplinas. No segundo momento os professores das disciplinas de Física e Química levaram para a sala de aula proposta de experimentos dentre os quais foram escolhidos três para a execução.

No terceiro momento os alunos aceitaram a proposta e decidiram montar os experimentos e discutiram entre si sobre as atividades experimentais. Os experimentos foram simples, mas permitiram a interação dos alunos, bem como a reflexão acerca de fenômenos químicos e físicos.

Os experimentos seguiram esta ordem:

1-      Eletricidade estática

2-      Medindo a temperatura da água

3-      Enchendo um balão através da reação de vinagre com bicarbonato de sódio.

Por ultimo responderam um questionário e  produziram um texto sobre o que pensaram do experimento e explicando suas possíveis causas. Os dados foram analisados pelos professores e foram perceptíveis muitos erros conceituais e que precisavam ser trabalhados nessas turmas.

                              

 

CONCLUSÃO

É de suma importância lançar mão das atividades experimentais nas aulas de ciências e em especial nas aulas de química. Além de montar experimentos e executá-lo é preciso permitir que os alunos tirem conclusões para que possam aprender de forma significativa. Piconez (2006) defende que a busca de alternativas metodológicas mais adequadas a essa clientela e a adoção de uma prática pedagógica em que se estabeleça uma relação dialógica entre conhecimento construído e conhecimento transmitido, valorizando o contexto desses alunos, seus conhecimentos prévios, suas diferentes formas de expressão. A autora ainda afirma que deve se permitir que esses alunos sejam sujeitos da “(re) construção do conhecimento” (PICONEZ, 2006, p.50).

 

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DUTRA, C. E. G. (2007): Guia de referência da LDB/96: Com Atualizações. 2.ª ed. São Paulo: Avercamp, 2.224 pp.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA/ SECRETARIA DE ENSINO

FUNDAMENTAL. Proposta curricular para a educação de jovens e adultos: segundo

segmento do ensino fundamental, v.3, p.71, 2002.

PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS – (Terceiro e quarto ciclo) –

Ministério da Educação e do Desporto – Secretaria de Ensino Fundamental, Brasília –

(1998).

PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS –(Ensino Médio) – Ministério da Educação e do Desporto – Secretaria de Ensino Fundamental, Brasília –  (1999)

PICONEZ, S. C. B. Educação escolar de jovens e adultos: das competências sociais dos estudantes.2006.

POMPEU ,S.F.C.; ZIMMERMANN,E.; Concepções sobre Ciências e Ensino de Ciências de alunos da Eja. Encontro Nacional de pesquisas em Educação em Ciências, Florianópolis- Sc .2009.