Fundação Armando Álvares Penteado

Curso de Comunicação Social – publicidade e propaganda

 

 

 

 

 

 

 

O marketing fetichista em uma cultura pornificada

 

 

 

 

 

São Paulo

2014

Priscila Pereira

 

 

 

 

 

 

O marketing fetichista em uma cultura pornificada

Trabalho apresentado no curso de

Comunicação Social com habilitação

 Em Publicidade e Propaganda da

Fundação Armando Álvares Penteado.

 

 

 

 

 

São Paulo

2014


RESUMO

Este texto trata a respeito do marketing utilizado na Pornografia on line com a finalidade de entender a sua extensão para a cultura e as marcas físicas tornando-a um prospero modelo de negócio através de conceitos que mexem com o subjetivo do individuo e assim procurando estabelecer um marketing de caráter fetichista.

Palavras-chaves: Marketing, pornografia, cultura, fetichismo


ABSTRACT

This text is about the marketing used pornography online in order to understand its extension to the culture and the physical marks making it a prosperous business model through concepts that deal with the individual's subjective and thus seeking to establish a marketing fetishistic character.

Keywords: Marketing, pornography, culture, fetishism


 

 

 

 

 

 

 

1. Introdução

Este artigo apresenta alguns resultados obtidos de minha pesquisa sobre a cultura pornificada, cujo o principal objetivo proposto foi entender essa tendência do marketing adquirir um caráter fetichista para ampliar seu público alvo de acordo com sua marca.

O objetivo geral da pesquisa desse artigo cientifico, por sua vez, originou-se dos seguintes livros – “Pornificados” escrito por Pamela Paul e publicado em 2006, no qual, procurava entender o que é essa cultura ponificada nos seus aspectos gerais, a segunda bibliografia consultada foi “Free- Gratis o futuro dos preços” escrito por Chris Anderson, na qual, discutisse estratégias e modelos para oferecer produtos gratuitos e ao mesmo tempo monetizá-los, e por fim, o terceiro livro utilizado foi “O poder do hábito “ de Charles Duhigg, na qual, apresenta modelos de negócios que fazem sucesso apoiando-se em hábitos.

A partir desta pesquisa, pôde-se formular a hipótese de que a nossa sociedade estaria passando por um marketing pornificado ou como irá ser chamado de marketing fetichista.

2. A nova cultura Pornificada

Você está no metrô e vê a maior parte das mulheres lendo um livro, ao conseguir ler o título, este chama-se "Cinqüenta tons de cinza", você põe os fones de ouvido para se distrair durante a viagem e ouve uma música da Britney Spears chamada Oh la la, ao olha pelo vidro da janela repara que o cartaz do próximo filme a ser lançado nos cinemas será uma cinebiografia da atriz pornô Linda Lovelace. No trabalho ao checar suas mensagens no seu e-mail você percebe mensagens assinaladas como XXX, no intervalo do café o seu amigo fala que possui uma pasta secreta em seu computador e que a visita casualmente quando está entediado. De volta para casa você checa seu whatsapp e percebe que entrou em um grupo onde as pessoas falam apenas sobre sexo e em casa com os seus filhos você assiste series como True Blood e Game of Thrones.

Há pouco mais de 40 anos atrás a pornografia era uma atividade exercida nos fundos de uma locadora, de um cinema ou até de sua própria casa, onde encontraria total privacidade, além disso seu conteúdo era direcionado a consumidores adultos e ao final de seu uso ele era deixado em  um mundo de sombras.

Seu crescimento meteórico está intimamente ligada a tecnologia e aos métodos de distribuição no meio digital. Sua prosperidade se deu através da adoção desses recursos dentro da Internet fazendo com que a sua disseminação ocorresse rapidamente, gerando o lucro. Vender o produto sexo torna-se algo simples, livre e barato dentro da rede, vindo com uma proposta de anonimato e com um acesso ilimitado. A pornografia online afeta diversas áreas, ainda mais em uma sociedade, na qual, está vivendo uma era mediada por imagens.

Essa intensidade com que as imagens são trabalhadas, fazem com que o seu consumo por conteúdos pornográficos cresça, a distribuição torne-se uma tarefa ampla para garantir a disponibilidade de conteúdos e principalmente afete a nossa sociedade de modo que a pornografia insira-se na cultura tradicional afetando áreas do entretenimento, relacionamentos, moda, educação e principalmente em como o marketing esta sendo trabalhado.

Segundo a autora Pamela Paul "Hoje a pornografia esta tão integrada à cultura popular que o embaraço e o segredo já não fazem parte da equação", ela conseguiu escapar do quarto e passou a conviver na sala de estar junto os seus filhos, remodelando todo o pensamento de uma sociedade. Hoje é normal vê profissionais desse ramo virarem celebridades com influência e serem referência no estilo de vida e no comportamento dos indivíduos, exemplos como Paris Hilton e Kim Kardashain ultrapassam barreiras e se tornam fenômenos culturais.

Essa integração maximizada resulta na perca de noção do consumo indireto da pornografia através vídeos, sites, serie, livros, redes sociais. A prática é feita de modo inconscientemente levando criarem hábitos que são manipulados a distância de um click. Pode-se dizer que a própria sociedade agregou essa cultura pornificada de maneira receptiva para o seu cotidiano e nomeou-a de status cool.

Devido a essa abertura disponibilizada pela Internet o público que consome essa nova cultura tem idade precoce, geralmente são pré-adolescentes que encaram essa atividade como mais um dos passatempos disponibilizado dentro da rede, elas retiram de dentro da pornografia online lições que determinam seu amadurecimento sexual, isso faz com as crianças de hoje entrem em contato mais intimo com uma máquina do que com um ser humano, conseqüentemente, isto irá alterar em suas relações futuras.

