O PAPEL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA CONSTRUÇÃO DO DISTRITO DE PROGRESSO, MUNICÍPIO DE TANGARÁ DA SERRA, MT
Publicado em 23 de novembro de 2013 por ilma leal dos santos cordeiro
RESUMO
Esse trabalho de pesquisa tem como objetivo principal compreender o papel da agricultura familiar na construção do Distrito de Progresso Município de Tangará da Serra – Mato Grosso.
O trabalho realizou-se mediante a leitura de várias fontes escritas e orais através das entrevistas coletadas com os primeiros moradores que aqui chegaram entre as décadas de 60/70, vindos de várias regiões do país em busca de um futuro melhor.
Para tanto, enfatizemos o processo de colonização de Mato Grosso com recorde nas décadas de 60/70 onde a partir do estudo da colonização, destacamos Tangará da Serra neste contexto histórico e na sequência inserimos e aprofundamos no nosso objeto de estudo que é o papel da agricultura familiar na construção do Distrito de Progresso.
Esse trabalho foi possível através do resgate da memória histórica dos primeiros moradores do Distrito que ainda residem nessa localidade.
Analisando as informações obtidas na busca de melhores condições de vida e com o sonho da conquista por um pedaço de terra, onde pudessem plantar e colher esperando um futuro com dias melhores.
A agricultura familiar foi realmente determinante na construção do Distrito de Progresso.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................08
CAPÍTULO – I - ......................................................................................10
1.0 A COLONIZAÇÃO DE MATO GROSSO..........................................10
1.1 PROGRESSO NO CONTEXTO DE COLONIZAÇÃO DO MATO
GROSSO ...............................................................................................10
CAPÍTULO – II -......................................................................................25
2.0 O SURGIMENTO DO DISTRITO DE PROGRESSO ......................26
2.1 O RESGATE DA MEMÓRIA HISTÓRICA DE PROGRESSO ........28
2.2 ANALISANDO A MEMÓRIA DE ALGUNS MORADORES
DE PROGRESSO ..................................................................................38
2.3DISCUTINDO E ANALISANDO AS INFORMAÇÕES COLETADAS.39
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................42
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................44
ANEXOS ................................................................................................46
INTRODUÇÃO
O estudo de História foi instigante e nos permitiu perceber a importância do conhecimento do nosso passado para refletirmos o presente. Neste aspecto o estudo sobre a Colonização de Mato Grosso facilitou nossa compreensão sobre a forma como se deu a ocupação do referido Estado e as questões sociais, políticas e econômicas implícitas neste processo.
A proposta do nosso trabalho é buscar nas fontes de pesquisas bibliográficas, documentais e orais, um resgate histórico sobre o Distrito de Progresso investigando se os migrantes que vieram para esse Distrito foram atraídos pela possibilidade de desenvolver uma agricultura familiar e discutir o papel dos mesmos na construção do referido Distrito.
Para tanto procuramos identificar as primeiras pessoas que aqui chegaram a partir de 1962, com intuito de buscar informações que os permitisse compreender a história da colonização de Progresso.
A pesquisa é significativa tanto para nós professores quanto para a comunidade. As investigações dos fatos históricos ocorridos, revelam os problemas, as dificuldades e as contribuições dos primeiros moradores no período da colonização, que permanecem vivas na memória dos moradores, que residem em Progresso, ainda hoje.
Essa ação investigativa pode-se constituir em uma aproximação entre os professores, pesquisadores e as pessoas que trabalharam para a formação do povoado, podendo tornar-se esse contato um ato de valorização da ação dos homens e mulheres que vivenciaram os acontecimentos históricos no seu dia-a-dia. Acreditamos que o registro da história do Distrito de Progresso pode tornar-se em um material importante para as gerações jovens, que poderão a partir da leitura estabelecer relações entre o passado e o presente, percebendo a história como algo vivo.
A pesquisa inicialmente foi baseada em leituras bibliográficas sobre a contextualização do Brasil desde 1930, enfatizando aspectos históricos e geográficos do Estado de Mato Grosso, Município de Tangará da Serra e Distrito de Progresso no seu período de colonização. A pesquisa de campo foi dividida em duas partes, onde nos valemos de fonte oral, para entrevistarmos os primeiros colonizadores e colonos ainda residentes em Progresso que aqui chegaram na década de 60/70.
Entrevistamos 14 (quatorze) pessoas que chegaram em Progresso na década de 60, sendo que para 4 (quatro) delas adotamos a postura metodológica de ouví-las em seus relatos orais, em que contavam suas histórias livremente, sem nossa interferência. As outras 10 (dez) entrevistas foram feitas através de questionário aberto onde investigamos os motivos as dificuldades que encontrava nos momentos do processo de colonização.
O relatório está organizado em dois capítulos. O primeiro intitulado: A Colonização de Mato Grosso onde abordamos o desenvolvimento do processo histórico e a influência da agricultura na sua formação.
O segundo capítulo. O surgimento do Distrito e o resgate da memória histórica de Progresso onde procuraremos analisar a memória de alguns moradores de Progresso e discutir o espaço geográfico e o processo histórico de colonização do referido Distrito.
CAPÍTULO I
1.0 – A COLONIZAÇÃO DE MATO GROSSO.
1.1 – PROGRESSO NO CONTEXTO DE COLONIZAÇÃO DO MATO GROSSO.
O processo de colonização de Mato Grosso foi fato determinante para sua formação, percebemos isso pela forma como o vemos hoje, as características dos povoados que nele se originaram, deles os municípios, as cidades e os distritos que o compõe. Destacaremos o Distrito de Progresso no Município de Tangará da Serra que será o foco de nossa atenção no decorrer da pesquisa.
Antes porém faz se necessário compreendermos o que esse conceito traz em seu contexto de significação. Segundo Castro et. Al (2002,41)
“A colonização oficial, tem sido uma das formas mais utilizadas, na história brasileira, com vistas a direcionar os movimentos populacionais para regiões de fronteiras. A colonização, em seu sentido mais amplo, é o processo de ocupação de uma área, realizado por indivíduos de fora, colonos. Este conceito mais amplo, na realidade, confunde-se com povoamento. Mas num sentido mais restrito, a colonização é o povoamento precedido de planejamentos governamentais ou privado, e na história contemporânea, esse processo está estritamente relacionado à apropriação privada do uso do solo e ao surgimento do trabalhador livre, enquanto classe social”.
Conforme a citação acima podemos compreender que a colonização oficial de Mato Grosso aconteceu em três momentos distintos. A partir do século XVIII em função da exploração de minérios e nas décadas de 40 e 60/70. A década de 40 foi marcada pelo projeto do governo federal denominado “Marcha para o Oeste”, em que houve uma proposta de colonização empreendida pelo então governador Getúlio Vargas. Conforme Castro (2002, p. 61).
“A colonização esteve sempre presente na realidade mato grossense no último século. Seu início data da necessidade de uma ocupação do território e fixação de fronteiras geográficas, nos dias atuais, ela assume a função de propiciar, de fato, a expansão da fronteira agrícola do país. Foi principalmente a partir de 1930 com a política de colonização de Getúlio Vargas, quando se criaram as chamadas colônias nacionais do programa “Marcha para o Oeste”, que começou a escalada da política colonizadora com uma nova fase econômica para o Estado de Mato Grosso”.
