RESUMO

 

 

Esse trabalho de pesquisa tem como objetivo principal compreender o papel da agricultura familiar na construção do Distrito de Progresso Município de Tangará da Serra – Mato Grosso.

O trabalho realizou-se mediante a leitura de várias fontes  escritas e orais  através das entrevistas coletadas com os primeiros moradores  que aqui chegaram  entre as décadas de 60/70, vindos de várias regiões do país em busca de um  futuro melhor.

Para tanto, enfatizemos o processo de colonização de Mato Grosso com recorde nas décadas de  60/70 onde a partir do estudo da colonização, destacamos   Tangará da Serra  neste contexto  histórico e na sequência inserimos  e aprofundamos no nosso objeto  de estudo que é o papel da agricultura familiar na construção do Distrito  de  Progresso.

Esse trabalho foi possível através do resgate da memória histórica dos primeiros moradores do Distrito que ainda residem nessa localidade.

Analisando as informações  obtidas na busca de melhores  condições de vida e com o sonho da conquista por um pedaço de terra, onde pudessem plantar e  colher esperando um futuro com dias melhores.

A agricultura familiar foi realmente determinante na construção do Distrito de Progresso.

 

 

 

 

 

 

 

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................08

CAPÍTULO – I - ......................................................................................10

1.0   A COLONIZAÇÃO  DE MATO GROSSO..........................................10

1.1 PROGRESSO  NO CONTEXTO DE COLONIZAÇÃO  DO MATO

GROSSO ...............................................................................................10

CAPÍTULO – II -......................................................................................25

2.0   O SURGIMENTO  DO DISTRITO DE PROGRESSO ......................26

2.1 O RESGATE  DA MEMÓRIA HISTÓRICA DE PROGRESSO ........28

2.2 ANALISANDO A MEMÓRIA DE ALGUNS MORADORES

DE PROGRESSO ..................................................................................38

2.3DISCUTINDO E ANALISANDO AS INFORMAÇÕES COLETADAS.39

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................42

BIBLIOGRAFIA.......................................................................................44

ANEXOS ................................................................................................46

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

O estudo de História foi instigante e nos permitiu perceber a importância do conhecimento do nosso passado para refletirmos o presente. Neste aspecto o estudo sobre a Colonização de Mato Grosso facilitou nossa compreensão sobre a forma como se deu a ocupação do referido Estado e as questões sociais, políticas e econômicas implícitas neste processo.

A proposta do nosso trabalho é buscar nas fontes de pesquisas bibliográficas, documentais  e orais, um resgate histórico sobre o Distrito de Progresso investigando se os migrantes que vieram para esse Distrito  foram atraídos pela possibilidade de desenvolver uma agricultura familiar e  discutir o papel dos mesmos na construção do referido Distrito.

Para tanto procuramos identificar as primeiras pessoas que aqui chegaram a partir de 1962, com intuito de buscar informações que os permitisse compreender a história da colonização de Progresso.

A pesquisa é significativa tanto para nós professores quanto para a comunidade. As investigações dos fatos históricos ocorridos, revelam os problemas, as dificuldades e as contribuições dos primeiros moradores no período da colonização, que permanecem vivas na memória dos moradores, que residem em Progresso, ainda hoje.

Essa ação investigativa pode-se constituir em uma aproximação entre os professores, pesquisadores e as pessoas que trabalharam para a  formação do povoado, podendo tornar-se esse  contato um ato de  valorização da ação dos homens e mulheres  que vivenciaram os acontecimentos  históricos no seu dia-a-dia. Acreditamos que o registro da história do Distrito de Progresso pode tornar-se em um material importante para as gerações jovens, que poderão a partir da leitura  estabelecer  relações entre o passado e o presente, percebendo a história como algo  vivo.

A pesquisa inicialmente foi baseada em leituras bibliográficas sobre a contextualização do Brasil desde 1930, enfatizando  aspectos históricos e geográficos do Estado de Mato Grosso, Município de Tangará da Serra e Distrito de Progresso no seu período de colonização. A pesquisa  de campo  foi dividida em duas partes, onde nos valemos de fonte oral, para entrevistarmos os primeiros colonizadores e colonos ainda residentes em Progresso que  aqui chegaram  na década de 60/70.

Entrevistamos 14 (quatorze) pessoas que chegaram  em Progresso na década de 60, sendo que para 4 (quatro) delas adotamos a postura metodológica de ouví-las  em seus relatos orais, em que contavam suas histórias livremente, sem nossa interferência. As outras 10 (dez) entrevistas foram  feitas através de questionário aberto onde  investigamos  os motivos as dificuldades  que encontrava nos momentos do processo de colonização.

O relatório está organizado em dois capítulos. O primeiro intitulado: A Colonização de Mato Grosso onde abordamos o desenvolvimento  do processo  histórico e a influência  da agricultura na sua formação.

O segundo capítulo. O surgimento do Distrito e o resgate da memória histórica de Progresso onde procuraremos analisar a memória de alguns  moradores de Progresso e discutir o espaço geográfico  e o processo histórico de colonização do referido Distrito.

CAPÍTULO I

1.0   – A COLONIZAÇÃO  DE MATO GROSSO.

1.1 – PROGRESSO NO CONTEXTO  DE COLONIZAÇÃO DO MATO GROSSO.

O  processo  de colonização de Mato Grosso foi fato determinante  para sua  formação,  percebemos  isso pela  forma como o vemos hoje, as características dos povoados que  nele se originaram, deles os municípios, as cidades e os distritos  que o compõe. Destacaremos  o Distrito de Progresso no Município de Tangará da Serra que será o  foco  de nossa  atenção no decorrer  da pesquisa.

Antes porém faz se necessário compreendermos  o que esse conceito  traz em seu contexto de significação. Segundo Castro et. Al (2002,41)

 

“A colonização oficial, tem sido uma das formas mais utilizadas, na história brasileira, com vistas a direcionar os movimentos populacionais para regiões de fronteiras. A colonização, em seu sentido mais  amplo, é o processo de ocupação de uma área, realizado por indivíduos de fora, colonos. Este conceito mais amplo, na realidade, confunde-se com povoamento. Mas num sentido mais restrito, a colonização é o povoamento precedido de planejamentos governamentais ou privado, e na história contemporânea, esse processo está estritamente relacionado à apropriação privada do uso do solo   e ao surgimento  do trabalhador livre, enquanto classe  social”.

Conforme a citação acima podemos compreender que a colonização oficial de Mato Grosso aconteceu em três momentos distintos. A partir do século XVIII em função da  exploração de minérios  e nas décadas de 40 e 60/70. A década de 40 foi marcada pelo projeto do governo federal denominado “Marcha para o Oeste”, em que houve uma proposta de colonização  empreendida pelo então governador Getúlio Vargas. Conforme  Castro (2002, p. 61).

 

“A colonização esteve sempre  presente na realidade  mato grossense no  último século. Seu início data da necessidade de uma ocupação do território e fixação  de fronteiras geográficas, nos dias atuais, ela assume a função de propiciar, de fato, a expansão  da fronteira agrícola do país. Foi principalmente  a partir de 1930 com a política de colonização de Getúlio Vargas, quando se criaram  as chamadas colônias  nacionais do  programa “Marcha para o Oeste”, que começou a escalada da política colonizadora com uma nova fase  econômica para o Estado de Mato Grosso”.

 

Durante essa fase da história de Mato Grosso na década de 40, o que  hoje é o  Distrito de Progresso, era só mais um espaço natural de florestas virgens    majestosamente  firmadas acima da Serra Tapirapuã.

