CAPÍTULO I

  A IMPORTÂNCIA DO JOGO NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM DA DISCIPLINA EDUCAÇÃO FÍSICA

                                                 

Brincar, ter prazer, se divertir, ser alegre, parece ser uma necessidade inata, presente em nós desde o nascimento.

A história nos mostra que  os brinquedos e as brincadeiras se modificaram ao longo dos anos, a modernidade se encarregou de substituir o que se construia de forma artesanal  pelos brinquedos e equipamentos eletrônicos.

 

Antigamente as  crianças podiam brincar tranquilamente na rua, atá uma certa hora da noite, sem problemas de violência. As brincadeiras eram transmitidas pelos pais e avós, e criadas por elas próprias. Elas brincavam intensamente todos o dias. A vivência era rica e muito importante.  JUNIOR, 2005, p.19

 

 Para a maioria dos autores pesquisados a utilização do jogo no processo de ensino e aprendizagem da Educação Básica, especificamente na Educação Física, proporciona aos alunos o desenvolvimento das habilidades intelectuais, cognitivas, sociais e motoras. Favorecem ainda a aquisição de condutas cognitivas e o desenvolvimento da coordenação motora, destreza, rapidez, força, concentração, o respeito mútuo, cooperação, obediência às regras, senso de responsabilidade, senso de justiça, iniciativa pessoal e grupal.

 O jogo é destacado como  um impulso natural da criança funcionando como um grande motivador, mobilizando os esquemas mentais, direcionados para o estimulo a formação do pensamento crítico e reflexivo, a coordenação motora buscando a ordenação de tempo e espaço.

 Também é uma forma de vínculo que une a vontade e o prazer durante a realização de uma atividade. O processo ensino e aprendizagem norteado pelas atividades lúdicas pode criar um ambiente gratificante e atraente servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da criança. “No brincar, a criança lida com sua realidade interior e sua tradição livre da realidade exterior.” (MARCONDES, MARINA, 1994, p.12), segundo oa autor através do jogo a criança interage com a realidade e estabele relações com o mundo em que vive.

Segundo PIAGET (1967, p.22),

 ‘’o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolviemnto físico, cognitivo, afetivo e moral’’. Através dele se processa a construção de conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório.

No período sensório-motor o ato de jogar é uma atividade natural do ser humano. Inicialmente a atividade lúdica surge como uma série de exercícios motores simples sua finalidade é destacada como o próprio prazer de realizar as atividades descritas e  estes exercícios podem se constituir apenas em repetição de gestos e movimentos simples como agitar os braços, sacudir objetos, emitir sons, caminhar, pular, correr, etc.

Na fase pré-operatória que aparece predominantemente entre os 2 e 6 anos, a função da atividade lúdica, de acordo com Piaget, "consiste em satisfazer o eu por meio de uma transformação do real em função dos desejos" ou seja, tem como função assimilar a realidade. A criança tende a reproduzir nesses jogos as relações predominantes no seu meio ambiente e assimilar dessa maneira a realidade e uma maneira de se auto-expressar. Os jogos defaz-de-conta possibilita à criança a realização de sonhos e fantasias, revela conflitos, medos e angústias, aliviando as tensões e frustrações.

 

1.1 - O BRINQUEDO, A BRINCADEIRA E O JOGO, RESSIGNIFICANDO A FORMAÇÃO COGNITIVA

A inserção do brinquedo, das brincadeiras e dos jogos na prática pedagógica, geralmente tem como objetivo, desenvolver nos alunos a curiosidade, a motivação que instiguem a resolução de problemas, o pensamento lógico e a capacidade de abstração. Esses três aspectos estão envolvidos na cognição, ou seja, o processo pelo qual as pessoas adquirem conhecimentos e raciocínio. No entanto, outros processos cognitivos podem ser favorecidos pelos jogos, cabendo aos professores levá-los em conta e explorá-los em seu trabalho, por serem também importantes para a aprendizagem. São eles a percepção, o exercício da linguagem e a formação de conceitos.

Para VYGOTSKY (1994, p.33) in OLIVEIRA, DIAS, ROAZZI (2003),

“O prazer não pode ser considerado a característica definidora do brinquedo, como muitos pensam. O brinquedo na verdade, preenche necessidades, entendendo-se estas necessidades como motivos que impelem a criança à ação. É exatamente estas necessidades que fazem a criança avançar em seu desenvolvimento.”

O brinquedo é a oportunidade de desenvolvimento. Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporcionam o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e da atenção.

A brincadeira é uma forma de divertimento típico da infância, isto é, uma atividade natural da criança, que não implica em compromissos, planejamento e seriedade e que envolve comportamentos espontâneos e geradores de prazer. Brincando a criança se diverte, faz exercícios, constrói seu conhecimento e aprende a conviver com seus colegas.

O jogo é uma atividade que tem valor educacional intrínseco. O ensino quando utiliza meios lúdicos cria ambiente gratificantes e atraentes servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da criança. O jogo é uma forma de vínculo que une a vontade e o prazer durante a realização de uma atividade.

O uso do lúdico nas aulas reside na sua função cognitiva, Cabe aos professores incorporar essa função ao próprio conceito que têm do jogo, passando a entendê-lo como um dispositivo que facilita a percepção dos conteúdos pela criança. O jogo, portanto, torna-se um aliado na transmissão aos alunos dos conteúdos previstos, de certa forma suavizando trabalho predominantemente intelectual que a aprendizagem envolve.