Os Jovens e o Mundo

Faço parte de um site na internet onde pessoas fazem perguntas com intenção de saberem opiniões sobre certos assuntos, tirarem dúvidas escolares, pedirem conselhos sentimentais, enfim, perguntas de todos os tipos e gostos são feitas à espera de respostas que a satisfaçam.

Dentre outras tantas, encontrei uma que me assustou duplamente. Primeiro pela pergunta onde um jovem de apenas quinze anos se interessava em ter resposta para o que acontece com os jovens de hoje que não se interessam por nada, nem por amar a si mesmos ou respeitarem aos preceitos morais. Segundo pelas respostas obtidas. A grande maioria, sintetizando, respondeu que o jovem é que sabe o que é bom na vida.

Esta é a visão que jovens têm dos jovens, que eles sabem viver?

Infelizmente é. Não cabe a nós julgarmos os jovens por seus atos, mas cabe a nós analisarmos por que chegou a este ponto de acharem que transgressões morais e físicas, a irresponsabilidade e o descompromisso com suas próprias vidas, não que todos sejam assim, graças a Deus, seja o bom-viver.

Como educador vejo muito desinteresse em sala de aula por parte de alguns e me surpreende mais ainda quando converso com os pais. Eles, os pais, têm orgulho em dizer que procuram oferecer aos filhos o bom e as melhores coisas que nunca puderam ter, pois passaram por dificuldades, por arrochos com os próprios pais, tendo uma educação rígida, com muita exigência e cobrança. E daí? Não foi graças a esta cobrança, a estes sufocos passados que construíram seu caráter de lutadores a ponto de quererem se esforçar ao máximo para dar o bom e o melhor para sua prole? Então porque não usar o mesmo remédio para que seus filhos obtenham o mesmo caráter?

O filósofo Nietzech (Niti) pode ajudar estes pais a entenderem o que passaram e onde estão errando com a educação que dão aos filhos. Nietzech desejava aos seus amados que sofressem o máximo, que passassem por apertos, que sentissem a dor do fracasso, que sentissem a dor da dor, que tivessem fome, frio e sede. Imagina você falando isso para o seu filho, para a sua amada... Cruel? Não. É pura lógica. Todos os sofrimentos levam à valorização do sucesso, da superação, da vitória. Não existe estrada reta até o topo da montanha. As dificuldades são normais, o segredo da satisfação é aprender a superá-las. Como alguém pode conhecer o sucesso se não conhece o fracasso? Então Niti tinha razão, uma razão lógica. Os jovens atuais se conformam em receber de "mão beijada" tudo o que querem, quando caírem sofrerão e acusarão os pais de não terem deixado aprender a errar, a lutar pelo que queria e as dificuldades da vida ensinará da forma mais cruel, quando os pais já não estiverem por perto quando eles caírem. Afinal, ninguém é eterno ou onipresente.

A liberdade obtida pelos jovens se transforma em libertinagem, em costumes desregrados e devassos. Tudo na vida precisa de limite, por isso a existência das leis, das regras, dos direitos e também, principalmente, dos deveres. Ter limite, dizer e ouvir "não" não é sinal de afronta ou de que não é amado. Dizer "não" é sinal de amor em alguns casos.

Por outro lado, esse jeito jovem de viver, paradoxalmente, ensina-nos que precisamos adaptar à evolução dos tempos. Ficar no passado, preso a limitações temporais, não oferecendo a chance de aprendizado, de reciclagem, significa que paramos no tempo e seremos engolidos pela modernidade. O segredo, no entanto, é dosarmos a absorção dessa modernidade, entendendo que algumas necessidades dos jovens precisam ser supridas. Não faz muito tempo e aprendi a lidar com o computador através de códigos de acessos, não existia o mouse. Não é por isso que vou obrigar meu filho a aprender da mesma forma. Eu podia andar pela madrugada a fora sem medo dos lugares escuros, hoje, corre-se o risco de se perder a vida por estar usando um tênis novo. Este é o lado podre da evolução dos tempos, mas é uma realidade.

Os jovens precisam aprender que tudo evolui, mas a vida é uma só. Respeitar e ser respeitado é o segredo de uma vida feliz. Amar-se, amar e ser amado. Os jovens precisam aprender a dizer: - Eu me amo, eu me cuido, eu me preservo, eu sou único. Isso, sim, é saber viver.