Durante essa fase da história de Mato Grosso na década de 40, o que hoje é o Distrito de Progresso, era só mais um espaço natural de florestas virgens majestosamente firmadas acima da Serra Tapirapuã.
De acordo com OLIVEIRA, as terras que pertencem a esta região foram visitadas por expedicionários entre as décadas de 20/30. Ele cita em sua tese de mestrado a expedição do padre Nicolau Badarioti, descrevendo a forma como as expedições chegaram até a região e os registros deixados sobre as impressões do mesmo com relação ao território ao solo, fauna e flora, belezas naturais, dificuldades e imponência da Serra Tapirapuã.
A revista “Desbravadores Tangaraenses - A Fé na Terra” (1998-1) retrata os pioneiros Tangaraenses e cita o Sr. Marçal Teodórico da Cruz da seguinte forma:
“Pioneiro de 1932, Escalou a Serra de Tapirapuã. Conduzindo comboio de animais de cargas, chefiando turmas de poaeiros, dava início a longas temporadas da extração da poaia”. (Ipecacoanha) na região”.
O final da década de 30 e a década de 40 foram marcados por construções como rodovias e campos aéreos que facilitaram a inserção de pessoas no território mato-grossense. Na verdade a marcha para o Oeste foi um projeto do governo federal que teve sua sustentação na abertura de grandes eixos rodoviários com investimento do capital nacional.
A marcha para o Oeste foi um movimento de reordenação de “espaços vazios”, estimulando a expansão da fronteira agrícola quando o processo de acumulação passa a ser baseado na atividade urbano industrial e voltado para o mercado interno. Este movimento anunciado pelo presidente Getúlio Vargas é o sintoma das preocupações do governo em ocupar os espaços vazios”, ainda com o intuito não só de manter a unidade política do país como também de promover o desenvolvimento da região Central do Brasil. Na realidade estava em jogo, não só as preocupações ideológicas e autoritaristas de “Unidade Nacional” e a integração, mas de forma especial, preocupações políticas de segurança interna.Vargas imaginava a Macha para o Oeste como um movimento massivo, incorporado ao Brasil Central que ocuparia e desenvolveria a metade do país em curto período de tempo. Esse movimento faria uma integração entre as regiões onde proporcionaria trabalho aos flagelados das secas do Nordeste, encaminhando também para a Amazônia essas massas nordestinas, no intuito de penetrar o Brasil e incorporá-lo ao mercado internacional da borracha.
A política presente na proposta de colonização do governo Vargas fundamentava-se no modelo das pequenas propriedades que se caracterizam como a produção familiar que são unidades de produção organizadas com base no trabalho da família. É uma produção de subsistência onde os produtores consomem partes ou tudo o que produzem, são as chamadas economias camponesas. As colônias agrícolas se constituem através de vários núcleos de produtores familiares. De acordo com Castro: (2002, p.20).
“As unidades de produção familiar operam na base do trabalho familiar incorporando a dimensão dupla de produtores e consumidores de sua produção, viabilizando uma reprodução enquanto classe social. Mudanças nesse padrão implicam mudanças nas relações de produção provocadas pela expansão e dominação de outras formas produtivas. Ex: assalariamento parcial, ou eventual das famílias camponesas”.
Isso significa que a pequena produção ao se organizar em torno do núcleo familiar doméstico, integra os produtores aos meios de produção e condicionam o empreendimento econômico, em geral, a uma pequena escala. Sendo assim, os pequenos produtores de diferentes setores de atividades constituem uma categoria social que é conceptual e historicamente distinta daquelas geradas pelo desenvolvimento capitalista.
No entanto, percebe-se que o processo de colonização com base na pequena propriedade não se concretizou como deveria ter sido. O governo federal não conseguiu atender os anseios e necessidades das pessoas com relação à infraestrutura necessária para manter as famílias em suas propriedades. Não havia condição de desenvolvimento do trabalho agrícola. Muitas pessoas que vieram para Mato Grosso, quiseram retornar ao seu lugar de origem, mas não conseguiram e outras venderam suas terras. Essa venda de terras dos pequenos proprietários na verdade contribuiu para a afirmação dos grandes latinfúndios.
Para compreender melhor esse processo é importante discutir o conceito de fronteira e as ações políticas das décadas de 40 e 50 em que o processo de colonização foi marcado por forte influência européia. A política centralizadora de Getúlio Vargas se fez sentir em Mato Grosso através dos interventores federais, que tentavam controlar e canalizar este movimento para as fronteiras das grandes propriedades das companhias de colonização e também pequenos proprietários e posseiros. Estes últimos são homens que na maioria das vezes pobres se apossam de terras devolutas para cultivá-las e garantir sua subsistência.
A partir do momento em que o termo “fronteira” começa a aparecer nos discursos oficiais e a ser difundido pelos meios de comunicação para designar esta expansão da sociedade nacional e da integração nacional, ela passa a expressar o fenômeno global da sociedade e adquire uma dimensão simbólica que ultrapassa o aspecto concreto e localizado do fenômeno.
A fronteira agrícola implica movimento de expansão e deslocamento de força de trabalho, de áreas desenvolvidas economicamente, para áreas menos desenvolvidas, ou em desenvolvimento. Conforme Graziano (1982, p. 114).
“O desenvolvimento da agrícola no Brasil se deu até nos dias de hoje de forma extensiva. Ou seja, foi através da incorporação de novas áreas que se ampliou a produção agrícola brasileira, desde a expansão do café no século passado até mais recentemente para atender à demanda crescente de alimentos e matérias primas gerados pela industrialização... O padrão de crescimento de nossa agropecuária supõe uma variável fundamental a existência de uma fronteira a ser ocupada. Assim sendo, a fronteira agrícola faz parte do modelo agrícola brasileiro”.
A questão da fronteira agrícola é bastante complexa, principalmente porque a população não vai e fica nas regiões abertas como fronteiras. Ela vai e vem, dependendo das condições de vida e trabalho. A fronteira agrícola e a pequena produção de subsistência sempre estiveram associadas, mas com a expansão da fronteira até a Amazônia, o pequeno produtor rural socialmente marginal vem encontrando cada vez mais dificuldades para sua sobrevivência apesar de construir uma parcela considerável da população brasileira. Mesmo quando alguns perdem suas propriedades, não desistem de seus sonhos, muitos se vêem obrigados a vender sua força de trabalho como “bóia-fria”, outros se deslocam para regiões onde há terras disponíveis, por isso o movimento de expansão da fronteira acaba sendo também um processo de luta dos despossuídos, dos sem-terras e dos posseiros.
