UNEB ? PPGEduC ? Educação, Gestão e Desenvolvimento Sustentável
Professores: Eduardo Nunes e Avelar Mutim
Discente: Adilton Dias de Santana

Paulo Roberto Padilha, Município que Educa.
Paulo Roberto Padilha é mestre e doutor em educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, atual Diretor de Desenvolvimento Institucional do Instituto Paulo Freire, onde trabalha há 15 anos, É coordenador geral do Programa Município que Educa, e coordenador de formação e pesquisa/Equipe Brasil, que envolve 5 países (Brasil, Argentina, Espanha, Itália e Portugal.
Município que Educa é um novo conceito criado por um grupo de militantes do IPF ? Instituto Paulo Freire, dentre outros Paulo Roberto Padilha, e que no Brasil teve impulso com a Constituição Federal de 1988, no qual se estabeleceu na lei maior de um país a descentralização política e administrativa, isto é cada município obteve a autonomia para criar seus próprios sistemas municipais de educação, passando a constituir-se como um espaço de poder, claro em articulação e colaboração com estados e Governo Federal.
Município que Educa propõe que cada município possa se articular em torno de princípios da "educação cidadã" e da busca da "cidadania planetária", isto é, significa a organização de pessoas, instituições sociais e organizações não governamentais tendo como ponto de partida o desenvolvimento local sustentável. Caracterizando abordagens multisetoriais com ações articuladas e participativas adotando a ação educativa coo fio condutor de todas as políticas do município, em andamento ou a serem propostas, desenvolvidas, avaliadas e acompanhadas com o conjunto da municipalidade com base na observação e colaboração permanente da gestão pública.
A fundamentação prático-teórica do conceito Município que educa parte das experiências da educação popular desde os anos sessenta do século 20, dos movimentos sociais na América Latina em relação as ditaduras militares da década de setenta e da Escola Pública Popular que Paulo Freire inaugurou no final da década de oitenta, da escola cidadã e do Movimento da Educação Cidadã que nasceu também no final da década de oitenta e se fortalece até os dias atuais.
As obras que fundamentam a teoria do Município que Educa são inicialmente o livro de Ladislau Dowbor (1987) intitulado "Introdução ao Planejamento Municipal" onde se discute a descentralização politica administrativa da educação, o segundo trabalho é o livro de Moacir Gadoti, cujo título "Escola Cidadã: uma aula sobre autonomia da Escola" (1992) em que discute a dicotomia escola e comunidade local, são fecundos diálogos com o professor Jose Eustáquio Romão, ente outros. Uma terceira obra seria um livro de Paulo Freire Educação na Cidade (1991), que reflete a sua experiência e a de Mario Sergio Cortela à frente da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo no período de 1989 a 1992.
Existem outras publicações que fortalece o conceito do tema, um dado importante é a experiência "cidades educadoras" organizado por Gadoti e outros, surgida em Barcelona em 1990 em que congrega cidades cujos governos se vinculam a Associação Internacional das Cidades Educadoras (AICE) e que a partir da adesão de seus governantes, passam a orientar-se pelos princípios da Carta das Cidades Educadoras.
A pedagogização da sociedade moderna assentada nos princípios do neoliberalismo ou da revolução neoconservadora, em que se enfatiza uma educação mercadológica que propõe a formação do sujeito para atender a fome do mercado tem tido um movimento político e social que culminou com o surgimento do conceito de Município que Educa, assim, a cultura é produzida com o discurso neoliberal e reproduzida por governos através da educação incluindo a escola como o foco irradiador e os meios de comunicação social.
Esta reflexão sobre o Município que Educa dialoga com o conceito chamado experimentalmente de "Pedagogia Intertranscultural", que se refere às práxis educativas intencionais, escolares ou não e propõe uma discussão mais ampla da criação e reprodução da cultura, modalidades, diálogos interativos entre as aprendizagens que acontecem em todos os níveis sociais através das relações humanas e experiências de vida na sociedade.
Esta publicação é de suma importância, pois reflete uma construção que necessita ser compreendida no seu tempo e espaço histórico para que possamos agir como sujeitos e educadores que rompam com o modelo de educação que ainda persiste na pós modernidade, da lógica de mercado, da rotinização e do treinamento sem fim, sem relação com o ambiente local, com nosso planeta ou mesmo com uma proposta de desenvolvimento local sustentável.
Uma obra para todos os públicos, educadores, pesquisadores, políticos, administradores, etc. alunos da graduação e pós-graduação que desejam estudar uma temática atual e que necessita de militantes para que juntos possamos construir um novo mundo ou reconstruir, resignificar, criar signos sociais ou mesmo plasmar uma cultura de desenvolvimento sustentável não só dos espaços sociais, dos recursos naturais, mais de nós mesmos que vivemos angustiados com as exigências mercadológicaspostulada por uma ideologia global e neoliberal que esgota nosso próprio mundo.