De acordo com OLIVEIRA, as terras que pertencem  a esta região foram  visitadas por expedicionários  entre as  décadas de 20/30. Ele cita em sua tese de  mestrado a expedição  do padre Nicolau Badarioti,  descrevendo  a forma como as expedições  chegaram até a região e os registros deixados sobre as impressões do mesmo com relação ao   território ao solo, fauna e  flora, belezas naturais,  dificuldades e imponência da Serra Tapirapuã.

A revista “Desbravadores Tangaraenses  - A Fé na Terra”  (1998-1) retrata os  pioneiros Tangaraenses  e cita  o Sr. Marçal Teodórico da Cruz da seguinte forma:

“Pioneiro de 1932, Escalou a Serra de Tapirapuã. Conduzindo comboio de  animais de cargas, chefiando  turmas de poaeiros, dava início a longas temporadas da extração da poaia”. (Ipecacoanha) na região”.

O final da década de 30 e a década de 40 foram  marcados por construções como rodovias e campos aéreos que facilitaram a inserção de  pessoas no território mato-grossense. Na verdade  a marcha  para o Oeste  foi um projeto do governo   federal que teve sua sustentação na abertura de grandes  eixos rodoviários com investimento do capital nacional.

A marcha para o Oeste foi um movimento de reordenação de “espaços  vazios”, estimulando a expansão da fronteira agrícola  quando o processo de acumulação passa a ser baseado na atividade  urbano industrial e voltado para o mercado interno. Este movimento anunciado  pelo presidente Getúlio Vargas é o sintoma das preocupações  do governo em  ocupar os espaços  vazios”, ainda com o intuito  não só de  manter a unidade  política do país como também de promover o  desenvolvimento da  região Central do Brasil. Na realidade estava em jogo, não só as preocupações ideológicas e autoritaristas  de “Unidade Nacional” e  a integração, mas de forma especial, preocupações políticas de segurança interna.Vargas imaginava a Macha para o Oeste como um movimento massivo, incorporado ao Brasil Central que ocuparia e desenvolveria a metade do país  em  curto período de tempo. Esse movimento faria uma integração entre as regiões onde proporcionaria trabalho aos flagelados  das secas do Nordeste, encaminhando também para a Amazônia essas massas  nordestinas, no intuito de penetrar o Brasil  e incorporá-lo  ao mercado internacional da borracha.

A política presente  na proposta de colonização do governo Vargas   fundamentava-se  no modelo das pequenas propriedades  que se caracterizam como  a produção familiar que são  unidades  de produção   organizadas com base no trabalho da família. É uma produção de subsistência onde os produtores consomem partes ou tudo o que produzem, são as chamadas economias camponesas. As colônias agrícolas se constituem  através de vários núcleos de produtores familiares. De acordo com  Castro: (2002, p.20).

 

“As unidades de produção familiar operam na base do trabalho familiar incorporando a dimensão dupla de produtores e consumidores de sua produção, viabilizando  uma reprodução  enquanto  classe social. Mudanças  nesse padrão implicam mudanças nas relações  de produção provocadas pela expansão  e dominação de outras formas produtivas.  Ex: assalariamento  parcial, ou  eventual  das famílias camponesas”.

 

Isso  significa  que a pequena produção  ao se organizar em torno do núcleo  familiar doméstico, integra os produtores aos meios de produção e condicionam  o empreendimento  econômico, em geral, a uma pequena  escala. Sendo assim, os pequenos produtores de diferentes setores de atividades constituem uma categoria social que é conceptual e historicamente distinta daquelas geradas pelo desenvolvimento capitalista.

No entanto, percebe-se que o processo de colonização com base na pequena propriedade não se concretizou como deveria ter sido. O governo federal não conseguiu atender os anseios e necessidades das pessoas com relação à infraestrutura  necessária para manter  as famílias em suas propriedades. Não havia condição de desenvolvimento  do trabalho agrícola. Muitas pessoas  que vieram para  Mato Grosso, quiseram retornar ao seu lugar de origem, mas não conseguiram  e  outras venderam suas terras. Essa venda de terras dos pequenos proprietários na verdade contribuiu para a afirmação dos grandes   latinfúndios.

Para compreender melhor esse processo é importante discutir o conceito de fronteira e as ações políticas das décadas de 40 e 50 em que o processo de colonização foi marcado por forte influência européia. A política centralizadora de Getúlio Vargas se fez sentir em Mato Grosso  através dos interventores  federais,  que tentavam controlar e canalizar este movimento para as fronteiras das grandes propriedades das companhias  de colonização e também pequenos  proprietários e posseiros. Estes últimos são homens que na maioria das vezes pobres se apossam de terras devolutas para cultivá-las e garantir sua subsistência.

A partir do momento em que o termo “fronteira” começa a aparecer nos discursos oficiais  e a ser  difundido  pelos meios de comunicação para designar  esta expansão da sociedade  nacional e da integração nacional, ela passa a expressar  o fenômeno  global da sociedade e adquire uma dimensão simbólica que ultrapassa  o  aspecto  concreto e localizado  do fenômeno.

A fronteira agrícola implica movimento de expansão e deslocamento de força de trabalho, de áreas desenvolvidas economicamente, para áreas menos desenvolvidas, ou em desenvolvimento. Conforme  Graziano  (1982, p. 114).

“O desenvolvimento da agrícola no Brasil se deu até nos dias de hoje de forma extensiva. Ou seja, foi através da incorporação  de novas áreas que se ampliou  a produção agrícola brasileira, desde a expansão  do  café no século passado até mais recentemente  para  atender à demanda  crescente de alimentos  e matérias primas gerados pela  industrialização... O padrão de crescimento de nossa agropecuária supõe  uma variável  fundamental  a existência de uma fronteira a ser  ocupada. Assim sendo, a fronteira agrícola faz parte do modelo agrícola  brasileiro”.

 

A questão da fronteira agrícola é bastante complexa, principalmente  porque a população  não vai e fica nas regiões abertas como fronteiras. Ela vai e vem, dependendo das condições de vida e trabalho. A fronteira agrícola e a pequena produção de subsistência  sempre  estiveram associadas, mas com a expansão   da fronteira até a Amazônia, o pequeno  produtor  rural socialmente marginal vem  encontrando cada vez mais  dificuldades  para sua sobrevivência apesar de construir  uma parcela considerável da população brasileira. Mesmo quando alguns perdem  suas propriedades, não  desistem  de seus sonhos, muitos se vêem   obrigados  a vender sua força de trabalho   como  “bóia-fria”, outros se deslocam para regiões onde há terras disponíveis, por isso o movimento  de expansão da fronteira acaba sendo também um processo  de luta dos despossuídos, dos sem-terras  e dos posseiros.

A ação do Governo Federal, porém, sempre esteve muito presente no direcionamento da ocupação dos espaços, promovendo políticas sempre destinadas a privilegiar a grande propriedade voltada para o mercado externo em detrimento da pequena  produção. A colonização em seu sentido mais amplo é o processo de  ocupação de uma área,  realizada por indivíduos de fora, colonos, sendo estes, trabalhadores rurais menos favorecidos. Este conceito, na realidade, confunde-se com o povoamento. No sentido mais restrito a colonização é o povoamento  precedido de planejamento  governamental  ou privado. A Colonização Oficial  de Mato Grosso tem sido uma das formas mais utilizadas na história brasileira com vistas a direcionar  os movimentos populacionais   para as regiões de fronteira. Tavares afirma que:

“As políticas de colonização dirigidas na década de 70, século XX, tiveram como objetivos, segundo o PIN (Plano de Integração Social), deslocar a fronteira agrícola para as margens do  rio Amazonas; criar condições  para incorporar a economia de mercado amplas faixas da população, antes pulverizadas na economia do setor de susbsistência, reorientar a migração de mão de obra do Nordeste, em direção aos vales  úmidos   da própria região e a nova fronteira agrícola evitando-se a sua transferência para as áreas  das metrópoles  super povoadas do centro sul”. (1974, p. 42)

 

Assim, podemos entender que ao reorientar e alocar excedentes   populacionais nas áreas de fronteira, a política de colonização  atuou para apaziguar  os conflitos nas áreas  rurais, intensos na década de 70  na região  sul do  país e também ainda que indiretamente  reforçando  o processo de acumulação em novas áreas na medida em que  viabilizava a criação de  bolsão de subsistência de mão-de-obra na região.