A ação do Governo Federal, porém, sempre esteve muito presente no direcionamento da ocupação dos espaços, promovendo políticas sempre destinadas a privilegiar a grande propriedade voltada para o mercado externo em detrimento da pequena produção. A colonização em seu sentido mais amplo é o processo de ocupação de uma área, realizada por indivíduos de fora, colonos, sendo estes, trabalhadores rurais menos favorecidos. Este conceito, na realidade, confunde-se com o povoamento. No sentido mais restrito a colonização é o povoamento precedido de planejamento governamental ou privado. A Colonização Oficial de Mato Grosso tem sido uma das formas mais utilizadas na história brasileira com vistas a direcionar os movimentos populacionais para as regiões de fronteira. Tavares afirma que:
“As políticas de colonização dirigidas na década de 70, século XX, tiveram como objetivos, segundo o PIN (Plano de Integração Social), deslocar a fronteira agrícola para as margens do rio Amazonas; criar condições para incorporar a economia de mercado amplas faixas da população, antes pulverizadas na economia do setor de susbsistência, reorientar a migração de mão de obra do Nordeste, em direção aos vales úmidos da própria região e a nova fronteira agrícola evitando-se a sua transferência para as áreas das metrópoles super povoadas do centro sul”. (1974, p. 42)
Assim, podemos entender que ao reorientar e alocar excedentes populacionais nas áreas de fronteira, a política de colonização atuou para apaziguar os conflitos nas áreas rurais, intensos na década de 70 na região sul do país e também ainda que indiretamente reforçando o processo de acumulação em novas áreas na medida em que viabilizava a criação de bolsão de subsistência de mão-de-obra na região.
O texto acima reforça a idéia de que da década de 60 em diante o desenvolvimento do processo de colonização do Estado de Mato Grosso se deu de forma mais intensa, devido o grande fluxo populacional vindo de várias regiões do País em busca de melhores condições de vida. Podemos dizer também que foi uma década de relevância para o desenvolvimento de colonização da região ligada a Barra do Bugres, hoje já desmembrada em vários município entre Tangará da Serra, o Distrito de Progresso das quais falaremos a seguir.
Antes porém é preciso deixar claro que o município de Tangará da Serra e o Distrito de Progresso não fizeram parte de Colonização Oficial desenvolvidos pelos programas do governo pois a mesma foi desenvolvida pela iniciativa privada, da qual falaremos adiante.
Com relação aos projetos e as políticas que envolveram a Colonização Oficial vale ressaltar que o INCRA como órgão federal encarregado de promover este tipo de Colonização tentou implementar no início da década de 70 um modelo complexo: O projeto Integrado de colonização especial organizado e rígido, processo burocrático, excessivamente alongado com objetivos ambiciosos. Vários modelos foram testados, experimentaram-se os Projetos de assentamentos Dirigidos (PAD’s) e os Projetos Especiais de Assentamentos (PEA’s).
As experiências com os PIC’s foram, a partir de 1978 consideradas negativas por parte do próprio INCRA, pois os custos acabam sendo muito elevados para se manter a metodologia desses assentamentos, que se baseavam no cumprimento do estatuto da terra no que se refere a colonização. Assim, na tentativa de reduzir os custos do poder público e baseando-se nas experiências das colonizadoras particulares avaliadas pelo Governo Federal como positivas, sobre tudo em Mato Grosso, o governo buscou uma nova forma de colonização. O INCRA criou então uma nova metodologia onde as tarefas e os custos da Colonização seriam divididos entre a iniciativa privada e o poder público federal. Surgindo assim os Projetos de Assentamentos Conjuntos.
A união das cooperativas com o governo federal nos projetos de colonização significou na realidade uma articulação visando dar um direcionamento ao desenvolvimento agrário conservador que as lutas sociais no campo muito intensas no sul na década de 70 poderiam comprometer. Conforme Castro (2002: 46).
“O poder Público ao aliar-se com as cooperativas, fez delas um instrumento para a reforma na estrutura agrária subordinando-as e tornando-as veículos de suas políticas. Desta aliança o poder público emergiu ainda mais fortalecido ao fazer com que a cooperativa se tornasse com participante de um governo que não conseguia legitimar-se”.
Ao se estabelecer “pacto” entre o Governo Federal e as cooperativas, era feito então um contrato de direitos e deveres de cada parte. Cada projeto de Colonização dirigida implantados no Estado de Mato Grosso desenvolveu-se a partir de diferentes especialidades, apresentando interesses econômicos e políticos de diversos agentes sociais. As notícias de experiência de colonização em Mato Grosso chegavam aos associados e diretores de diversas cooperativas das várias regiões do país. O governo e os colonizadores se encarregavam desta propaganda “positiva” atraindo cada vez mais colonos para Mato Grosso.
O processo de colonização do Estado de Mato Grosso tem uma história riquíssima em termos de acontecimentos ligados às questões políticas, econômicas e sociais, inserido num país que buscava resolver suas questões internas atreladas ao designo dos mandos dos setores internacionais. O processo histórico do Brasil influenciou, como já foi dito, o desenvolvimento da colonização de todo o Estado e o município no qual moramos “Tangará da Serra” também foi um palco desse processo histórico que hoje tentamos compreender.
1.1 – TANGARÁ DA SERRA E PROGRESSO DESPONTAM COMO ESPAÇOS ORGANIZADOS PELA INICIATIVA PRIVADA.
Antes das primeiras famílias de colonos ocuparem a região de Tangará da Serra, o espaço já era estriado por índios, expedicionários, seringueiros, que perambulavam pela parte leste do município, por poaeiros e picadeiros, que a partir de 1956 surpreendiam os tangarás (Chiroxiphia caudada) fazendo o serviço de demarcação de terras.
É preciso registrar que no processo desenvolvido pela iniciativa privada destacamos a SITA (Sociedade Imobiliária de Tupã para a Agricultura). De acordo com Pereira (2000, p. 39).
“O ano de 1959, marcou o início da fundação de Tangará da Serra pela convivência dos sócios: Julio Martinez Benevides. Fábio Licere e Joaquim Oléas ao projetarem as glebas: Juntinho, Esmeralda, Santa Fé e Santa Cândida perfazendo um total de 38.720 hectares de terras agricultáveis e a fundação da colonizadora SITA, (Sociedade, Imobiliária de Tupã para a Agricultura), cujo nome homenageia um pássaro raro de cores bem definidas, cabeça vermelha e belo canto, denominado Tangará por localizar-se acima de uma serra, Tangará da Serra.
Foto nº 1. Os Desbravadores Tangaraenses
Fonte: Revista Desbravadores Tangaraense
Portanto, o município de Tangará da Serra teve suas origens em 1959, no antigo povoado, que surgiu dos loteamentos das Glebas Santa Fé, Esmeralda e Juntinho, localizados no município de Barra do Bugres.
O Sr. Wanderley Martinez, um dos colonizadores de Tangará da Serra, junto com outros paulistas, foram atraídos pela excelente fertilidade do solo e fundaram a empresa SITA (Sociedade Imobiliária Tupã para Agricultura), a qual fez loteamentos urbanos e rurais da área denominada hoje, Tangará da Serra.
O povoado originado a partir da colonizadora entre as décadas de 60/70, hoje Município de Tangará da Serra foi desmembrado do município de Barra do Bugres, que em função do solo fértil recebeu grande fluxo migratório desenvolvendo o potencial agrícola da região trazendo rapidamente o sonho da emancipação, que não foi conseguido com tanta facilidade em função da resistência de Barra do Bugres para a consolidação de Tangará da Serra. Somente em 13 de maio de 1976, através da lei 3.687 Tangará realiza o sonho da emancipação político-administrativo elevando-se a condição de município. De acordo com PEREIRA (2000, 40).
