MACIEL, Aline Gonçalves
SILVA, Fabiane Gonçalves
SILVA, Aline Rodrigues da
TEIXEIRA, Valéria Cristina Alves

INTRODUÇÃO

A Insuficiência Renal Crônica é caracterizada pela perda função renal, através do qual os rins não conseguem realizar a filtração do sangue do paciente (ABREU e PEREIRA, 2008 e OLIVEIRA e SCHMITZ, 2007).
Oliveira e Schmitz (2007) ainda dizem que pelo fato de haver uma restrição alimentar, a desnutrição dos pacientes em hemodiálise pode ser o maior determinante para a mortalidade e a morbidade. Certamente existe uma associação entre os dois fatores, pois uma vez que os pacientes sejam bem dialisados apresenta maior bem estar geral e uma boa ingestão alimentar.
Marreiro et al. (2007) afirmam que a desnutrição aparece em torno de 10 a 70% dos clientes que fazem tratamento em hemodiálise e em 18 a 56% nos indivíduos em diálise peritoneal ambulatorial contínua.
As autoras reforçam ainda que na literatura haja a participação de uma gama de fatores que contribuem para o surgimento da desnutrição na insuficiência renal crônica: deficiência na ingestão alimentar, distúrbios hormonais e gastrintestinais, uso de medicamentos, diálise insuficiente e presença de morbidades como a insuficiência cardíaca e as infecções. Por outro lado, uma nutrição inadequada tem relação ingestão deficiente de proteína, maior consumo energético durante a terapia e longas doses de diálise oferecidas.
A lesão renal causa doenças hematológicas associadas, especialmente a anemia crônica. É freqüente em clientes renais crônicos causando o cansaço, reduz a capacidade de realizar atividade física, fraqueza, perda de massa muscular (CANZIANI, 2000). Um tratamento efetivo da anemia reduz a morbidade e proporciona a qualidade de vida e sobrevida aos pacientes (OLIVEIRA e SCHMITZ, 2007).
A redução da eritropoetina nos rins e a desnutrição têm forte relação com a anemia (RAMÃO JUNIOR, 2005). E a produção renal inadequada de eritropoetina está ligada à redução da qualidade de vida dos pacientes (ABENSUR, 2000).
A eritropoetina é um hormônio produzido nos rins, com a função do estímulo da produção de hemácias no organismo e a sua ausência leva a anemia crônica no paciente. Para a manutenção dos níveis de hemoglobina, o tratamento é feito através da eritropoetina recombinante humana (PECES, 2003).
Para Oliveira e Schmitz (2007) a anemia crônica pode ser leve à moderada (hemoglobina entre 9 e 12 g/dL), raramente os valores da hemoglobina são menor que 8 g/dL e o hematócrito tem uma variação entre 23% e 40%.
Abensur (2004) sugere este tratamento quando o hematócrito for inferior a 33%, relacionando este valor ao estado clínico geral do cliente.
Conforme Júnior, Canziani e Barreti (1999) e Canziani (2000) os benefícios do tratamento são diversos, com o aumento dos níveis de hematócrito e de hemoglobina na maior parte dos pacientes e efeitos como bem-estar geral, melhoria do estado físico e psíquico.
A utilização da eritropoetina recombinante humana possui ponto positivo como a eliminação da necessidade de transfusões sanguíneas nos pacientes renais, pois reduzem a queda do hematócrito, os riscos da sensibilidade imunológica, infecção ou sobrecarga de ferro oriundos de transfusões sangüíneas (OLIVEIRA e SCHMITZ, 2007).
Porém para a utilização da eritropoetina humana recombinante é preciso que o paciente tenha uma reserva de ferro (OLIVEIRA e SCHMITZ, 2007).
Júnior, Canziani e Barreti (1999) complementam que é comum que pacientes renais crônicos tenham deficiência de ferro, os que são submetidos à diálise peritoneal e de maneira mais acentuada nos clientes que fazem hemodiálise. O tratamento com a eritropoetina humana recombinante causa o aumento do ritmo da eritropoese e, em conseqüência as necessidades de ferro, o que fará necessário a suplementação do elemento, nos pacientes.
Segundo Júnior, Canziani e Barreti (1999), a sua não reposição, pode levar a um balanço negativo em torno de 1.000 mg a 3.000 mg de ferro por ano. Pois a reserva orgânica de ferro é indispensável para a formação da hemoglobina e se não houver estoque ideal de ferro, não haverá uma adequada hematopoese.
E Oliveira e Schmitz (2007) e Júnior, Canziani e Barreti (2007) acrescentam que os testes mais empregados em pacientes em diálise para a avaliação do metabolismo do ferro e o fornecimento de valores estimados dos níveis de ferro no organismo são a concentração de ferritina sérica e o índice de saturação de transferrina. Este diagnóstico é confirmado quando os valores de concentração de ferritina sérica for inferior a 100ng/ml e a saturação de transferrina abaixo de 20% (JORNAL BRASILEIRO DE NEFROLOGIA, 2000).
E dessa forma, para a manutenção da ferritina sérica e a saturação de transferrina superior nos níveis normais, a maior parte dos pacientes necessitará suplementação de ferro para uma eficiente eritropoiese durante o tratamento com eritropoetina (PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS, 2001).
O não tratamento da anemia poderá causar várias anormalidades fisiológicas como a insuficiência cardíaca, hipertrofia ventricular, angina, redução da atividade cognitiva, queda da resposta imune e outros. Além disso, reduz a qualidade de vida dificultando a reabilitação dos pacientes e sua presença também tornará um fator de risco para mortalidade em pacientes hemodialisados (JUNIOR, CANZIANI e BARRETI, 1999 e CANZIANI, 2000).
Tendo em vista o conhecimento da importância de um adequado estado nutricional do que é preconizado aos pacientes renais crônicos e a complexidade da tarefa, como conseqüência a desnutrição, anemia e anormalidades fisiológicas já mencionadas levando a redução da qualidade de vida e a mortalidade dos pacientes dialisados, o principal objetivo do estudo foi identificar se há ou não relação do índice de hemoglobina com a mortalidade dos pacientes renal crônico.

