Na década de 80 do séc. XX, era de praxe presenciar muitas crianças em plena rua brincando de esconde-esconde, pega-pega, salva-latinha, amarelinha, boca de forno, dentre as inúmeras formas saudáveis que as crianças adoravam praticar próximo as suas residências, com segurança; não era comum um acontecimento trágico ou perturbador próximo a estes locais, a polícia agia de forma mais eficaz, os bandidos temiam a justiça e existia a censura para libertinagens ou qualquer ato imoral na comunidade e nos meios de comunicação.

Nesta época de euforia, muitos falavam da amplitude na democracia, houve nas décadas posteriores vários avanços na economia, política, maior avanço no intercâmbio de culturas com o surgimento e a proliferação da informática, avanços na medicina, etc., foi um Boom no desenvolvimento materialista.

Ao passar dos anos, a estrutura da sociedade veio sendo somadas e às vezes modificadas por algo ou alguma situação consequente deste boom, por exemplo: a implementação cada vez maior de máquinas nas indústrias, religiões mercantilizadas, ausência de filtragem no conteúdo dos meios de comunicação, contingente da mão de obra superior ao mercado empregatício, inflação e a política aderindo com uma democracia mais ampla de forma irresponsável, sem muito se preocupar com as consequências futuras, fazendo demagogias perante a sociedade.

Causando com esta estrutura vários rompimentos na população, criando fossos profundos na sociabilidade e na economia entre as pessoas; evoluindo para um desenvolvimento paradoxal da população, isto é, vai ficando cada vez mais difícil o cidadão se situar como igual, perante a justiça e perante a concorrência pela sobrevivência.

Com todo este aparato sendo moldado, acentua-se cada vez mais a marginalização, estas pessoas começam a procurar alternativas para se manter, procurando apoio político e quando não são atendidos, alguns de casos mais extremos recorrem à mendicância, outros se prostituem, roubam e até matam para conseguir algo.

Esta estrutura de desenvolvimento paradoxal se iniciou desde a evolução capitalista com a globalização e está se agravando no nosso século atual, em que se soma a todo este desenvolvimento, uma justiça deficiente, uma política econômica voltada para a minoria e uma total liberdade sem censura efetiva.

É neste contexto que se presencia uma mudança nos comportamentos lúdicos das crianças, que assimilaram uma cultura diferente, que não brincam com plena liberdade e segurança, sem temer algo, pois a marginalização está em um patamar muito diferente, acontecendo em larga escala os estupros, mortes, sequestros, pedofilias, assaltos, tráfico de drogas, fazendo desta sociedade um verdadeiro caos.

Hoje, o lúdico de antes, se tornou estórias e práticas platônicas para muitas pessoas, mas ainda existem famílias e instituições que tentam resguardar apaixonadamente estes momentos, praticando em locais fechados ou em regiões em que este boom do desenvolvimento ainda não se apoderou de suas estruturas.

O que predomina na maioria das regiões atualmente, são recreações e convívio familiar desestruturado, que contém conteúdos impróprios em que a criança é suscetível a manipulação pelas imagens e ou práticas de guerra, sexo, humilhações, intolerâncias ou consumo de drogas; fazendo com que muitas crianças cresçam com instintos agressivos e desumanos, tornando assim um ciclo vicioso para a posterioridade.