Foto nº 2 Tangará da Serra 1969
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“O processo histórico em que a mesma estava inserida não apenas local, regional ou estadual, era fruto de uma política mais globalizante. Qual seja, uma política nacional que atendia aos interesses internacionais daquele momento. Havia uma política de modernização do País visando integrá-lo em um desenvolvimento acelerado. Desde o Norte ao Sul do país, os governos paulistas empreenderam esforços, através da ação do Estado, no sentido de criar infra-estrutura para o desenvolvimento interno e para oferecer condições de investimentos de capital estrangeiro aqui”.
O atual município de Tangará da Serra trás em seu processo histórico de colonização relatos de muita luta, sofrimento, mas também otimismo, fé, vontade e empenho das pessoas que para cá vieram.
Durante sua colonização houve grandes dificuldades, devido a falta de estradas e comércio local. As pessoas precisavam se deslocar até Nova Olímpia para comprar o que fosse necessário; e essa trajetória era feita durante três dias para subir a serra, muitas vezes era feita a pé, porque a “jardineira” ônibus da época não subia a serra. E no tempo das chuvas, a situação piorava.
Foto nº 3 Jardineira – O primeiro meio de transporte coletivo na década de 60.
Fonte: acervo de Idalina Sueza Tayano
De acordo com Oliveira (2002), mesmo com tantas dificuldades, começaram a chegar migrantes colonizadores paulistas a maioria de Tupã, dentre estes Vanderlei Martinez recebendo como herança uma gleba denominada Santa Cândida, em função destas foram surgindo outras glebas: Esmeralda, Santa Fé, Juntinho, Boa Esperança, Prega Fogo e São Gonçalo. Glebas estas que foram colonizadas pela SITA (Sociedade Comercial Imobiliária de Tupã para Agricultura Ltda.
As primeiras famílias a estabelecerem residência em Tangará da Serra, segundo o livro Tombo da Reitoria de Nossa Senhora Aparecida, começaram a chegar a partir de Julho de 1959. Das três famílias que chegaram inicialmente, duas delas dedicavam-se a lavoura branca (arroz, feijão e milho) e a terceira tinha como líder um farmacêutico prático Erotides Rodrigues Machado, inicialmente considerado o “médico do povo”, este também dedicava-se a uma pequena roça produzindo para própria subsistência. Sua farmácia começou a funcionar em 13 de março de 1961.
Portanto, a partir de 1960 começaram a chegar várias famílias, as primeiras matas derrubadas e as primeiras plantações foram realizadas depois de julho de 1959. A partir de 1960, com a intensificação dos trabalhos de propagandas realizados pela SITA, através de correntes e divulgação na rádio norte do Paraná, São Paulo e em Minas, várias famílias vêm em busca da esperança da grande colheita do café, do paraíso perdido.
Em sua grande maioria, as famílias que vieram para Tangará da Serra são do movimento migratório rural, isto é, são pequenos proprietários de terras ou famílias que estavam a serviço de outros proprietários, do qual já mantinham vínculo empregatício e de compadrio desde o Estado de procedência. Os homens em sua maioria eram lavradores, mesmo quando moravam na cidade; as mulheres ocupavam-se dos serviços da casa e ajudavam nos momentos de plantio e colheita e algumas tinham atividades ligadas à agricultura.
A representação espacial começou a se configurar a partir das construções em que a maioria das casas que foram construídas em Tangará da Serra, eram de madeiras, sobretudo cobertas de tabuinha sendo que pouco era usado as telhas francesas. A privada era construída no fundo do quintal, próximo à cozinha ficava o poço para o abastecimento da família. Na zona rural em decorrência da não existência da privada, usava-se a mata próxima a casa, ou plantação para realizar as atividades fisiológicas.
As informações acima nos permitem perceber as diferenças na forma de organização dos espaços e a luta das pessoas na busca de melhores condições de vida, em que a história de um povo vem se consolidando através da luta e do exercício constante da busca junto aos poderes públicos.
OLIVEIRA (2002) afirma que o projeto de Colonização rural de Tangará da Serra foi feito, a partir da identificação do espaço urbanos, destacados 82 alqueires e 13.600 metros da Gleba Santa Fé, após configuração do que pretendia ser a cidade, os lotes rurais de terras foram constituindo, inicialmente com pequenas propriedades de cinco alqueires, depois 10 alqueires, continuando progressivamente, isto não impedia a compra de vários lotes de terras, dependia do capital do futuro proprietário.
Como em quase todos os projetos de colonização, na aquisição de um lote rural a colonizadora fornecia um lote urbano, desta forma, as famílias que não moravam em propriedades rurais próximas a cidade, tinham uma ligação muito estreita com ela, às vezes, possuindo residência nos dois espaços.
A produção que mais se sobressaia naquela época era o plantio de café, por causa do clima favorável e terras férteis, por ser um produto caro e devido ao longo período de secas, o café não produziu aquilo que esperavam, tendo que arrancá-lo e plantar capim. Mais tarde quando o processo de colonização já estava bem avançado, começaram então a mecanizar o campo preparando o solo para o plantio de arroz, feijão e milho, de onde obtiveram grandes resultados atraindo cada vez mais famílias.
Enquanto Tangará da Serra se firmava espaço urbano e rural, o lugar onde hoje é o Distrito de Progresso também ia se consolidando como parte do município de Tangará da Serra.
Segundo OLIVEIRA (2002), a partir de 1980, Tangará da Serra recebeu o segundo fluxo de migrantes, oriundos do Paraná, Santa Catarina e principalmente do Rio Grande do Sul de onde vieram novas famílias que passaram a conviver com as que já habitavam esta região de fronteira étnica, passaram juntos a procurar novos espaços principalmente a região da chapada do Parecis, a grande expoente do planalto brasileiro. O cerrado do chapadão transformou–se em grandes lavouras de monocultura e a cidade expandiu-se reconfigurando seu espaço urbano, mantendo algumas marcas daquele projetado na década de 60, no século XX pelo arquiteto paulista Américo Carnevali..
A interação entre as famílias que fixaram residência no povoado de Tangará da Serra, dando continuidade aos projetos de colonização do município deu origem ao povo tangaraense que conforme o censo do IBGE – 2000 têm 58.341 habitantes.
O município conta com uma agropecuária forte, diversos núcleos comerciais, agregando em sua área três distritos: São Jorge, São Joaquim e Progresso. O Distrito de Progresso faz limites com Nova Olímpia, Santo Afonso, Arenápolis e Tangará da Serra.
CAPÍTULO II
2.0 – O SURGIMENTO DO DISTRITO DE PROGRESSO
Foto nº 4 – Primeira Derrubada na antiga fazenda Progresso
Fonte: Acervo Idalina Sueza Tayano
O atual distrito de Progresso localiza-se no Município de Tangará da Serra com uma área de 112.686.72m².
O espaço onde hoje é o distrito de Progresso recebe migrantes desde o final da década de 50. De acordo com a carta de autorização abaixo, o Sr. Carlos Tayano autoriza seu filho Pedro Alberto Tayano a vender as terras, onde será feito o loteamento de Progresso.