O texto acima reforça a idéia de que da década de 60 em diante o  desenvolvimento do processo de colonização do Estado de Mato Grosso se deu de forma mais intensa, devido o grande fluxo  populacional vindo de várias regiões do País em  busca de melhores condições de vida. Podemos dizer também que foi  uma década de relevância  para o desenvolvimento de colonização da região ligada a Barra do Bugres, hoje  já desmembrada em vários município entre Tangará da Serra, o Distrito de Progresso  das quais falaremos  a seguir.

Antes porém é preciso deixar claro que o município de Tangará da Serra e o Distrito de Progresso não fizeram parte de Colonização Oficial desenvolvidos pelos  programas do governo  pois a mesma foi desenvolvida  pela iniciativa privada, da qual falaremos adiante.

Com relação aos projetos e as políticas que envolveram a Colonização Oficial vale ressaltar que o INCRA como órgão federal encarregado de promover  este tipo de   Colonização  tentou implementar  no início da década  de 70  um modelo complexo: O projeto  Integrado de colonização especial  organizado  e rígido,  processo burocrático, excessivamente alongado com  objetivos ambiciosos. Vários modelos foram testados, experimentaram-se os Projetos de assentamentos Dirigidos (PAD’s) e os Projetos Especiais de Assentamentos  (PEA’s).

As experiências com os PIC’s foram, a partir de 1978 consideradas negativas  por parte do próprio INCRA, pois os custos acabam sendo  muito elevados para se manter a metodologia  desses assentamentos, que se baseavam  no cumprimento do estatuto  da terra no que se refere a colonização. Assim, na tentativa de  reduzir os custos do poder  público e baseando-se nas experiências  das colonizadoras particulares avaliadas  pelo Governo Federal como  positivas, sobre  tudo em Mato Grosso, o governo buscou  uma nova  forma de colonização. O INCRA  criou então  uma nova metodologia  onde as  tarefas e  os custos da Colonização  seriam divididos entre a iniciativa privada e  o poder público federal. Surgindo assim os Projetos  de Assentamentos  Conjuntos.

A união das cooperativas com o governo federal nos projetos de colonização significou  na realidade  uma   articulação   visando  dar um direcionamento  ao desenvolvimento agrário conservador que as lutas sociais no campo muito intensas   no sul  na década de 70  poderiam comprometer. Conforme  Castro (2002: 46).

“O poder Público ao aliar-se com as cooperativas, fez delas um  instrumento para a reforma  na estrutura  agrária subordinando-as   e  tornando-as  veículos de suas políticas. Desta aliança  o poder público   emergiu   ainda mais  fortalecido ao fazer com que a cooperativa se  tornasse com participante de um governo que não conseguia legitimar-se”.

 

Ao se estabelecer  “pacto” entre o Governo Federal e as cooperativas, era feito então um contrato de direitos e deveres de cada parte. Cada projeto  de  Colonização   dirigida  implantados no Estado de Mato Grosso desenvolveu-se   a partir de  diferentes especialidades, apresentando interesses  econômicos e políticos de diversos agentes sociais. As notícias de experiência  de colonização em Mato Grosso chegavam aos associados e diretores de diversas  cooperativas  das várias regiões do país. O governo e os  colonizadores  se encarregavam desta propaganda   “positiva” atraindo cada vez mais colonos para Mato Grosso.

O processo de colonização  do Estado  de Mato Grosso tem uma história  riquíssima em termos de acontecimentos ligados às questões  políticas, econômicas e sociais, inserido   num país que buscava   resolver suas questões internas  atreladas  ao designo  dos mandos dos setores internacionais. O processo  histórico do Brasil influenciou, como  já foi dito, o desenvolvimento  da colonização de todo o Estado e o município no qual moramos “Tangará da Serra” também foi um palco desse  processo histórico que hoje tentamos compreender.

 

1.1 – TANGARÁ DA SERRA E  PROGRESSO  DESPONTAM COMO  ESPAÇOS ORGANIZADOS PELA INICIATIVA PRIVADA.

 

Antes das primeiras famílias de colonos ocuparem a região de Tangará da Serra, o espaço  já era  estriado por índios, expedicionários, seringueiros, que perambulavam pela parte leste do município, por poaeiros e picadeiros, que a partir  de 1956  surpreendiam os tangarás (Chiroxiphia caudada) fazendo o serviço de  demarcação de terras.

É preciso  registrar  que no processo desenvolvido  pela iniciativa  privada destacamos a SITA (Sociedade  Imobiliária de Tupã para a Agricultura). De acordo com   Pereira (2000, p. 39).

“O ano de 1959, marcou o início da fundação de Tangará da Serra  pela  convivência  dos sócios: Julio Martinez Benevides. Fábio Licere e Joaquim Oléas ao projetarem   as glebas: Juntinho,  Esmeralda,  Santa Fé e Santa Cândida perfazendo  um total de 38.720 hectares  de terras agricultáveis e a fundação da colonizadora SITA, (Sociedade, Imobiliária  de Tupã para a Agricultura), cujo nome  homenageia um pássaro raro de cores bem definidas, cabeça vermelha  e belo canto,   denominado  Tangará    por localizar-se  acima de uma serra, Tangará da Serra.

       Foto nº 1. Os Desbravadores  Tangaraenses

 

Fonte: Revista Desbravadores  Tangaraense

Portanto, o município de Tangará da Serra teve suas origens  em 1959, no   antigo povoado,  que surgiu   dos loteamentos das Glebas Santa Fé,  Esmeralda e Juntinho,  localizados no município de Barra do Bugres.

O Sr. Wanderley Martinez, um dos colonizadores de Tangará da Serra,  junto com outros paulistas,  foram atraídos pela excelente  fertilidade  do solo e fundaram a  empresa  SITA (Sociedade  Imobiliária Tupã para Agricultura), a qual fez loteamentos urbanos e  rurais da área denominada hoje,  Tangará da Serra.

O povoado originado a partir da colonizadora entre as décadas de 60/70,  hoje  Município de Tangará da Serra foi desmembrado  do município de Barra do  Bugres, que em função do solo fértil   recebeu grande  fluxo migratório desenvolvendo o  potencial agrícola da região trazendo rapidamente o sonho da emancipação, que não foi conseguido com tanta facilidade em função da resistência  de Barra do Bugres para  a  consolidação de Tangará da Serra. Somente em 13 de  maio  de 1976, através da lei 3.687 Tangará realiza o sonho da emancipação  político-administrativo elevando-se  a condição de município. De acordo com  PEREIRA (2000, 40).

                    Foto nº 2 Tangará da Serra  1969

Fonte: Revista Desbravadores  Tangaraense

 

 

“O processo  histórico  em que a mesma estava inserida não apenas local, regional ou estadual, era fruto de uma  política mais globalizante. Qual seja, uma   política nacional que atendia aos interesses  internacionais daquele  momento. Havia uma política de  modernização do País visando  integrá-lo em um desenvolvimento  acelerado. Desde o Norte   ao Sul do país, os governos paulistas  empreenderam esforços, através da ação do Estado, no sentido de criar  infra-estrutura para o desenvolvimento   interno  e para oferecer  condições de investimentos de capital estrangeiro  aqui”.

