O Lúdico na Construção da Aprendizagem

Marcos Alves dos Santos

Este trabalho tem por tema O Lúdico na Construção da Aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental e na Educação de Jovens e Adultos das escolas da rede pública e privada. O referido trabalho respalda-se teoricamente em Tizuco Morshida Kishimoto (2001), Jean Piaget (1970), Vigostky (1989) entre outros. Esses autores defendem a ludicidade no âmbito escolar de forma prazeirosa, proporcionando o gosto de aprender brincando, transformando a escola dentro e fora em locais de aprendizagem e busca de conhecimentos, superando os obstáculos impostos pela sociedade .

Palavras - Chave: Lúdico. Escola. Conhecimento.


ABSTRACT


This work is the theme Fun in the Construction of Learning in the early years of elementary school and in adult and youth education in schools of public and private. This work is supported in theory Tizuco Morshida Kishimoto (2001), Jean Piaget (1970), Vigostky (1989) among others. These authors advocate the play within school so pleasurable, giving a taste to learn playing, turning the school inside and outside places of learning and quest for knowledge, overcoming the barriers imposed by society.

1 INTRODUÇÃO

A educação é o principal agente de transformação de qualquer sociedade. A escola por sua vez, é o segmento que visa à transformação a qual será possível somente quando estiver conectada a realidade.
A escola hoje se apresenta como uma das mais importantes instituições sociais por fazer assim, a mediação entre o indivíduo e a sociedade. Ao transmitir a cultura e, com ela, modelos sociais de comportamentos e valores morais, a escola permite que a criança humanize-se, socialize-se ou, numa palavra, eduque-se.
Kishimoto (2002, p. 20), diz que: "na percepção de uma educação crítica a construção da aprendizagem significativa, é condição imprescindível para a formação da cidadania." Para tanto, é necessário que a escola se transforme num espaço agradável, alegre, impulsionador da interatividade, do diálogo aberto. Para o alcance do objetivo maior, que é o "aprender a aprender", com o brincar.
Segundo Pereira (2001, p. 22), etimologicamente, brincar (lúdico) vem de brinco+ar; brinco vem do latim vincculu/vinculum, "laço" através de formas vinclu/vincru, vincro. "o brincar constitui-se numa atividade de ligação ou vínculo, com algo em si mesmo e com o outro, em suma, é um ato de estar descobrindo, escolhendo, recriando." De acordo com este enfoque considerar o lúdico como estratégia principal na construção da aprendizagem partiu da necessidade encontrada em sala de aula e de perspectiva, satisfatória aos desejos dos educandos e acima de tudo uma educação de qualidade.
Portanto, introduzir a aprendizagem através do brincar, favorece a auto-estima da criança e a interação de seus pais, propiciando situações de aprendizagem e desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. Por meio de jogos a criança aprende a agir, tem sua curiosidade estimulada e exercita sua autonomia.
Brincar e jogar são fontes de prazer, mas são, simultaneamente, fontes de conhecimentos; e esta dupla natureza nos leva a considerar o brincar parte integrante da atividade educativa.


