O LÚDICO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Observa-se que em algumas situações em sala de aula, os professores se utilizam de metodologias tradicionais nas aulas de língua portuguesa, não levando em consideração que as crianças necessitam do lúdico no seu processo de ensino aprendizagem,pois é através deste que irão aprender com mais prazer.
A utilização do lúdico como estratégia pelos professores e são compatíveis com a necessidade que os alunos tem de aprender a ler e a escrever.
O lúdico é utilizado no processo de alfabetização como um recurso para garantia de aprendizagem dos alunos.
O processo de alfabetização na escola tem sido o centro da discussão acerca da necessidade de melhorar a qualidade da educação no país. O eixo da discussão no que se refere ao fracasso escolar tem sido a questão da leitura e da escritura, que estão diretamente ligados á dificuldade que a escola tem de ensinar a ler e a escrever.
Para o aluno aprender a ler e a escrever, é necessário que a escola proporcione momentos de reflexão, diversão, comprometimento com o aprender e estimular a sociabilidade e a responsabilidade, através da ludicidade.
Os alunos precisam construir um conhecimento de natureza conceitual, compreendendo não só o que a escrita representa, mas também de que forma ela represente a linguagem utilizando como suporte o lúdico em sala de aula.
Na ação escolar, as atividades lúdicas podem ser bastante úteis em diversas situações pedagógicas, dado seu caráter motivacional. Seguidos da ludicidade, conteúdos de português entre outras disciplinas, podem ser melhor dirigidos. É possível brincar de pular corda e aprender português, desde que a aprendizagem da língua não seja o único objetivo, mas que as coordenações de espaço e tempo, as relações sociais, a diversão, a alegria, entre outras coisas, tenham igual grau de importância.
 A criança deve perceber que das atividades lúdicas surgirão às atividades de linguagem oral e escrita; sem,no entanto,isso ser uma regra, estando intrínseco em cada explicação da brincadeira pela professora,em cada relato dos jogos pelos alunos,na motivação do aprender pelo aprender,sem cobranças,mas brincando;é como se estivesse no seu mundo,o infantil,aquele do qual a criança nunca deveria ser retirada,a não ser quando crescesse,e não pela mídia,pela necessidade de  produzir,ou necessidade de imaturamente tornar-se adulta.
 Sendo assim, a alfabetização é entendida como um processo ativo,em permanente construção que não se inicia num momento determinado e não se restringe a rituais repetitivos de leitura e cálculos,mas que começa quando as crianças se expressam por gestos ou palavras no seu cotidiano. E o recurso do lúdico é um facilitador na aprendizagem da leitura e da escrita.
No ensino fundamental e educação infantil, o eixo da discussão no que se refere ao fracasso escolar, tem sido a questão da leitura e da escrita. Os índices brasileiros de repetência estão diretamente ligados às dificuldades que a escola tem de ensinar a ler e a escrever.
Diante desta perspectiva os profissionais de alfabetização devem utilizar de metodologias que venham de encontro com as dificuldades que os alunos apresentam na leitura e na escrita.
No livro “A Psicogênese da Língua Escrita”, a autora relata que “para aprender a ler e a escrever, os alunos precisam construir um conhecimento de natureza conceitual: ele precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a linguagem” (TEBEROSKY 1999).
A escola tem a função primordial de ensinar aos alunos as formas adequadas de uso da língua no contexto social e de garantir a todos os seus alunos os acessos aos saberes lingüísticos necessários para o exercício da cidadania. Cabe também a escola promover a ampliação do uso da linguagem, para que o aluno se torne capaz de interpretar diferentes tipos de textos, de comunicar-se oralmente com clareza e de produzir textos eficazes nas mais variadas situações.
Segundo Emília Ferreiro (1992), “a alfabetização enfrenta um dilema em sua qualidade de ensino que passa apenas pela possibilidade de decodificar textos breves e escrever algumas  palavras,porém sem atingir a língua escrita como tal”.
De todos os grupos populacionais, as crianças são as mais facilmente alfabetizáveis. Elas tem mais tempo disponível para dedicar à alfabetização do que qualquer outro grupo de idade e estão em processo contínuo de aprendizagem. Na medida em que a escola de ensino fundamental continuar expulsando grupos de crianças que não consegue se alfabetizar, continuará reproduzindo o analfabetismo dos adultos.
Um dos objetivos ausentes nos programas de crianças é o de compreender as funções da língua escrita na sociedade. “O ensino nas escolas continua apegado às práticas mais tradicionais, aquelas que supõem que só se aprende algo através da repetição, da memorização, da cópia, da mecanização.” (FERREIRO 2007).
O trabalho dos professores de alfabetização deverá primar por atividades pedagógicas que façam com que o aluno desenvolva sua capacidade de criar textos de forma espontânea e que entendam as reais funções da língua portuguesa no cotidiano dentro e fora da escola, como um poderoso instrumento nas ações sociais.
Segundo Soares (1994), ”É o uso da língua na escola que evidencia mais claramente as diferenças entre grupos sociais e que gera discriminação e fracasso: O uso pelos alunos provenientes das camadas populares, de variantes lingüísticas social e escolarmente estigmatizadas provoca”.
Segundo Ferreiro (1992), “a criança vive em um mundo letrado e se vê continuamente envolvida como agente e observadora do mundo letrado. Nós devemos nos preocupar então em darmos às crianças a ocasião de aprender. A língua é um objeto social que tem uma função social”.
 O papel do professor é primordial no desenvolvimento global da criança, podendo aguçar-lhe a vontade de vir para a escola, conhecer e aprender mais, tornando o ambiente escolar mais prazeroso.
Cabe ao professor, portanto, dar ao aluno espaço para revelar qual a sua bagagem de conhecimentos, mostrar um ambiente harmonioso e propício ao desenvolvimento da criança, em sua plenitude. Usará para tanto, o jogo, a brincadeira, as cantigas, a contagem de histórias, enfim, o lúdico, facilitando a interação físico-emocional das crianças no mundo escolar.
Segundo Antunes (1998), “o jogo ajuda a construir novas descobertas, desenvolve e enriquece a personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem e proporcionando ao educando um ambiente mais prazeroso e motivador”.
Os jogos e as brincadeiras são excelentes oportunidades de mediação entre o prazer e o conhecimento historicamente constituído, já que o lúdico é eminentemente cultural. Os jogos ajudam, também a criar um entusiasmo sobre o conteúdo (vocabulário, gramática e expressão oral), a fim de considerar o interesse e as motivações dos alunos em expressar-se, agir e interagir nas atividades lúdicas realizadas na sala de aula. É através do brincar que se permite no processo de aprendizagem a conquista da liberdade de aprender e de aquisição de cultura. É neste sentido que as pessoas voltadas para a educação e a aprendizagem precisam prestar um pouco mais de atenção.
Atitudes que possibilite ao educador construir um olhar clínico e uma escuta sensível-reflexiva sobre o grupo de forma que ele, o grupo,possa ser reconhecido como sujeito de criação.
Segundo Rosa (2003), “Os espaços educativos formais, o sensorial, o emocional e o lúdico parecem não combinar com o racional, por isso não costumam estar presentes nas atividades de sala de aula”.


REFERENCIAS

ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
ANTUNES, CUNHA, MA. Literatura infantil-Teoria e Prática. São Paulo: Ática, 1990
ARENA, Vilse. 50 sugestões didáticas: pedagógicas para ensino da leitura e as escrita em sala de aula. Cuiabá:  FAPEMAT, 2006.
FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre a alfabetização. São Paulo: Cortez, 1999
FERREIRO, Emilia; Teberosky, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
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