O mundo estava acabando... acordei !

 

Edson Silva

 

Não foi a primeira vez que sonho com o fim do mundo. Já adianto que não assisti aos filmes 2.012 ou Avatar e nem sou fanático por alguma religião. Não se assustem, apesar de tudo que é feito contra natureza, por enquanto o mundo continua firme e forte. Mas foi um sonho impressionante. Estava eu, no sonho, com os quatro irmãos que me restam (seria alusão aos Quatro Cavaleiros do Apocalipse?) e começava desabar uma tempestade muito forte mesmo.

 

Na verdade, naquele dia que virou noite, o céu ficou tão denso, que parecia não agüentar seu peso e estava desabando, juntando-se a Terra. A Terra também não parecia ser mais a mesma. Ela parecia inchar para juntar-se ao céu, lembrando um bolo crescendo sob efeito do fermento. Ventos, ora em forma de imensos cones verticais de furacão; ora como redemoinhos transversais no ar, faziam misturar, como em liquidificador, o azul acinzentado do céu com árvores, ruas, calçadas e tudo que arrancava do chão, que parecia subir ao seu encontro.

 

A chuva acumulava no meio de campos, fazendo surgir ondas lamacentas e barulhentas do meio de milharais e de outras plantações, que eram ceifadas impiedosamente. Era um mar em que as ondas não recuavam, avançavam para as baixadas, deixando o rastro de destruição. Sob a ventania, os telhados das casas se desmanchavam e as telhas espalhadas pelo ar pareciam biscoitos waffer carregados ao léu. Não sei se tinha medo, talvez um pouco, pois pensava nas pessoas que mais gosto: filhos, irmãos, sobrinhos, netos, primos e amigos...

 

Começava pensar como as pessoas estariam naquela hora. Certamente, as de fé mais assídua estariam evocando o Criador ao seu jeito: Jeová, Deus, Senhor, Javé, Pai, Rei dos Reis, Todo Poderoso, Alá, ou da forma que se sentissem mais seguras ante ao fim, que parecia ser mais do que eminente... Acordei, era um sonho, o mundo continua aí.

 

Talvez isso seja alerta para como tratamos nosso mundo. Na reunião mundial pelo clima do planeta, em Copenhague, exceto pelo desabafo emocionado de nosso presidente Lula, nada ou quase nada foi decidido em se fazer por este, como disse o Zé Ramalho, “... asteróide pequeno que todos chamam de Terra...”  lembrei de uma coisa que o Raul Seixas, que dizia não ser profeta do Apocalipse, disse na música “As Aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor”, de 1974.

 

Segundo Raulzito, “ ... mexeram muito com o planeta e ele via a Terra como um cachorro que ao não agüentar mais as pulgas, livra-se delas com um sacolejo...” É, em Copenhague, as “pulgas” mais poderosas do mundo deixaram decisões, que poderiam ser sérias, acabarem em pizzas, ou seria em chocolate ?!

 

Edson Silva, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

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