 

O atual município de  Tangará da Serra trás em seu processo histórico  de colonização  relatos de muita luta, sofrimento, mas também  otimismo, fé, vontade e empenho  das  pessoas que para cá vieram.

Durante sua colonização houve grandes dificuldades, devido a falta de estradas e comércio local. As pessoas precisavam se deslocar até Nova Olímpia para comprar o que fosse necessário; e essa trajetória era feita durante três dias para  subir a  serra, muitas vezes era feita a    pé,  porque a “jardineira” ônibus da  época não subia  a serra. E no  tempo das chuvas, a situação piorava.

 

 

 

 

Foto nº 3 Jardineira – O primeiro  meio de transporte  coletivo na década de 60.

 

Fonte: acervo   de Idalina Sueza Tayano

De acordo com Oliveira (2002), mesmo com tantas dificuldades, começaram a  chegar migrantes colonizadores  paulistas a maioria de Tupã, dentre estes  Vanderlei Martinez recebendo  como herança  uma gleba denominada Santa Cândida, em função  destas foram surgindo   outras glebas:  Esmeralda,  Santa Fé, Juntinho, Boa Esperança, Prega Fogo e São Gonçalo. Glebas estas que foram colonizadas pela SITA (Sociedade   Comercial Imobiliária de Tupã para Agricultura Ltda.

As primeiras famílias a estabelecerem   residência em Tangará da Serra, segundo o livro  Tombo da Reitoria de Nossa  Senhora Aparecida, começaram a  chegar a partir de Julho de 1959. Das três famílias que chegaram inicialmente, duas delas dedicavam-se a lavoura  branca (arroz, feijão e milho) e a terceira tinha como   líder um farmacêutico   prático Erotides  Rodrigues Machado,   inicialmente  considerado o “médico do povo”, este também  dedicava-se  a uma pequena roça   produzindo para   própria subsistência. Sua farmácia começou a funcionar em 13 de março de 1961.

Portanto, a partir de 1960 começaram a chegar várias famílias, as primeiras  matas derrubadas e as primeiras plantações foram realizadas depois de julho de 1959. A partir de 1960, com a intensificação  dos trabalhos de propagandas realizados pela SITA, através de correntes e divulgação  na  rádio norte  do Paraná, São Paulo e em Minas, várias famílias vêm em busca da esperança da grande colheita do café, do paraíso perdido.

Em sua grande maioria, as famílias que vieram para Tangará da Serra  são do  movimento   migratório rural, isto é, são pequenos proprietários de terras ou famílias  que estavam a serviço   de outros proprietários, do qual   já mantinham  vínculo empregatício e de compadrio  desde o Estado  de procedência. Os homens em sua maioria eram lavradores, mesmo quando moravam na cidade; as mulheres ocupavam-se dos serviços da casa e ajudavam  nos momentos de plantio e  colheita  e algumas tinham atividades  ligadas à agricultura.

A representação espacial começou a se configurar a partir das construções em que a maioria das casas que foram construídas em Tangará da Serra, eram de   madeiras,  sobretudo  cobertas de tabuinha sendo que pouco era usado as telhas francesas. A privada era construída no fundo do quintal, próximo à cozinha ficava o poço para o abastecimento da família. Na zona  rural em decorrência da não existência da privada,  usava-se a mata próxima a casa, ou plantação para realizar as atividades  fisiológicas.

As informações acima nos permitem perceber as diferenças na forma  de organização   dos espaços  e a luta  das pessoas na busca de melhores condições de   vida, em que a história de um povo   vem se consolidando através da luta e  do exercício  constante da busca junto aos poderes públicos.

OLIVEIRA (2002) afirma que o projeto de Colonização  rural de Tangará da Serra foi feito, a partir da identificação  do espaço urbanos, destacados  82 alqueires  e 13.600  metros da  Gleba Santa Fé, após  configuração do que pretendia ser a cidade, os lotes rurais de terras foram constituindo, inicialmente  com pequenas  propriedades de cinco alqueires,  depois 10 alqueires, continuando   progressivamente, isto não impedia a compra de vários lotes de terras,  dependia do capital do futuro proprietário.

Como em quase todos os projetos de colonização,  na aquisição de um lote rural a colonizadora fornecia um lote urbano, desta forma,  as famílias que não  moravam em propriedades rurais  próximas a cidade, tinham  uma ligação  muito estreita  com ela, às vezes, possuindo residência nos dois espaços.

A produção  que mais se sobressaia naquela época era o plantio de café,  por causa do clima    favorável e terras férteis, por ser um produto caro e devido ao longo período de secas, o café não produziu  aquilo que esperavam, tendo que  arrancá-lo e plantar capim. Mais tarde quando o processo de colonização já estava bem avançado, começaram então a mecanizar o campo preparando   o solo para o  plantio de arroz,   feijão e milho, de onde  obtiveram grandes resultados   atraindo  cada  vez mais famílias.

Enquanto Tangará da Serra se firmava   espaço urbano e rural, o  lugar  onde hoje é o Distrito de Progresso  também ia se consolidando  como parte do município de Tangará da Serra.

Segundo OLIVEIRA (2002), a partir de 1980, Tangará da Serra recebeu o segundo fluxo  de migrantes, oriundos do Paraná, Santa Catarina e principalmente  do Rio Grande do Sul de onde vieram novas famílias que passaram a conviver com   as que já habitavam esta região de fronteira  étnica,   passaram juntos a procurar  novos espaços  principalmente a região   da chapada do Parecis, a grande  expoente  do planalto brasileiro. O cerrado do chapadão   transformou–se   em grandes lavouras  de monocultura  e a cidade expandiu-se reconfigurando seu espaço  urbano, mantendo algumas marcas daquele projetado na década de  60,   no século XX pelo arquiteto paulista   Américo Carnevali..

A  interação entre as famílias que fixaram residência no povoado  de Tangará da Serra, dando continuidade  aos projetos  de colonização do município deu origem ao povo tangaraense que conforme   o censo do IBGE – 2000 têm  58.341  habitantes.

O município conta com uma agropecuária forte, diversos núcleos  comerciais,  agregando em sua área  três distritos: São Jorge, São Joaquim e Progresso. O Distrito de Progresso faz limites com Nova  Olímpia, Santo Afonso, Arenápolis e Tangará da Serra.

CAPÍTULO II

2.0   – O SURGIMENTO DO DISTRITO DE PROGRESSO

Foto nº 4 – Primeira   Derrubada na antiga   fazenda Progresso

 

      Fonte: Acervo Idalina Sueza Tayano

O atual  distrito  de Progresso localiza-se   no Município de Tangará da Serra com uma área de 112.686.72m².

O espaço  onde hoje é o distrito de Progresso recebe migrantes desde o final da década de  50. De acordo com a carta de autorização abaixo, o Sr.  Carlos Tayano  autoriza seu  filho  Pedro Alberto Tayano a vender as terras, onde  será feito o  loteamento  de Progresso.

“Com a presente carta de autorização, fica o Sr. Pedro Alberto Tayano residente a rua Coroados,nº 111, na cidade de Tupã  Estado de São Paulo, credenciados a vender datas,   preenchendo  para isto  proposta de compra e dar quitação   no recibo ao pé da proposta  de comprar,  receber cheques  pelos pagamentos que me for devido, nominal a Carlos Tayano    e pagável na praça  de Tupã,  recebendo  para isto a comissão que estiver prevista nos regulamentos  internos  da Empresa Tupã, 15 de setembro de 1964”.

