Resumo:
A presente pesquisa foi desenvolvida visando avaliar como a qualidade de vida impacta no equilíbrio entre a vida profissional e pessoal do professor docente no Ensino Superior. Através do esforço físico e psíquico do professor, dependendo do modo de relacionamento com o seu trabalho podem gerar problemas de saúde e sociais. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados entrevista por questionário, para chegar-se a um resultado satisfatório. Os resultados obtidos demonstram a importância que os professores conferem à qualidade de vida em seu trabalho, e que a muito que fazer para transformarmos o ambiente de trabalho num local melhor para o desenvolvimento.

Palavras-chave: Qualidade de vida ? Docente - Stress


1. Introdução
Os tempos atuais são caracterizados por rápidas e profundas mudanças. A globalização está em processo contínuo e a competitividade cada vez mais acirrada, exigindo cada vez mais que os profissionais se mantenham atualizados em todos os aspectos que cercam nesse novo mundo imerso em alta tecnologia.
Nesse contexto os professores passam a ser considerados o patrimônio mais importante dentro das Instituições de ensino, onde disseminam o conhecimento.
Conceitos como o de sustentabilidade pessoal aliam-se àqueles já estabelecidos pela qualidade de vida e se tornam importantes, fazendo perceber o quanto se tornaram relevantes nos tempos atuais.
A compreensão do conceito de sustentabilidade pessoal passa pela afirmação de Lucy Pena (2009, pg.10), ao colocar que, "para desenvolver a autoconsciência da sustentabilidade pessoal é preciso considerar-se os aspectos físicos, emocional, mental e espiritual da nossa vida, que nos leva a buscar informações de muitos campos científicos".
Estudos mostram que o professor satisfeito com seu ambiente de trabalho torna-se mais eficaz para transmitir seus conhecimentos em sala de aula. Manter uma vida familiar saudável e com disposição para se integrar e se dedicar a ela.
A vida no trabalho requer do professor esforço físico e psíquico. Estas forças estão relacionadas com habilidades e atitudes juntamente com uma satisfação favorável dependendo do modo que professores se relacionam com o seu trabalho.
Por outro lado o stress emocional é uma "reação complexa e global do organismo, envolvendo componentes físicos, psicológicos, mentais e harmonias, que se desenvolve em etapas ou fases". (Lipp, 2002, p.9).
O professor pode ser um transmissor e formador de idéias, deve lidar com o stress ocupacional de modo eficaz ou não para manter o equilíbrio.
Segundo Lipp (2002, p.136), "aos professores compete aprender a controlar o seu próprio stress emocional para que possam no contexto de uma sala de aula normal, ensinar seus alunos também a manejar o stress da vida de modo saudável e profícuo".
Desta forma, o objetivo deste trabalho é pesquisar como a qualidade de vida impacta na vida profissional e pessoal do docente, considerando a importância desse tema a necessidade de apontar às Instituições de Ensino Superior, bem como ao professor formas de prevenção do stress emocional.

2. Qualidade de vida

Limogi-França (2008), ao analisar qualidade de vida diz que, "existem muitas interpretações de qualidade de vida no trabalho, desde o foro clínico da ausência de doenças no âmbito pessoal até as exigências de recursos, objetos e procedimentos de natureza gerencial e estratégica no nível das organizações".

Limogi-França (2008), ainda afirma que:

"a Qualidade de vida no Trabalho é afetada, ainda, por questões comportamentais que dizem respeito às necessidades humanas e aos tipos de comportamentos individuais no ambiente de trabalho, de alta importância, como entre outros, variedade, identidade de tarefa e retro informação." (apud FERNANDES E GUTIERREZ, 2008, p.34)