2 BREVE HISTÓRICO DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM

Historicamente o lúdico já existia desde de cedo nas sociedades antigas. Podemos perceber a ludicidade nas brincadeiras de meninos e meninas como: montaria de cavalinhos feitos a parti de uma tora de vara, pião, passa-passa anel, boneca de pano e de sabugo de milho, mula entre outras.
Sabendo-se que na antiguidade as crianças gozavam de um tempo muito curto para descobrir e adquirir conhecimentos da idade infantil, logo ao completar uma determinada idade se tornavam adultas por interesses de seus pais em negórcios financeiros como o casamento arranjado, idade esta que na maioria das vezes correspondiam entre 07 e 11 anos.
Hoje podemos perceber que muitas das brincadeiras da antiguidade ainda estão presentes no nosso cotidiano, principalmente em regiões que sofreram processos de colonizações, exemplo: no Brasil brincadeiras que foram introduzidas na cultura local além das já existentes que pertenciam aos povos indígenas que passaram por um processo de aculturação dos povos europeus predominando brincadeiras como boneca de pano, o aprendizado do bordar, a montaria de cavalos que na maioria das vezes os filhos de senhores de fazendas subiam nas costas dos filhos de escravos, boneca de sabugos de milho e etc., estão presentes na sociedade atual principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste.
No periódo do Romantismo os jogos e as brincadeiras começaram a despertar nas pessoas grande relevância, tornando-se assim um aliado ao desenvolvimento infantil. Pois desde da antiguidade as crianças tinham contato com o lúdico, ou seja, pelo brinquedo, brincadeira e o jogo. Nessa época já existiam pessoas que aceitavam o lúdico afirmando que a interação entre as pessoas na brincadeira apresentavam pontos positivos para o desenvolvimento pessoal e social. Por outro lado existiam pessoas que não aceitavam, associavam o lúdico, mais precisamente o jogo aos prazeires carnais, ao vício e ao azar, já que nesse período essa sociedade recebia uma educação voltada para a doutrina cristã da época.
Somente no século XX com a reforma da educação infantil, mas precisamente a reforma do Jardim de Infância, é que a brincadeira veio a ser inserida no processo de ensino-aprendizagem. Isso se deve aos esforços de pedagogos como: FREIDRICH FROEBEL, MARIA MONTESSORI e OVIDE DIECROLY, suas contribuições com pesquisas sobre a criança, sendo introduzida na educação sensorial, a utilização de jogos e materiais didáticos. Já que o brincar apresenta na criança a forma de como ela vê e representa o mundo que se encontra.
O brinquedo e a brincadeira tiveram suas evoluções na França acompanhando as grandes transformações da civilização ocidental. Podemos acreditar com clareza que foi na antiga Roma e na Grécia que surgiram as novas idéias em torno da importância do brincar na educação.
Platão, em Les Lois (1948, p. 39-40) discute a importância do aprender utilizando a brincadeira. Aristóteles sugere para a educação jogos que possam se assimilar a atividades sérias de ocupaçães adultas, que possam prepararem as crianças para o futuro. Mesmo assim, nessa época não se viam discussões para se terem os jogos, brincadeiras e os brinquedos como recurso dentro das metodologias do ensino da leitura e do cálculo, essa realidade é observada na Roma Antiga sobre o brinquedo,a brincadeira tendo suas funções para direcionar a criança ao preparo ao serviço militar do exército romano.
Diante das grandes descobertas que fizeram pedagogos e estudiosos que se dedicaram aos assuntos da área do desenvolvimento e da evolução da criança como Piaget, Vygotsky, Pestalozzi, Froebel, Rousseau e etc., os seus conhecimentos de estudos tem o brinquedo, a brincadeira e o jogo como ferramentas da construção do aprendizado, elevando as evoluções de cada indivíduo, que descobre a cerca de cada reflexão a partir do objeto e das ações promovidas de cada momento vivenciado, estimulando a imaginação, a sencibilidade, o afeto e o principal, a aprendizagem do meio que se insere.
Para Piaget (1978, p. 97), a origem das atividades lúdicas caminham com o desenvolvimento da inteligência vinculando-se aos estágios do desenvolvimento cognitivo. "Cada fase do processo da evolução está relacionada a um tipo de atividade lúdica que se sucede da mesma forma para todos os seres." Curiosamente o lúdico desenvolve um papel fundamental na formação do ser, ato de ser uma necessidade do ser humano em qualquer idade, e não pode ser vista apenas como diversão.
Vygotsky (1989, p. 54), aponta a respeito do lúdico que, embora o prazer, não possa ser visto como característica definidora do brinquedo, pois ele preenche o espaço das necessidades da criança. Na fase escolar a criança começa a ter desejos não possíveis de realizações, onde começa a usar sua imaginação, criando personagens dentro de um mundo imaginário.
Tanto os estudos de Piaget quanto de Vygtsky, nos levam a refletir os significados dos jogos, brinquedos e das brincadeiras e os seus valores que influenciam o desenvolvimento da criança na construção da personalidade que envolve um intercâmbio entre o afetivo e o cognitivo. Desenvolvendo a partir deles as relações interpessoais, o conhecimento lógico matemático, a representação do mundo, a linguagem e também da leitura e escrita.
A cerca de acontecimentos históricos que a educação vem evoluindo ao passo de cada época, talvez o lúdico seja a primeira ferramenta utilizada por professores, filósofos e ainda estudiosos de diversas áreas. Sócrates, Platão, Aristóteles, quando lecionavam para seus alunos, os levavam para buscar o conhecimento além das paredes de sala de aula, assim mediando o conhecimento prévio de cada indivíduo, e estimulando o aprendizado através de materiais que a própria natureza disponibilizava ao redor de seus alunos. Isso deixa claro que desde do inicio a educação já se tinha contato com objeto, e ou, o conhecimento concreto obtendo resultados positivos no aprendizado.
Diferentimente do que as escolas adotavam dentro de suas regras, que apenas livro e professor eram o suficiente para que o aluno conseguisse aprender, despresando os conhecimentos prévios, o questionamente e as opniões dos alunos, pois, a sociedade acreditava que era somente a escola que possuia tal conhecimento intelectual.
Já sabemos que a ludicidade se desenvolveu na Europa, mais precisamente na França, com esforços dos pedagogos: Piaget, Vigotky, Rousseau, Pestalozzi e Froebel, nos meados do século XIX durante o término da Revolução Francesa. Com a expanção de novas idéias, aumentaram as espectativas de inserir o lúdico no intuito de facilitar tarefas do ensino, trazendo uma grande importância na arte de ensinar aprender a aprender brincando com prazer. Transformando o aprendizado da História, Geografia, Matemática, Botânica, Tricô, Educação Moral e Religioso, disciplinas do currículo escolar da época, facilitando através: dos jogos, dinâmicas desenvolvidas por educadores e aprendizes.
Os jogos existentes no século XIX, que penduram a I Guerra Mundial, aumentaram a oferta de jogos e brinquedos militares que facilitavam o mundo imaginário das crianças, e as espectativas de exelentes combatentes para geração da realidade do mundo dos adultos. Com o fim das guerras, os jogos militares abrem espaço para competições esportivas, predominando no mercado brinquedos elétricos, bicicletas, autoramas, patins etc., divulgando a valorização do esporte dentro do espaço militar.
A medida que os sistemas educacionais aceitam o lúdico no processo do ensino-aprendizagem, o mercado de brinquedos impulsionsdos pelo desenvolvimento gradativo de cada região na inserção da ludicidade, e na criatividade e imaginação adquirida pelo indivíduo que manipula determinado brinquedo, e divulgados através de propagandas e de datas que se associam ao mundo imaginário da criança, se destacam cada vez mais com tecnologias e simetrias que despertam o imaginário e a curiosidade de crianças e adultos, pois mesmo sendo adulto, o ser se encontra pedagogicamente, piscicologicamente e prazeirosamente em fase de aprendizagens e novas descobertas, apoiando-se nas teorias de Piaget e Vygotsky.
Este pequeno histórico foi elaborado através de pesquisas para nortear educadores do Ensino Infantil, Fundamental e de Jovens e Adultos, da importância que o lúdico tem no processo de ensino aprendizagem ao longo da existência das sociedades, que adotaram a ludicidade para se obter uma contribuição positiva no aprendizado do ser, que vem a ser uma ferramenta a mais para se trabalhar dentro e fora da escola. Transformar as dificuldades encontradas pela escola e pelos alunos em conhecimentos e esforços agradavéis no aprendizado diário, e ainda desenvolver a imaginação em conteúdos do planejamento escolar em conteúdos concretos, que já mais serão esquecidos no decorrer da vida de cada aprendiz.
A referente pesquisa, teve orientações norteadas nos estudos de Piaget, Vygotsky, Kishimoto e outros pedagogos citados neste pequeno histórico da origem da ludicidade na educação.