A fotografia abaixo registra  as primeiras demarcações  do loteamento de Progresso. Marco central da cidade -  Progresso 1964

 

Fonte: acervo pessoal de Idalina Sueza Tayano

 

Fica claro que  as intenções do proprietário  da gleba  era transformar  aquele  espaço  em cidade. Porém, Tangará da Serra se desenvolveu com  mais rapidez e  intensidade, transformando-se  em município em maio de 1977. Dois anos depois  (maio de 1979) o Progresso é levado a condição  de distrito através da Lei nº 3.852 de 12/05/ 1979 que teve seu artigo 2º alterado pela Lei  nº 4080 de 10/07/1979,  na qual determina   detalhadamente os limites  de confrontações  do território que compõe o referido Distrito. O espaço urbano do Distrito foi organizado de acordo com o  mapa que seguem em anexo.

Também nos chamou a atenção o fato de que  segundo OLIVEIRA, no ano de 1966 o Padre José Aleixo Kunraht (secretário geral da  prelazia    de Diamantino) realizou o  censo demográfico na Vila Progresso onde constatou  que ali residiam,  41  famílias eram legítimas e 11 famílias  ilegítimas  (pelo fato de não serem casados  na  igreja católica), ao todo  Progresso contava com  178  moradores, eram 37  meninos e 45 meninas na faixa etária de 0 a 12 anos, e 52 pessoas solteiras entre homens e mulheres com idade de 12 a 40 anos.  Havia apenas 3 crianças  com idade  de  0 a 6 anos que ainda não tinham sido batizadas  e 29  pessoas com idade entre  8 a   40 anos que não haviam feito a 1ª comunhão, as outras 20  pessoas já tinham feito. A maioria das pessoas, principalmente  as do sexo feminino se casavam com idade de 18 anos. Vinte e cinco das pessoas residentes na Vila Progresso entre crianças,  jovens e adultos, não tinha  instrução escolar.

Segundo o padre  José Aleixo,   as crianças   morriam   por falta de  assistência médica e falta de   higiene,  pois a única alternativa mais próxima era uma farmácia  que ficava distante  28  km. Ele também descreveu a forma e o nível de vida, que  era  diversificada. Existiam  proprietários de terras remediados, ricos, outros  saem posse alguma, imigrantes e pobres que trabalhavam como volante.

Existia também um ranchão, onde funcionava  uma escola municipal de Barra do Bugres como  turma multiseriada,  em meio  período de aula. A professora era crente, os alunos quase não frequentavam as aulas. Segundo o Padre José Aleixo, a  professora dava mal exemplo, sendo os alunos mal orientados e não havia documentos  dos alunos nessa escola, sendo prevista fechar em outubro de 1966, segundo  o padre. A Vila Progresso é distante  28 km de Tangará da Serra. As terras eram de primeira, fazendo  cabeceira com o Ararão,  onde plantavam  café, milho, feijão e capim para o gado.

A assistência religiosa era insuficiente  pois o padre José acreditava  que Progresso   já havia dado o que tinha que dar “daqui pra frente só iria  para trás,  porque o  poder estava concentrado  na mão de três fazendeiros, os quais visavam  o café, mas queriam o gado”.

De acordo com  o exposto acima percebemos que a atuação do padre em seus relatos  trás uma carga de significação  com relação ao poder da Igreja. Fica claro o preconceito com relação aos que não  aderiram  aos sacramentos da igreja católica, além da discriminação à outro credo  religioso. Também fica claro o interesse em afirmação do poder, quando afirma a saída  da professora.

É possível  nos  remetermos a esse período, final da década  60 quando o  Brasil vivia em plena ditadura  militar, onde as tendências   dos poderes eram altamente centralizadoras e neste contexto a igreja também se impõe. Imaginamos então como seria essa  pequena “vila” perdida no alto da serra Tapirapuã, em que  pessoas,  em sua maioria  pobres buscavam    na esperança e força de trabalho a concretização de sonhos de uma vida melhor na “terra prometida”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1.1 – O RESGATE  DA MEMÓRIA HISTÓRICA DE PROGRESSO

 

Foto nº 7 – Família do Sr. Pedro Alberto Tayano  - Década de 70

 

Fonte: Acervo Idalina Sueza Tayano

Com objetivo de compreendermos   melhor o   desenvolvimento histórico do   Distrito de Progresso,  procuramos ouvir  algumas pessoas  residentes no mesmo e  que  são personagens  vivos, ainda presentes nesta localidade. Nosso propósito foi  ouvi-las   e a partir daí analisar suas falas,  para tentar compreender os anseios, as expectativas e as experiências  vividas tanto pelos que representam os colonizadores  quanto  os colonizados. A primeira  pessoa que procuramos foi a senhora Idalina  Sueza Tayano hoje viúva do senhor  Pedro Alberto Tayano,  filho do  senhor Carlos Tayano   para ouvir seus relatos e experiências  vividas nesta  história.

Inicialmente, a senhora Tayano nos falou sobre sua pouca disponibilidade de tempo e solicitou-nos que fizéssemos as perguntas por escrito,  que  ela nos  responderia e, nos ofereceu imagens   registradas através de fotos e  mapas para  ilustrar e registrar alguns fatos que marcaram a história de Progresso. Então nos  reunimos e elaboramos cinco questões  (anexo 1)  e encaminhamos a dona Idalina. Alguns dias depois ela nos encaminhou um texto  redigido por ela mesma com o seguinte conteúdo:

 

“As terras do Distrito de Progresso foram  adquiridas por pessoas que residiam na cidade de Tupã, estado de São Paulo, que requeriam do governo do estado   de Mato Grosso  a posse da terra, sendo o principal sócio o senhor Calos Tayano que receberam em 1959 um título definitivo das terras  que foram dividas em partes e o  senhor Carlos Celso e Pedro Alberto Tayano  ficaram com a Gleba Progresso, onde formaram   o loteamento  urbano de Progresso e formou a Fazenda Buriti  que hoje pertence e a Oscar Ribeiro Filho. A parte do loteamento  urbano foi dividido em 1190 lotes, onde  está localizada a sede do Distrito de Progresso  que começou a ser loteado  como perímetro  urbano a partir de 1968. O pensamento era de formar uma grande cidade pois naquela  época só existia em cima da Serra, Progresso e Tangará da Serra,   cuja comarca era Barra do Bugres. Esse Distrito  não surgiu  por acaso e ele foi  projetado pelo proprietário senhor Carlos Tayano e filhos, que vieram   do Estado de São Paulo com muitos sonhos e planos,  as coisas não são sempre como projetamos, houve muitas doenças na família e veio a  falecer primeiramente  Dona Palmira   a esposa do senhor Carlos, depois  seu  filho Celso Valquencir e em seguida o senhor Carlos Tayano.

Desde  1965, havia uma escola  ligada a Prefeitura Municipal de Barra do Bugres, em  1975 foram inauguradas  2 novas salas de  alvenaria, e em 1977, passou a  Es cola a pertencer ao Estado levando assim o nome de Escola Estadual  Patriarca  da Independência, cujos esforços se devem ao 1º  professor da sala de aula Municipal,  filho do proprietário  o Pedro Alberto Tayano que com a emancipação do município e  desmembrado de Barra do Bugres  se elegeu 1º Vice Prefeito de Tangará da Serra, e por ironia do destino veio a falecer em  19 de março de 1981 TAYANO, Sueza Idalina”.

Dona Idalina é professora aposentada da rede Pública Estadual de ensino, tendo prestado   inúmeros serviços    beneficentes.

