O LÚDICO NA LITERATURA INFANFO JUVENIL ANALISADO ATRAVÉS DA OBRA "O CAVALO TRANSPARENTE" DE SYLVIA ORTHOF

Janete Strutz¹



RESUMO


Este artigo tem como finalidade analisar a obra "O cavalo transparente" de Sylvia Orthof, tendo por objetivo verificar onde se encontra o lúdico na obra, e como ele trabalha o imaginário do leitor-criança. Observar também os principais temas que permeiam a histórias, bem como, as mensagens transmitidas pela mesma.

Palavras-chave: Literatura infanto-juvenil, lúdico,personagem, imaginário, liberdade.


1. INTRODUÇÃO


Neste artigo será desenvolvida uma análise da obra "O cavalo transparente" de Sylvia Orthof, que conta a história de uma Cigana que vê as coisas através das cartas e precisa recuperar um vidro misterioso que está desaparecido.
Nesta obra será verificada a questão do lúdico, quando ele se manifesta e como ele influência o pequeno leitor. O livro fala sobre a perseverança da Cigana em continuar procurando o vidro até encontrá-lo, sem desistir nunca.




2. BIOGRAFIA DE SYLVIA ORTHOF



Sylvia Orthof nasceu no Rio de Janeiro em 1932, e ali mesmo faleceu em 1997.
Adorava ser carioca.Estudou teatro, mímica e desenho em Paris e ao regressar para o Brasil, fez de tudo nas artes dramáticas: escreveu, dirigiu, fez cenários e figurinos e tantas outras atividades.
Enquanto se dedicava de corpo e alma ao teatro, Ruth Rocha a convidou e a convenceu a escrever textos infantis. No começo, ela achou que não iria conseguir, mas que nada! Pegou gosto e escreveu mais de 120 livros. Muitos deles foram premiados com prêmios importantíssimos, inclusive o Jabuti.
Filha de um casal de judeus austríacos que deixou Viena entre as duas guerras, para buscar paz e trabalho. Filha única de imigrantes pobres, teve uma infância difícil. Aprendeu a falar primeiro alemão e falava português com sotaque e errado até a idade escolar. Aos 18 anos, foi estudar teatro em Paris. Um ano depois, voltou ao Brasil e trabalhou como atriz no Teatro Brasileiro de Comédias, em São Paulo (o TBC), e, no Rio, atuou com grandes nomes do teatro e da TV.
Escritora muito amada, com a sua irreverência poética inesquecível, publicou mais de 100 livros para crianças e jovens e teve 13 títulos premiados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil com o selo Altamente Recomendável para Crianças.
Sylvia morreu em 1997, mas até hoje exerce grande influência sobre um grande número de autores infantis. Entrar numa história de Sylvia Orthof é encher os olhos de susto, mas não um susto de tremer perna ou bater queixo.
O susto que as histórias de Sylvia dão na gente são carregados de perplexidade, arregalam a gente por dentro, dão largura no pensamento.
Ganhadora do Prêmio Jabuti, por A Vaca Mimosa e a Mosca Zenilda (1997),
Sylvia teve vários trabalhos adaptados para o teatro e quebrou tudo quanto é estereótipo na literatura infantil brasileira, com o seu texto desobediente, esmerado, abusado, feito de riso, provocação e arrepio.



3. O LÚDICO NA LITERATURA INFANFO JUVENIL ANALISADO ATRAVÉS DA OBRA "O CAVALO TRANSPARENTE" DE SYLVIA ORTHOF




Na análise do livro "O Cavalo Transparente" de Sylvia Orthof podemos notar a constante presença do lúdico, que atrai e iludi o leitor infantil para a história. O mesmo está presente na ilustração do livro que é feita em desenhos não uniformes, parecendo apenas alguns borrões de tintas e em tons de verde. O único personagem que não é representado por esses desenhos é o cavalo Rocinante, que por ser feito de água e vento é transparente.
Outro momento em que notamos a presença do lúdico é nas canções que existem em meio à história, canções que falam de mar, vento, e que retratam o momento que se passa entre os personagens. A personagem Cigana assume o papel de heroína, pois tem a responsabilidade de cuidar de um vidro misterioso que está perdido e que contém toda a tristeza do mundo, ela o procura por todos os lugares, e para isso conta com a colaboração de um cavaleiro, esse cavaleiro faz uma metalinguagem com a história de "Dom Quixote", trata-se de um cavaleiro que cavalga, com seu cavalo de água e vento, o Rocinante, sobre as águas do mar, e esse cavalo tem, quando a Cigana o monta, som e marchas assim como um automóvel. Assim como é representando nas páginas 13 e 14:

