O inglês na minha vida - Parte 3
Publicado em 09 de maio de 2010 por Camila Giazzi
Entrei e me sentei logo na primeira carteira da primeira fileira ? as meninas foram sentar lá atrás. Durante o interminável período de espera, enquanto a professora escrevia nossos nomes em uma lista e recortava-os e dobrava-os de maneira perfeitamente igual, me vi em um palco, cantando músicas em inglês ? como aquela cantora da infância ? para uma platéia que delirava e cantava em coro. Frações de segundos depois eu era a executiva dos sonhos de qualquer pessoa, eu era linda, bilíngüe, famosa, inteligente e além de ter muitas ações na bolsa, tinha uma grande empresa e um andar só para mim e meus funcionários ? também chiquérrimos ? no World Trade Center ? o sonho de qualquer um.* Uma guia turística, mostrando lugares maravilhosos do Brasil para estrangeiros, e mais uma vez, falando inglês linda e fluentemente.
Voltei ao sorteio assustada pelo barulho que um infeliz fez ao arrastar sua carteira ao meu lado. Ia começar. A professora nos avisou que havia dez bolsas de vinte por cento de desconto, duas de cinqüenta por cento e só uma de cem por cento de desconto.
"- Vamos lá, gente. Atenção."
Ela iniciou o sorteio com a ajuda de um dos alunos que segurava uma sacolinha de supermercado onde estavam todos os nomes. Quase desmaiei quando ouvi o primeiro nome a ser chamado. Nem pude acreditar! Que sorte a Talita teve sendo a primeira pessoa a ser sorteada!
Sentimentos fortes começaram a se juntar dentro de um único ser: eu. A ansiedade resultou na falta de unhas; o nervosismo cismava em revirar meu estômago dando náuseas e dor de barriga, frio na espinha, mãos geladas que eu inutilmente enxugava nas pernas, esfregando-as na calça jeans. Eu sabia que se ganhasse naquela hora, seria inútil. Meus pais não teriam condições financeiras para pagar o restante da porcentagem. E ainda teria o material didático.
Lembro-me do momento exato em que fechei os olhos e disse para mim mesma: "- Seja o que Deus quiser." ? Já ia ser o sorteio da bolsa de cem por cento. "- É agora ou nunca."
E foi! Fiquei em estado de choque. Me perguntei umas duzentas e vinte e três vezes em um segundo se aquilo era verdade ou mentira.
"- Uhuuuuuuuuuuu. Não acredito. Obrigada Meu Deus!!!!"
Viajei muito rápido por lugares distantes nas duas últimas aulas ? que eram de matemática ? que bom! ? o que serviu para as horas passarem rápido. Sorria sem parar, e agradecia a todas as pessoas que vinham me parabenizar.
Mal havia chegado em casa, já estava falando inúmeras palavras inúteis, inexplicáveis e inentendíveis. Parei repentinamente com minha mãe parada em minha frente com a mão no ar fazendo um sinal de "Pare!". Respirei e comecei explicar de novo, pausadamente, analisando o olhar de minha mãe enquanto eu falava. Percebi seu sorriso se abrindo ? sabe aquele sorriso de orgulho que geralmente se vê em filmes de romance? ? à medida em que seus olhos iam se fechando por causa das bochechas. Um abraço. Um beijo e um apertão que mal conseguia respirar.
"- Que você saiba aproveitar esta oportunidade que Deus te deu. Faça bom uso. Tenho certeza que nada nesta vida é por acaso. Tudo tem uma razão, um por que. Eu confio em você" ? Estas palavras que minha mãe dirigiu a mim me conduzem até hoje ao caminho certo.
Bom, só precisávamos ir à escola para preencher toda a papelada para eu iniciar as aulas... Nunca estive tão feliz em toda a minha vida. Minha hora, minha vez... mais uma vez, obrigada, Senhor!