Num segundo momento entrevistamos  quatro pessoas que moram no  Distrito de Progresso desde  a década de 60. A entrevista se deu numa conversa  informal  onde procuramos captar  quais  os objetivos e propósitos das famílias, tentando resgatar a memória   histórica das mesmas, deixando-as livres para falar das suas lutas e conquistas.

Procuramos Dona Quiridalina Vicente Pereira que veio de Mirador no Paraná onde já morava na roça, chegando às terras, hoje Distrito de Progresso no  mês de julho de 1966. Fomos procurá-la e pedimos que ela nos contasse porque ela e sua família vieram para cá e como tudo aconteceu. Então ela nos falou:

“Lá não dava mais pra  morar, por causa da geada. Daí meu esposo,  veio sozinho  para ver e gostou  do lugar. Voltou e trouxe a família. Outras pessoas falavam que aqui era ruim, pois só tinha índios  e bichos, mas o lugar era bom. Na vinda, levou  muitos dias pra chegar com um  caminhão trucão, aonde os animais  vieram  sendo trocado da serra até o  vilarejo. Ficou  de cedo até a noite pra repartir a mudança em  duas partes, porque o caminhão    não subia, deslizava   e o motorista tinha que ver  se vinha outra  condução, a serra não era aberta e o picadão era estreito. Trouxe a mudança até mesmo   os animais, muitas sementes como colorau, gengibre, pimenta, mamão e mudas de ervas de poejo, largo de nossa senhora, hortelã. A mudança ficou embaixo do encerado até a casa ficar pronta. Era feita de palmito, coberta de tabuinha de cedo. A água era pegada no córrego, fizemo uma horta onde plantou e tudo  e os o vizinhos buscavam. Eu tinha o prazer de dar, por que até  perdia. O sítio  já tinha  três   alqueires abertos, o resto era mato,   nesses três alqueires aberto platamo arroz, feijão, milho, mandioca, batata-doce (rosa) terra muito boa,  perdia muito batata, mandioca e dava de tudo. O resto da terra foi aberto a machado e ai plantamo  café era  muito bom.  Cada ano  ia abrindo   e plantando café, até chegou  12 mil pés de café. Tinha muito mosquito borrachudo e dava muita ferida,  mas com   caju do campo e folha do cajuzinho  fazia banho   para enxugar as feridas nas crianças, e quando ficavam duentes  usava erva (fedegoso, jurubeba do campo que servia pra tosse e outras). O arroz era socado no pilão. Da muita saudade do sítio, por que agora não dá pra  planta nada. Tinha galinha e muito e não tinha pra quem vender. Eu dava para os vizinhos que  chegava, pra poder começar. O sítio era em sociedade do meu esposo, e do irmão dele e mais uma irmã. Apareceu  muita gente querendo comprar  e ia fazendo a cabeça do meu marido, ai o irmão dele era solteiro e quis vende, mas o meu  marido não queria porque os filhos tava grande e já podia trabaia na roça, porém não houve de acordo entre eles e as terras foram vendidas com o dinheiro, cada um deles  acabaram comprando uma casa no Distrito de  Progresso (PEREIRA, Quiridalina Vicente)”. (Fita nº 1)

 

A fala da Dona Quiridalina nos permitiu compreender que o processo histórico percorrido pelas pessoas é fundamental, determinante nas suas afirmações   enquanto sujeito.

Eu dou filha do senhor Joaquim  Rodrigues que veio da cidade de Pereira Barretos, estado de São Paulo no ano de 1965; o pai veio  administrar a fazenda do senhor Alcides Pintado, com  o  intuito  de abrir a fazenda  que  era só mato fechado, para  plantio de  café, não tendo casa ficou morando alguns meses  debaixo de encerado, começando derrubar  o mato plantando  café e formando  a terra para fazer a roça, plantava feijão, arroz, milho, mandioca e outros. O percurso da mudança de Pereira Barretos  até a  fazendo do lado de Progresso foi  15 dias ficamos   3 dias  parados na serra, chovia muito e tinha que calçar o caminhão  para subir, era muito atoleiro e muito buraco. Na mudança  nós trouxemos muita comida e também várias mudas de laranja,  manga,  mudas de café prontas em saquinhos, mudas de bananas, ramos de mandioca e  mudas  de cana. Com o passar dos anos conseguimos comprar uma propriedade de 30 alqueires,  paulistas, onde abrimos e começarmos  a plantar arroz, feijão, café, milho e amendoim para nossa  sobrevivência, tínhamos 10 cabeças de vacas, 20 porcos e  algumas  galinhas que trouxemos de Pereira Barreto  junto com a mudança.  Como não existia médico e nem farmácia perto, o jeito era plantar algumas ervas medicinais perto de casa para os primeiros socorros, tínhamos no quintal hortelã,   poejo,  losna, alecrim, capim  cidreira, manjericão,  algodão, erva-doce, camomila e mais algumas   ervas do campo como sucupira, barbatimão, douradinha, douradão, arnica, catuaba e quina-do-campo”. (D. Cleuza Rodrigues dos Santos,  fita 1)

 

Dando continuidade a nossa peregrinação em busca de informações, fomos  procurar a Dona Maria  Albanez que nos relata:

Foto nº 8 Família de Dona Maria Albanez

 

Fonte: Acervo Pessoal de Dona Maria Albanez

 

“Cheguei em 6 de março  de 1964, vindo de Paranavaí  estado do Paraná. Casei e vim para cá. Levou   6 dias para chegarmos. O meu pai encontrou o seu Carlos Tayano  (era  proprietário das terras em  Progresso), comunicaram  que precisavam de gente para  abrir a fazenda para plantar café, aí a gente veio  o pai, o tio e duas outras famílias. A gente ficou aqui,  tinha um barracão feito de coqueiro  taubinha. Derrubaram   o mato para começar   plantar café.

Só trouxeram a mudança. As sementes e as compras era o patrão que vendia para poder plantar e pagar   quando colhesse  começaram  tirar madeiras para construir as casas. E ai fomos fazendo as plantações: arroz, feijão, milho, mandioca. O patrão arrendou  a fazenda e tivemos que viver  aqui na Vila  (Progresso), o meu esposo era sanfoneiro e animava festas e bailes  na região. O primeiro registro de criança nascida em Progresso  foi da minha filha Cleuza Sabarrete.

Era tempo bom, tinha fartura muita galinha  porco. Para ir para  Tangará saia de carrocinha às 4  horas da manhã,  iam em caravanas,  enquanto   uns iam caminhando, outros iam na carrocinha. Chegavam lá  às 9  horas No quintal plantou-se  muitas árvores frutíferas, ervas  medicinais, verduras. Tudo  que plantava dava. É muito bom lembrar daquela época”. (Dona Maria Albanez, 2003, Fita nº 2).

 

Uma outra fala que conseguimos foi da senhora Augusta Sanches  que  chegou com seu marido aqui em 1965, trazendo seus filhos ainda pequenos chegando numa situação difícil  segundo ela veio de Tupã estado São Paulo em 1965.