Fusões, reengenharias, processos de informatização, cortes de orçamento, retração de investimentos das multinacionais, globalização dos negócios e vários outros fatores vêm exercendo forte impacto no mercado de trabalho, com significativa redução de oportunidades de emprego. Essas mudanças promovem um crescente sentimento de insegurança e medo, afetando a organização do trabalho e a qualidade das relações nas empresas. Em níveis adequados, a pressão estimula o desenvolvimento e a ação. Segundo Giuliese (2009), "por outro lado, em excesso e associada ao impedimento de realizar os trabalhos com autonomia e criatividade, a pressão se transforma em opressão, que limita e engessa".
É importante procurar encontrar o sentido atual para a vida, o sentido do momento presente e cuidando do futuro, encontrar o que dá significado ao viver equilibrando as necessidades de cada pessoa.
Deve-se fazer buscar o foco em atividades significativas. Esse foco pode mudar. Encontrar um sentido fundamental é um processo diferente em cada pessoa, de uma etapa para outra, mas é o que significa o viver, o que harmoniza nossa vida, que lhe confere uma nova dimensão.


2.1 A qualidade de vida do professor universitário

O crescente aumento do esforço mental a que é submetido o professor, a atuação em diferentes empregos, lecionar em várias disciplinas, números elevados de alunos por turma, conflito trabalho-familia e falta de suporte emocional, necessidade de atualização permanente e autoconhecimento, impactam diretamente na vida do professor.
De acordo com Sorato (2006 pg.25), "no processo de atualização permanente do professor, a universidade deve incorporar aspectos relativos à qualidade de vida no trabalho, reduzindo assim fontes geradoras de stress ocupacional relacionado ao processo de trabalho do docente."


2.2 Vida pessoal X vida profissional do professor

O docente do ensino superior ao permanecer demais focando no trabalho costuma ter prejudicadas suas relações pessoais e efetivas.
Segundo Avello (2009), "estudos realizados sobre como os cônjuges ou parceiros amorosos reagem em relação ao tempo que eles dedicam ao trabalho, a reposta foi que: 58% acham que há insatisfação dos parceiros, 24% acham que há indiferença e 18% admitem satisfação".
Essa pesquisa mostra a insatisfação daqueles que convivem com o professor, o que faz perceber que a vida do profissional esta cada vez mais atribulada e condicionada às necessidades do dia-dia, esquecendo-se da afetividade conjugal e social da vida.
Boch (2008, p.198) afirma que, "as emoções e os sentimentos são como alimentos de nosso psiquismo e estão presentes em todas as manifestações de nossa vida, necessitamos deles porque dão cor e sabor a nossa vida e nas tomadas de decisões.


2.3 A manifestação do stress no professor universitário

Segundo Fontana (2009),

"o stress em seres humanos tem sido definido de varias maneiras, mas, em essência, é uma exigência feita ás capacidades adaptativas da mente e do corpo. Essa definição implica que: o stress em si não é bom nem mau; ele se torna bom ou mau como conseqüência indireta da força do agente estressante e como conseqüência direta de nossa capacidade psicofísica de resistência."

Por natureza, a profissão de professor mostra uma ocupação contínua de tarefas e cobranças, sendo difícil desligar no fim do dia e final de semana de sua atribuição.

Malagris (2010) afirma que:

"o desgaste ocorre, de modo mais pronunciado, quando a homeostase (funções cardiovasculares, respiratórias, gastrointestinais e controle da temperatura corpórea) interna do organismo é perturbada por períodos longos ou de modo muito agudo. Qualquer situação geradora de um estado emocional forte que leve a uma quebra do homo estase interna e exija alguma adaptação pode ser chamada de um estressor."



Gráfico 1: Faixa etária
Conforme demonstra o gráfico acima, a faixa etária de 20 a 30 anos corresponde a 18% dos entrevistados, de 31 a 40 anos corresponde a 24%, de 41 a 60 anos 38%, acima de 60 anos 20%.

Gráfico 2: Qualidade de Vida ? "Fator predominante"
Nota-se que 2% dos entrevistados constaram que em sua rotina ministrando aulas, manter a Qualidade de Vida no trabalho não é um fator predominante, 98% dos entrevistados vê importância no fator.



Gráfico 3: Programas de ações para prevenção de stress
Com base na pesquisa percebe-se que 2% dos entrevistados responderam que existem programas ou ações para a prevenção de stress nas Instituições que trabalham. 6% parcialmente e 96% responderam que não existe programas.