Na noite anterior à matrícula, eu não consegui dormir. Levantamos cedo e fomos. Era uma linda manhã de sábado, mas para mim se tornou um pouco nebulosa quando soube o sacrifício que minha mãe teria que fazer para pagar o material que era muito caro, e seria parcelado em seis meses, durariam seis meses também e eu estudaria por cinco anos... "- Vai dar tudo certo, nós vamos conseguir." ? Falou minha mãe.
Eu confiei em suas palavras, tinha fé que tudo se encaixaria no final...
Voltei ao sorteio assustada pelo barulho que um infeliz fez ao arrastar sua carteira ao meu lado. Ia começar. A professora nos avisou que havia dez bolsas de vinte por cento de desconto, duas de cinqüenta por cento e só uma de cem por cento de desconto.
"- Vamos lá, gente. Atenção."
Ela iniciou o sorteio com a ajuda de um dos alunos que segurava uma sacolinha de supermercado onde estavam todos os nomes. Quase desmaiei quando ouvi o primeiro nome a ser chamado. Nem pude acreditar! Que sorte a Talita teve sendo a primeira pessoa a ser sorteada!
Sentimentos fortes começaram a se juntar dentro de um único ser: eu. A ansiedade resultou na falta de unhas; o nervosismo cismava em revirar meu estômago dando náuseas e dor de barriga, frio na espinha, mãos geladas que eu inutilmente enxugava nas pernas, esfregando-as na calça jeans. Eu sabia que se ganhasse naquela hora, seria inútil. Meus pais não teriam condições financeiras para pagar o restante da porcentagem. E ainda teria o material didático.
Lembro-me do momento exato em que fechei os olhos e disse para mim mesma: "- Seja o que Deus quiser." ? Já ia ser o sorteio da bolsa de cem por cento. "- É agora ou nunca."
E foi! Fiquei em estado de choque. Me perguntei umas duzentas e vinte e três vezes em um segundo se aquilo era verdade ou mentira.
"- Uhuuuuuuuuuuu. Não acredito. Obrigada Meu Deus!!!!"
Viajei muito rápido por lugares distantes nas duas últimas aulas ? que eram de matemática ? que bom! ? o que serviu para as horas passarem rápido. Sorria sem parar, e agradecia a todas as pessoas que vinham me parabenizar.
Mal havia chegado em casa, já estava falando inúmeras palavras inúteis, inexplicáveis e inentendíveis. Parei repentinamente com minha mãe parada em minha frente com a mão no ar fazendo um sinal de "Pare!". Respirei e comecei explicar de novo, pausadamente, analisando o olhar de minha mãe enquanto eu falava. Percebi seu sorriso se abrindo ? sabe aquele sorriso de orgulho que geralmente se vê em filmes de romance? ? à medida em que seus olhos iam se fechando por causa das bochechas. Um abraço. Um beijo e um apertão que mal conseguia respirar.
"- Que você saiba aproveitar esta oportunidade que Deus te deu. Faça bom uso. Tenho certeza que nada nesta vida é por acaso. Tudo tem uma razão, um por que. Eu confio em você" ? Estas palavras que minha mãe dirigiu a mim me conduzem até hoje ao caminho certo.
Bom, só precisávamos ir à escola para preencher toda a papelada para eu iniciar as aulas... Nunca estive tão feliz em toda a minha vida. Minha hora, minha vez... mais uma vez, obrigada, Senhor!
Na noite anterior à matrícula, eu não consegui dormir. Levantamos cedo e fomos. Era uma linda manhã de sábado, mas para mim se tornou um pouco nebulosa quando soube o sacrifício que minha mãe teria que fazer para pagar o material que era muito caro, e seria parcelado em seis meses, durariam seis meses também e eu estudaria por cinco anos... "- Vai dar tudo certo, nós vamos conseguir." ? Falou minha mãe.
Eu confiei em suas palavras, tinha fé que tudo se encaixaria no final...