O problema da defasagem educacional no Brasil é histórico e tem seu início ainda no Brasil império, onde, por questões óbvias, o negro não gozava de qualquer espécie de privilégio, devido a sua condição de limitação social, em geral como escravo, embora a sua força de trabalho representasse um importante fator de enriquecimento da classe colonial brasileira. Passado o período colonial e o conseqüente desligamento dos laços lusitanos, o Brasil passou então a experimentar "andar com as suas próprias pernas", tendo como exemplo de desenvolvimento os sistemas de gestão inspirados em modelos europeus. Entretanto, as abordagens de desenvolvimento implantados no Brasil pós- colônia não surtiram os resultados favoráveis esperados e a " culpa " por inumeráveis insucessos recaiu sobre os ombros dos mestiços. Mesmo não oferecendo qualquer incentivo educacional, social, psicológico ou econômico para o desenvolvimento do negro, a sociedade constituída de então esperava que houvesse uma manifestação colaborativa satisfatória por parte da classe negra excluída. No entanto, o pensamento da classe dominadora da época era o de que a miscigenação seria a principal responsável pelo suposto déficit cultural do povo brasileiro. “Essa avaliação teria sido feita por homens brancos considerados “ilustres” e que naquele momento político da vida brasileira, representavam a chamada ‘elite intelectual”. Durante todo esse período, o negro brasileiro permaneceu num estado geral de desassistência por parte dos governantes e da maioria da sociedade, tanto que o negro continuou sendo discriminado e negligenciado em todas as áreas e a falta de uma política educacional voltada para o brasileiro em geral, só reforçava e acentuava a exclusão do negro na sociedade como um todo e a sala de aula representava um objetivo distante e por vezes, impensável para a maioria da população negra excluída. É bom lembrar que o Estado brasileiro, ao longo das décadas pós-colônia, não conseguiu superar de todo essa defasagem educacional em relação ao negro e o resultado nos dias atuais tem sido um desempenho abaixo dos parâmetros considerados normais. No entanto, existem algumas tentativas de superação desse problema, protagonizadas principalmente pelos movimentos negros. Aliás, um fato relevante e de extrema importância continua sendo a busca por uma educação formal de qualidade, que representa um fator crucial de desenvolvimento e o principal meio de ascensão social do negro no universo do conhecimento científico, além de estabelecer e posicionar o negro num patamar de destaque perante o panorama social, cultural e econômico do Brasil.