O objeto de estudo da História: um jornalismo de grandes proporções

Uma questão intrigante e instigante sempre perpassou por nossa mente: qual o objeto de estudo da História?

A princípio, acreditamos ser o homem o objeto de estudo de tal disciplina, mas percebemos com o tempo que não poderia ser, pois, outras disciplinas puxaram para si a responsabilidade de estudá-lo. A Sociologia estuda o homem em suas formações sociais; a Antropologia estuda o homem em sua formação cultural; a Psicologia estuda o homem em seu âmago; a Filosofia estuda o homem enquanto produtor de sistemas lógicos de pensamento. Desta forma, fomos percebendo que tais ciências ao aparecerem foram, aos poucos, tomando conta do que ora nós havíamos pensado ser o objeto de estudo da História (descontos dados à Filosofia que é quase tão antiga quanto a História).

Então, onde vamos encontrar o tal objeto? Em nossas buscas incessantes pelas diversas localidades existenciais e limítrofes de cada ciência, nós pudemos tirar algumas conclusões preliminares. E para expô-las, faremos uma comparação com uma outra disciplina, o Jornalismo.

O Jornalismo é responsável por contar-nos, mostrar-nos, passar-nos as notícias, as informações praticamente tal como elas são e o mais próximo de sua ocorrência possível. Portanto, não cabe ao

Jornalismo uma série de informações que a humanidade produziu e produz constantemente; ao Jornalismo cabe contar-nos o que acontece no aqui e no agora (não necessariamente); à História cabe contar-nos o que já passou, as notícias passadas há muito e há pouco tempo e tentar relacioná-las com o presente. Destarte, o objeto de estudo da História, ao nosso ver, é um Jornalismo de grandes proporções, porque o tempo histórico-jornalístico que ela cobre é muito maior do que o tempo que o Jornalismo cobre.

Portanto, se as demais disciplinas ocupam-se do homem do ponto de vista social, individual, cultural, lógico etc., a História deverá contar-nos o que aconteceu e como aconteceu e o que colaborou para que isto acontecesse.

Por Antônio de Pádua Pacheco

(07.06.1995)