3 O DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO COM O LÚDICO

As atividades lúdicas, sejam elas, o brinquedo, o jogo ou a brincadeira, proporcionam um encantamento em crianças, adolescente e adultos. O ato de brincar faz parte da natureza do ser humano, favorecendo o desenvolvimento, fazendo com que aconteça uma interação entre o ser e o desejo de descobrir o que acha impossível. Na criança quase todas as atividades que envolvem a ludicidade, a leva a adivinhar e antecipar as estratégias, formulando o resultado final do objetivo lógico proporcionado pela ação vivênciada.
Na visão sócio-histórica de Vygotsky, a brincadeira, o jogo, é uma atividade específica da infância, em que a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. Essa é uma atividade do contexto cultural e social. É uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.
A brincadeira, o jogo ou o ato do brincar cria para as crianças uma zona de desenvolvimento proximal que não é a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento de seu potencial, determinado através da resolução de um problema, sob a observação de um adulto, ou de uma outra criança que seja mais capaz.
A noção de zona proximal de desenvolvimento liga, portanto, de maneira muito forte, à sensibilidade do professor em relação às necessidades e capacidades da criança, e à sua capacidade para utilizar as contingências do meio, a fim de dar-lhe a possibilidade de passar, do que sabe fazer para o que não sabe.
Porém essa perspectiva não é tão fácil de ser adotada na prática. Podemos nos perguntar: como colocar em prática uma proposta de educação infantil em que as crianças desenvolvam, construam/adquiram conhecimentos e se tornem autônomas e cooperativas?
KISHIMOTO (1996, p. 19-22) relata em suas pesquisas que há muito tempo o jogo, a brincadeira e o brincar vem sendo investigado por pesquisadores de diversas áreas do conhecimento com diferentes contribuições para o desenvolvimento da criança em sua fase de aprendizagem.
"Ao longo de vários estudos sobre o lúdico tem-se procurado analisar os jogos por intermédio de concepções de ordem psicológica, biológica, antropológica, sociológica e linguistica. As teorias interacionalistas que destacam os principais defensores como Piaget (1896 ? 1980) e Vigotsky (1896 ? 1934), recomendam a imitação como origem de toda representação mental sendo o alicerce para o surgimento do aprendizado que o jogo infantil proporciona."

