Na obra Novum Organum, inicialmente, Bacon preocupou-se com os (ídolos), análise de falsas noções que seriam essas análises responsáveis por erros cometidos pela ciência ou pelos homens que diziam fazer ciência, isto passa a ser um dos aspectos mais fascinantes e de interesse permanente na filosofia de Bacon, onde ele apresenta um novo método de pesquisa, desprezando o silogismo de Aristóteles. Propõe assim um método de indução pelo exame dos fatos a procura da lei que os rege.
O método de Bacon tinha por objetivo constituir uma nova maneira de estudar os fenômenos naturais. Segundo o próprio Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros não depende do raciocínio silogístico aristotélico mas de observação e experimentação regulada pelo raciocínio indutivo.
O conhecimento verdadeiro é resultado da concordância e da variação dos fenômenos que, se devidamente observados, apresentam a causa real dos fenômenos. Para isso, no entanto, dizia Bacon, ser necessário descrever de modo pormenorizado os fatos observados para, em seguida, confrontá-los com três tábuas que disciplinarão o método indutivo.

2. A OBRA

Segundo Bacon era necessário almejar um progresso do saber, clamava assim por uma mudança total do conhecimento humano. Em sua obra "O Novum Organum", começa por criticar a filosofia e os resultados práticos defendidos por filósofos escolásticos, para Bacon apesar desses filósofos possuírem inteligências fortes, Bacon comparava-os a aranhas que teciam teias maravilhosas, mas que permanecem inteiramente alheios à realidade. Para Bacon o verdadeiro filósofo deveria ser como a abelha, que trabalha na acumulação sistemática de conhecimentos. Ressaltava constantemente o fato de que, até a sua época, os filósofos anteriores não trilhavam o caminho de uma ciência operativa, em benefício do homem, propôs então examinar tecnicamente as causas desse erro para se chegar ao conhecimento correto da natureza.
Em seus últimos dias de vida, Bacon terminou trabalhando como sempre o fez, pesquisando experimentalmente.
A obra é composta de três partes. Na primeira parte o autor aborda a vida e obra de Francis Bacon; na segunda parte, apresenta o conteúdo do livro I, onde Bacon inicialmente destaca a importância e análise da teoria dos fatores Ídolos, que segundo Bacon são os responsáveis pelos erros cometidos no domínio da ciência. Segundo ele a capacidade humana não é luz pura, ela esta induzida a vontade e dos afetos de si mesmo, gerando assim uma ciência que se quer. É sabido que o homem se inclina a ter por sua verdade o que a si prefere, rejeitando assim as dificuldades e impaciências que geram uma investigação de sobriedade. Enfim são várias as maneiras que os sentimentos, quase imperceptíveis age afetando uma verdadeira pesquisa. Esses sentimentos acabam interferindo numa neutralidade da pesquisa, pois " o intelecto humano não é luz pura, recebe influência da vontade e dos afetos, donde se poder gerar a ciência que se quer". Pois o homem se inclina a ter por verdade o que prefere. Em vista disso rejeita as dificuldades, levado pela impaciência da investigação, a sobriedade, porque sofreia a esperança; os princípios supremos da natureza, em favor da superstição, a luz da experiência, em favor da arrogância e do orgulho. Enfim inúmeras são as fórmulas pelas quais o sentimento, quase sempre imperceptivelmente, se insinua e afeta o intelecto. (Livro I: 49, p. 43).
Embusca de uma pesquisa confiável, Bacon classificou esses ídolos em quatro grupos: 1º) os ídolos da tribo, correm por conta das deficiências do próprio espírito humano e se revelam pela facilidade com que generalizamos com base nos casos favoráveis, omitindo os desfavoráveis.
Para Andrade (1999) "o intelecto humano é semelhante a um espelho que reflete desigualmente os raios das coisas e, dessa forma, as distorce e a corrompe". 2º) Os ídolos da caverna; "são os dos homens enquanto indivíduos" (Livro I: 42, p. 40 ?XLII), resultam da própria educação e da pressão dos costumes 3º) Os ídolos do foro; vinculam-se à linguagem e decorrem do mau uso que dela fazemos, segundo Bacon, são, de todos os ídolos, os mais perturbadores, porque "insinuam-se no intelecto graças ao pacto de palavras e nomes".(Livro I: 59, p. 46); 4º) Os ídolos do teatro, "imigraram para o espírito dos homens por meios das diversas doutrinas filosóficas e também pelas regras viciosas da demonstração" (Livro I: 44, p.41), decorrem da irrestrita subordinação à autoridade; por exemplo, a de Aristóteles.
Na terceira parte do Novum Organum que substituirá a indução por enumeração simples, nesse sentido, abordando as seguintes noções e conceitos: o conhecimento da forma, ou seja, de sua estrutura e da lei que regula o seu processo; organização de um registro, o mais completo possível, da história do fenômeno ou natureza estudados, feita por meio das tábuas da presença, de ausência e de graus. A primeira tábua demonstra a investigação sobre a forma de calor. Para Oliveira (2002, p.181 ), essa tábua "consiste em partir de uma mesma qualidade, de um mesmo fenômeno, buscar todos os exemplos, descrevendo os casos em que a natureza ou característica perceptíveis do que está sendo investigado se encontram presentes".
A segunda tábua é a "das instâncias privadas da natureza dada, uma vez que a forma, como já foi dito, deve estar ausente quando estiver ausente a natureza, bem como estar presente quando a natureza está presente" (Livro II: 12, p.111). Esta tábua Bacon designou como tábua ausência. Essa, segundo Oliveira,
E a terceira tábua, denominada por Bacon de tábua de Graus ou comparação, nela busca-se anotar a presença de um fenômeno segundo a sua maior intensidade.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS


A crença numa neutralidade absoluta, é impossível, pois qualquer que seja o pesquisador ele não consegue afastar dos seus valores, pois estes valores são partes do seu "EU". Partindo deste pressuposto, vemos que uma neutralidade só existiria se fosse possível separar o homem de seu cérebro. Porém, compreendendo ser impossível essa indivisibilidade, o que se espera de um pesquisador é que ele tenha um grau mínimo de contaminação ideológica no seu interior. O cientista ou o pesquisador não pode se deixar contaminar, é necessário que durante a coleta de instâncias para um novo conhecimento científico, essas coletas sejam isoladas de suas convicções particulares. A neutralidade e a imparcialidade são garantia de objetividade e máxima confiança numa pesquisa. Para se obter uma metodologia pura, é de suma importância que o cientista pesquisador aprenda a ser cuidadoso para não se deixar levar por preferências ou desejos, evitando assim distorções, para não invalidar a aplicação dos critérios de validação das explicações cientifica.
Essas distorções ou ideologias não podem interferir na obtenção do processo de dados na indução para as hipóteses iniciais.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

ANDRADE, José Aluysio Reis. Verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza. SP: Editora Nova Cultural Ltda, 1999.

BACON, F. Novum Organun. São Paulo: Nova Cultural Ltda, São Paulo, 1999.