“Viemos para  fazer um  futuro aqui,   sempre tinha vontade de comprar   um pedaço de terra. Meu pai veio na frente e comprou a terra e voltou para Tupã, daí veio  meu irmão Romão. A viagem   foi longa e nós  subiu  a serra andando   porque não tinha estrada,  na mudança trouxe muitas sementes de jiló, melão, abóbora e remédios  caseiros. Ficamos morando  debaixo de encerado quase  2 meses, meu marido foi tocar café para o  Sr. Ferrarini na fazenda. Ao chegar na  fazenda sofrendo muito, tinha muito mosquito borrachudo, as crianças  encheu de firidas de tanto  mosquito. O meu marido  o Sr. Francisco Serrano foi fazer  derrubada para o plantio de café e uma árvore caiu e quebrou sua perna,  o farmacêutico de Tangará o Sr. Erotildes engessou  sua perna e não podia ser engessada porque a perna estava com a carne amassada e ele sentia  muita dor e  o farmacêutico  não quis tirar   o gesso e apodreceu  sua perna e teve que ir para Cuiabá para cortar sua perna. Depois de 15 anos  incontramos  a terra que o meu pai tinha comprado num lugar muito  longe chamado Patamar e trocamo  num caminhão nessas terras  e meu filho Osvaldo  foi trabalhar de puxar tora. E foi  muito triste que numa dessas viagens o caminhão   acabou o freio e bateu  na  pedra solteira e veio falecer. Ai compramo uma terra e não deu para pagar a terra e tivemo que devolver para o Espanhol   o dono da terra.

O meu marido ficou trabalhando  de  consertar  sapatos e a gente ia se virando para viver consertava  dois pares de sapatos por semana e eu lavava roupa de 5 casas da zona para ajudar na  compra de mantimentos e os filhos ia trabalhar   para outras  pessoas   pó dia”. (fita 2)

 

A história dessa senhora é muito longa, seu relato  foi muito extenso. Durante o tempo que a ouvimos ela se emocionava muito  por isso   paramos por aqui. Ela nos mostrou algumas fotos uma delas acompanha o relato. É a foto da sua família “ranchinho” que construíram para morar.

     Foto nº 9 Família de Dona Augusta  Sanches Serrano

 

Fonte: Acervo de dona Augusta Sanches Serrano

1.2 – ANALISANDO  A MEMÓRIA DE ALGUNS MORADORES DE PROGRESSO

 

De acordo com a história relatada pelas 4 (quatro) pessoas das famílias que aqui chegaram na década de  60/70, com os quais   tivemos a oportunidade de conversar,  podemos entender que  elas vieram para cá,   em busca de  melhores  condições de vida,  pois onde moravam  já não  estava bom por vários  motivos,  entre os quais, a geada, pouco espaço para  desenvolver seu trabalho  na lavoura e outros.

Pelas informações obtidas, percebemos que essas famílias  vieram dos estados do Paraná e São Paulo. Isso nos remete ao que estudamos sobre a colonização de Mato Grosso, que nesse período estava recebendo  migrantes dos estados citados e outros, em função das dificuldades vividas pelos pequenos produtores  sem-terras daquela época. Mato Grosso então despontava como perspectiva de mudança   atraídos pela propaganda  de que as terras aqui eram férteis e tudo o que  se plantava  produzia,  além do sonho   de ter sua própria terra,   essas famílias vieram trazendo tudo o que tinham e a esperança de viver melhor.

No início encontraram muitas dificuldades em relação a moradias precárias,  faltas de estradas, pois só havia   picadas, sendo o transporte feito por carrocinhas de animais, ou a pé. A compra de mercadorias era feita em Tangará  ou Nova Olímpia,  e esse trajeto era longo e cansativo.

Todas as famílias trouxeram em suas mudanças  alguns animais, mudas de  árvores frutíferas, ervas medicinais e sementes para começar  nova vida nessa  localidade.  Para algumas dessas famílias, a vida era boa, pois havia fartura,  no que diz respeito à alimentação, que era retirada  da própria  terra. Outros tiveram  muitas dificuldades em relação à alimentação, saúde, moradia e até tragédias na família.

Porém, o que mais chamou  nossa atenção, foi a  emoção  que percebemos  na fala das pessoas que  ao se remeterem ao passado afloram   lembranças  de sofrimento, luto,  esperança e fé num futuro melhor que para muitos   até hoje   talvez não tenha  chegado. No entanto percebemos que falam com saudade, até sentem-se  realizados.

Ao falar das dificuldades que  venceram, sentem-se  orgulhosos em ter participado desse passado que ficou na  história, parecendo tão distante  da realidade de hoje, mas tão necessária para compreendermos  a luta do pobre brasileiro   pelo direito a uma vida digna.

2.3 – DISCUTINDO  E ANALISANDO AS INFORMAÇÕES COLETADAS

Para  compreendermos melhor o processo de ocupação dos espaços  “vazios”,   organização e estrutura econômica e social, ambiente  cultural foi preciso um estudo  minucioso  sobre os problemas  de assentamento  de famílias de trabalhadores  rurais no Distrito de Progresso.

Durante a década de  60 os problemas sociais e econômicos  nacionais  aumentaram na região  Sul e  Sudeste, fazendo com que através das propagandas que definiam  o solo mato-grossense como excelente para a agricultura. Isso fez com que várias famílias se deslocassem de suas regiões  de origem  até o referido   Distrito.

Muitas foram as divergências acontecidas naquela época. Para compreendê-las, tornou-se necessário investigarmos quais as pessoas  que aqui   chegaram entre as décadas de 60/70. Descobrimos 10 (dez|)  moradores  antigos que ainda  residem  em Progresso e partimos para uma investigação mais sistematizada. Organizamos  um questionário   com cinco questões  (anexo 2), abertas para  descobrirmos os motivos,  dificuldades e as condições em que vieram para cá.

Ao perguntarmos  qual o motivo que as trouxeram para este lugar, a todos responderam que tinham esperança   de mudar de vida,  trabalhando na  lavoura,  pois as terras eram consideradas férteis e baratas. Para aqueles  que tinham  uma pequena  propriedade, viam a possibilidade  de crescimento e aqueles que não tinham terras, alimentavam a esperança de um dia  vir a ter.

Quanto as dificuldades encontradas para chegar até esta localidade, todos responderam que as estradas eram ruins, o transporte  era  precário, outros não tinham recursos financeiros, não existia estradas, só picadas, e a dificuldade   maior   era subir a serra. Oliveira (2002, p. 22) cita que:

“O primeiro  ambiente  a ser apresentado  é a serra do Tapirapuã,  pois foi  no espaço da serra que “aventuras”, medos e  esperanças foram vividos  por índios, expedicionários e famílias migrantes. A serra Tapirapuã, geograficamente  é o primeiro “obstáculo” para  aqueles provenientes  do centro-sul que quiseram  alcançar   as terras férteis  do Planalto  Dissecado do Parecis”.

 

Observa-se na fala de todas as pessoas  ouvidas  a marca  que este “obstáculo” registrou  em suas memórias. Na verdade parece que ao  ultrapassarem esse obstáculo, vencia-se a primeira das muitas dificuldades  pelas quais  ainda passariam  na caminhada a procura de seus sonhos. Alguns vieram  para trabalhar em sua própria terra, derrubando matas para plantar  lavoura  outros para trabalhar como  meeiros, em terras alheias.

Em suas mudanças  traziam tudo  que podiam. Além de  móveis e objetos  pessoais  também traziam mudas de plantas, sementes, animais, mantimentos, remédios caseiros etc. Pelas características da forma como organizaram a  produção,  verificou-se   que a produção familiar foi a primeira base de sustentação das famílias, apesar de observarmos  também que essa produção  acontecia em terras próprias, ou arrendadas de outras pessoas. Conforme PANUTTI (2002, p. 28).

“A produção familiar se caracteriza por  pequenas propriedades, que são unidades de produção organizadas com base no trabalho da família. É uma produção de subsistência  onde os produtores   consomem  parte ou  tudo o que produzem: são as chamadas economias  camponesas. Em   geral, acontecem num contexto de pouca disponibilidade de terras, e só   parte do que  produzem  vai para o mercado. Praticamente, não há  acumulação de capital ou uma articulação  significativa com o setor capitalismo. Os produtores na produção família estão integrados aos  meios de produção, condicionando uma produção em pequena escala, caracterizando um modo  camponês de produção”.

