O Mundo de Platão.

Diante desse tribunal.

Inquisitório.

O que eu tenho que dizer.

 A sabedoria.

Não pertence aos vossos.

Mundos.

O caminho de vocês.

É a mais pura empiricidade.

O mundo da cegueira.

A  total escuridão.

Mundo alienado.

É a realidade comum dos homens.

 O meu mundo.

Pertence a reminiscência.

 Venho de outro mundo.

Disse Platão.

Os vossos mundos.

São cópias imperfeitas.

Motivo pelo qual.

Seus olhares.

Representam apenas.

O fundo de uma caverna.

São tão imperfeitos.

Presos lá em baixo.

Enxergam por um cone.

O que desponta.

Como realidade.

É tão somente.

Um pequeno vácuo.

E pensa que a verdade.

É um  círculo acima.

O mundo real.

Das vossas ignorâncias.   

 Tudo que sei dizer.

As suas imperfeições.

As  incompreensões.

Não vem do mundo.

Dos deuses.

 Querem governar.

Como impostores.

Digo-vos.

São vossos desejos.

Levar-me a prisão.

 Para poder governar.

Na mais absoluta.

Ignorância.

E não querem aceitar.

Que terão de voltar.

Tantas outras vezes.

Até chegar a perfeição.

O tribunal.

Diante da sua defesa.

Mesmo que seja apologética.

Metáforas da metafísica.

Então perguntou o tribunal.

Platão o filósofo da sabedoria.

Se homens.

Os especialmente sábios.

Não voltam mais.

A empiricidade comum.

Quem sofrerá.

A eterna repetição.

A resposta foi veemente.

Aqueles aqui nessa caverna.

Que não desenvolver o suficiente.

Para entenderem.

Os fundamentos dos deuses.

Os filósofos sim estão libertos.

Os políticos condenados.

 E as mulheres.

Perguntou o tribunal.

A caverna não explicava a teoria.

Não teve de fato outra saída.

E respondeu com veemência.

O critério é a mais elevada beleza.

Compreendam.

Com sabedoria.

As bonitas ornamentarão.

Os afeitos do céu.

E percebendo que seria de fato.

Condenado.

Mudou o discurso.

Entre vós.

Apenas um sábio.

 Um gênio diria.

Compreende a caverna.

Uma pena não faz parte.

Desse julgamento.

Por não ser escolhido.

E tu Academikós.

O rei da sabedoria.

Entre todos os gregos.

Nenhum outro igual.

Após tantos elogios.

Saiu o resultado do julgamento.

 Platão foi condenado.

Como existia uma velha tradição.

O prisioneiro poderia ser vendido.

Como escravo.

Platão foi leiloado.

 Após certa discussão.

Academikós compra sua nova.

Propriedade.

O tribunal cheio de perversidades.

Pergunta ao novo patrão.

Qual é a pena do vosso servo?

Academikós.

Respondeu sorrindo.

A liberdade.

Ainda darei a ele.

As condições de criar.

A primeira universidade.

Platão cheio alegria.

Beijou as mãos.

Do novo superior.

 Academikós.

A minha homenagem.

A vossa pessoa.

Na forma da mais absoluta.

Gratidão.

Imortalizarei-te.

Na nova academia.

Criarei a etimologia.

Todo homem nesse planeta.

Que atingir a sabedoria.

Será denominado.

De acadêmico.

Em vossa homenagem.

E desse modo.

No mundo da linguagem.

Surgiu o termo técnico.

Aplicado aos gênios.

Os acadêmicos.

Homenagem de Platão.

Prestado ao seu libertador.

Esse poema foi escrito, quando era seminarista, estava fazendo noviciado no convento do caraça, em uma tarde andando pelo o pátio do grande santuário, resolvi formular esses versos, que ficaram tantos anos guardados em minha memória. O noviciado naquela época era intermitente, realizado nas férias, portanto já estudava Teologia.

Edjar Dias de Vasconcelos.