O Mundo sensato de Amadeu

 Meu Amor, minha querida, minha vontade de viver, minha deusa, prenda amorosa, eu lhe imploro desculpas de toda ordem, mas me sinto forçado a novamente retomar as minhas manifestações de apreço, e afeto por você.

 Li toda reportagem que você me cedeu. Adorei porque é cientificamente o que se sabe até essa data a respeito do homem e da mulher.

 No estudo todo não há menção de relações ambíguas entre amigo e prenda – não era o objetivo do estudo, além do que, como sabido, vigora um grande tabu sobre tais questões – disto nós muito bem o sabemos.

 Mas a atração que sinto por você é bem esclarecida. No que creio, está patente no antepenúltimo e no último parágrafo,

 “(...) Agora, quando aquela pessoa remete você a algo além  da mera necessidade de sexo, porque faz você realmente ter a sensação de bem-estar, começa a se estabelecer um vínculo, porque, além da satisfação sexual, há outras recompensas desse contato”, diz Carmita Abdo.”

Lá no último trecho do estudo é dito,

      “Além da função que conhecemos, o impulso sexual tem outros propósitos, como fazer e manter amigos, proporcionar prazer e aventura, tonificar os músculos e relaxar a mente. Mas, apesar desses benefícios, o sexo tem de ser feito com a pessoa certa (nada a ver com se guardar para o príncipe ou princesa encantados), ou seja, precisa rolar a tal química, que nem sempre funciona da mesma maneira para todo mundo.” [Galileu I, junho de 2008]

Portanto, como se vê, afastando-se o absurdo preconceito existente a respeito dessas questões afetiva e sexuais envolvidas no caso, quando vivemos dentro do Terceiro Milênio sendo as canecas pensantes libertas do atavismo arcaico e sem sentido para os sentimentos afetivos, afirmo-lhe manter a minha vontade honorável e respeitável, além de humanística, recaindo sobre o desejo afetivo de relacionar amor e sexo, carícias e favores afetivos, numa troca justa e consentida na qual o respeito e a segurança do amor total possa ser deixado viver em seu caminho sereno e leve como a pena no ar e a bruma num horizonte sonhado em todos os seus percalços, pois, o que gostoso, muitas vezes é tenebrosamente perigoso.

 Por tais razões, mantenho o desejo de estar com você, sozinhos, a pensar, falar, mexer, cheirar, beijar, acariciar, tentar inovar o que possa ser, talvez, inovado; ou simplesmente repetirmos o que de costume se faz há milênios, porém, com uma visão nova, nítida, sincera, transparente, leal, honesta, coisas comuns de quem preza e tem apreço pela pessoa outra à sua frente.

 Pense em tudo isso que lhe disse e estude uma boa resposta, mas não seja tola ou preconceituosa, você tem muito mais a ganhar, eu também, se decidirmos coerentemente por nossa forma de nos alegrarmos e nos realizarmos como seres que têm todos os direitos assegurados para a felicidade. A lealdade e fidedignidade são, sem dúvida, a maior vitória que poderíamos atingir.

 Podemos sim, sonharmos juntos e realizarmos juntos, o que ninguém mais pode fazer por nós.

 “Nossos sonhos são premonições de nossa capacidade inerente de vermos aquilo que somos capazes de realizar.” (Goethe)

 Yolanda, você não acha que poderíamos ao menos tentar de forma honesta esse sonho (que pode ser somente meu, mas que, talvez, eu possa sonhar  junto com você), sem que isto possa ou deva afetar as nossas respeitáveis e queridas relações  do campo fatual da vida.

 Eu quero e desejo.  Só depende de você.

 Mais uma coisa quero lhe dizer.  Você não faz idéia do prazer que sinto quando estou ao seu lado passeando.  Mas meu maior desejo, ainda, é poder viajar com você para uma chácara ou clube, aonde possamos ficarmos livres de tudo e de todos – incluindo celulares.

 Sempre que desejar me dizer alguma coisa, mesmo que seja dura de ouvir ou de ler, não desperdice tempo. Deixa sempre suas cartas no mesmo lugar de sempre, debaixo do viaduto da vida onde tudo pôde começar.

Receba um grande beijo e o meu muito agradecimento por todo o carinho demonstrado no dia passado no ultimo verão.   Obrigado. Amadeu Jorge.

Assis Rondônia,

Limeira, 11.1.2012

Nota: Essa história foi contada na Cidade de Cornélio Procópio. Nomes naturalmente fictícios.