A História da literatura do Brasil mostra que por volta do século XIX ainda não existia uma literatura brasileira propriamente dita; uma literatura que retratasse as características, costumes e aspectos culturais do Brasil, do povo brasileiro em si. Tornando assim a literatura brasileira um produto europeu. Tira-se a conclusão que a literatura era ligada aos traços basicamente da cultura europeia.

        A partir do século XIX os autores brasileiros começaram a ter a necessidade de criar uma literatura do nacional, feita no Brasil, feita por brasileiros e que falasse do Brasil. A partir de então começaram a abordar em suas obras características como valorização da terra, da cor local, enfim uma literatura que se desvinculasse da literatura europeia e apresentasse traços da cultura brasileira.

        Assim em meio a outros escritores da literatura brasileira, no romantismo o que mais se destacou foi José de Alencar, pois o mesmo estabeleceu a busca pelas bases tão sonhada da identidade nacional, com as obras “Iracema” e “O guarani” e “Ubirajara” obras estas que apresentam o índio como principal representante da origem do povo e da terra brasileira como heróis fortes e destemidos, exaltando orgulhosamente o País. Logo depois vem o Visconde de Taunay autor da obra “inocência” uma esplendida representação do sertanejo e do lugar onde o mesmo habita mostrando o sertanejo uma raça mais brasileira por se originar do índio e do português.

        Ainda com base no aspecto indianista e no sertanejo e exaltação do nacionalismo brasileiro Alencar (2007, p. 77) diz que “o conhecimento da língua indígena é o melhor critério para a nacionalidade da literatura”, ou seja, é importante conhecer a língua dos primeiros habitantes do Brasil, pois a partir disso conhecer o modo de pensar, os gestos e o estilo de vida dos mesmos. Assim também fez Taunay que tinha um grande conhecimento do sertanejo, características como a falar, o lugar e a natureza que o mesmo descreve tão brilhantemente em sua obra.

        Embora que por trás desses traços nacionais na obra de Alencar perceber características ainda europeias em sua personagem marcante, como o índio Peri, que apesar de ser índio se vestir como tal mais age feito um cavalheiro português. Mas como diz Machado de Assis “para a literatura não existe grito de independência”. A literatura se faz aos poucos e a transformação decorre dessa construção lenta da mesma.