METODOLOGIA
O presente artigo trata-se de uma revisão literária, com a obtenção de informações pertinentes para saber se há relação dos níveis de hemoglobina com a mortalidade dos pacientes renal crônico. Para a sua execução foi feito um levantamento no período de 31 de agosto à 02 setembro de 2009 de artigos nacionais e internacionais publicados nas mais diversas revistas associadas à Informática em Saúde contidas no Jornal Brasileiro de Nefrologia, Diretrizes da Sociedade Brasileira de Nefrologia e Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente revisão de literatura teve o objetivo de mostrar que a Insuficiência Renal Crônica trata-se de uma doença que traz mudanças físicas ao paciente que convive com ela. Assim a partir do seu diagnóstico, estabelece um processo de adaptaçãoà nova condição, através do qual o paciente necessitará lidar com o problema, com as mudanças e suas limitações. No que se refere à alimentação, pode-se afirmar que mantê-la equilibrada não é uma tarefa simples. Pois a garantia dos níveis ideais de minerais e o oferecimento de suplemento nutricionalproporcionará a qualidade de vida destes pacientes. A anemia é considerada um sintoma comum na doença e a presença de um estoque de ferro são indispensáveis para a manutenção de uma constante maturação eritrocitária, evitando a redução do número de hemácias e a concentração de hemoglobina das mesmas. A sobrevida dos pacientestambém possuium aumento significativo a partir do momento que elementos como o hematócrito e a hemoglobina atinjam em valores superiores ou iguais a 30% e 9mg/dL respectivamente.

REFERÊNCIAS

ABENSUR. H. et al; Deficiência de ferro eanemia na doença renal crônica. Jornal brasileiro de nefrologia, São Paulo, ed. 26, s 1, p. 26-28, 2004. Disponível: http://www.jbn.org.br/28-2/05-1580-Canziani-AF.pdf . Acesso: 02/09/09

ABREU, I.S.; PEREIRA, T.H. Investigação do conhecimento de pacientes submetidos à hemodiálise sobre a finalidade do uso de suplemento em seu tratamento.Cogitare Enferm 2008 Jul/Set; 13(3):422-7.
Disponível: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare/article/view/12997/8784
Acesso: 02/09/09

CANZIANI, M.E.F. Complicações da anemia na insuficiência renal crônica. J.Bras. Nefrol. 2000; 22: 13-14. Disponível: http://www.jbn.org.br/22-35/6compl.pdf
Acesso: 31/08/09

EDITORIAL. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Nefrologia para a condução da anemia na insuficiência renal crônica. J. Bras. Nefrol.2000; 22 (upl 5): 1- 3. Disponível:www.jbn.org.br/22-35/1editorial.pdf
Acesso: 31/08/09

JÚNIOR, J.E.R.; CANZIANI, M.E.; BARRETI, P. Anemia na insuficiência renal crônica: novas tendências. J. Bras. Nefrol. 1999.

MARREIRO, D.N. et al.Estado nutricional de pacientes renais crônicos em hemodiálise. Rev Bras Nutr Clin 2007; 22 (3):189-93. Disponível: http://www.sbnpe.com.br/revista/V22-N3-102.pdf Acesso: 31/08/09

OLIVEIRA, Andréa Martinez de1; SCHMITZ, Wanderlei Onofre. Índices hematológicos em paciente hemodializados tratados com eritropoetina. Interbio v.1 n.1 2007.
Disponível: http://www.unigran.br/interbio/vol1_num1/arquivos/artigo1.pdf

Acesso: 01/09/09

PECES, R. Anticuerpos anti-eritropoyetina recombinante. Servicio de Nefrologia, Madrid, v. 23 n. 1, p. 13-16, 2003.

Disponível: http://www.revistanefrologia.com/mostrarfile.asp?ID=1739 Acesso: 01/09/08

PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS. Anemia em pacientes portadores de IRC. Eritropoetina Humana Recombinante. Portaria SAS/MS nº 437, de 08 de outubro de 2001.

ROMÃO JUNIOR, J.E. Doença renal crônica: definição, epidemiologia e classificação. Roche in news, São Paulo, v.35, p. 64-69, 2005.