“Com a presente carta de autorização, fica o Sr. Pedro Alberto Tayano residente a rua Coroados,nº 111, na cidade de Tupã Estado de São Paulo, credenciados a vender datas, preenchendo para isto proposta de compra e dar quitação no recibo ao pé da proposta de comprar, receber cheques pelos pagamentos que me for devido, nominal a Carlos Tayano e pagável na praça de Tupã, recebendo para isto a comissão que estiver prevista nos regulamentos internos da Empresa Tupã, 15 de setembro de 1964”.
A fotografia abaixo registra as primeiras demarcações do loteamento de Progresso. Marco central da cidade - Progresso 1964
Fonte: acervo pessoal de Idalina Sueza Tayano
Fica claro que as intenções do proprietário da gleba era transformar aquele espaço em cidade. Porém, Tangará da Serra se desenvolveu com mais rapidez e intensidade, transformando-se em município em maio de 1977. Dois anos depois (maio de 1979) o Progresso é levado a condição de distrito através da Lei nº 3.852 de 12/05/ 1979 que teve seu artigo 2º alterado pela Lei nº 4080 de 10/07/1979, na qual determina detalhadamente os limites de confrontações do território que compõe o referido Distrito. O espaço urbano do Distrito foi organizado de acordo com o mapa que seguem em anexo.
Também nos chamou a atenção o fato de que segundo OLIVEIRA, no ano de 1966 o Padre José Aleixo Kunraht (secretário geral da prelazia de Diamantino) realizou o censo demográfico na Vila Progresso onde constatou que ali residiam, 41 famílias eram legítimas e 11 famílias ilegítimas (pelo fato de não serem casados na igreja católica), ao todo Progresso contava com 178 moradores, eram 37 meninos e 45 meninas na faixa etária de 0 a 12 anos, e 52 pessoas solteiras entre homens e mulheres com idade de 12 a 40 anos. Havia apenas 3 crianças com idade de 0 a 6 anos que ainda não tinham sido batizadas e 29 pessoas com idade entre 8 a 40 anos que não haviam feito a 1ª comunhão, as outras 20 pessoas já tinham feito. A maioria das pessoas, principalmente as do sexo feminino se casavam com idade de 18 anos. Vinte e cinco das pessoas residentes na Vila Progresso entre crianças, jovens e adultos, não tinha instrução escolar.
Segundo o padre José Aleixo, as crianças morriam por falta de assistência médica e falta de higiene, pois a única alternativa mais próxima era uma farmácia que ficava distante 28 km. Ele também descreveu a forma e o nível de vida, que era diversificada. Existiam proprietários de terras remediados, ricos, outros saem posse alguma, imigrantes e pobres que trabalhavam como volante.
Existia também um ranchão, onde funcionava uma escola municipal de Barra do Bugres como turma multiseriada, em meio período de aula. A professora era crente, os alunos quase não frequentavam as aulas. Segundo o Padre José Aleixo, a professora dava mal exemplo, sendo os alunos mal orientados e não havia documentos dos alunos nessa escola, sendo prevista fechar em outubro de 1966, segundo o padre. A Vila Progresso é distante 28 km de Tangará da Serra. As terras eram de primeira, fazendo cabeceira com o Ararão, onde plantavam café, milho, feijão e capim para o gado.
A assistência religiosa era insuficiente pois o padre José acreditava que Progresso já havia dado o que tinha que dar “daqui pra frente só iria para trás, porque o poder estava concentrado na mão de três fazendeiros, os quais visavam o café, mas queriam o gado”.
De acordo com o exposto acima percebemos que a atuação do padre em seus relatos trás uma carga de significação com relação ao poder da Igreja. Fica claro o preconceito com relação aos que não aderiram aos sacramentos da igreja católica, além da discriminação à outro credo religioso. Também fica claro o interesse em afirmação do poder, quando afirma a saída da professora.
É possível nos remetermos a esse período, final da década 60 quando o Brasil vivia em plena ditadura militar, onde as tendências dos poderes eram altamente centralizadoras e neste contexto a igreja também se impõe. Imaginamos então como seria essa pequena “vila” perdida no alto da serra Tapirapuã, em que pessoas, em sua maioria pobres buscavam na esperança e força de trabalho a concretização de sonhos de uma vida melhor na “terra prometida”.
1.1 – O RESGATE DA MEMÓRIA HISTÓRICA DE PROGRESSO
Foto nº 7 – Família do Sr. Pedro Alberto Tayano - Década de 70
Fonte: Acervo Idalina Sueza Tayano
Com objetivo de compreendermos melhor o desenvolvimento histórico do Distrito de Progresso, procuramos ouvir algumas pessoas residentes no mesmo e que são personagens vivos, ainda presentes nesta localidade. Nosso propósito foi ouvi-las e a partir daí analisar suas falas, para tentar compreender os anseios, as expectativas e as experiências vividas tanto pelos que representam os colonizadores quanto os colonizados. A primeira pessoa que procuramos foi a senhora Idalina Sueza Tayano hoje viúva do senhor Pedro Alberto Tayano, filho do senhor Carlos Tayano para ouvir seus relatos e experiências vividas nesta história.
Inicialmente, a senhora Tayano nos falou sobre sua pouca disponibilidade de tempo e solicitou-nos que fizéssemos as perguntas por escrito, que ela nos responderia e, nos ofereceu imagens registradas através de fotos e mapas para ilustrar e registrar alguns fatos que marcaram a história de Progresso. Então nos reunimos e elaboramos cinco questões (anexo 1) e encaminhamos a dona Idalina. Alguns dias depois ela nos encaminhou um texto redigido por ela mesma com o seguinte conteúdo:
“As terras do Distrito de Progresso foram adquiridas por pessoas que residiam na cidade de Tupã, estado de São Paulo, que requeriam do governo do estado de Mato Grosso a posse da terra, sendo o principal sócio o senhor Calos Tayano que receberam em 1959 um título definitivo das terras que foram dividas em partes e o senhor Carlos Celso e Pedro Alberto Tayano ficaram com a Gleba Progresso, onde formaram o loteamento urbano de Progresso e formou a Fazenda Buriti que hoje pertence e a Oscar Ribeiro Filho. A parte do loteamento urbano foi dividido em 1190 lotes, onde está localizada a sede do Distrito de Progresso que começou a ser loteado como perímetro urbano a partir de 1968. O pensamento era de formar uma grande cidade pois naquela época só existia em cima da Serra, Progresso e Tangará da Serra, cuja comarca era Barra do Bugres. Esse Distrito não surgiu por acaso e ele foi projetado pelo proprietário senhor Carlos Tayano e filhos, que vieram do Estado de São Paulo com muitos sonhos e planos, as coisas não são sempre como projetamos, houve muitas doenças na família e veio a falecer primeiramente Dona Palmira a esposa do senhor Carlos, depois seu filho Celso Valquencir e em seguida o senhor Carlos Tayano.
Desde 1965, havia uma escola ligada a Prefeitura Municipal de Barra do Bugres, em 1975 foram inauguradas 2 novas salas de alvenaria, e em 1977, passou a Es cola a pertencer ao Estado levando assim o nome de Escola Estadual Patriarca da Independência, cujos esforços se devem ao 1º professor da sala de aula Municipal, filho do proprietário o Pedro Alberto Tayano que com a emancipação do município e desmembrado de Barra do Bugres se elegeu 1º Vice Prefeito de Tangará da Serra, e por ironia do destino veio a falecer em 19 de março de 1981 TAYANO, Sueza Idalina”.
