O OHAR DA JUVENTUDE DO PROJOVEM ADOLESCENTE EM COREAÚ ACERCA DA CONSTRUÇÃO DA DA IDENTIDADE DIANTE DE DIFERENTES CULTURAS[1]

Maria Cristiane Moreira[2]

 RESUMO: O presente artigo traz resultados da análise dos processos educativos que envolvem o desenvolvimento dos jovens diante de diferentes culturas, onde esta contribuirá de certa forma para a construção da identidade destes sujeitos. A pesquisa foi realizada dentro do Projovem Adolescente em Coreaú. A partir de estudos teóricos e pesquisas de campo, na qual resultou em teoria e prática, veiculadas as disciplinas: Educação, Gênero e Identidades Étnico – Racial e Estágio Supervisionado – MSEP, fazendo parte do eixo Movimentos Sociais. Tivemos por base teórica os estudiosos: Paulo Carrano, Santos Martins, Marília Sposito Paulo Freire, entre outros autores, a fim de desenvolver uma tese convincente diante desse estudo.

 

Palavras – chave: Identidade. Culturas. Juventude.

 

INTRODUÇÃO

            O objetivo principal da pesquisa é a identificação dos jovens dentro de seus grupos e valores adotados por estes. Dessa forma, suas atitudes implicarão na formação da própria identidade. Esta pesquisa é de cunho qualitativo, onde se teve a oportunidade de analisar a perspectiva futura destes adolescentes dentro do contexto no qual estão inseridos. Foi feito, não apenas observações, mas também a realização de algumas atividades dentro desse espaço.

            Sposito observa a cultura como campo de possibilidades de práticas coletivas e de interesses comuns, sobretudo em torno dos diferentes estilos musicais, Para a autora, a música é considerada um elemento importante da cultura juvenil, esta apresenta-se como aglutinadora de sociabilidades, pois permite aos jovens a possibilidade de participação efetiva nas questões relacionadas com a sua comunidade. No entanto, a música irá unir os jovens promovendo assim sua socialização.

            O presente trabalho pretende analisar a valorização dos jovens dentro dos grupos sociais, permitindo assim o envolvimento desses em atividades socioeducativas. Está dividida em dois subtemas: o primeiro tem-se uma discussão voltada para a socialização dos jovens e a elaboração de sua identidade. Já o segundo envolve o reconhecimento da juventude dentro de seus grupos.

O PROJOVEM ADOLESCENTE DE COREAÚ COMO ESPAÇO DE SOCIALIZAÇÃO

            O programa é um serviço socioeducativo de assistência social complementar a proteção social básica a família, criando mecanismos para garantir a convivência e inserção, reinserção e permanência do jovem no sistema educacional. Uma das condições para participar do programa é família do adolescente está inscrita no bolsa família e o jovem deve corresponder a faixa etária de 15 a 17 anos. O projovem tem por finalidade trabalhar a cultura local dentro dos temas transversais como: cultura, meio ambiente, direitos humanos, trabalho, saúde, esporte e lazer.

            Uma das metas do programa é trabalhar a questão da sociabilidade entre estes jovens de forma afetiva. Através da música, dança, rodas de conversas entre outros, os jovens relacionam-se uns com os outros demonstrando desde então um espírito de participação em que contribui não apenas para com o processo de aprendizagem, mas acima de tudo para a sua formação enquanto cidadão. Todo o trabalho no qual é realizado dentro do projovem se sobressai a parti da realidade do jovem mesmo que de forma resumida, mas acreditamos que quando lidamos com seres humanos dentro ou fora da escola temos que pensar no coletivo. Assim Paulo Freire (1996, p.54): contempla em sua fala.

Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais,                                econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreira de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam.

A realidade do projovem encontra-se jovens que convivem com muita dificuldade no seu dia-a-dia, mas que quando os mesmos se sentem pertencente a uma atividade educativa ou contexto social o mesmo vai criando vínculos com o seu meio não que ele vai esquecer o mundo lá fora, mas que vai enxergar outras oportunidades para a sua vida.

            Os jovens criam espaços próprios de socialização que se transformam em territórios culturalmente expressivos, nos quais diferentes identidades são elaboradas. A cultura se manifesta como espaço social privilegiado de práticas, representações, símbolos e rituais. As produções das identidades, além de demarcar territórios de sociabilidades e de práticas coletivas, põem em jogo interesses em comum que dão sentido ao “estar junto” e ao “ser dos grupos”. De acordo com Sposito (2000, p.73):

Lembra ainda que é preciso admitir a existência de significativas diversidades de práticas coletivas entre os jovens, ainda pouco visíveis e escassamente investigadas. Esse espaço de pouca visibilidade social surge como objeto de interesse e estudo das formas de participação, pois é nele que se articula a presença dos jovens nos espaços urbanos e escolares com as marcas e expressões culturais específicas dos grupos juvenis.

            Diante desta citação, a autora faz uma crítica sobre a ausência de espaço dentro da sociedade que impossibilita aos jovens o acesso a práticas coletivas em que estas disseminam uma interação dentro de grupos nos quais se reconhecem. Sendo assim, constroem suas experiências cotidianas resultando em uma participação ativa dos sujeitos que giram em torno de expressões culturais no processo educativo vital para a juventude. Contribuindo de certa forma para com a sociedade no qual estar inserido.