As brincadeiras são admiráveis instrumentos de realização para o ser humano, especialmente para as crianças; reúnem potencialidades de concentrar a atenção descobrirem erros e especialmente, de permanecer em atividade. Está claro que as brincadeiras desempenham um papel decisivo para converter as crianças de nossos dias em adultos maduros, com grande imaginação e autoconfiança.
A brincadeira é o caminho que percorremos felizes, expressando o que nos vai ao coração revelando o nosso eu autêntico, nosso modo livre e criador de curtir a vida; viramos crianças quando já não o somos mais. A diferença para as crianças é que vivêm ainda um tempo mesmo de ser criança e de brincar.
Por meio da ludicidade a criança envolve-se na ação e sente a necessidade de socializar com o outro. O brinquedo como suporte da brincadeira tem a consequência de fazer com que a criança estimula-se no momento vivênciado. Jogando, brincando e cantando, a criança obterá um desenvolvimento para estimular suas capacidades em atuações futuras no profissional, afetivo e na concentração em mais de uma habilidade.
Quando a criança entra no mundo do imaginário, começa uma nova fase na sua capacidade de lidar com o mundo real, com os simbólos e com as representações. Então a criança precisa participar e vivênciar novas idéias em nível simbólico para relacionar os significados na vida real. Ainda que já possua conhecimentos de determinados objetos ou que já tenha vivido certas situações, a compreenção do aprendizado desenvolvido pela ação do objeto, ficam claras quando representam no seu mundo imaginário.
O efeito da ludicidade permite criar uma Pedagogia do Afeto na Escola, seguida do amor e da afetividade, cujo os sentimentos as levam a superar medos, frustações e indisciplinas no espaço escolar e social, promovendo uma relação educativa que pressupõe o conhecimento de sentimentos próprios e alheios,que requerem do mediador o envolvimento afetivo, cognitivo de todo um processo envolvente do sujeito-ser-criança. O que nos levam a valorizar a bagagem de conhecimentos prévios do ser em desenvolvimento.
É com afetividade, atenção dada ao educando que educadores conseguirão estimular por meio das relações vividas que poderão construír um vínculo de afeto, atingindo uma totalidade no objetivo principal que é o envolvimento de maneira eficaz no aprendizado.
As aulas lúdicas pelo jogo parecem preencher lacunas importantes, além do afeto no âmbito da sala de aula, entre elas a alegria. É importante acrescentar a atuação da disciplina livremente consentida, já que os jogos são disciplinadores no sentido de que sem ordem não há jogo. O bastante explorado caráter socializador aproxima os envolvidos aos sentimentos de solidariedade. Somos movidos pelo prazer de ser e de fazer.
Prazer e alegria não se dissociam jamais. O brincar é incontestavelmente, uma fonte inesgotável desses dois elementos.
O jogo, o brinquedo e a brincadeira sempre estiveram presentes na vida do homem; dos mais remotos tempos até os dias de hoje, nas suas mais variadas manifestações. O homem sempre buscou o auto-conhecimento e o de seu círculo, do nascimento até a morte convivemos com os elementos lúdicos.
Na teoria piagintana, o jogo pode ser utilizado como forma de incentivar o desenvolvimento humano por meio de diferentes dimensões, que são:
? O desenvolvimento da linguagem: onde o jogo é um canal de comunicação de pensamento e sentimentos;
? O desenvolvimento moral: é um processo de construção de regras numa relação de confiança e respeito. O desenvolvimento cognitivo: dá acesso a um maior número de informações para que, de modo diferente, possam surgir novas situações;
? O desenvolvimento afetivo: onde facilitem expressão de seus afetos e suas emoções;
? O desenvolvimento físico-motor, explorando o corpo e o espaço a fim de interagir no seu meio integralmente. Partindo dessas dimensões as atividades lúdicas passam a contemplar focos diferentes:
1. Num jogar espontâneo, onde ele tem apenas o objetivo de divertimento;
2. Num jogar dirigido, onde ele possa a ser proposto como fonte de desafios, promovendo o desenvolvimento da aprendizagem.
A ludicidade tem crescido e conquistado um grande espaço na área da Educação Infantil, e despertando em professores do Ensino Médio uma outra visão de atingir o educando no processo ensino-aprendizagem.
Entretanto o brinquedo, a brincadeira e o brincar é essêncial na infância, que pedagogicamente possibilita a produção do conhecimento e a estimulação da afetividade no ser em construção. Dessa forma a criança consegue estabelecer com o objeto uma relação natural e consegue manifestar suas angustias e paixões, alegrias e tristezas, agressividades e passividades, mesmo enquanto o ser já tenha se tornado adulto.
As dificuldades de aprender aparecem da mesma forma da época em que o adulto era criança. Por essa razão a formação de professores da educação propõe que tanto na educação infantil, fundamental e médio, se faço o uso da ludicidade dentro e fora da sala de aula, ainda que tenham obstáculos a serem enfrentados, trazendo o contato direto com o objeto e, ou transformando o passado em brincadeiras pedagógicas, que facilitem a compreensão do entendimento de maneira que o educando possa vivênciar o fato ocorrido, e ou, que venha ocorrer.
O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita o aprendizado, o desenvolvimento pessoal e social e cultural, contribuindo para uma exelente saúde mental, facilitando os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.
No processo de formação do Curso de Pedagogia, podemos observar que o lúdico está presente em todas as atividades acadêmicas, possibilitando que o futuro profissional possa envolver na sua prática profissional, metodologias que busquem uma maior interação do aprendiz durante o ano letivo, inserindo no currículo escolar novas metas, associando ao mesmo tempo o teórico e a prática desde os anos iniciais na formação do conhecimento em construção.
Quanto mais o ser adulto vivência a ludicidade, terá mais oportunidades de se trabalhar com o ser em desenvolvimentor, introduzindo no processo educacional práticas inovadoras. A formação lúdica permite ao educador saber suas possibilidades e limitações, abrindo caminhos para eliminar resistências e adquir uma nova visão clara sobre a importância do jogo, do brincar e da brincadeira para a vida da criança durante sua formação.
Observando o lúdico num espaço geral, o mundo dos adultos está repleto de atividades lúdicas. Pois os adultos comparados com as crianças, utilizam a ludicidade em todos os momentos de suas vidas. Isto nos mostra que as teorias de Piaget e Vigotsky, são verdadeiras, quando dizem que o ser está em constante processo de desenvolvimento, na busca de novas idéias e um aperfeiçoamento intelectual. É com base nessas teorias que as atividades lúdicas despertam atenção e curiosidade não só na criança como em qualquer ser humano, deixando-o livre para aprender.
Sabemos que é possível ao ser humano adquirir e construir o saber brincando. Por meio das brincadeiras podemos desenvolver nosso senso de companheirismo; brincando individualmente ou em grupos, vivemos uma experiência que enriquece nossa sociabilidade e nossa capacidade de nos tornarmos mais criativos. Aprendemos a conviver, aprendemos a ganhar ou perder, a esperar nossa vez, lidamos melhor com possíveis frustrações, aumentamos nossa motivação e conseguimos uma participação satisfatória.
