O IMPACTO DOS ÍNDICES DE HEMOGLOBINA NA MORTALIDADE DOS PACIENTES RENAL CRÔNICO
Publicado em 13 de março de 2010 por Valéria Cristina
MACIEL, Aline Gonçalves
SILVA, Fabiane
Gonçalves
SILVA, Aline Rodrigues da
TEIXEIRA,
Valéria Cristina Alves
INTRODUÇÃO
A Insuficiência Renal Crônica é caracterizada pela perda
função renal, através do qual os rins não conseguem realizar a filtração do
sangue do paciente (ABREU e PEREIRA, 2008 e OLIVEIRA e SCHMITZ, 2007).
Oliveira e Schmitz (2007) ainda dizem que pelo fato de haver uma
restrição alimentar, a desnutrição dos pacientes em hemodiálise pode ser o
maior determinante para a mortalidade e a morbidade. Certamente existe uma
associação entre os dois fatores, pois uma vez que os pacientes sejam bem dialisados
apresenta maior bem estar geral e uma boa ingestão alimentar.
Marreiro et al.
(2007) afirmam que a desnutrição aparece em torno de 10 a 70% dos clientes que
fazem tratamento em hemodiálise e em 18 a 56% nos indivíduos em diálise
peritoneal ambulatorial contínua.
As
autoras reforçam ainda que na literatura haja a participação de uma gama de
fatores que contribuem para o surgimento da desnutrição na insuficiência renal
crônica: deficiência na ingestão alimentar, distúrbios hormonais e
gastrintestinais, uso de medicamentos, diálise insuficiente e presença de
morbidades como a insuficiência cardíaca e as infecções. Por outro lado, uma
nutrição inadequada tem relação ingestão deficiente de proteína, maior consumo
energético durante a terapia e longas doses de diálise oferecidas.
A lesão
renal causa doenças hematológicas associadas, especialmente a anemia crônica. É
freqüente em clientes renais crônicos causando o cansaço, reduz a capacidade de
realizar atividade física, fraqueza, perda de massa muscular (CANZIANI, 2000).
Um tratamento efetivo da anemia reduz a morbidade e proporciona a qualidade de
vida e sobrevida aos pacientes (OLIVEIRA e SCHMITZ, 2007).
A redução da
eritropoetina nos rins e a desnutrição têm forte relação com a anemia (RAMÃO
JUNIOR, 2005). E a produção renal inadequada de eritropoetina está ligada à
redução da qualidade de vida dos pacientes (ABENSUR, 2000).
A eritropoetina é um hormônio produzido nos rins, com a função do estímulo da
produção de hemácias no organismo e a sua ausência leva a anemia crônica no
paciente. Para a manutenção dos níveis de hemoglobina, o tratamento é feito
através da eritropoetina recombinante humana (PECES, 2003).
Para
Oliveira e Schmitz (2007) a anemia crônica pode ser leve à moderada
(hemoglobina entre 9 e 12 g/dL), raramente os valores da hemoglobina são menor
que 8 g/dL e o hematócrito tem uma variação entre 23% e 40%.
Abensur (2004)
sugere este tratamento quando o hematócrito for inferior a 33%, relacionando
este valor ao estado clínico geral do cliente.
Conforme Júnior,
Canziani e Barreti (1999) e Canziani (2000) os benefícios do tratamento são
diversos, com o aumento dos níveis de hematócrito e de hemoglobina na maior
parte dos pacientes e efeitos como bem-estar geral, melhoria do estado físico e
psíquico.
A utilização da eritropoetina recombinante humana possui ponto positivo como a
eliminação da necessidade de transfusões sanguíneas nos pacientes renais, pois
reduzem a queda do hematócrito, os riscos da sensibilidade imunológica,
infecção ou sobrecarga de ferro oriundos de transfusões sangüíneas (OLIVEIRA e
SCHMITZ, 2007).
Porém para a
utilização da eritropoetina humana recombinante é preciso que o paciente tenha
uma reserva de ferro (OLIVEIRA e SCHMITZ, 2007).
Júnior, Canziani e
Barreti (1999) complementam que é comum que pacientes renais crônicos tenham
deficiência de ferro, os que são submetidos à diálise peritoneal e de maneira
mais acentuada nos clientes que fazem hemodiálise. O tratamento com a
eritropoetina humana recombinante causa o aumento do ritmo da eritropoese e, em
conseqüência as necessidades de ferro, o que fará necessário a suplementação do
elemento, nos pacientes.
Segundo Júnior, Canziani e Barreti
(1999), a sua não reposição, pode levar a um balanço negativo em torno de 1.000
mg a 3.000 mg de ferro por ano. Pois a reserva orgânica de ferro é
indispensável para a formação da hemoglobina e se não houver estoque ideal de
ferro, não haverá uma adequada hematopoese.
E Oliveira e Schmitz
(2007) e Júnior, Canziani e Barreti (2007) acrescentam que os testes mais
empregados em pacientes em diálise para a avaliação do metabolismo do ferro e o
fornecimento de valores estimados dos níveis de ferro no organismo são a
concentração de ferritina sérica e o índice de saturação de transferrina. Este
diagnóstico é confirmado quando os valores de concentração de ferritina sérica
for inferior a 100ng/ml e a saturação de transferrina abaixo de 20% (JORNAL
BRASILEIRO DE NEFROLOGIA, 2000).
