Legado da Copa do Mundo no Brasil

"Sediar uma Copa do Mundo não traz nenhum legado econômico. Se você quer impulsionar a economia com o dinheiro do povo, que paga impostos, é melhor investir em escolas e hospitais", disse Kuper.  Apartir dessa frase pode-se ter uma noção do que é realmente o legado da copa em nosso país. De acordo com o Ministério do Turismo, é esperado pouco mais de 600 mil estrangeiros em nosso país no período da competição, é acreditasse que com essa quantidade de turistas visitando várias cidades cedes da copa, o turismo irá crescer por meio da divulgação das pessoas quando retornarem aos seus países.

Entre tanto, Simon Kuper nos mostra que, na copa do mundo realizada na África do Sul eram esperados pelo menos 500 mil visitantes de fora do país, o que não ocorreu, pois a quantidade de visitantes chegou a pouco mais de 300 mil. "Eles podem falar bem ou falar mal. Há coisas maravilhosas no Brasil, é um país adorável, mas eu estive aí e tentei viajar de São Paulo para Manaus e foi uma coisa de louco, muito complicado", contou Kuper.

Com todos os problemas que vem ocorrendo nas obras, o Brasil poderá finalizar esse evento sem o "prestígio" que se teve em outros países cedes da copa. Os jornais internacionais mostram os atrasos das obras no Brasil, que os estádios não estão prontos, os acidentes que ocorreram nas obras, as manifestações do povo contra a copa, que a presidente do país foi vaiada na abertura da copa das confederações, e isso apenas afirma que, o Brasil está longe de conseguir o prestígio que esse evento poderia proporcionar.

"O Brasil não precisava da Copa para se tornar conhecido. O Rio de Janeiro é umas das cidades mais visitadas no mundo todo. A Copa pode até piorar a imagem do Brasil", finalizou Kuper.

A FIFA argumenta que a Copa traz para as cidades vários legados positivos como crescimento do turismo, capacitação da mão de obra e melhorias nas infraestruturas, além de divulgar a imagem do país para o mundo (FIFA, 2012). De uma maneira geral, observa-se que há poucos casos de legados positivos e muitos relatos negativos que foram enfrentados pelos países. Entre eles, os principais pontos negativos são:

• O custo final das obras quase sempre superior ao previsto. Temos exemplos claros dessa “realidade” vivida nos países cedes da copa, os Estados Unidos em 1994, teve um prejuízo de 9 bilhões de dólares ao invés do lucro estimado de 4 bilhões (Matheson e Baade, 2004). Na copa de 2002 realizada no Japão e Coréia do Sul, os custos das obras foram bem superiores aos previstos inicialmente. E no Brasil, o custo atual estimado está quase 300% maior que o previsto em 2007 (Brasil, 2012)

• Número de turistas menor do que o esperado. Mesmo que a FIFA declare que ocorrerá um crescimento no turismo, o número de visitantes pode ser equivalente ao de outros países cedes, ou até mesmo inferior como ocorreu, em 2002, na Coreia (Lee e Taylor, 2005). Outro exemplo foi à África do Sul, onde mais de 60% da renda obtida na Copa foi resultado do turismo realizado pelos próprios sul-africanos (Cottle, 2011).

• Prejuízos decorrentes do mau uso das infraestruturas. Temos o exemplo da Coreia, onde dez estádios que foram feitos para a realização dos jogos na Copa, somente cinco são utilizados com regularidade (Cornelissen e Swart, 2006). Outro exemplo claro é que muitos dos investimentos em transporte não priorizam as necessidades da população local, mas sim os interesses dos organizadores do evento.

Mas nosso país já tem um recorde, mesmo antes da copa começar, o Brasil ergueu alguns dos estádios mais caros do mundo. Uma comparação com os valores oficiais dos estádios brasileiros revela que um dos legados do Mundial será que dos 20 estádios mais caros do mundo, dez deles estão no Brasil.

A realização da copa do mundo de 2014 no Brasil será a mais cara da história. Realizando uma comparação com as duas últimas edições, o valor já é três vezes maior do que da Alemanha em 2006 e quatro vezes o que foi gasto na África do Sul em 2010. O lucro da FIFA também atinge recorde e dobra em relação à previsão feita inicialmente, em 2011(edição nº 30 da Revista Cadernos Metrópole).

Os gastos com a construção dos doze estádios que receberam os jogos da Copa do Mundo no Brasil em 2014 é 78% maior que o previsto na Matriz de Responsabilidades assinada em 2010. Em valores absolutos, o orçamento subiu de R$ 5,3 bilhões para R$ 9,6 bilhões - incluindo os estádios privados bancados pelos clubes, mas financiados com dinheiro Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que já cedeu R$ 871,9 milhões aos clubes.

O segundo estádio mais caro foi o Estádio Nacional de Brasília, que custou mais de R$ 1,4 bilhão, 88% acima dos R$ 745,3 milhões previstos inicialmente. Além disso, o governo do Distrito Federal arcou com todos os custos sem recorrer ao financiamento do BNDES (douradosnews.esportes). Mas o principal legado visto por toda a população será o descaso, onde se gasta R$ 28 bilhões em obras para a copa do mundo, e quase nada com o que realmente importa, saúde, educação, segurança, deixando claro à corrupção que ocorre em nosso país.

Fernanda Lopes Martins Dourado, Acadêmica do Curso de Pedagogia do Centro Universitário de Desenvolvimento do Centro Oeste (UNIDESC).