O lúdico propõe uma prática de ensino de possibilidades, metodologias do fazer docente, que possa atuar junto ás crianças, permitindo assim um trabalho pedagógico mais envolvente, podendo sentir que as vivências lúdicas podem resgatar as sensibilidades esquecidas, o educador faz nascer o inesperado do poder fazer.
É importante que a prática pedagógica leve em conta a capacidade da criança de tolerar frustrações que possam estarem ligadas a uma fragilidade do seu ego, da sua auto-imagem e do seu nível de expectativa. Enfim, as diferentes fases do processo de aprendizagem, em consonância com o desenvolvimento cognitivo, são interdependentes do processo de evolução simbólica que, por sua vez, recebe influências das atividades pulsionais agressivas e amorosas, na forma de fantasias inconscientes e conscientes, que se estabelecem nos primeiros vínculos afetivos, as primeiras gratificações e frustrações, os sentimentos de si mesma e a confiança básica.
A escola, ao ensinar e aprender são altamente significativos e estão a serviço de várias transferências de conteúdos que estão no inconsciente. E, quando a criança se depara com as primeiras experiências de aprendizagens escolares, revive, repete e expressa sua maneira pessoal, particular de lidar com a realidade. Essa maneira representa uma reedição da história de suas relações passadas.
Pensamos que a prática de sala de aula possa dar espaço (por exemplo, por meio do brincar) para a revelação dessas dificuldades que a criança suporta. Assim, poderá haver um equilíbrio na organização das atividades, para que elas possam serem pensadas e desenvolvidas com vistas, inclusive, a sanar carências (desamor, desconhecimento do processo evolutivo da criança) que dificultam, não raro, o aprender e o querer saber.
Seja como for, o lúdico só existe inseido dentro de um sistema de indicar, de interpretação das ações humanas. As características da ludicidade consiste efetivamente no fato de não dispor de nenhum comportamento, o que se busca do que o modo como se brinca.
Há, portanto, estruturas preexistentes que definem as atividades lúdicas em geral e cada brincadeira em particular, e a criança as aprende antes de utilizá-las em novos contextos, sozinha, em brincadeiras solitárias, ou então, com outras crianças. Quando o ser brinca, se aprende antes de tudo brincar, organizando um universo simbólico. Isso não quer dizer que possa mudar-se para outras áreas, mas, aprende-se primeiramente o que se associa-se com o ato do brincar, para depois realizar as competências adquiridas em atividades não lúdicas.
O desenpenho do ser determina as experiências possivéis, mas não produz em si a ludicidade. Pois o lúdico é o produto social que apresenta-se nas suas raízes. As experiências não são transferidas para o indivíduo, ele é um co-construtor, fazendo dessa maneira sua própria definição, interpretação e significação do objeto, ação e imaginação vivênciada, adaptando-as as reações de outros elementos da ação que exerce mutuamente sobre todos que formam o seu contexto, dando novas significações que serão interpretadas pelos outros.
A capacidade de fantasiar que o brincar permite oportunizar à criança viver situações afetivas, positivas e negativas, de amor e de ódio, destruição e reparação. Ela vive e revive sua experiência de relação com o mundo exterior e com ela mesma.
Observar uma criança brincando permite que os adultos, alguns arrogantes por natureza, tentem entender o que se passa em sua cabecinha e assim, talvez, compreender melhor o seu mundo e suas necessidades.
Crianças que brincam evoluem do campo do concreto para o do simbólico, e as que não vivem esse imaginário sofrerão conseqüências em seu desenvolvimento educacional nos sentidos afetivo e cognitivo. O brincar ajuda-nos a definir e a redefinir os limites entre nós e os outros, auxilia-nos na obtenção de um senso de nossa própria identidade pessoal e corporal. O brincar oferece uma base de tentativas para seguirmos avante e estimula a satisfação dos impulsos. Por meio do brincar e das gratificações afetivas que acompanham essa atitude, a criança dá vazão à vontade de descobrir.
Assim sendo, pais e professores podem constituir-se em modelos eficazes para encorajar as atividades lúdicas entre as crianças, sobretudo na Educação Infantil.
Por volta de um ano de idade, as crianças apreciam brinquedos e objetos que podem empurrar, puxar, pôr, tirar, empilhar, derrubar e esconder. Também aprendem a engatinhar, andar e correr. De um a três anos de idade a criança nomeia objetos e imita os adultos; surgem as primeiras atividades lúdicas com regra, as quais devem ser desenvolvidas de forma coletiva (sem divisão de equipes).
A partir dos três anos de idade, há um significativo avanço na aquisição e no desenvolvimento de diferentes conceitos e habilidades (motoras, intelectuais, afetivas e sociais), o interesse pelo desenhar e o faz-de-conta, e o gosto por atividades com formação de equipes e desafios a ser superados, o que demanda respeito pela idéia do outro, valorização e discussão do raciocinar, busca por soluções e a atitude de questionamento frente aos acontecimentos e ações empreendidas.
E, por volta dos seis anos de idade, a criança é capaz de inventar, confeccionar e brincar com um jogo, brinquedo e brincadeira, desde que estejam presentes os seguintes elementos:
? Familiarização com o material do jogo (experimentar o material por meio de simulações);
? Reconhecimento das regras (explicações das ações a serem seguidas);
? O jogo com regras (jogar para verificar se as regras foram entendidas e internalizadas pelas crianças, com a finalidade de fazer cumprir a regra e efetivar o jogo);
? Intervenção pedagógica verbal (mediações que o professor ou adulto fazem durante o jogo, com observações, orientações e questionamentos verbais);
? Registro do jogo (registro de pontos ? placar, como forma de sistematizar e formalizar o jogo);
? Intervenção escrita (análise problematizadora da situação de jogo, na qual os limites e possibilidades do jogo são resgatadas pelo professor ou adulto na busca pela melhora de seu desempenho a fim de vencer o jogo).
Em período posterior surgem os jogos de regras , que são transmitidos socialmente de criança para criança, e por conseqüência, vão aumentando sua importância de acordo com o progresso de seu desenvolvimento social.
Para Piaget (1998, p. 98), o jogo constitui-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade.
Já Vygotsky (1989, p. 109), diferentemente de Piaget, considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida, e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento como Piaget e, para ele, o sujeito não é ativo nem passivo: é interativo. Enquanto Vygotsky fala do faz-de-conta, Piaget fala do jogo simbólico, e pode-se dizer, que são correspondentes.
Piaget (1998, p.160) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa. Na visão sócio-histórica de Vygotsky, a brincadeira, o jogo, é uma atividade específica da infância, em que a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. Essa é uma atividade social, com contexto cultural e social. É uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.
Vygotsky (1989, p. 126), ainda afirma que é grande a influência do brinquedo no crescimento de uma criança.

