A história se passa na África e tem como personagens principais Kayerts e Carlier, dois brancos preguiçosos e ignorantes que de repente são lançados para um lugar totalmente desconhecidos, onde eles mesmos é quem devem decidir o que fazer sem ninguém para direcioná-los, contavam com a ajuda de Makola na feitoria, um nativo que apesar de ser inferior era mais inteligente e esperto que os dois, havia também Gobila, o chefe de um aldeia vizinha que a principio tinha uma espécie de devoção pelos brancos e sempre lhes fornecia alimentos como forma de reverenciá-los, pois os consideravam imortais.

            Segundo o autor Joseph Conrad o homem em seu determinismo social era um produto do meio, pois Kayerts e Carlier se sentiam os únicos homens civilizados da aldeia, tinha um ar de superioridade diante dos negros que por visão dos leitores havia um preconceito de sua parte.  Podemos constatar isso na seguinte passagem:

Olhe para ali! Veja-me aquele, e o outro, o da esquerda! Já encontrou cara semelhante? Que selvagem tão esquisito! [..]

- Belos animais. Querem bugigangas? É hora de dá-las. Repare nos músculos daquele camarada, o terceiro a contar do fim. Não me agradava levar um soco daquela mão. Bons braços! [..]

- Ui! como fedem! (Conrad, p. 138)

Porém, os personagens (Kayerts e Carlier) diante de toda aquela realidade se viam acima de tudo e todos, mesmo passando por toda aquela situação, de ambos sentirem saudades da sua pátria e terem a livre liberdade de escolha, suas decisões era o que determinava seu pensamento em fazer e como irai realizar uma mudança diante daquelas pessoas que eles (Kayerts e Carlier) julgavam ignorantes, se consideravam os percursores da civilização, encarregados de trazerem o progresso para aquele lugar, no entanto o conceito que eles tinham de civilização estava longe de ser o ideal, em nenhum momento eles mencionam teatros, museus ou qualquer outra forma ou expressão de arte e cultura, mostra que nem eles mesmo eram cultos, pelo o contrário, por ironia, foi somente lá que tiveram seu primeiro contato com a literatura e com a história das civilizações. Pois diante da liberdade de escolha a África os exigia suas escolhas e realização da atividade. Estavam ali procurando melhores condições de sobrevivência, mesmo não tendo noção do que se tratava e como iriam viver a tal situação, chegaram a imaginar que seria fácil e que não haveria rejeição pelo o povoado, valores eram atribuídos as culturas, existiam diferenças.

O narrador é muito detalhista e segue a risca essa característica, onde a descrição é feita de maneira objetiva e sem nenhum sentimentalismo, além dos detalhes que fazem com que o leitor sinta como se estivesse realmente presenciando a situação o que nos mostra a citação seguinte:

“Daqui a cem anos haverá talvez uma cidade aqui. Cais, armazéns, quartéis e... salas de bilhar... A civilização, meu amigo, e tudo o mais que é preciso. E então, os vindouros hão de saber que dois sujeitos Kayerts e Carlier, foram os primeiros homens civilizados que habitaram êste sítio. (Joseph Conard, pág., 139 e 140)

            Portanto as situações presentes entre as diferenças de culturas os deixavam confusos e indecisos, queriam conquistar algo, mas a realidade os impedia. Ambos possuíam características diferenciadas pois os negros eram vistos como escravos, uma forma de justificativa para a escravidão, eles (negros) viviam em um mundo que tem sentido e significados importantes em sua vida, onde o branco é que tem que ser civilizado. Segundo o autor Carlier julga-se infeliz porque vê qualidades em si das quais poderia estar em um melhor emprego. Muitas vezes sentiam-se sozinhos, a solidão dos personagens se dará refletido sobre as condições do homem em relação a si e ao outro. O que fazia a solidão de seus pensamentos, pois aos personagens (Kayerts e Carlier) nada tinha valor e nem significado segundo essa citação:

O rio, a floresta, toda a natureza palpitante de ao redor se lhes afigurava como um imenso vácuo. Nem sequer o sol lhes revelava qualquer coisa. Tudo lhes aparecia e desaparecia de forma desconexa, sem razão plausível[...](Joseph Conrad, pág,138) 

Os personagens estavam no meio, em outro mundo que eles mal conheciam. O medo da solidão e de ficarem em um lugar estranho sem que soubessem como sair fez com que eles se unissem e cada um temesse a morte um do outro. Estavam sempre juntos um desfrutando da companhia do outro até começar uma luta pela sobrevivência, a mercê da sorte, sem alimentos e com os mantimentos da feitoria escassos, alheios a tudo que os cercavam e sem saber como conseguiriam alimentos, sentiam-se enfraquecidos e acabaram adoecendo o que levou a morte de Carlier. Isso nos mostra a incapacidade a do ser humano em conseguir vencer obstáculos, pois a acomodados por natureza e movidos pela preguiça e ignorância foi impossível suprir as próprias necessidades, não houve saída para quem já não se encontra em condições de fazer frente às exigências naturais da vida em sociedade.

REFERÊNCIAS 

conrad, Joseph. "Uma Guarda Avançada do Progresso". In: Maravilhas do Conto Inglês. São Paulo:  Cultrix, 31958, pp. 133-157.