E dessa forma, para a manutenção da ferritina sérica e a saturação de
transferrina superior nos níveis normais, a maior parte dos pacientes
necessitará suplementação de ferro para uma eficiente eritropoiese durante o
tratamento com eritropoetina (PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS,
2001).
O não tratamento da
anemia poderá causar várias anormalidades fisiológicas como a insuficiência
cardíaca, hipertrofia ventricular, angina, redução da atividade cognitiva,
queda da resposta imune e outros. Além disso, reduz a qualidade de vida
dificultando a reabilitação dos pacientes e sua presença também tornará um
fator de risco para mortalidade em pacientes hemodialisados (JUNIOR, CANZIANI e
BARRETI, 1999 e CANZIANI, 2000).
Tendo em
vista o conhecimento da importância de um adequado estado nutricional do que é
preconizado aos pacientes renais crônicos e a complexidade da tarefa, como
conseqüência a desnutrição, anemia e anormalidades fisiológicas já mencionadas
levando a redução da qualidade de vida e a mortalidade dos pacientes
dialisados, o principal objetivo do estudo foi identificar se há ou não relação
do índice de hemoglobina com a mortalidade dos pacientes renal crônico.
METODOLOGIA
O presente artigo trata-se de uma
revisão literária, com a obtenção de informações pertinentes para saber se há
relação dos níveis de hemoglobina com a mortalidade dos pacientes renal
crônico. Para a sua execução foi feito um levantamento no período de 31 de
agosto à 02 setembro de 2009 de artigos nacionais e internacionais publicados
nas mais diversas revistas associadas à Informática em Saúde contidas no Jornal
Brasileiro de Nefrologia, Diretrizes da Sociedade Brasileira de Nefrologia e Protocolo
clínico e diretrizes terapêuticas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente revisão de literatura teve o objetivo de mostrar que a Insuficiência Renal Crônica trata-se de uma doença que traz mudanças físicas ao paciente que convive com ela. Assim a partir do seu diagnóstico, estabelece um processo de adaptaçãoà nova condição, através do qual o paciente necessitará lidar com o problema, com as mudanças e suas limitações. No que se refere à alimentação, pode-se afirmar que mantê-la equilibrada não é uma tarefa simples. Pois a garantia dos níveis ideais de minerais e o oferecimento de suplemento nutricionalproporcionará a qualidade de vida destes pacientes. A anemia é considerada um sintoma comum na doença e a presença de um estoque de ferro são indispensáveis para a manutenção de uma constante maturação eritrocitária, evitando a redução do número de hemácias e a concentração de hemoglobina das mesmas. A sobrevida dos pacientestambém possuium aumento significativo a partir do momento que elementos como o hematócrito e a hemoglobina atinjam em valores superiores ou iguais a 30% e 9mg/dL respectivamente.
REFERÊNCIAS
ABENSUR. H. et al; Deficiência de ferro eanemia na doença renal crônica. Jornal brasileiro de nefrologia, São Paulo, ed. 26, s 1, p. 26-28, 2004. Disponível: http://www.jbn.org.br/28-2/05-1580-Canziani-AF.pdf . Acesso: 02/09/09
ABREU, I.S.; PEREIRA, T.H. Investigação do conhecimento
de pacientes submetidos à hemodiálise sobre a finalidade do uso de suplemento
em seu tratamento.Cogitare Enferm 2008 Jul/Set; 13(3):422-7.
Disponível: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare/article/view/12997/8784
Acesso: 02/09/09
CANZIANI, M.E.F. Complicações da anemia na insuficiência
renal crônica. J.Bras. Nefrol. 2000; 22: 13-14. Disponível: http://www.jbn.org.br/22-35/6compl.pdf
Acesso: 31/08/09
EDITORIAL. Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Nefrologia para a condução da anemia na insuficiência renal crônica. J.
Bras. Nefrol.2000; 22 (upl 5): 1- 3. Disponível:www.jbn.org.br/22-35/1editorial.pdf
Acesso: 31/08/09
JÚNIOR, J.E.R.; CANZIANI, M.E.; BARRETI, P. Anemia na insuficiência renal crônica: novas tendências. J. Bras. Nefrol. 1999.
MARREIRO, D.N. et al.Estado nutricional de pacientes renais crônicos em hemodiálise. Rev Bras Nutr Clin 2007; 22 (3):189-93. Disponível: http://www.sbnpe.com.br/revista/V22-N3-102.pdf Acesso: 31/08/09
OLIVEIRA, Andréa Martinez de1; SCHMITZ, Wanderlei Onofre.
Índices hematológicos em paciente hemodializados tratados com eritropoetina.
Interbio v.1 n.1 2007.
Disponível: http://www.unigran.br/interbio/vol1_num1/arquivos/artigo1.pdf
Acesso: 01/09/09
PECES, R. Anticuerpos anti-eritropoyetina recombinante. Servicio de Nefrologia, Madrid, v. 23 n. 1, p. 13-16, 2003.
Disponível: http://www.revistanefrologia.com/mostrarfile.asp?ID=1739 Acesso: 01/09/08
PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS. Anemia em pacientes portadores de IRC. Eritropoetina Humana Recombinante. Portaria SAS/MS nº 437, de 08 de outubro de 2001.
ROMÃO JUNIOR, J.E. Doença renal crônica: definição, epidemiologia e classificação. Roche in news, São Paulo, v.35, p. 64-69, 2005.