"É com o brinquedo que a criança aprende a agir numa cognitivamente, ao contrários de ser numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos. As brincadeiras que são oferecidas à criança devem estar de acordo com a zona de desenvolvimento em que ela se encontra e estimular para o desenvolvimento do ir além."

Desta forma, pode-se perceber a importância do professor conhecer a teoria de Vygotsky.
A desvalorização do movimento natural e espontâneo da criança em favor do conhecimento estruturado e formalizado, ignora as dimensões educativas da brincadeira e do jogo, como forma rica e poderosa de estimular a atividade construtiva da criança. É necessário que o professor procure ampliar cada vez mais as vivências da criança com o ambiente físico, com brinquedos, brincadeiras e com outras crianças.
O jogo, compreendido sob a ótica do brinquedo e da criatividade, deverá encontrar maior espaço para ser entendido como educação, na medida em que os professores compreenderem melhor toda sua capacidade
Entendemos, a partir dos princípios aqui expostos, que o educador deverá contemplar a brincadeira como princípio norteador das atividades didático-pedagógicas, possibilitando às manifestações corporais e encontrarem significado pela ludicidade presente na relação que as crianças mantêm com o mundo.
Jogar em sala de aula requer do educador uma postura diferente que se associa a heráquia imposta pelas autoridades educacionais. Com a intenção de aproximar o aluno da escola e mantê-lo motivado nesse ambiente, o professor deve utilizar recursos que diversifiquem a prática pedagógica, buscando tornar o espaço da sala de aula aconchegante, divertido e descontraído, propiciando o aprender dentro de uma visão lúdica e criando um vínculo de aproximação/união entre o professor e o aluno.
A participação do professor na brincadeira eleva o nível de interesse, ao mesmo tempo, a criança sente-se prestigiada e desafiada, descobrindo e vivendo experiências que tornam a brincadeira o recurso mais estimulante e rico em aprendizado. O trabalho a partir da ludicidade abre caminhos para envolver todos numa proposta interacionista, oportunizando o resgate de cada potencial. A partir daí, cada um pode desencadear estratégias lúdicas para dinamizar seu trabalho que, certamente, será mais produtivo, prazeroso e significativo.
Para atingir esse fim, é preciso que os educadores repensem o conteúdo e a sua prática pedagógica, substituindo a rigidez e a passividade pela vida, pela alegria e pelo entusiasmo de aprender. É muito importante aprender com alegria, e vontade. Através do jogo na sala de aula os papéis deixam de serem fixos e rigidos, pois o educador, além de ensinar, aprende, e o aluno ensina, além de aprender. No início é difícil, parece que os alunos não levam a sério, ou vêem como sem sentido as atividades propostas, e o educador como mediador facilmente didatiza o jogo. A agitação, o barulho e a desordem concorrem para afastar o propósito do professor que quer dar uma aula lúdica, mas é preciso manter a confiança no potencial pedagógico dos jogos e descartar ao controle onipresente da turma.
O professor que não utiliza o lúdico, em suas aulas sente a necessidade de se auto-avaliar enquanto educador, daí que seu modo de pensar, planejar e avaliar muda. A seleção dos conteúdos obedece a uma outra lógica, diversa daquela que define sua seqüência, partindo daquilo que é considerado mais simples em direção ao mais complexo, e diferente do confinamento em áreas isoladas e rigidamente circunscritas a que são submetidos os conhecimentos.
A escola deve ser um lugar gostoso e feliz, para onde a criança tenha vontade de ir.
Como diz Vygotsky (1984, p. 79) "a ação numa situação imaginária ensina a criança a dirigir seu comportamento não pela percepção imediata dos objetos ou pela situação que a afeta de imediato, mas também pelo significado dessa situação." Esta afirmação salienta um aspecto freqüentemente negligenciado quando se trata do brincar, que é a exigência de interpretação constante que faz a brincadeira. Vygotsky não nega a validade da contingência das situações concretas que a brincadeira oferece para a aprendizagem, mas acentua o quanto o brincar exige e ensina a interpretar regras, situações, papéis, argumentos, ordens, etc.
Jogando, alunos e professores são instigados a saber mais, em diferentes áreas e níveis de complexidade, devido às exigências do próprio jogo, em um clima de animação que sugere, freqüentemente, aos observadores externos, bagunça, mas que na verdade traduz a alegria de saber e de conviver. Isso não se restringe apenas no ambiente escolar, se obsevar-mos encontraremos o lúdico ao redor de tudo e de todas as coisas que estam ao nosso alcance, na TV, no passeio ao parque, em casa, na praia, no hospital, em todos os lugares em que exista interação entre um grupo que formam uma sociedade.


