Resumo
A evolução da leitura e da escrita pode ser facilitada pelo educador por meio de atividades lúdicas como apoio ao processo de aquisição da linguagem escrita e falada. Jogar e brincar são atividades que quando bem orientadas, contribuirão para o desenvolvimento do processo escolar.
Muitos problemas referentes à alfabetização estão relacionados às práticas educativas e o lúdico permite aprender a lidar com estas dificuldades. Pois, pelo brincar a criança equilibra as tensões provenientes de seu mundo cultural, construindo sua individualidade, sua marca pessoal e sua personalidade.

Palavras-chave: Lúdico. Educação infantil. Alfabetização. Brincar.


Introdução
As atividades lúdicas têm o poder, sobre a criança, de facilitar tanto o progresso de sua personalidade integral, como o progresso de cada uma de suas funções psicológicas, intelectuais e morais. Ao ingressar na escola, a criança sofre um considerável impacto físico-mental, pois, até então, sua vida era exclusivamente dedicada aos brinquedos e ao ambiente familiar.
A escola deve ser uma facilitadora para a aprendizagem e utilizar-se de atividades lúdicas as quais criarão um ambiente alfabetizador para favorecer o processo de aquisição de autonomia de aprendizagem do aluno.
O docente deve por sua vez deve saber usar os recursos lúdicos no momento oportuno, para que as crianças possam desenvolver o raciocínio e assim construam o conhecimento de uma forma descontraída.


1 O poder das atividades lúdicas
A ludicidade é uma atividade de desenvolvimento da imaginação, desperta o interesse e possibilita uma aprendizagem significativa. Os jogos e as brincadeiras representam a ludicidade e permitem através do lazer o desenvolvimento físico e social.
As brincadeiras e os jogos são fundamentais para o desenvolvimento da criança, Vygotsky(2005) afirma que o comportamento de uma criança, em relação ao brinquedo, não é apenas simbólico. A criança realiza seus desejos enquanto a realidade e suas experiências vêem a tona.
Nas atividades lúdicas é possível conhecer melhor a criança, considerando que nesses momentos, parte de suas experiências e seus mundos são revelados.
A evolução lúdica mostra que ao brincar a criança desenvolve a inteligência, aprende prazerosa e progressivamente a representar simbolicamente sua realidade, deixa, em parte, o egocentrismo que a impede de ver o outro como diferente dela, aprende a conviver. O lúdico "não está nas coisas, nos brinquedos ou nas técnicas, mas nas crianças, ou melhor dizendo, no homem que as imagina, organiza e constrói" (Oliveira, 2000).

2 O brincar na Educação Infantil
A Lei n° 9394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB-96), contempla a importância do brincar nas creches e pré-escolas e, deixa implícita a idéia de que deve haver espaço para o brincar e para os jogos e as brincadeiras. Concordo com Wajskop (1999) quando ele afirma: "a garantia do espaço do brincar na pré-escola ou creches, é a garantia de uma possibilidade de educação da criança numa perspectiva criadora, voluntária e consciente". Para tanto, se torna necessária a criação de espaços que permitam atividades livres, significativas e prazerosas que possam ser realizadas através do brincar, de brincadeiras e de jogos.
Segundo Rousseau (1968), as crianças têm maneira de ver, sentir e pensar que lhe são próprias e só aprendem através da conquista ativa, ou seja, quando elas participam de um processo que corresponde à sua alegria natural. A escola por sua vez deve aproveitar todas as manifestações de alegria da criança e canalizá-la emocionalmente através de atividades lúdicas educativas. Essas atividades lúdicas, como simples brincadeiras, quando bem direcionadas, trazem grande benefícios que proporcionam saúde física, mental, social e intelectual à criança, ao adolescente, até mesmo ao adulto.
As brincadeiras na escola transformam os conteúdos maçantes em atividades interessantes, revelando certas facilidades através da aplicação do lúdico. Outra questão importante é a disciplinar, pois, quando há interesse pelo que está sendo apresentado se faz com que automaticamente a disciplina aconteça entre os alunos.
Todas as matérias escolares permitem aproveitar a ludicidade para cada tipo de área do conhecimento. Sendo assim, para a criança fazer a transposição entre a língua oral e a escrita, é necessário trabalhar primeiramente o concreto, pois para ela a alfabetização torna-se desta forma mais fácil, através da ludicidade.

