Este resumo apresenta as contribuições da psicologia para o estudo da surdez. A questão da identidade é uma das mais caras para a Psicologia neste texto. Assim, descreve como a identidade da psicologia se constitui na presença da surdez.  Detalha o pensamento anterior ao Iluminismo, que aponta uma concepção místico-religioso da Idade média em relação à surdez, onde os surdos eram considerados “imbecis”, “semi-animalescos” e “não humanos”, olhares carregados de rótulos, preconceitos e desconhecimento sobre o tema  revela os conflitos no processo de compreensão da surdez considerada como maldição, loucura ou patologia. A visão distorcida da sociedade ouvinte sobre a surdez geralmente associada à afecção ou doença. Essa visão patológica da surdez pela sociedade ouvinte gera condições de exclusão e discriminação, colocando os surdos à margem do mundo social, político, econômico, educacional e cultural. Tal exclusão, impede os surdos de exercerem sua cidadania e os impõem as determinações dos ouvintes sobre questões educacionais e sobre sua integração na sociedade, nunca considerando o crescimento e auto-realização da pessoa surda nas dimensões morais, intelectuais e espirituais. Retrata também o movimento Iluminista, um modelo adotado que concebeu a surdez como uma diferença, fazendo-os ingressarem na categoria de “humanos”, e conseqüentemente os classificando como “humanos enfermos” num olhar psiquiátrico, segundo Philippe Pinel, muitas vezes relacionando a surdez com a deficiência mental. Reforçado pela medicina, a pedagogia e a psicologia  que os entendem como sendo doentes e conclui que os surdos faz parte de uma “subespécie”, uma anomalia, que precisa ser erradicada. Nesse ínterim de pensamentos deturpados, iniciam-se as pesquisas sobre a surdez que passam a serem desenvolvidas a fim de descobrir as causas, o tratamento e a cura, as quais, não tiveram êxito. Tendo sido necessária adotar outra forma de intervenção, a reabilitação da fala visando à correção dessa anormalidade. E propõe como base a idéia de que a identidade surda estaria relacionada à questão de uso da língua. Os quais  tornam-se telas com espaços em branco para a projeção do preconceito cultural e do discurso da "normalização". De acordo com o texto os termos usados para definir a surdez não são exemplos isolados de demonstração de preconceito somente, mas são indicadores de um mundo mais amplo de redes de significados que estabelecem convenções para descrever relações entre condições, valores e identidades. Além disso, dentro desse mundo de significados há alinhamentos distintos e desiguais entre uns e outros, já que, no caso da minoria surda, os discursos da medicalização e da normalização aparece com grande ênfase no texto. Tais observações se baseavam no pressuposto de que a pessoa não possui uma linguagem sem que se aprenda à escrever ou a falar a linguagem oral. O discurso da incapacitação os definem com características únicas, um sistema lingüístico que não exige comunicação auditiva-oral, conversa gerada pelas mãos e recebidas pelos olhos.  Ampliam-se assim, segundo o texto os trabalhos de reabilitação orientados pela medicina e pela pedagogia “ortopédica”, termo utilizado por Sanches para referir-se as terapias reabilitadoras, que são o apoio as aprendizagem em dupla e individual; avaliação parcial em grupos e avaliação presencial. A associação entre a psicologia e o modelo clínico-terapêutico de surdez produz ai um olhar que tende a enfatizar, no contexto da surdez, o déficit orgânico. As diferenças nesse contexto eram interpretadas como desvio, a normalidade era imposta pela ideologia dominante. Percebe-se também uma tendência em compreender os surdos como um grupo homogêneo com desvantagens maturativas inerentes à condição da deficiência.  Diante da concepção social da surdez que vem sempre acompanhada de preconceitos e estereótipos sem se preocupar em analisar o que geram tais preconceitos para buscar respostas as questões da surdez. As pesquisas prosseguem e muitas vezes consideram os surdos como incapazes e associam a surdez com a deficiência mental, visto que o atraso na aquisição da linguagem acarreta problemas na sua aprendizagem e desenvolvimento, pois o pensamento dos surdos fica baseado em experiências concretas, havendo dificuldades de abstração. Os discursos no contexto da surdez se delimita em modelos conceituais opostos: modelo clínico versus modelo socioantropológico. Esta forma dicotômica e reducionista de se olhar o surdo e a surdez faz com que novas propostas e narrativas pedagógicas passem a ter mascaras, criando-se um falso consenso de mudança, impedindo-os de tratar tais indivíduos e temas em suas complexidades, multiplicidades, ambigüidades, irregularidades, contradições, ambivalências e tensões com igualdade.  Sugere, então, mudanças que se tornem necessárias, sendo a mais importante delas diz respeito à língua de sinais como língua natural e de direito do surdo. Significa uma mudança ideológica com respeito à surdez e não uma mudança meramente metodológica.  Afirma que a educação bilíngüe se propõe a transformar a educação dos surdos em uma pedagogia socializada, abandonando as práticas clínicas e terapêuticas. A questão da língua de sinais, portanto, está intimamente relacionada à cultura surda. Esta, por sua vez, remete à identidade do sujeito que convive quase sempre, com as duas comunidades a surda e a ouvinte. Neste contexto, importa analisar o modo que os sujeitos inseridos em escolas bilíngües se narram como sujeitos da comunidade surda. Assim, o papel do surdo e da língua de sinais é essencial para que haja construção da identidade surda e, conseqüentemente, para chegar a uma educação eficiente atuando conjuntamente com os ouvintes. O que sustenta a discussão, quanto ao papel da língua de sinais na construção da identidade surda. Faz da língua de sinais o passaporte de entrada para o universo social. Só que o universo social não se esgota aí. A partir do momento em que essa entrada teve início, o sujeito poderá ocupar novas posições sociais e ampliar as possibilidades ligadas a uma multiplicidade de práticas e interações sociais. A linguagem oral, também pode constituir a identidade do surdo, e não só a língua de sinais, a partir do momento em que o surdo dela se apropria e a molda para construir e marcar sua identidade.