Dona Idalina é professora aposentada da rede Pública Estadual de ensino, tendo prestado inúmeros serviços beneficentes.
Num segundo momento entrevistamos quatro pessoas que moram no Distrito de Progresso desde a década de 60. A entrevista se deu numa conversa informal onde procuramos captar quais os objetivos e propósitos das famílias, tentando resgatar a memória histórica das mesmas, deixando-as livres para falar das suas lutas e conquistas.
Procuramos Dona Quiridalina Vicente Pereira que veio de Mirador no Paraná onde já morava na roça, chegando às terras, hoje Distrito de Progresso no mês de julho de 1966. Fomos procurá-la e pedimos que ela nos contasse porque ela e sua família vieram para cá e como tudo aconteceu. Então ela nos falou:
“Lá não dava mais pra morar, por causa da geada. Daí meu esposo, veio sozinho para ver e gostou do lugar. Voltou e trouxe a família. Outras pessoas falavam que aqui era ruim, pois só tinha índios e bichos, mas o lugar era bom. Na vinda, levou muitos dias pra chegar com um caminhão trucão, aonde os animais vieram sendo trocado da serra até o vilarejo. Ficou de cedo até a noite pra repartir a mudança em duas partes, porque o caminhão não subia, deslizava e o motorista tinha que ver se vinha outra condução, a serra não era aberta e o picadão era estreito. Trouxe a mudança até mesmo os animais, muitas sementes como colorau, gengibre, pimenta, mamão e mudas de ervas de poejo, largo de nossa senhora, hortelã. A mudança ficou embaixo do encerado até a casa ficar pronta. Era feita de palmito, coberta de tabuinha de cedo. A água era pegada no córrego, fizemo uma horta onde plantou e tudo e os o vizinhos buscavam. Eu tinha o prazer de dar, por que até perdia. O sítio já tinha três alqueires abertos, o resto era mato, nesses três alqueires aberto platamo arroz, feijão, milho, mandioca, batata-doce (rosa) terra muito boa, perdia muito batata, mandioca e dava de tudo. O resto da terra foi aberto a machado e ai plantamo café era muito bom. Cada ano ia abrindo e plantando café, até chegou 12 mil pés de café. Tinha muito mosquito borrachudo e dava muita ferida, mas com caju do campo e folha do cajuzinho fazia banho para enxugar as feridas nas crianças, e quando ficavam duentes usava erva (fedegoso, jurubeba do campo que servia pra tosse e outras). O arroz era socado no pilão. Da muita saudade do sítio, por que agora não dá pra planta nada. Tinha galinha e muito e não tinha pra quem vender. Eu dava para os vizinhos que chegava, pra poder começar. O sítio era em sociedade do meu esposo, e do irmão dele e mais uma irmã. Apareceu muita gente querendo comprar e ia fazendo a cabeça do meu marido, ai o irmão dele era solteiro e quis vende, mas o meu marido não queria porque os filhos tava grande e já podia trabaia na roça, porém não houve de acordo entre eles e as terras foram vendidas com o dinheiro, cada um deles acabaram comprando uma casa no Distrito de Progresso (PEREIRA, Quiridalina Vicente)”. (Fita nº 1)
A fala da Dona Quiridalina nos permitiu compreender que o processo histórico percorrido pelas pessoas é fundamental, determinante nas suas afirmações enquanto sujeito.
Eu dou filha do senhor Joaquim Rodrigues que veio da cidade de Pereira Barretos, estado de São Paulo no ano de 1965; o pai veio administrar a fazenda do senhor Alcides Pintado, com o intuito de abrir a fazenda que era só mato fechado, para plantio de café, não tendo casa ficou morando alguns meses debaixo de encerado, começando derrubar o mato plantando café e formando a terra para fazer a roça, plantava feijão, arroz, milho, mandioca e outros. O percurso da mudança de Pereira Barretos até a fazendo do lado de Progresso foi 15 dias ficamos 3 dias parados na serra, chovia muito e tinha que calçar o caminhão para subir, era muito atoleiro e muito buraco. Na mudança nós trouxemos muita comida e também várias mudas de laranja, manga, mudas de café prontas em saquinhos, mudas de bananas, ramos de mandioca e mudas de cana. Com o passar dos anos conseguimos comprar uma propriedade de 30 alqueires, paulistas, onde abrimos e começarmos a plantar arroz, feijão, café, milho e amendoim para nossa sobrevivência, tínhamos 10 cabeças de vacas, 20 porcos e algumas galinhas que trouxemos de Pereira Barreto junto com a mudança. Como não existia médico e nem farmácia perto, o jeito era plantar algumas ervas medicinais perto de casa para os primeiros socorros, tínhamos no quintal hortelã, poejo, losna, alecrim, capim cidreira, manjericão, algodão, erva-doce, camomila e mais algumas ervas do campo como sucupira, barbatimão, douradinha, douradão, arnica, catuaba e quina-do-campo”. (D. Cleuza Rodrigues dos Santos, fita 1)
Dando continuidade a nossa peregrinação em busca de informações, fomos procurar a Dona Maria Albanez que nos relata:
Foto nº 8 Família de Dona Maria Albanez
Fonte: Acervo Pessoal de Dona Maria Albanez
“Cheguei em 6 de março de 1964, vindo de Paranavaí estado do Paraná. Casei e vim para cá. Levou 6 dias para chegarmos. O meu pai encontrou o seu Carlos Tayano (era proprietário das terras em Progresso), comunicaram que precisavam de gente para abrir a fazenda para plantar café, aí a gente veio o pai, o tio e duas outras famílias. A gente ficou aqui, tinha um barracão feito de coqueiro taubinha. Derrubaram o mato para começar plantar café.
Só trouxeram a mudança. As sementes e as compras era o patrão que vendia para poder plantar e pagar quando colhesse começaram tirar madeiras para construir as casas. E ai fomos fazendo as plantações: arroz, feijão, milho, mandioca. O patrão arrendou a fazenda e tivemos que viver aqui na Vila (Progresso), o meu esposo era sanfoneiro e animava festas e bailes na região. O primeiro registro de criança nascida em Progresso foi da minha filha Cleuza Sabarrete.
Era tempo bom, tinha fartura muita galinha porco. Para ir para Tangará saia de carrocinha às 4 horas da manhã, iam em caravanas, enquanto uns iam caminhando, outros iam na carrocinha. Chegavam lá às 9 horas No quintal plantou-se muitas árvores frutíferas, ervas medicinais, verduras. Tudo que plantava dava. É muito bom lembrar daquela época”. (Dona Maria Albanez, 2003, Fita nº 2).
Uma outra fala que conseguimos foi da senhora Augusta Sanches que chegou com seu marido aqui em 1965, trazendo seus filhos ainda pequenos chegando numa situação difícil segundo ela veio de Tupã estado São Paulo em 1965.