4 O LÚDICO E O PAPEL DA ESCOLA-FAMÍLIA

Depois de refletir sobre a importância do brincar, é considerado o papel da escola de busca o resgate das brincadeiras e a garantia dos direitos das crianças, porque, é de fundamental importância para seu desenvolvimento afetivo. É neste contexto que a criança vai aprendendo a viver numa sociedade em que ela estabelece relações entre ela e os outros.
O lúdico precisa ser vivido na sala de aula, não como um meio para alcançar os objetivos, mas como algo espontâneo que permita as crianças sonharem, fantasiarem, realizarem desejos, que possam viverem como crianças de verdade. Atuamos em uma sociedade onde as regras nos foram impostas sem a oportunidade de negociá-las. Diante disso buscamos a transformação da escola num espaço de sentido cheio de vida e prazer, isso será possível com o investimento em atividades voltadas para o brincar.
O brincar também propicia ao sujeito a resolução de conflitos surgidos no seu contexto, e até o rompimento de traumas impostos pela realidade social. Desta forma estaremos transformando indivíduos passivos em indivíduos ativos, lutando para a transformação social.
Preparar a criança e o jovem para a convivência humana e, portanto para as relações sociais, o que implica a introjeção de regras e dos valores convencionais e aceitos coletivamente reproduzindo os já existentes. Ao mesmo tempo, espera-se das crianças e dos jovens as mudanças e a quebra das tradições.
No caminho para a construção de relações mais favoráveis ao trabalho educativo deve-se considerar o sujeito a partir do seu meio, de sua história e de suas aprendizagens. Agindo desta maneira, o aluno percebe-se acolhido e aceito na sua condição de indivíduo histórico.
Quando avaliamos as dificuldades da escola, principalmente, as encontradas pelos professores para desenvolverem os processos de ensino-aprendizagem, é necessário refletir sobre a sua atualidade, no que tange às competências e condições necessárias para que ela possa desempenhar seu papel de mediadora com diferentes linguagens, conhecimentos e com as diversidades de grupos sociais e seus respectivos códigos.
O grande desafio do momento é preparar seus professores para enfrentar o paradoxo dos nossos dias atuais: de um lado a vertente familiar, e do outro a sociedade, cabendo a escola encontrar a solução para problemas como a indisciplina, um dos problemas mais graves que a educação está atravessando. Se não há disciplina não pode haver progresso, é de fundamental importância que pais e educadores definam princípios e construam juntos regras que levem ao bom comportamento.
A falta de limites na educação tornou-se um problema alarmente, quase irreversível, em virtude da dificuldade que os pais de hoje encontram em dizer não. Eles têm medo de parecerem rígidos demais ou de perderem o amor de seus filhos, por este motivo a maioria dos pais transferem aos seus filhos, o poder de decisão. Os pais não se dão conta que cabem a eles orientar e proteger seus filhos. Os pais não conseguem conciliar disciplina com liberdade.
A insegurança dos pais diante da imposição de limites, é que, está dando margem a tantos distúrbios de comportamentos.
O dizer não e, conservar o não, resulta na construção da confiança e da auto-estima. Essa atitude é uma prova imensa de amor.
Os limites fornecem uma base segura para o equilíbrio na vida pessoal. Saber respeitar os limites impostos dentro e fora de casa e da escola e no relacionamento entre pais e filhos, é um aprendizado para a vida em sociedade.
Os limites são ingredientes essenciais, para que as crianças possam crescer saudavelmente e com equilíbrios suficientes preparadas para a vida adulta.
Isto acontece porque muitas famílias não têm clara noção de certo e errado e não conseguem estabelecer limites e responsabilidades, permitindo que os filhos ajam guiados pelo prazer, evitando qualquer coisa que lhes dê trabalho, entendido como desprazer. É em casa que se começa a praticar a cidadania familiar, o que tem de ser feito fora de casa. Como eles irão fazer sozinhos o que nunca fizeram em casa?
Quando há relacionamento afetuoso qualquer caso pode ser revertido. O primeiro passo é tomar consciência de que a inquietação é inerente à idade e faz parte do processo de desenvolvimento e de busca do conhecimento. O segundo passo é aceitar as diferenças, a adolescência, em especial é a fase de descobrir e de testar limites.
Aliar as necessidades de ensino-aprendizagem às preferências dos educandos, é uma estratégia que sempre dá certo. A compreensão analítica das manifestações da indisciplina na sala envolvendo seus diferentes atores e demais, constitui um primeiro passo para o entendimento do fenômeno e o processo de monitoramento para possíveis intervenções preventivas. Diante do contexto aqui citado, poder-se afirmar que a disciplina escolar é conseqüência da organização total da escola, e também o reflexo da relação que se estabelece entre professor e aluno.
Diria que a disciplina é uma construção e não uma prevenção, nem um tratamento de problemas. Trata-se de uma construção, porque o aluno vai conduzindo e dirigindo seu comportamento de forma a construir a sua vida e a descobrir valores e atitudes.
A disciplina é um habito interno que facilita a cada pessoa o cumprimento de suas obrigações.
Não é fácil fazer o inventário das causas da indisciplina no contexto familiar, tendo em vista que a mesma perpassa por vários fatores que vai do psicológico ao social.
As causas familiares dos problemas mais comuns e exteriorizadas por nossos alunos são: a violência doméstica o alcoolismo, a desagregação dos casais, drogas, ausências de valores, permissividade, omissão dos pais na educação dos filhos, falta de limites. Quase sempre os alunos com maiores problemas de indisciplina provem de famílias onde estes existem.
Todos aos pais precisam de autoridade educacional. O exemplo é muito importante na educação, mas quem sabe realmente fazer aprendeu fazendo. A crise de paradigmas afeta a escola, crescendo o desejo de participação nas decisões. Trata-se de anseios por novas formas de organização na escola, de modo a propiciar condições favoráveis de trabalho criando educando, respeitando sua fase de vida.
Convem afirmar que a mudança não ocorrerá de forma espontânea, é um processo extremamente complexo e que exige competência e comprometimento de todos os agentes que compõe a comunidade escolar.
A educação não pode ser considerada como um processo linear, mecânico, pelo contrário, é um processo complexo e sutil, marcado por profundas contradições e por processos coletivos, contínuos e permanentes, de formação de cada ser, o que se dá na relação entre os indivíduos e entre estes e a natureza.
