O MINISTÉRIO DO ESCRITOR

Quando estava prestes a ascender aos céus, Jesus falou aos escribas e fariseus que lhes enviaria profetas, sábios e escribas. Mt 23.34.

Eles realmente precisavam de uma séria orientação que viria através destes ministérios.

Naquele tempo os escritos estavam confinados a uma casta restrita e não havia nada registrado a respeito de Jesus.

Tudo eram rolos de pergaminhos do Antigo Testamento e alguns papiros precariamente conservados.

Esses papiros antigamente cresciam às margens do rio Nilo. Atualmente não são encontrados no Egito, mas somente na parte superior do vale do Nilo, alastrando-se nos pântanos do Lago de Merom. Seu caule atingia de 2 a 5 metros de altura, terminando no formato de guarda-chuva. Suas folhas eram lanceoladas, das quais se fazia um tipo de papel.

Nessas folhas de junco, cuidadosamente preparadas, muitos textos bíblicos foram escritos.

Os pergaminhos eram rolos preparados com albumina e alúmen, usando-se peles de carneiros.

Somente a partir dos meados do primeiro século começaram a surgir os manuscritos do Novo Testamento.

Provavelmente o primeiro escriba foi Marcos. Depois, muitos outros evangelhos foram escritos, porém somente quatro foram canonizados ? Mateus, Marcos, Lucas e João.

Ninguém pode determinar quem foram realmente os autores dos livros neotestamentários, com exceção das epistolas assinadas e do Apocalipse mas, a verdade é que, o Senhor levantou escribas para narrarem seus ditos e feitos e para orientarem sua igreja nascente.

Os escribas, ou eruditos, ou homens de letras eram profissionais responsáveis pelo estudo da lei mosaica. Eles a administravam ao povo e eram também juízes.

Também eram chamados mestres ou guias.

Eram principalmente escritores e/ou copistas.

Em toda a história da igreja nunca deixaram de existir escritores abençoados. Existem alguns que usam da pena para expressarem frustrações, traumas e vícios, mas existem aqueles que têm abençoado muitas vidas com seus escritos.

Nos anos 70 trabalhei com um desses santos escribas do Senhor, o Rev. Orlando Boyer. Traduzi livros, revisei traduções, corrigi artigos e livros e o acompanhei em suas labutas.

Naquele tempo já havia escrito alguma coisa, mas não com a facilidade que recebi depois do Todo-Poderoso.

Eu morava e ministrava em Taubaté e o Rev. Orlando Boyer morava em Pindamonhangaba que ficava a menos de 100 quilômetros de Taubaté.

No dia em que ele completou 80 anos eu estava de cama, com febre, frio e dor de cabeça. O frio de são Paulo dava-me, de tempos em tempos, uma gripe brava.

Por volta das 8h da manhã o Rev. Boyer fez esta insólita oração ao Senhor:

- Pai, eu estou completando hoje oitenta anos e estou sozinho nesta casa. Eu quero te pedir que o Senhor mande o Paulo aqui para passar o dia comigo.

Naquele exato momento, sem eu saber de nada, repentinamente, a gripe sumiu.

Levantei-me, tomei uma ducha e fui até o terminal dos ônibus. Tomei um para Pinda (como chamávamos carinhosamente Pindamonhangaba) e, dentro de pouco tempo, estava diante da casa daquele gigante da fé.

- Graças a Deus! Exclamou ele. Eu sabia que o Senhor não deixaria de me atender.

Foi aí que fiquei sabendo de sua oração especial.

Ele já estava preparando um saboroso repasto.

Almoçamos juntos, conversamos muito, e ele falou sobre seu ministério de escritor, dos livros que tinha escrito e publicado e da importância de se escrever para o desenvolvimento da obra de Deus.

No final da tarde preparei-me para voltar a Taubaté, onde teria que pregar à noite.

O Rev. Orlando Boyer, com uma expressão solene no rosto, me falou:

- Paulo, eu tenho algo para lhe dar. É uma herança. A unção de escritor que está em mim, quero transmitir para você.

Fiquei extasiado.

Ele, então, segurou minha mão direita e orou ao Senhor, transmitindo daquela unção para mim.

Depois disto já se passaram 32 anos. Daquele dia em diante disparei a escrever.

Hoje já tenho vários livros publicados, artigos, lições de escola bíblica, matérias de estudo teológico, comentários, etc.

Fiquei surpreso com duas coisas um destes dias:

Primeiro, descobri que vários dos meus mais de 500 artigos foram traduzidos e estão publicados na Rússia! E em russo.

Segundo, coloquei no Google, na Internet, o meu nome, assim entre aspas, "Paulo de Aragão Lins" e descobri que já existem 122.000 páginas relacionadas.

Glória a Deus pelo seu dom inefável!