3 O docente e a ludicidade
Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo.
É triste ter meninos sem escola,
mas mais triste é vê-los enfileirados em salas sem ar,
com exercícios estéreis,
sem valor para a formação humana.
(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)
O professor das séries iniciais deve estar conscientizado de que a educação pelo movimento e pela criatividade é uma peça mestre que permite à criança resolver mais facilmente os problemas atuais de sua escolaridade. Essa atividade deve ocupar um lugar privilegiado ao lado da leitura, da escrita e da matemática, matérias que são ditas como base, à existência futura do adulto.
Sem a brincadeira fica tedioso o processo de ensino-aprendizagem na escola. É necessário que a construção se faça a partir do jogo, da imaginação e do conhecimento do corpo. Pois, o corpo é um brinquedo para a criança e é através dele que ela descobre sons, descobre que pode rolar, virar cambalhota, saltar, manusear, apertar, que pode se comunicar com o mundo que a cerca.
O professor não pode culpar-se por brincar com seus alunos, de expressar-se livremente e alegremente com objetos e com o espaço, o professor precisa reconhecer um novo modo de relacionar-se e trabalhar didaticamente com os alunos. A criança da educação infantil é um humano aprendendo. A ludicidade é um recurso de aproximação com essa dimensão humana que pode responder as demandas e dificuldades do processo de ensino-aprendizagem.
As atividades lúdicas realizadas pelas crianças permitem que elas se desenvolvam, alcançando objetivos como a linguagem, a motricidade, a atenção e a inteligência. Estudiosos lembram que as crianças que falam mal são também as crianças que pouco brincam, pois há uma estrita relação entre o brinquedo e a linguagem. A escola deve aproveitar as atividades lúdicas para o desenvolvimento físico, emocional, mental e social da criança. Linguagem e brinquedo mostram sua origem comum em vários aspectos. Através do símbolo lúdico corporal e concreto, orienta-se a criança para as palavras.
Chama-se atenção para a possibilidade de o jogo imaginário ser usado para facilitar a aquisição da linguagem, tanto oral como escrita, sendo que, para isso acontecer, deve existir um paralelo entre a linguagem e a ação que envolve, relação entre dois modos de atuar, o lúdico e o lingüístico.


Considerações finais
O conhecimento lingüístico, social e cognitivo, não constituem formas isoladas, mas aspectos que se relacionam intimamente num fluxo dinâmico de interferências. Relacionando o conjunto destas, enfatizo que as atividades lúdicas nas práticas pedagógicas com crianças da Educação Infantil ampliam as possibilidades de intervir nos aspectos do conhecimento infantil.
Para que as brincadeiras tenham seu lugar nas instituições educativas é fundamental a atuação do educador. As crianças precisam de espaço para brincar e tempo para esta atividade, de forma suficiente para terem início, meio e fim.
No contexto escolar, a brincadeira não deve ser vista como uma atividade que vem em segundo plano ou como um simples passatempo das crianças. O lúdico deve ser valorizado e estimulado, pois tem importante função pedagógica sendo um forte aliado do educador.


Referências
OLIVEIRA, V.B. (ORG). Introdução In: O brincar e a criança do nascimento aos seis
anos. Petrópolis: Vozes, 2000.
PIAGET, J. ; INHELDER, B. A psicologia da criança. 17ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2001.
VIGOTSKII, L.S. ; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e
aprendizagem. 9ed. São Paulo: Ícone, 2005.
WAJSKOP, G. Brincar na pré-escola. 3ed. São Paulo: Cortez, 1999.