A despeito de tudo que se ouve e vê em relação ao evangelho de Jesus Cristo, esbarra-se nas sandices religiosas do populacho menos avisado. Muitos líderes religiosos observando o mercado da competitividade abriram seus negócios (empresas cristãs sob aparência de igrejas) a fim de aumentarem as crendices folclóricas, num Jesus retórico, que espelha a grandeza do mundo “globalizado”. Sob a forma de sonhos utópicos assemelhados às fábulas épicas dos Homeros populares, assistimos o ressurgimento da “era” inquiridora no aspecto “toma lá dá cá”. São os leilões da fé que, sem maldade aparente, despojam bolsas, carteiras, cheques, cartões de créditos, etc. Sob forma de culto, iniciam-se os sermões que parecem mais uma sessão de auto-ajuda com propósitos definidos pelo rincão mazelais pecaminosos; o combate ao pecado pouco importa. O que importa mesmo é o resultado financeiro, afinal o show não pode parar e o leilão não pode render menos que a meta estabelecida! Vale tudo, inclusive o desencapetamento total, o bolo da multiplicação, e outros absurdos desvairados.


Os leilões da fé vão acontecendo, gradativamente, numa proporção de equivalência financeira, pois, conforme a arrecadação, o próximo evento é mais sofisticado. E o pecado vai corroendo a alma aos poucos, pois, em tais movimentos (shows) não há a figura de Cristo como Salvador, senão somente como coadjuvante no processo, desencadeado pela ganância dos astros que promovem a escandalização do Nome Santo do Senhor e Salvador das almas.


Lembram-se das trinta moedas de prata? Era o preço de um escravo nos tempos de Jesus. E, não foi por esse preço que Jesus foi vendido por um de seus discípulos? Judas Iscariotes! Reparem que, atualmente, as imposições contributárias dos “carnês” e “voluntariedade” são de valor semelhante ao preço que pagaram pelo Mestre, na ocasião da traição?


Jesus foi leiloado por um dos seus! Aquele que gostava de carregar e tomar conta da bolsa financeira… “Entrou, porém, Satanás em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, o qual era do número dos dozes. E foi e falou com os principais dos sacerdotes e com os capitães de como lho entregaria, os quais se alegraram e convieram em lhe dar dinheiro. E ele concordou e buscava oportunidade para lho entregar sem alvoroço” (Lc 22.3-6). Judas leiloou a Jesus visando o lucro que obteria com aquela transação. Ainda hoje, muitos que se dizem discípulos de Jesus, o estão leiloando a preço de escravidão. Sim, pois, fazem de Jesus um empregado que deve acatar o disparate das crendices folclóricas religiosas, impondo um costume antibíblico e sem base doutrinária.


Há cultos que são verdadeiros leilões, descaracterizando a unidade da fé, levantam fundos gananciosos, ensinando que Jesus quer o bem de todos. Que, para alcançar esse bem, é necessário dar cada vez mais ao movimento que estabelece o vinculo entre dar e receber. Porém, somente é possível dar ao Senhor aquilo que do Senhor recebemos. Isto é, dele recebemos a salvação dos pecados e um novo nome, o que está longe da realidade apresentada sob a forma capitalista episcopal, vaticaniana nos meios dito evangélicos.


Após muitas transações embaraçosas, do tipo “APOSTAR” numa vida melhor, sem passar pelo processo da conversão genuína, com arrependimento para um novo nascimento, os “frustrados religiosos” e “folcloristas”, ao invés de aceitarem a Cristo verdadeiramente, se tornam os sem denominações. São os retirantes da fé que, em procissão adentram e alardeiam os reais cultos ao verdadeiro Senhor e Salvador Jesus. Ali espreitam, espionam e querem tirar a liberdade espiritual dos “adoradores de Deus”. É quando, numa dessas reuniões de poder sobrenatural regido pelo Espírito Santo, se descobrem espoliados e desventurosos, por que não mais é necessário dar lances pela vida de bondade e plena de gozo na Paz do Senhor Jesus. Pois, o preço pago na cruz, não foi o preço banal de um escravo qualquer, mas um resgate pleno que rasgou a cédula do pecado imposta a Deus pela decadência moral, espiritual e ética da humanidade.


Não temos que escutar “quem dá mais” ou “que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E eles pesaram trinta moedas de prata” (Mt 26.15). Ainda que Jesus seja alvo dos leiloeiros da fé, a verdade é que o preço de uma alma não se compra pelo valor efêmero que, promocionalmente, apresentam no movimento da “prosperidade” terrena. Senão, a morte de Jesus é em vão, e as mansões celestiais ficarão às traças. Portanto, a verdade é: “… Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvo), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.4-9).                                                                 Pr. Ciro Rego Desiderio