Mergulhados no mundo virtual jovens precoces e adultos consumidores natos, procuram a pornografia cada vez mais pesada, e por isso encontra-se um grau maior de exigência sobre o conteúdo. A internet veio para mudar as regras do jogo, permitindo a dissolvição entre o pornô leve e o pornô pesado confundindo os limites enquanto o alto teor de porte erótico é entrelaçado com a obscenidade, induzindo seus consumidores a procurarem com dinamismo e velocidade conteúdos mais explícitos.

 

3. O novo marketing Pornificado

A cultura pornificada integrou-se a rotina de diária das pessoas, no âmbito monetário a comercialização da pornografia no meio online vira uma transação milionária na Bolsa de Valores de Nova York. Vender pornografia online torna-se um modelo de negócio, em comparação aos grandes filmes de Hollywood que precisam de orçamentos milionários por exemplo, o custo de produção e distribuição de filmes adultos garante uma alta margem de lucro.

A pornografia online é vista como uma segunda opção para o sexo ou uma válvula de escape para o stress da sociedade, onde, permite-se que o usuário explore um mundo secreto da excitação. É como ir em uma loja à procura de um produto especifico ou como zapear canais de televisão. O consumidor depara-se com uma variedade de categorias e escolhe o produto com o qual se identificam.

Porém, é apenas uma fantasia induzida  por uma industria de prescrições, onde, os consumidores deixam -se serem levados por uma história que tenha um começo, meio e fim. Sendo mediados por um máquina tornando-se algo artificial e comercializado que apóia-se em atributos básicos como voyeurismo, fantasia e principalmente o anonimato.

Através da estratégia Freemium, onde disponibiliza amostras grátis para usuários básicos e uma outra versão premium, esta estratégia faz com que os fornecedores de conteúdo dêem de graça apenas uma pequena quantidade de seu produto esperando atrair os consumidores e incentivando uma maior demanda. Assim a pornografia online consegue novos consumidores, mantém os antigos e ainda encoraja ambos à transitarem do pornô leve para pornô mais pesado. As pessoas querem conteúdos gratuitos, porém, em seguida oferece algo melhor em troca de uma remuneração.

Além disso, a pornografia procura sempre inovar buscando plataformas digitais para conseguir alcançar ou ampliar seu target. Seus canais de distribuição variam de streaming de vídeo, chats ao vivo, banda larga, 3G. A tendência que se revela é a crescente utilização dos dispositivos móveis para ter acesso e consumir este tipo de conteúdo segundo dados do site Pornhub nesse segmento os usuários de Android lidera o ranking de 48,34% seguido do iOs com 40,60%, Smarthphones com Windows phone correspondem a 2,5% dos acessos.

Esse modelo Fremmium no mercado pornográfico online não funciona a longo prazo mas a curto prazo obtém impactos mais diretos na vida de seus consumidores devido ao dinamismo e velocidade que a rede oferece. Isso faz com que seus usuários tornem-se dependentes das endorfinas e da adrenalina liberadas durante o orgasmo criando dentro dela o cibervicio que está associado ao consumo de imagens pornográficas. Os anúncios publicitários pornográficos tem como objetivo estimular o consumo do pornô online utilizando como estratégia o teaser, criando assim o loop do hábito diário para criar uma recompensa através do orgasmo apoiando-se no desejo e na satisfação de ter o sexo e o prazer mesmo este sendo visto como algo mais artificial.

4. Conclusão

A cultura pornificada veio com a exploração da imagem do individuo facilitando a entrada da pornografia online, conseqüentemente, a sociedade aderiu esse estilo de vida e permitiu que a extinção que demarca aquilo que era privado ou publico, por isto a industria de conteúdos adultos online é vista como investimento que garante uma alta rentabilidade.

Apesar da alterações que sofrera durante esses 30 ou 40 anos é visível a tendência de consumo de conteúdos pornográficos por meio de dispositivos móveis e a distribuição deles através de aplicativos. Quanto aos futuros clientes em potencial ou a segmentos que devem ser explorados percebe-se que além de adolescentes e pré-adolescentes também é possível atingir  pessoas que trabalham ligados à tecnologia.

De um modo geral, a influência dessa cultura pornificada irá integrar-se cada vez mais ao próprio marketing passando este a ser encarado como um marketing fetichista que apóia-se em conceitos ou imagens lascivas para adquirir uma relação sólida entre produção,cliente e consumo. Isto será proporcionado através de marcas físicas ou digitais que irão apoiar-se em atributos trabalhados anteriormente apenas para produtos voltados nesse segmento adulto como a pornografia, motéis e sex shops esses mesmos atributos serão reutilizados em campanhas de produtos diários.

Algumas marcas já trabalham com esse marketing fetichista utilizando conceitos trazidos pela pornografia online e aderindo em suas campanhas para dar aos seus consumidores um diferencial ao seus produto, exemplos disso é C&A, Devassa, Axe, Calvin Klein, que aplicam em suas campanhas a fantasia, a sedução garantindo êxito em suas vendas, além disso, elas conseguem envolver de forma subjetiva o consumidor de tal maneira em que ele se insira em um contexto sexual na hora da compra do produto.

 

 

 

Referências Bibliográficas

PAUL, Pamela. Pornificados. 1ª edição. São Paulo: Editora Cultrix, 2006.

ANDERSON, Chris. Free- Grátis: o futuro dos preços. 1ª edição. São Paulo: Editora Campos, 2009.

DUHIGG, Charles. O poder do hábito. 1ª edição. São Paulo: Editora Objetiva, 2012.