           

CONSTRUINDO IDENTIDADES DENTRO DE SEU GRUPO

            Para os jovens pesquisados o grupo é o espaço de visibilidade da sua constituição como sujeito social, significando uma ampliação das redes de amizades, no exercício de convivências sociais que reforçam a autoestima. Estes grupos são considerados privilegiados de construção de identidade. Para tanto, é preciso considerar o grupo como espaço de ação, de reconhecimento e de convivência coletiva, no qual ampliam as relações e constroem identidades positivas. Nem sempre todos os grupos cumprem isso, mas é algo que precisa ser acolhido e incentivado. Martins (2007, p.54) enfatiza sobre a importância desses grupos diante de sua fala:

Os jovens se reconhecem nos grupos não só através da identificação com os elementos constitutivos destes, mas também á medida que é reconhecido como indivíduo capaz de ser sujeito de suas ações nos espaços em que estas se tornam plenas de sentido. É nesses espaços, preenchidos pelos grupos juvenis, que as experimentações permitem aos jovens vivenciar possibilidades concretas de construção de identidades.(Martins,2007)

          Partindo desta concepção o adolescente considera o seu grupo como um referencial em que poderá ser reconhecido através do mesmo. Acreditando que este possa lhe dar toda credibilidade para com a sociedade com relação as suas atitudes que agora serão vista como algo positivo e assim aceitas dentro do contexto no qual estar inserido.

            Dentro de um processo socioeducativo que permite a participação e produção de conhecimento em que estes serão mediados pela coletividade, conduzindo assim os jovens a uma postura de responsabilidade diante de sua formação. É preciso considerar não apenas os espaços escolares promissor destas ações, mas também os não escolares, pois sabemos que estes jovens estão presentes em ambas as partes e que o trabalho coletivo deve ser sempre vivenciado por estes com o intuito de fortalecer o espírito participativo promovendo assim sua autonomia

            Cada grupo juvenil pode ser constituído a partir das diferentes realidades sociais nos quais estão submetidos. O desenho de cada cultura poderá ter não só o contorno como também as cores determinadas pelas questões de classe. Relações de poder, diferentes inserções sociais, econômicas, políticas e culturais assim como pelos interesses específicos de cada grupo. Portanto, cabe ao espaço escolar enfrentar essas questões para que os jovens se envolvam no processo educacional e sintam-se como parte importante nesse contexto. Segundo alguns estudiosos é papel da escola desenvolver atitudes que proporcionem a estes jovens serem protagonista no seu meio. “Através da elaboração de linguagens em comum, a escola pode recuperar seu prestígio entre os jovens, bem como o prazer deles estarem em um lugar que podem chamar de seu na medida em que são reconhecidos como sujeitos produtores de culturas.” (Carrano e Martins) (2011, p.54)

            José Machado Pais (2003) “compreende as raízes pelas quais os jovens podem identificar no espaço escolar como desinteressante, uma vez que eles não se reconhecem numa instituição onde suas culturas não podem se realizar nem tão pouco se fazer presente.” Para o pesquisador português, a escola, apesar de ser um espaço que o jovem pode gostar de freqüentar, ainda não reconhece as culturas juvenis como possibilidades de inclusão e transformação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS        

            O trabalho aqui apresentado realizou uma análise preliminar sobre o projovem adolescente- serviço socioeducativo no âmbito do sistema único de assistência social, especificamente na cidade de Coreaú. Para tanto, em um primeiro momento foram desenvolvidas pesquisas teóricas voltadas para a temática da juventude, onde o mesmo foi apresentado pelo o grupo e socializado em sala. Em seguida surgi à proposta das professoras em escolhermos o campo que pudéssemos observar e assim efetivar nosso trabalho. Desde então escolhemos o projovem por este aproximar-se de nossa pesquisa.

            Após a aproximação com o tema da pesquisa, o segundo passo foi a visita á campo que não se deteve apenas de observação mais também de participação, onde nesta realizamos algumas atividades que promoveu a participação destes sujeitos. Tudo isso teve a finalidade de se buscar como estes jovens estão se reconhecendo dentro de seu grupo e assim construído sua própria identidade. Para tanto estas atividades veio nos subsidiar em resgatar estas questões em tentar entender como estes jovens estão se relacionando dentro de seus grupos e sua participação como sujeito pertencente a uma sociedade.

            Além de analisar essas questões sobre estes jovens, avaliamos o programa como mediador de atividades socioeducativas promovendo assim a sociabilidade entre os adolescentes, apesar destas não serem vistas como algo contínuo, esse processo de socialização é fundamental para disseminar nestes uma participação dentro de espaços nos quais se sentiram importantes ao partilharem experiências que farão sentirem-se importantes, construindo a sua própria identidade e como membro de seu meio se emancipando.

            Reitera-se aqui que este estudo é uma investigação preliminar através da qual se procurou identificar os reais significados da juventude do projovem adolescente e sua integração como jovem pertencente a grupo e possuidor de uma cultura que de certa forma contribui para a formação de sua identidade e de outros que partilham suas experiências. Enfim com esse propósito pode-se entender a importância da sociabilidade entre estes jovens em prol da construção de suas identidades.

           

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. CARRANO, P.C.R. Juventudes e Cidades educadoras. Petrópolis, Vozes, 2003. 55 Educação, Santa Maria, v.36, n.1, p.43-56.

2. FREEIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e terra, 1986 (coleção leitura).

3. MARTINS, dos Santos Carlos Henrique. Identidade e Juventude (Portal multiril..rio.rj.gov.br/sec 21/chave_artigo.asp?cod artigo=1084.

4. PAZ. José Machado. Culturas jovens e novas sensibilidades. Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes. Comunicação, em 10/8/2003.

5. SPOSITO, M. P. – Algumas Hipóteses sobre as relações entre juventude, educação e movimentos sociais, Revista Brasileira de Educação. São Paulo: ANPEN, n.13, jan./abr., 2000; pag.73-94.



[1] Artigo elaborado como requisito necessário para aprovação da Disciplina: Educação, Gênero e Identidades Étnico – Raciais. 

[2] Aluna do Curso de Pedagogia, 8º período da Universidade Estadual Vale do Acaraú.