O INSUPORTÁVEL BRILHO DA ESCOLA: ANÁLISE PARA REFLETIR

 

Autora: ALBUQUERQUE, Clecivane Oliveira *

 

Olga Maria Pombo inicia seu artigo “Insuportável Brilho da Escola” fazendo referência às teorias de Hannah Arendt que nos anos 50 procurou através da sua obra "A crise da Educação", explicar a crise da educação nos Estados Unidos.  Olga Pombo demonstrou o quanto estão vivas, até hoje, as mesmas razões que fundamentaram a crise americana. Ou seja, as responsabilidades educativas que naturalmente deveria pertencer a família é transferido à Escola, o professor assumi obrigações que é devida do pai, Pombo evidencia:

 

Abandonadas a si próprias, expulsas do mundo familiar que as convidou a nascer e, um dia lhes prometeu abrigo e proteção, aí as temos dias inteiros entregues as cuidado de estranhos, esmagadoramente mulheres (ama, educadora de infância, professora primária), arrastando-se pelas salas de aulas e recreios de nossas escolas vagueando pelos corredores anônimos dos infantários do jardim de infância, dos jardins-escola, colégio infantis, das escolas primárias, básicas e secundárias.

 

Essa transferência para a escola das responsabilidades de educar inerentes as famílias é motivada pelas condições impostas pela vida moderna. Com a saída da mãe para o trabalho em meados do século XX, a casa fica vazia e a escola fica encarregada de refugiar essas crianças e jovens. Assim foi a dada a ela a tarefa de não apenas ensinar, mas de guardar as crianças durante os largos períodos de tempo em que o pai e mãe vão trabalhar. A autora do texto analisado considera terrível essa situação quando diz: “Estamos, pois perante uma situação terrível- a mais terrível de todas a meu ver- a progressiva e alarmante transferência para a escola das responsabilidades educativas que, naturalmente e desde sempre, pertencem a família”.

As funções que foram atribuídas à escola de: cuidar, vigiar, alimentar, distrair se distancia da sua real missão. A função essencial que é a de ensinar acaba por gerar perdas irreversíveis quanto aos valores familiares, além de prejudicar a formação educativa.

Quando se fala em educação muitas pessoas atribuem à obrigação de educar a escola. De fato, a educação é obrigação da escola, mas de uma forma bem parcial. A escola tem um conteúdo programático e cabe a ela cumprir, nesse sentido educar seria aprender um pouco sobre cultura, a ler, escrever etc., mas não a educar seu filho para que ele aprenda a viver em sociedade, esse tipo de educação cabe aos pais. O papel da escola na educação é apenas auxiliar, e não tomar para si toda a responsabilidade do desenvolvimento satisfatório de um aluno. A cada um é atribuída uma responsabilidade, aos pais, de educar para a vida, à escola, a de educar para o conhecimento e para um bom futuro. Olga prefere utilizar o termo “ensinar” do que educar. A autora avalia que hoje está muito confuso o papel da escola e entende que a educação é papel familiar e o ensino é função que deve ser da escola.

É difícil fazer essa distinção quando se trata de ensino aprendizagem porque o professor na medida em que ensina também interage com os outros, pois seu ensino e principalmente sua interação, têm significativa influência sobre a personalidade dos seus alunos, assim podendo ser chamado de educador.

O ensino, que neste texto aparece como o brilho da escola, frente às crises educacionais, deverá ser repensado de forma que atenda as individualidades de cada aluno e essa função é muitas vezes interpretados pelos pais como uma obrigação inteiramente da escola e se exime da responsabilidade em educar seus filhos no que diz respeito aos valores essenciais na formação de seus filhos. A vida moderna nem sempre compreende e aceita distinção entre o ofício de educar e o de ensinar. As famílias transferem para as escolas que transferem aos professores exigindo-lhes muito mais pelas atividades extracurriculares do que pelos seus conhecimentos pedagógicos, e estes, por sua vez, transferem aos alunos a responsabilidade de aprenderem por si só.  

Portanto, acredito que o papel da escola se traduz não só na transmissão de conhecimentos sistematizados, como também na orientação de valores morais e éticos em parceria com família que tem forte influência nesse processo. Infelizmente a essa responsabilidade de educar tem sobrecarregado as escolas que para muitos pais é sim seu dever, ao passe que também encaram o ambiente escolar como forma de escapismo, mas antes estejam dentro da escola, do que fora dela. Já que como a autora bem ressalta em seu texto, existem coisas que apenas na escola é possível de se aprender.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

            O papel da escola é de formar alunos capazes de pensar e ter autonomia para tomar decisões. Ensinar a respeitar e dar valores são os pais que tem que fazer essa parte, afinal se os pais não conseguirem educar os seus filhos, não vai ser o professor quem vai conseguir fazer isso. Nós professores podemos reforçar alguns valores como honestidade, respeito, companheirismo e amor ao próximo. Mas nunca vamos chegar a substituir os pais.

            O aumento do número de instituições de educação infantil é consequência da vida moderna que não só promoveu a conquista da mulher no mercado de trabalho como também mudança na estrutura familiar, as mães se veem obrigadas a deixar seus filhos nesses recintos. A escola pode ser decisiva na vida infantil, mas não substitui a importância do convívio constante com a família na formação da criança.

            A educação infantil é importante porque ela serve como alicerce para o conhecimento que a criança vai adquirir durante a vida. Se esse período for frustrante, pode vir a comprometer o desenvolvimento escolar e social. Ingressar na vida escolar desde cedo também favorece as relações sociais.

            O aumento das matriculas na pré-escola está muito mais ligado à ao trabalho do que ao interesse em ver o filho trilhar o caminho escolar desde cedo.

            Os pais precisam estar cientes de que matricular a criança não os exime dos cuidados, da criação e da transmissão de valores aos filhos. O estímulo que a criança recebe dos pais é importante para que ela desenvolva valores e tenha neles referenciais, a perda desse contato pode ser muito prejudicial à criança. Não há como deixar a educação do filho nas mãos de outra pessoa e querer que esse bebê tenha um desenvolvimento saudável.

            A escola é o ambiente mais indicado para a mãe deixar o filho enquanto trabalha. Mas os pais não podem transferir para a instituição a responsabilidade de formar o pequeno. É preciso ficar claro que a escola tem importância na vida da criança em vários aspectos, mas que ela não pode substituir o papel de criação. Esse, cabe aos pais.

 

 



*Graduanda em Letras – Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.