O OLHAR DA ESCOLA VOLTADA PARA A LINGUAGEM DO ALUNO

Daniel de Lima Figueiredo
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Unic



Resumo: O presente artigo aborda a importância do aprimoramento dos professores de língua portuguesa na sala de aula, apresenta e discute alguns problemas de aprendizagem enfrentados pelos alunos devido à falta de preparo desses professores. Enfatiza a necessidade de se respeitar a linguagem de cada aluno, sem menosprezar a norma culta tal qual é ensinada nas escolas, de acordo com as normas gramaticais. Por fim destaca a as vantagens de a escola ter seu olhar voltado para a linguagem de seus alunos, vantagens essas que beneficiam alunos e professores quanto ao ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Educação, linguagem, aprimoramento, respeito.
"É perfeitamente possível aprender uma língua sem conhecer os termos
técnicos com os quais ela é analisada." Sírio Possenti.


Na área da educação encontram-se problemas no ensino e na forma com que os professores de língua portuguesa ensinam a língua materna ao aluno, e como são referencias de ensino elaboram diversos experimentos teóricos e conseqüentemente fracassados na maioria das vezes, os quais prejudicam o desenvolvimento dos alunos transformando-os em objeto teórico de ensino, tempo e trabalho que se perde em busca de métodos que funcione. Ou seja, problemas com inúmeras conseqüências e mínima pratica significativa. Segundo Possenti, para que o ensino mude não basta recomendar alguns aspectos, é necessária uma revolução, mudar a concepção de língua e de ensino de língua na escola.
Para que possamos refletir o assunto, sugiro a questão: Para que a importância da boa linguagem? Vejamos a resposta do lingüista Mattoso Camara Jr.:
"é pela posse e pelo e uso da linguagem, falando oralmente próximo ou mentalmente a nós mesmos, que conseguimos organizar o nosso pensamento e torná-los articulado, concatenado e nítido; é assim que, nas crianças, a partir do momento em que, rigorosamente, adquirem o manejo da língua dos adultos e deixam para trás o balbucio e a expressão fragmentada e difusa, surge um novo e repentino vigor de raciocínio, que não só decorre do desenvolvimento do cérebro, mas também da circunstância de que o individuo dispõe agora da língua materna, a serviço de todo seu trabalho de atividade mental". (CAMARA JR, 1973)
Seguindo esse raciocínio, a linguagem é um instrumento que desenvolve e aperfeiçoa a capacidade de pensar e de expor tais pensamentos, de acordo com a forma e ferramenta que a sociedade manipula sobre o ser humano. A boa linguagem está em empregar no ensino do aluno a língua padrão, para que ele possa se juntar aos grupos sociais que usam desse tipo de dialeto como a forma mais correta de aprendizado. Sabe-se que a grande maioria de alunos é de escola publica, muitos são alunos de classes sociais populares, os quais têm mais dificuldade no manejo da fala e escrita. O dialeto adotado por esses alunos é de linguagem popular, tornando-os menos favorecidos diante ao único dialeto válido, a língua padrão. Com base na tese de natureza político-cultural, diz que é uma injustiça impor a um grupo social os valores de outro grupo. Para Possenti, isso é um equívoco, pois os menos favorecidos socialmente só têm a ganhar com o domínio de outra forma de falar e escrever. Desde que se aceite que a mesma língua possa servir a mais de uma ideologia, a mais de uma função, o que parece hoje evidente. Com base nessa teoria, explicasse o aprendizado do desconhecido e também, uma nova língua como a estrangeira. Em resumo, quaisquer pessoas têm a capacidade de aprender outros dialetos e línguas estrangeiras, desde que sejam expostas constantemente a elas.
Podemos afirmar que o foco do problema está na forma que a escola impõe a língua padrão ao aluno que não o fala usualmente e que sua realidade social não tem o convívio cotidiano com tal língua.
Como Agir diante desse impasse?