A escola é o local privilégiado dessa formação porque realizam um trabalho sistemático e planejado com o conhecimento, com valores, com atitudes e com a formação de hábitos. Sua função tradicional é a de facilitar a inserção do aprendiz no mundo social.
Trabalhar com algo desafiador e ao mesmo tempo cativante como esta pesquisa de trabalho é gratificante, pois ela nos convida e nos motivar a contribuir de forma mediadora e integradora no processo de ensino-aprendizagem.
Referindo-se a algo desafiador (lúdico) é bom lembrar que o número de alunos com comportamentos indisciplinados e o baixo rendimento nas escolas públicas deve a falta de compromisso, de uma boa parte da equipe docente e pedagógica, que não visão o moderno e suas contribuições para o aprendizado de sua clientela, podemos afirmar que antes da não inclusão das atividades lúdicas, ação interventiva era algo angustiante para os educadores e para as referidas instituições, onde os projetos, metas, objetivos nem se quer chegavam a serem concluídos porque a falta de inrteresse e a motivação não se faziam presentes no contexto escolar.
Todo o direcionamento das ações lúdicas no decorrer da vida do aprendiz dentro e fora da escola o transforma pedagogicamente, e as práticas de ensino dos professores se modificam de acordo com as necessidades em que a clientela apresentam-se, e ainda servem para possibilitarem aos educandos e aos educadores a transformarem suas dificuldades e ao mesmo tempo conseguirem reconhecerem a importância da autonomia pedagógica e, o aprender de forma dinâmica e lúdica, as ações, valores e atitudes inerentes à formação humana.
Necessita que toda equipe escolar acompanhem e analisem a participação de cada educando nas atividades propostas que estão inseridas no PPP (Projeto Político Pedagógico) e avaliar possíveis conteúdos aprendidos e internalizados servindo de ponto principal para redimensionar a prática pedagógica, dentro de uma dinâmica de reflexão e estudo de fundamentação, para que a reelaboração e efetivação das ações lúdicas, possa concretizar um único fim, a mudança, o conhecimento, o desenvolvimento com a sociedade e a atitude de todos os alunos inseridos no processo.
Na verdade, nossas escolas podem se constituir em espaços onde a cultura e as experiências dos alunos e dos professores, seus modos de sentirem e enchergarem o mundo, seus sonhos, desejos, valores e necessidades sejam os pontos principais para a efetivação de uma educação que concretize dentro um projeto de emancipação dos indivíduos.
A conquista da cidadania e de uma escola de qualidade é projeto comum, sendo que no seu caminho haverá tanto problema de indisciplina, administrativo, organizacional entre outros como de aprendizagem, enfrentá-los e superá-los é nosso grande desafio
A partir de uma interação promovida com o jogar ou brincar, dessa experiência podemos desenvolver-mos; sentimos que a tríade, família, aluno e professor, passam a se envolverem, participando mais dos eventos e reuniões da escola. Estabelecendo-se deste modo, um vínculo mais direto e efetivo entre ambos, pelo fato de que a vida da comunidade escolar, os valores e aspirações passam a serem contemplados nas práticas pedagógicas da escola.
Educandos, professores e família devem se engajarem como sujeitos, no meio onde vivem, definindo uma educação mais participativa, capaz de estudar o ser humano em seu desenvolvimento pleno.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fim de despertar o interesse dos alunos e melhorar a qualidade da aprendizagem nas atividades, o Lúdico é uma proposta diferente, mudando a rotina da sala, a começar pela arrumação da classe, cada dia após dia, a música, o brinquedo, brincadeiras, historinhas e as leituras de textos reflexivos, terá um efeito impressionante, os alunos passam a aprender, e a valorizar mais o outro, a respeitar e a aceitar as normas impostas pela escola.
Podemos considerar que o ambiente de sala de aula e social pode ser alegre, agradável, realizador e gratificante; tanto pode ser gerador de ansiedade, estresse, insegurança ou aversão. Também podemos considerar que esse conjunto de fatores bons ou ruins, em grande parte, é decorrente das relações pessoais que se estabelece entre os próprios alunos e seus professores ou entre alunos e seus familiares.
Para a formação de um cidadão pleno, nota-se que apenas o trabalho isolado no processo de formação não é suficiente, entendemos, por conhecimento, o ato de compreender, relacionar e aplicar conceitos e abstrações práticas. Conhecendo a medida que apreendemos a totalidade e suas partes no todo, reproduzindo-o como concretização do real no pensamento. E é nesse contexto que incluímos a necessidade e possibilidade de romper com as fronteiras, unindo, assim, as diversas formas de se obter experiências e conhecimentos práticos com a vivência da realidade no processo de formação de um ser. Esta pesquisa nos possibilita, enquanto aprendizes do curso de pedagogia, a nossa competência, capacidade e afinidades do que estamos buscando para a nossa formação como pedagogos do século XXI. É impressindível que busquemos os nossos objetivos, utilizando estratégias inovadoras que nos levem a refletir sobre as nossas escolhas. Para isso, é necessário que o conhecimento teórico busque á prática, pecorrendo um caminho junto com educadores e alunos, refletindo o melhor para que se alcance o objetivo maior que é o "aprende a aprende brincando", como diz KISHIMOTO.
Nesse reduto social comporto pelas classes de uma escola, importa estabelecer relações de amizade, de segurança, de cooperação, de prazer em estar naquele lugar e com aquelas pessoas se sentindo bem. Neste sentido, o contato físico e afetivo é ótimo condutor de relações harmoniosas entre os membros que compartilham o ambiente escolar.
Como afirma Cury (2003, p.78), o afeto e a inteligência curam as feridas da alma, reescrevem as páginas fechadas do inconsciente.
Tiba (2006, p. 124) dá ênfase ao que se exige do educador hoje. É uma exigência voltada para o compromisso profissional que assume com o educando e a sociedade atual.
Acredito no ser humano e nas suas competências para aprender, mesmo com seus erros; para solucionar seus problemas; expandir seus limites muito além do conhecido buscando novos modelos para obter um upgrade na vida e não se acomodar com o insatisfatório.

A conquista da cidadania e de uma escola de qualidade é projeto comum, sendo que no seu caminho haverá tantos problemas e indisciplinas quanto o de aprendizagem, Enfrentá-los e superá-los é nosso grande desafio. Acredito que com os trabalhos desenvolvidos conseguiremos situar os professores e reeducar os alunos, inserindo em seu cotidiano experiências e encaminhamentos que tanto contribuirão para aquisição de saberes fundamentais a sua formação. Pois educar não é repetir palavras, é criar idéias e encontrar.





























REFERÊNCIAS


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