O NOVO DIA
Publicado em 13 de dezembro de 2009 por Paulo Valença
Desviando os olhos, consulta o relógio sobre a penteadeira. Três e dez. Então fala:
- “Bem”, está muito tarde: acho melhor você pegar um táxi.
- Fique “fria”.
Aí, acabando de se vestir, acenando com a mão, ele despede-se.
Ela sorri em retribuição à saudação e ouve os passos duros se afastando, a porta sendo aberta, depois fechada... O rapazinho ganhou a rua. Quando o verá novamente? Ora... Bastará que lhe telefone, chamando-o. Mantém-se refletindo. Reconhece a necessidade prática de pôr um fim à amizade que alimenta, para evitar futuros problemas. Com jeito, se livrará do amante. Agora um banho lhe fará muito bem. Daí, se erguendo apressada, encaminha-se ao banheiro.
Cruza a sala. Através da janela aberta, vê a madrugada avançada. Quais as surpresas que o novo dia lhe trará? Logo, abrindo o chuveiro, com gritinhos nervosos, pula, se aquecendo.
Paulo Valença é autor paraibano, com livros de ficção premiados nacionalmente; Verbete do Dicionário Biobibliográfico de Escritores Contemporâneos; Verbete da Enciclopédia de Literatura Contemporânea; Membro de várias instituições literárias; Presente em diversos sites; Reside em Recife/PE.