Antes de prosseguir com a resposta, me refiro à língua padrão como adequada no plano de ensino nas escolas, pois, é nas formas lingüísticas e o emprego da gramática segundo a NGB, que prepara as pessoas com nível culto nas expressões da fala e da escrita, conseqüentemente a soma de estudos que formam pensadores. Enfatizo a idéia de formar pensadores, pois é nessa formação que deveria ficar bem nítido perante o olhar do professor e a escola. Sendo assim, coloco em destaque o ensino da escola Tradicional, a qual representa a classe dominante de ensino que invés de formar pensadores, forma maquinas "receptoras" não havendo um "feedback" de experiências. Com o fácil acesso à informação por meio de ferramenta chamada internet e outros meios de informação levaram em consideração que esse domínio imposto pelos educadores está sofrendo constantes mudanças, é o que podemos notar no cotidiano da sociedade inserida na globalização. Antigamente, procurava-se por informação, hoje ela vem até a você por inovadoras ferramentas. Então, diante de constantes evoluções porque não inserir métodos revolucionários de ensino na educação escolar? Em resposta, Possenti sugere:
"para que um projeto de ensino de língua seja bem sucedido, uma condição deve necessariamente ser preenchida, e com urgência: que haja uma concepção clara do que seja uma língua e do que seja uma criança (na verdade, um ser humano, de maneira geral)". (POSSENTI,Sírio)
Em análise a esse considerável pensamento definimos as suas concepções em partes.
Para Saussure a língua é um objeto da lingüística, ele a define como um "sistema de signos", o qual estuda a estrutura a partir do copus e a taxionomia de elementos dos sistemas. Entretanto, no Dicionário de Comunicação (Ática-1987), define outra concepção vinda do mesmo pensamento de Saussure, que a língua é o "produto social da faculdade da linguagem", ou seja, a língua é distinta da fala como a lingüística é distinta da gramática, os quais são mecanismo que estão na função da linguagem. Nas escolas é de costume identificar a linguagem como o estudo da gramática. Então, que seja claro ao professor que trabalha com a linguagem, que as línguas se transformam com o tempo, é o caso atual da extensa fala popular do país, não indo tão longe, exemplo disso é a falta de concordância na linguagem dos próprios alunos e numero significativo dos falantes brasileiros. Observem, alguns trechos na fala retirada da pesquisa sobre a concordância de numero no português falado no Brasil de Maria Marta Pereira Scherre (UFRJ/UnB) e Anthony Julius Naro (UFRJ):
a) ... eles ganham demais da conta
b) ... eles ganha demais da conta
Nesse exemplo mostra a falta de concordância de verbo/sujeito. Pode-se imaginar o real numero de Brasileiros que falam a língua popular dessa maneira? Certamente. A distribuição da concordância e não concordância segundo o grau de escolaridade, isso porque as pesquisas mostram que aproximadamente 82 % dos brasileiros são de linguagem popular. Então, se nas escolas ensinam o português de norma culta, esse índice de erros deveriam de ser mínimos perante essa alta porcentagem abordada. Sugiro um novo olhar diante dessa educação brasileira, como Orlandi fala que as línguas estão em constantes transformações, ensinamos então aos nossos alunos como trabalhar a língua padrão com a sua realidade cultural, pois na língua que é um instrumento de comunicação não tem o certo e errado na fala, porém nos estudos da linguagem sim, é o que temos que mostrar isso a eles, que fora da sala de aula, o aluno pode falar com o seu amigo de forma que possam entender como é o caso do uso de gírias, códigos e etc. Dependendo do meio em que vive. E, mostrar que na sala de aula aprendemos a língua de norma culta para ler e escrever de forma correta, pois com isso faremos a diferença em redigir um texto cientifico, leituras de palavras mais complexas como nas literaturas e etc.
Enfim, que a escola tenha esse novo olhar agregado com afetividade no modo de ensino, pois estamos lidando com pessoas acima de tudo com vidas. Para Skinner, educar é estabelecer comportamentos que serão vantajosos para o individuo e para os outros no futuro. Creio que a vantagem é tanto do aluno quanto do professor, pois ao ensinar a um aluno estaremos contribuindo com o desenvolvimento de sua aprendizagem e conseqüentemente aprendemos com sua experiência de vida, o que é muito importante para ambos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

POSSENTI, Sírio. porque (não) ensinar gramática na escola, Campinhas, São Paulo, mercado de letras, 1996.

CORIA-SABINI, Aparecida Maria. Psicologia Aplicada à educação. São Paulo. EPU,1986.

ORLANDI, Puccinelli Eni., O que é lingüística. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 2009

CAMARA JR., Joaquim Mattoso. Principios de linguistica geral: como introducao aos estudos superiores da lingua portuguesa. 4.ed Rio de Janeiro, Academica, 1973
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguistica geral. 23 ed. Sao Paulo, Cultrix, 1989.