“Viemos para fazer um futuro aqui, sempre tinha vontade de comprar um pedaço de terra. Meu pai veio na frente e comprou a terra e voltou para Tupã, daí veio meu irmão Romão. A viagem foi longa e nós subiu a serra andando porque não tinha estrada, na mudança trouxe muitas sementes de jiló, melão, abóbora e remédios caseiros. Ficamos morando debaixo de encerado quase 2 meses, meu marido foi tocar café para o Sr. Ferrarini na fazenda. Ao chegar na fazenda sofrendo muito, tinha muito mosquito borrachudo, as crianças encheu de firidas de tanto mosquito. O meu marido o Sr. Francisco Serrano foi fazer derrubada para o plantio de café e uma árvore caiu e quebrou sua perna, o farmacêutico de Tangará o Sr. Erotildes engessou sua perna e não podia ser engessada porque a perna estava com a carne amassada e ele sentia muita dor e o farmacêutico não quis tirar o gesso e apodreceu sua perna e teve que ir para Cuiabá para cortar sua perna. Depois de 15 anos incontramos a terra que o meu pai tinha comprado num lugar muito longe chamado Patamar e trocamo num caminhão nessas terras e meu filho Osvaldo foi trabalhar de puxar tora. E foi muito triste que numa dessas viagens o caminhão acabou o freio e bateu na pedra solteira e veio falecer. Ai compramo uma terra e não deu para pagar a terra e tivemo que devolver para o Espanhol o dono da terra.
O meu marido ficou trabalhando de consertar sapatos e a gente ia se virando para viver consertava dois pares de sapatos por semana e eu lavava roupa de 5 casas da zona para ajudar na compra de mantimentos e os filhos ia trabalhar para outras pessoas pó dia”. (fita 2)
A história dessa senhora é muito longa, seu relato foi muito extenso. Durante o tempo que a ouvimos ela se emocionava muito por isso paramos por aqui. Ela nos mostrou algumas fotos uma delas acompanha o relato. É a foto da sua família “ranchinho” que construíram para morar.
Foto nº 9 Família de Dona Augusta Sanches Serrano
Fonte: Acervo de dona Augusta Sanches Serrano
1.2 – ANALISANDO A MEMÓRIA DE ALGUNS MORADORES DE PROGRESSO
De acordo com a história relatada pelas 4 (quatro) pessoas das famílias que aqui chegaram na década de 60/70, com os quais tivemos a oportunidade de conversar, podemos entender que elas vieram para cá, em busca de melhores condições de vida, pois onde moravam já não estava bom por vários motivos, entre os quais, a geada, pouco espaço para desenvolver seu trabalho na lavoura e outros.
Pelas informações obtidas, percebemos que essas famílias vieram dos estados do Paraná e São Paulo. Isso nos remete ao que estudamos sobre a colonização de Mato Grosso, que nesse período estava recebendo migrantes dos estados citados e outros, em função das dificuldades vividas pelos pequenos produtores sem-terras daquela época. Mato Grosso então despontava como perspectiva de mudança atraídos pela propaganda de que as terras aqui eram férteis e tudo o que se plantava produzia, além do sonho de ter sua própria terra, essas famílias vieram trazendo tudo o que tinham e a esperança de viver melhor.
No início encontraram muitas dificuldades em relação a moradias precárias, faltas de estradas, pois só havia picadas, sendo o transporte feito por carrocinhas de animais, ou a pé. A compra de mercadorias era feita em Tangará ou Nova Olímpia, e esse trajeto era longo e cansativo.
Todas as famílias trouxeram em suas mudanças alguns animais, mudas de árvores frutíferas, ervas medicinais e sementes para começar nova vida nessa localidade. Para algumas dessas famílias, a vida era boa, pois havia fartura, no que diz respeito à alimentação, que era retirada da própria terra. Outros tiveram muitas dificuldades em relação à alimentação, saúde, moradia e até tragédias na família.
Porém, o que mais chamou nossa atenção, foi a emoção que percebemos na fala das pessoas que ao se remeterem ao passado afloram lembranças de sofrimento, luto, esperança e fé num futuro melhor que para muitos até hoje talvez não tenha chegado. No entanto percebemos que falam com saudade, até sentem-se realizados.
Ao falar das dificuldades que venceram, sentem-se orgulhosos em ter participado desse passado que ficou na história, parecendo tão distante da realidade de hoje, mas tão necessária para compreendermos a luta do pobre brasileiro pelo direito a uma vida digna.
2.3 – DISCUTINDO E ANALISANDO AS INFORMAÇÕES COLETADAS
Para compreendermos melhor o processo de ocupação dos espaços “vazios”, organização e estrutura econômica e social, ambiente cultural foi preciso um estudo minucioso sobre os problemas de assentamento de famílias de trabalhadores rurais no Distrito de Progresso.
Durante a década de 60 os problemas sociais e econômicos nacionais aumentaram na região Sul e Sudeste, fazendo com que através das propagandas que definiam o solo mato-grossense como excelente para a agricultura. Isso fez com que várias famílias se deslocassem de suas regiões de origem até o referido Distrito.
Muitas foram as divergências acontecidas naquela época. Para compreendê-las, tornou-se necessário investigarmos quais as pessoas que aqui chegaram entre as décadas de 60/70. Descobrimos 10 (dez|) moradores antigos que ainda residem em Progresso e partimos para uma investigação mais sistematizada. Organizamos um questionário com cinco questões (anexo 2), abertas para descobrirmos os motivos, dificuldades e as condições em que vieram para cá.
Ao perguntarmos qual o motivo que as trouxeram para este lugar, a todos responderam que tinham esperança de mudar de vida, trabalhando na lavoura, pois as terras eram consideradas férteis e baratas. Para aqueles que tinham uma pequena propriedade, viam a possibilidade de crescimento e aqueles que não tinham terras, alimentavam a esperança de um dia vir a ter.
Quanto as dificuldades encontradas para chegar até esta localidade, todos responderam que as estradas eram ruins, o transporte era precário, outros não tinham recursos financeiros, não existia estradas, só picadas, e a dificuldade maior era subir a serra. Oliveira (2002, p. 22) cita que:
“O primeiro ambiente a ser apresentado é a serra do Tapirapuã, pois foi no espaço da serra que “aventuras”, medos e esperanças foram vividos por índios, expedicionários e famílias migrantes. A serra Tapirapuã, geograficamente é o primeiro “obstáculo” para aqueles provenientes do centro-sul que quiseram alcançar as terras férteis do Planalto Dissecado do Parecis”.
Observa-se na fala de todas as pessoas ouvidas a marca que este “obstáculo” registrou em suas memórias. Na verdade parece que ao ultrapassarem esse obstáculo, vencia-se a primeira das muitas dificuldades pelas quais ainda passariam na caminhada a procura de seus sonhos. Alguns vieram para trabalhar em sua própria terra, derrubando matas para plantar lavoura outros para trabalhar como meeiros, em terras alheias.
Em suas mudanças traziam tudo que podiam. Além de móveis e objetos pessoais também traziam mudas de plantas, sementes, animais, mantimentos, remédios caseiros etc. Pelas características da forma como organizaram a produção, verificou-se que a produção familiar foi a primeira base de sustentação das famílias, apesar de observarmos também que essa produção acontecia em terras próprias, ou arrendadas de outras pessoas. Conforme PANUTTI (2002, p. 28).
