O menor, ainda, continua sendo o maior problema. Sacou!

Aos 18 anos, eu então um simples “foca” – iniciante na profissão – “escrevinhei” um artigo sobre a panaceia que especialistas inventavam para acabar com as estripulias macabras que a molecada fazia nas famosas rebeliões da Febem, hoje, Fundação Casa. Agora, aos 50 anos, calejado na profissão nem eles e nem eu sabem o que fazer com o problema. Eles conseguiram a proeza de mudar a coisa trocando o nome da causa: a Febem passou a ser chamada Fundação Casa. Bela solução!

Os problemas continuam os mesmos e ninguém continua sabendo nada. Não chegaram nem perto da fórmula para acabar com o caos juvenil. As bestas acabam optando por soluções simplistas para eliminar problemas complexos.

Querem a redução da maioridade penal – já queriam quando eu, foca, estava com 18 anos. Ruminam o “pensamento” que na redução da maioridade penal acontece a diminuição do problema. Santa imbecilidade. Mas, a burrice impera quando o campo das ideias enfrenta uma longa estiagem.

O nosso contemporâneo, o grande e trágico Nelson Rodrigues, disse (escrevia, enquanto eu “escrevinhava”) que toda a unanimidade é burra. Vivesse ele mais uns anos – até os dias atuais – quando todos querem beber o sangue jovem – talvez completaria “além de a unanimidade causar burrice coletiva também produz espasmos de sensação de inteligência”.

Pensam: o garotão com 16 anos, já sabe fazer filho, dirigir sem habilitação (CNH), gosta de sexo, drogas e rock and roll (isso no meu tempo, hoje é o funk) pronto! Cometeu uma barbaridade vai pra gaiola, e que se jogue a chave fora. Problema resolvido! Algo tão simples como vender parafusos e pregos de duas cabeças.

Um dos pontos importantes dessa cômica e trágica situação é que os espertalhões entregaram uma potente arma à molecada. O voto aos 16 anos, que é um gatilho para todas as ações ruins e boas, que não é uma particularidade do jovem, mas também do adulto.

Pelo que se vê em prefeituras, Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas, Governos estaduais e por fim no Congresso Nacional (Bras – Ilha), jovens e adultos fazem caca com o voto e no voto. Tanto que os eleitos, em sua grande maioria, seguindo os seus eleitores vão transformando a vida pública em privada, numa continuação da diarreia iniciada nas urnas.

Falar que a solução para todos os problemas do país são altos investimentos na educação já virou discurso de Matusalém. Mas, ninguém ouve o pobre velhinho. Aliás, tão problemático como o problema do jovem também é do idoso. São duas das fases mais desgraçadas da vida, isso no Brasil.

O jovem porque estão todos querendo transformá-lo em adulto precoce e o idoso, porque fora da linha de produtividade, é carta fora do baralho. Todos torcem para que eles partam, logo, para o desconhecido. É assim que o Brasil (des) trata os seus. Um muito bom dia a todos.

(*) Walmir Barros é jornalista; e o artigo não visa acrescentar soluções messiânicas ao tema, é só para mostrar que a imbecilidade está ao alcance de todos.