Você já reparou que a língua portuguesa é falada vulgarmente pelo nosso povo? Todos os brasileiros cometem erros de linguagem, tanto os da classe baixa como os da classe alta.

O português é o latim continuado, evoluído e mais sistematizado. Assim como o latim se subdividia em clássico e vulgar, também ocorre com o português.

O nosso sertanejo conserva um tradicionalismo todo especial e muito diversificado, assumindo aspectos diferentes de região para região. O Brasil, pela sua imensidade de espaço, pelo contato com outras línguas do continente, pelo avanço das propagandas, música e artes, coisas estrangeiras, pelos diversos dialetos falados por nossos índios, criou um linguajar típico bem diferente do português de Portugal. A essência é a mesma, mas as variações são grandes. E o Brasil é um país de sorte, pois apesar das variações, o idioma se manteve. A unidade lingüística é a união do povo brasileiro. O que ocorre são puros regionalismos.

O nosso sertanejo acha que o homem da cidade fala uma língua sofisticada, do mesmo modo que o homem urbano acha que o sertanejo fala errado. Creio que os dois falam certo, pois o objetivo principal da linguagem é a comunicação, a análise e experiência que são trocados entre os homens. Que adianta eu chegar lá no sertão e falar um português clássico e sistematizado se o sertanejo não vai entender muito do que estou falando?

Hoje em dia os erros da línguaestão sendo tirados pelo aumento da população, pelo estudo, por emissoras de rádio e televisão, pelos livros, revistas e jornais, computadores e muitos outros órgãos. Mesmo assim ainda existem muitos temas que dá para gente "morrer de rir". Há pessoas que falam, falam "pra mode" os outros entenderem, no entanto não entendem nada. Estes linguajares, às vezes, nos "matam de susto".

É assim que "caminha a nossa língua". Não se sabe em que "pé está". Lembram-se da história que aconteceu com um estrangeiro radicado no Brasil? Não? Pois vou contá-la.

Certo estrangeiro, desejoso de estudar o linguajar brasileiro, acabou caindo no desânimo. Ele não conseguia entender quando o brasileiro dizia: "morri de medo", mas continuava vivo. Fiquei "louco de raiva", mas não mordia ninguém, "entrei pelo cano", mas continuava como antes. "Fiquei com o coração na mão", mas até hoje os transplantes são feitos só em hospitais, "comi fogo demais, mas venci", no entanto ninguém come fogo, "você me mata de susto" e o fulano continua vivo. Onde é que eu "ponho a cara depois"? O estrangeiro estava "meio louco" com isto e ainda por cima o brasileiro disse: "vá plantar batatas" ao que o outro respondeu: não posso, sou médico, nada entendo de agricultura.

E se fosse só isto ainda lá ia, mas a coisa se complica ainda mais. O brasileiro usa expressões que se for analisada por palavras, chega-se a conclusão de que são verdadeiros absurdos. A expressão tem que ser analisada globalmente. A nossa língua está cheia de circunlóquios e cacofonias. Isto faz parte do povo, da língua e todo mundo diz, todo mundo fala e ninguém reclama nem faz nada. Todos entendem (principal objeto da língua). Os outros que se danem. Quem quiser vir estudar nosso linguajar, precisa integrar-se nele, assimilá-lo e acomodar-se, depois de sofrer um pouco.

A língua portuguesa não é uma língua atrasada. É uma língua evolutiva e dinâmica e que sofre transformações conforme o tempo, o espaço e o povo que a utiliza.