“A produção familiar se caracteriza por pequenas propriedades, que são unidades de produção organizadas com base no trabalho da família. É uma produção de subsistência onde os produtores consomem parte ou tudo o que produzem: são as chamadas economias camponesas. Em geral, acontecem num contexto de pouca disponibilidade de terras, e só parte do que produzem vai para o mercado. Praticamente, não há acumulação de capital ou uma articulação significativa com o setor capitalismo. Os produtores na produção família estão integrados aos meios de produção, condicionando uma produção em pequena escala, caracterizando um modo camponês de produção”.
Nas respostas obtidas percebemos que praticamente todos os entrevistados tinham intenção de trabalhar a terra pois citam os plantios feitos (café, arroz, feijão...)
Foto nº 10 Derrubada para Plantio de Arroz Foto nº 11 Colheita do Arroz
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Foto nº 12 Lavoura de Café
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Com o aumento do povoado, outras profissões foram surgindo, pedreiros, serradores de madeira, etc. Mais tarde alguns fazendeiros começaram a criar gado.
A compra de mercadorias para o consumo da família era feita com muitas dificuldades, pois teriam que se deslocar para Nova Olímpia ou Tangará da Serra. Esse percurso era feito de carroça, cavalo, bicicletas, ou até mesmo a pé, devido a falta de transporte. Uma vez por mês passava um caminhão de mercadorias vindas de Tupã, Estado de São Paulo, para vender as pessoas, mas só conseguia comprar quem tinha dinheiro. Os que não podiam comprar se mantinham de suas pequenas produções familiares, da pesca e da caça.
Através das respostas coletadas, percebemos que a maioria das pessoas entrevistadas vieram trabalhar em terras de outros. Poucos eram proprietários, mas com o passar dos anos, alguns conseguiram comprar suas próprias terras.
Foto nº 13 – Progresso 1965 – 1ª moto niveladora para abrir a 1ª avenida
fonte: acervo pessoal de Idalina Sueza Tayano.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo desse estudo percebemos que o Distrito de Progresso encontra-se inserido no contexto de Colonização de Mato Grosso, devido a influência que a agricultura teve através dos migrantes que aqui chegaram no intuito de melhorarem as condições de vida, estabelecendo-se em terras próprias ou alheias desenvolvendo a agricultura familiar de subsistência promovendo assim o desenvolvimento do referido Distrito.
Entendemos que a nossa proposta de trabalho foi satisfatória, pois tanto as leituras bibliográficas, documentais, de imagens fotográficas e a contribuição das fontes orais, nos possibilitaram perceber a forma como o Distrito de Progresso se desenvolveu.
Percebemos também a importância do processo de Colonização e a influência da agricultura familiar no processo de construção do Distrito de Progresso, pois na época era base de sustentação das famílias que aqui chegaram.
A hipótese que levantamos de que a agricultura familiar foi determinante para a construção do Distrito de Progresso, veio se confirmar. Os relatos das falas das pessoas e as análises das respostas dos questionários nos permitiram ter esta percepção. Porém faz-se necessário destacar que essa produção familiar, nem sempre era desenvolvida em terras próprias. A maioria das famílias, na verdade trabalhavam em terras alheias. O trabalho era familiar, a produção agrícola era de subsistência com possibilidade de venda ou troca de excedentes.
Muitas foram as dificuldades encontradas no início da colonização devido a falta de estradas, de mercadorias, assistência médica, alimentação e outras.
Além da fé de ver seus sonhos realizados, as pessoas traziam em suas mudanças objetos domésticos, animais, sementes e mudas de plantas diversificadas para começarem uma nova vida na terra prometida.
Este trabalho para nós foi muito gratificante, encontramos relatos emocionantes que trazem em sua essência a história de vida de pessoas que marcaram o desenvolvimento do povoado, hoje Distrito de Progresso.
Concluímos que foi muito importante o registro histórico das análises que conseguimos fazer, mas também entendemos que as possibilidades de pesquisas são imensas que talvez nossa pesquisa venha a contribuir com outras pessoas que queiram aprofundar a mesma, ou lançar outro olhar sobre ela.
BIBLIOGRAFIA
Arruda, José Jobson, PILETTI, Nelson. Toda a história Geral e História do Brasil. São Paulo: Ática, 1999
COTRIN, Gilberto. História do Brasil: para uma geração consciente São Paulo: Saraiva, 1989
CAVALCANTE, Elze, RODRIGUES, Maurim. Mato Grosso e sua história. Cuiabá.
CASTRO, et. al, 2002, pg. 20. A colonização oficial em Mato Grosso: “a nata é a borra da sociedade”.
DIÁRIO OFICIAL, Cuiabá, 12 de maio pg. 02, ano 1977
DIÁRIO OFICIAL, Cuiabá, 10 de julho pg. 03, ano 1979
OLIVEIRA, Carlos Ednei. Tangará da Serra tese de mestrado: Família e natureza as relações entre famílias e ambiente na construção da colonização de Tangará da Serra pg. 42 (2002).
_______Tangará da Serra: história e espaço geográfico. Itec Notícias, 2002, pg. 05.
_______Fluxo Migratório para Tangará da Serra – MT. (1959-1979): diálogo possível entre a fonte oral ITEC Ciências. Revista Científicas da Faculdade de Educação de Tangará da Serra. Ano 2 nº 2, pg. 50-65, dez. 2001.
PEREIRA, José Aires. Tangará da Serra: Nova fronteira agrícola e sua urbanização. Tangará da Serra: São Francisco, 2000.
PANNUTI, Maria Regina Viana. História: o processo de ocupação de Mato Grosso. UFMT, Cuiabá: Ed. UFMT, 2003
KUMRATH,. José Aleixo, Censo demográfico realizado pelo secretário geral da prelazia de Diamantino: Progresso. 16 out. 1966 (manuscrito).
SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. História de Mato Grosso
ANEXO I
4 – O distrito surgiu por acaso ou foi projetado? Havia interesses que se transformasse em cidade? Conforme relato escrito de Idalina Sueza Tayano, às perguntas por nós feitas, onde as respostas seguem no texto.
1 – Como foram adquiridas as terras do Distrito de Progresso?
2 – Qual era o objetivo da família Tayano com relação a essas terras?
3 – Quando e porquê o Distrito de Progresso começou a ser lotado como perímetro urbano?
5 – A escola só foi projetada com a chegada da família Tayano? Ou já existia?
ANEXO 2
Mapa do Perímetro urbano de Progresso
Fonte: Arquivo documental da Sra. Idalina Sueza Tayano.
ANEXO 3
QUESTIONÁRIO APLICADO PARA OS DEZ PRIMEIROS COLONIZADORES DO DISTRITO DE PROGRESSO
1 – QUAL O MOTIVO QUE TROUXE VOCÊS PARA MORAR EM PROGRESSO?
2 – QUAIS AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PARA CHEGAR ATÉ A LOCALIDADE?
3 – QUE TIPO DE TRABALHO DESENVOLVERAM NA ÉPOCA EM QUE CHEGARAM?
4 – COMO ERA A COMPRA DE MERCADORIAS NA ÉPOCA PARA O CONSUMO DA FAMÍLIA?
5 – QUANDO O SR. OU SRA. CHEGOU NESTA LOCALIDADE ENTRARAM EM SUAS PROPRIEDADE OU TRABALHARAM EM TERRAS DE OUTROS? SE FOR EM TERRAS DE OUTROS QUE TIPO DE TRABALHO REALIZAVAM?