O MERCADO DA INFORMAÇÃO

Nesta era da informação qualquer fato, evento, acidente ou catástrofe é imediatamente, quase em tempo real, lançado na feira livre das notícias para degustação ou indigestão de ávidos e carentes leitores.

Esta massa de informações é trabalhada pelos analistas, comentaristas, colunistas e formadores de opinião em geral e lançada goela abaixo do incauto consumidor de noticias, como um produto qualquer de consumo.

A informação é produtoaltamente perecível, de validade quase que instantânea. Qualquer demora na publicação de uma noticia pode ser comparada à venda de produto vencido ou deteriorado.

Por outro lado, como produto direcionado a interesses particulares, já devidamente revestido com embalagem atraente para seu consumidor, a noticia pode ser tratada na cozinha da imprensa com o tempero que melhor atenda ao gosto de sua clientela.

Vende-se qualquer coisa no mercado de noticias, desde acusações, duvidas, aplausos, defesas, exaltações. Há bolinhos para todos os gostos e maus gostos na feira livre das informações. Muitas vezes o consumidor come algum produto acabado sem saber o que há nele de verdade.

A verdade, que todos os "cozinheiros de redação" juram trabalhar como base de seus quitutes continua sendo alguma coisa desconhecida, estranha ao comensal apressado, como receitas guardadas a sete chaves pelos donos das formulas.

Faz-se qualquer coisa com "a verdade". A quem creia que já exista verdade transgênica, verdade genérica, etc,sendoque a verdade verdadeira vai entrando em extinção ou se transformando em artigos de museus para serem apreciadas pelos homens do futuro.

Há sempre alguém disposto a comprar uma "nova versão dos fatos", alguma idéia genial bolada para explicarcoisasque por si só apontam uma única direção.

Do ponto de vista das crenças o universose fecha em torno de nossos egos e qualquer idéia ou pensamento diferente passa a ser absurdo, inconcebível.

O pensamento do outro sempre está errado e nós, apenas nós somos donos exclusivos das verdades, sejam elas quais forem.

Principalmente se a versão que temos que sustentar seja paga regiamente pelo contratante que precisa dar roupagem nova e atraente à produtos vencidos ou estragados.

Como um produto qualquer de consumo que pode ser vendido em qualquer banca ou merceariaa noticia precisaria ser fiscalizada por algum "Procon de noticias" ou " Curadoria de informações".

Vender noticias vencidas ou deterioradas é uma das causas deste mau humor latente e desesperança que vem acometendo, como um câncer, o estômago da opinião publica.

O consumidor final, sob bombardeio implacável de uma propaganda subliminar, colocado de sopetão diante de um self service farto e variado fica indeciso sobre qualquer verdade provar ou comer primeiro.

O direito de livre opinião é um dos mais sagrados preceitos do estado democrático e de direito e só de falar em censura já nos causa arrepios pela triste lembrança da ditadura militar, mas é importante que, quem vende noticias esteja imbuído de sua responsabilidade social e se auto regule por balizas éticas e morais.

O vendedor de informações não pode partir para o trafico puro e simples de seu produto apenas em função dos interessesde quem paga mais.

A sociedade precisa urgentemente começar a discutir sobre a criação de Órgãos ou Agencias reguladoras capazes de fazer uma higienização nos meios de comunicação de massa como uma forma de melhorar a qualidade dos produtos e subprodutos das feiras livres da informação.

João Drummond