 

Nas respostas  obtidas percebemos que praticamente   todos os entrevistados tinham intenção  de trabalhar a terra pois citam os plantios feitos (café, arroz,  feijão...)

Foto nº 10 Derrubada para Plantio de Arroz  Foto nº 11 Colheita do Arroz

 

 

 

Foto nº 12 Lavoura de Café

Fonte: Acervo de Idalina Sueza Tayano

 

 

 

Com o  aumento do  povoado, outras profissões  foram surgindo, pedreiros, serradores de madeira, etc. Mais tarde alguns fazendeiros começaram a criar gado.

A compra de  mercadorias para o consumo   da família era feita com muitas dificuldades, pois teriam   que se deslocar  para Nova Olímpia ou Tangará da Serra. Esse percurso era feito  de carroça, cavalo, bicicletas, ou até mesmo a pé, devido a falta de transporte.  Uma vez por  mês passava um caminhão de mercadorias vindas de Tupã,  Estado de São Paulo, para vender as pessoas, mas só conseguia  comprar  quem tinha dinheiro. Os que não podiam  comprar se mantinham de suas pequenas produções familiares, da pesca e da caça.

Através das respostas coletadas, percebemos que a maioria das pessoas  entrevistadas  vieram  trabalhar  em terras de outros. Poucos eram proprietários,  mas com o passar dos anos, alguns conseguiram   comprar  suas próprias terras.

Foto nº 13 – Progresso  1965 – 1ª moto niveladora para abrir a 1ª avenida

 

fonte: acervo pessoal de Idalina Sueza Tayano.

]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Ao longo desse estudo percebemos que o Distrito de Progresso  encontra-se  inserido  no contexto  de Colonização de Mato Grosso,  devido a influência que a agricultura   teve através dos migrantes que aqui chegaram  no intuito de melhorarem as condições  de vida, estabelecendo-se em terras  próprias  ou alheias   desenvolvendo  a agricultura  familiar de subsistência  promovendo assim   o desenvolvimento do  referido  Distrito.

Entendemos que a nossa proposta de trabalho foi satisfatória, pois tanto as leituras bibliográficas,  documentais, de imagens  fotográficas e a contribuição das fontes orais,  nos possibilitaram   perceber a forma como o Distrito de Progresso se desenvolveu.

Percebemos também  a importância do  processo de Colonização e a  influência da agricultura familiar no  processo de construção do Distrito  de Progresso, pois na época  era base de sustentação das famílias que aqui chegaram.

A hipótese que levantamos de que a  agricultura  familiar foi determinante   para a construção do Distrito  de Progresso,  veio se confirmar. Os relatos  das falas das pessoas e as análises das respostas dos questionários  nos permitiram  ter esta percepção. Porém  faz-se necessário destacar   que essa  produção familiar, nem sempre  era desenvolvida  em terras próprias. A maioria das famílias, na verdade trabalhavam em terras alheias. O trabalho era familiar, a produção agrícola era de subsistência com possibilidade de venda ou troca de excedentes.

Muitas foram as dificuldades encontradas no início da colonização devido a falta de estradas, de mercadorias, assistência médica, alimentação e outras.

Além da fé de ver  seus sonhos  realizados, as pessoas traziam em suas mudanças objetos domésticos, animais, sementes e mudas de plantas diversificadas  para começarem   uma nova vida na terra prometida.

Este trabalho  para nós  foi  muito gratificante, encontramos relatos emocionantes que trazem em sua essência a história  de vida de pessoas que marcaram  o desenvolvimento do povoado, hoje Distrito   de Progresso.

Concluímos que foi muito importante o registro  histórico   das  análises que conseguimos  fazer,  mas também entendemos que as possibilidades de pesquisas  são imensas  que talvez nossa pesquisa  venha a contribuir com outras pessoas que queiram aprofundar  a mesma, ou lançar outro olhar sobre ela.

BIBLIOGRAFIA

Arruda,  José  Jobson, PILETTI, Nelson. Toda a história Geral e História do Brasil. São Paulo: Ática, 1999

COTRIN, Gilberto. História do Brasil: para uma geração consciente São Paulo:  Saraiva, 1989

CAVALCANTE, Elze, RODRIGUES, Maurim. Mato Grosso e sua história. Cuiabá.

CASTRO, et. al, 2002, pg. 20. A colonização  oficial  em Mato Grosso: “a nata é a borra da sociedade”.

DIÁRIO OFICIAL, Cuiabá,  12 de maio pg. 02, ano  1977

DIÁRIO OFICIAL,  Cuiabá,  10 de julho pg. 03, ano  1979

OLIVEIRA, Carlos Ednei. Tangará da Serra tese de mestrado: Família e natureza as relações entre famílias e ambiente na construção da colonização de Tangará da Serra pg. 42 (2002).

_______Tangará da Serra: história e espaço geográfico. Itec Notícias, 2002, pg. 05.

_______Fluxo  Migratório para Tangará da Serra – MT. (1959-1979): diálogo  possível entre a fonte oral ITEC Ciências. Revista Científicas da Faculdade de Educação de Tangará da Serra. Ano 2 nº 2, pg. 50-65, dez. 2001.

PEREIRA, José Aires. Tangará da Serra: Nova fronteira agrícola e sua urbanização. Tangará da Serra: São Francisco, 2000.

PANNUTI, Maria Regina Viana. História:  o processo de ocupação de Mato Grosso. UFMT, Cuiabá: Ed.  UFMT, 2003

KUMRATH,. José Aleixo, Censo demográfico realizado pelo secretário geral da prelazia de Diamantino: Progresso. 16 out. 1966 (manuscrito).

SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. História de Mato  Grosso

 

ANEXO I

 

4 – O distrito  surgiu por acaso  ou foi projetado? Havia  interesses que se transformasse em cidade? Conforme  relato  escrito de Idalina Sueza Tayano,  às perguntas  por nós feitas,  onde as respostas seguem no  texto.

1 – Como foram  adquiridas as terras do Distrito de Progresso?

2 – Qual era o objetivo  da família Tayano com relação a essas terras?

3 – Quando   e porquê  o Distrito de Progresso começou a ser  lotado como perímetro  urbano?

5 – A escola  só foi projetada com a chegada da  família Tayano? Ou já existia?

ANEXO 2

Mapa do Perímetro  urbano de Progresso

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Arquivo documental  da Sra. Idalina Sueza Tayano.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXO 3

 

QUESTIONÁRIO APLICADO PARA OS DEZ PRIMEIROS  COLONIZADORES DO DISTRITO DE PROGRESSO

1 – QUAL O MOTIVO QUE TROUXE  VOCÊS PARA MORAR EM PROGRESSO?

2 – QUAIS  AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PARA CHEGAR ATÉ A LOCALIDADE?

3 – QUE TIPO DE TRABALHO  DESENVOLVERAM    NA ÉPOCA EM QUE CHEGARAM?

4 – COMO ERA   A COMPRA DE MERCADORIAS   NA ÉPOCA PARA O CONSUMO DA  FAMÍLIA?

5 – QUANDO O  SR.   OU  SRA.  CHEGOU NESTA LOCALIDADE ENTRARAM EM SUAS  PROPRIEDADE OU  TRABALHARAM  EM TERRAS DE OUTROS? SE FOR  EM TERRAS DE OUTROS QUE TIPO DE TRABALHO  REALIZAVAM?