O NOVO CONTEXTO SOCIAL DA EDUCAÇÃO


As conquistas do homem, na sua maneira de agir, com relação ao mundo exterior física e social e a si mesmo, não sendo transmissíveis por hereditariedade, tiveram de ser transmitidas, de geração para geração, por outra via, que é a da educação.
O homem, para sobreviver, teve que elaborar formas de comportamento, com relação ao mundo exterior físico e social, que o tornavam mais eficiente, na luta com a natureza e com os seus próprios semelhantes.
Essas formas de comportamento, no entanto, não são transmissíveis por hereditariedade, não passam, espontaneamente, de uma geração para outra. Era preciso descobrir, pois, algo que suprimisse o eterno recomeçar, na elaboração dessas formas de comportamento, que tornavam o homem mais eficiente e com mais probabilidades de se impor à natureza, tornando-a sua aliada, e a precaver-se melhor de seus próprios semelhantes, substituindo, lentamente, o individualismo e a competição pela socialização e cooperação.
A Educação foi, de início, a transmissão de formas de ação que ajudavam o homem a aproveitar-se da natureza e a melhor viver em companhia de seus semelhantes. Educação, por muito tempo, foi um transmitir experiência, voltada mais para o passado do que para o presente e o futuro. Em verdade, a pouca densidade populacional, as poucas exigências da vida individual e a rudimentar vida em comunidade pouco mais exigem.
O homem com o passar do tempo, foi tomando consciência de si mesmo, enquanto que a vida social foi-se tornando mais exigente, e com isso a educação do passado passava a ser insuficiente. Era preciso olhar para o presente e descobrir novas formas de ação, que atendessem a novas necessidades que se tornavam cada vez mais exigentes.
A educação surgiu de exigências presente, mas, aos poucos, com a mera transmissão de normas de comportamento, foi ficando no passado...
E foi uma verdadeira revolução quando o homem descobriu que o presente evidenciava situações para as quais as fórmulas do passado se revelam insuficientes.
Surgiu, deste conflito, a noção de que a educação deve ser adequada às exigências do presente e às realidades específicas de cada comunidade.
Na atualidade, porém, com o aumento acelerado da população e com as transformações sociais, a educação está sendo convocada para outra perspectiva, a do futuro.
Assim, a educação hodierna tem de se aproveitar dos bons resultados do passado, tem de prover soluções para as dificuldades presentes e tem de prever as exigências maiores de amanhã. Além das preocupações principais ? atender aos reclamos do presente e criar condições favoráveis à marcha para o futuro ? a educação tem de se haver com os reclamos do individuo e da comunidade que, dia a dia, mais se tornam exigentes quanto ao atendimento de suas necessidades e aspirações.
Em outras palavras, a educação tem em nossos dias, a árdua tarefa de criar condições de sobrevivência e desenvolvimento do homem e da sociedade, aproveitando-se de fórmulas eficientes do passado, pesquisando outras que se fazem necessárias e prevenindo o que poderá ocorrer, pelo menos, em futuro próximo, tendo em vista os complexos problemas que estão se avolumando com o aumento populacional, desenvolvimento industrial, produção de bens de consumo e sua distribuição, aspirações e novas formas de organização sociopolítica, democratização das massas, estas cada vez mais impacientes para participarem do governo e de todas as oportunidades da vida social.
Educação individual e social
A educação tem de atender a dois pólos aparentemente opostos e antagônicos, que são individuo e sociedade.
A educação deve ser individualizada, dizem uns, porque o homem é a razão de ser de todo esforço educativo, uma vez que a sociedade não subsiste sem este,
A educação deve ser comunitária, dizem outros, porque o destino do homem é viver em sociedade. É esta que empresta ao homem as condições que possibilitam a sua realização. As duas correntes parecem grassarem em erro, pelas posições extremadas que assumem.
A Constituição da República do Brasil promulgada em 1988, pela primeira vez na história, inicia e explicitação dos fundamentos do Estado Brasileiro elencando os direitos civis, políticos e sociais dos cidadãos.
Os fundamentos do Estado Democrático de Direito são: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político (art. 1º da Constituição Federal).
Nessa concepção restrita, a noção de cidadania tem um significado preciso é entendida como abrangendo exclusivamente os direitos civis (liberdade de ir e vir, de pensamento e expressão, direito à integridade física, de liberdade de associação) e os direitos políticos (eleger e ser eleito), sendo que seu exercício se expressa no ato de votar.
A conquista de significativos direitos sociais, nas relações de trabalho, previdência social, saúde, educação e moradia, restrita de cidadania.
A sociedade brasileira carrega uma marca autoritária: uma sociedade escravocrata, além de ter uma larga tradição de relações políticas paternalistas e clientelistas, com longos períodos de governo não-democráticos. Até hoje é uma sociedade marcada por relações sociais hierarquizadas e por privilégios que reproduzem um altíssimo nível de desigualdade, injustiça e exclusão social.
Portanto, discutir a cidadania do Brasil de hoje significa apontar a necessidade de transformação das relações sociais nas dimensões econômica, política e cultural, para garantir a todos a efetivação do direito de ser cidadãos.
No âmbito educativo, são fundamentos que permitem orientar, analisar, julgar, criticar as ações pessoais, coletivas e políticas na direção da democracia.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ao propor uma educação comprometida com a cidadania, elegeram, baseados no texto constitucional, princípios segundo os quais tende a orientar a educação escolar.