"Cigana: Ui, ui, ele anda de marcha a ré!
Cavaleiro: Engata a primeira!
Cigana: A primeira?
Cavaleiro: Igual a automóvel! Você engata a primeira... se você engata a marcha a ré, ele anda para trás!
Cigana: Mas onde é que fica a mudança?
Cavaleiro: Vou montar e te ajudar! Deixa eu subir no cavalo, Carmelita! (Sobe. Começa uma dança com passos a trote.)
Cigana e Cavaleiro (se movimentam para trás e cantam):
Upa, Upa, para trás,
Cavalo de marcha a ré.
Se eu trotar só desse jeito,
Não vou para onde eu quiser!
(Engatam. Barulho de motor, que os dois fazem com a boca.) ".

O texto também trabalha o imaginário das crianças de outra forma, dando vida aos personagens que não existem, como o "Eco" e a "Sereia". A sereia é um personagem retratado como "mal", pois ela prende as canções de liberdade em bolhas de ar no fundo do mar, e mantém os passarinhos em aquários, assim como os seres humanos prendem os peixinhos nos aquários em suas casas. De acordo com Duarte, 2009, a liberdade é a protagonista da literatura de Silvia Orthof.
No final da história, a Cigana sopra as bolhas de sabão para que elas explodam e a liberdade possa cantar e voar, de acordo com a página 44:

"Cigana (Soprando bolhas): O mar ficará salgado pra sempre, lembrando a tristeza do mundo. Mas se a gente falar, se a bolha subir e crescer e estourar?
Netuno: Talvez ai, a liberdade possa voar e cantar.".

Então a autora Silvia Orthof transforma toda a história em bolhinhas de sabão para que, quando elas explodirem, todas as personagens estejam em liberdade.
Assim concluímos que o conto "O Cavalo Transparente" revela uma mensagem de perseverança, aonde a cigana, mesmo sem saber aonde e como, continua procurando o seu misterioso vidro e pela sua busca incansável ela acaba por encontrá-lo. Há também a mensagem que a liberdade pode estar em coisas e lugares aonde menos se espera encontrar.


4. CONCLUSÃO


Concluímos que a obra de Sylvia Orthof transforma as relações sociais em sutis acontecimentos para que as crianças sejam inseridas a elas de maneira tranqüila. Uma das mensagens mais importantes retratadas no texto é a questão da liberdade, a sereia prende nossos pássaros em aquários para mostrar que seu povo (peixes) não foram feitos para ficarem em aquários, assim como fazer os seres humanos, colocando-os em pequenos e iluminados aquários.
Percebemos a importância de uma obra à educação infanto-juvenil, trazendo o lúdico (imaginário), para explicar ou apresentar uma situação da realidade. Essa é uma questão que merece muita atenção para que a formação da identidade de um jovem aconteça da melhor forma possível.


RESUMEN


En este artículo se pretende analizar la obra "El caballo transparente" Sylvia Orthof, con el objetivo de verificar que la novedad en la obra, y cómo trabaja la imaginación del lector-niño. Tenga en cuenta también los principales temas que impregnan las historias, así como las mensajes transmitidos por él.

Palabras-llave: Literatura infantil y juvenil, el entretenimiento, el carácter, la imaginación, la libertad.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas/ tradução de Arlene Caetano. 12ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

DUARTE, Flor de Maria Silva. O teatro libertário de Sylvia Orthof. In: CELLI ? COLÓQUIO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS. 3, 2007, Maringá. Anais... Maringá, 2009, p. 388-398.

Sites acessados:

http://www.ple.uem.br/3celli_anais/trabalhos/estudos_literarios/pdf_literario/042.pdf
Acessado dia 10/01/11 às 16h e 07 minutos.