Gráfico 4: Cuidados com a voz e questões comportamentais
O Gráfico acima nos mostra que 96% dos entrevistados responderam que é de grande importância que o professor tivesse em sua formação, informações básicas para aprender a cuidar da voz e questões comportamentais no trabalho, sendo que 2% não vêem importância e 2% se importa parcialmente.



Gráfico 5: Sustentabilidade profissional versus qualidade de vida
Com base na pesquisa foi possível perceber que a qualidade de vida gera benefícios. De todos entrevistados 96% entende que a qualidade de vida no trabalho gera Sustentabilidade profissional do docente acadêmico contribuindo de forma significativa; contra 2% não acha significativo e 2% não respondeu a questão.



Gráfico 6: Deficiência de qualidade de vida versus relações pessoais
Dos entrevistados 96% responderam que "Sim", a falta de qualidade de vida afeta a vida pessoal, causando transtornos como hostilidades, contra 2% não afeta e 2% parcialmente.
Segundo Clara (2009), "tais condições acabam levando a insatisfações, cansaços excessivos, queda de produtividade, problemas de saúde e acidentes de trabalho."

Gráfico 7: Conflitos e insatisfação
Observa-se que 96% dos entrevistados concordam em que o possível conflito entre a vida pessoa versus vida profissional do docente, leva à insatisfação daqueles que com ele convivem, sendo que 4% discordam da questão.



Gráfico 8: Hostilidade e o stress
Estudos gerais sobre o stress constatam que a hostilidade (raiva, agressão, impaciência com os outros) também pode tornar o indivíduo particularmente propenso aos efeitos adversos do stress. (FONTANA, 2009).
O resultado da pesquisa realizada nos mostra que 96% dos entrevistados concordam com a afirmação do autor e 4% desconhece este resultado.



Gráfico 9: Ansiedade de feedback ? "Aluno e Instituição"
O resultado acima nos mostra que 94% dos entrevistados responderam ficarem ansiosos pela resposta positiva do seu trabalho tanto fornecida pelos alunos e pela Instituição.
Do total de pesquisados 6% não entendem este fator como causador de stress.



Gráfico 10: Dedicação exclusiva á Instituição de Ensino
92% dos entrevistados responderam que "Sim", o fato do professor estar afastado de sua área de atuação no mercado de trabalho e dedicar-se exclusivamente à Instituição de Ensino geram stress, contra 8% responderam que não gera stress este fato.


4. Considerações Finais

Atualmente, diante da dinâmica do ensino, a globalização mundial das economias, a velocidade das mudanças e o fluxo cada vez mais ágil e interativo, exigem-se dos docentes um acompanhamento atento, para que não seja derrubado pelas alterações que acontecem no mundo e sim estarem preparados para essa nova era e enfrentarem estruturados os novos desafios que se apresentam diariamente.
As Instituições passaram a perceber a importância de obter reconhecimento em relação à forma de transmitir conhecimentos aos seus alunos e a necessidade de se inserir de modo mais efetivo no mercado educacional, exigindo cada vez mais de seus docentes.
Pelos conjuntos de resultados analisados nessa pesquisa, verifica-se a importância da qualidade de vida que os docentes predominam no ambiente de trabalho.
98% concordam que é um fator predominante, 96% responderam que não há programas e ações para prevenção de stress nas Instituições a qual ministram aulas, 96% responderam que é de grande importância informações básicas sobre qualidade de vida na sua formação.
De todos entrevistados 96% entendem que a qualidade de vida gera sustentabilidade profissional do docente acadêmico e 96% percebe que a falta dessa informação afeta a vida pessoal do professor.
Quanto aos conflitos entre a vida pessoal e profissional 96% dos entrevistados responderam que levam a insatisfação daqueles que com ele convivem e que a hostilidade provoca o stress.
Quando à ansiedade positiva de feedback dos alunos e da Instituição, 94% dos entrevistados concordam que este fator leva ao stress.
No contexto, 92% entendem que a dedicação exclusiva somente à Instituição por estar afastado de sua área profissional no mercado de trabalho é um fator prejudicial, causando o stress.
Os assuntos não abordados neste trabalho e os assuntos correlacionados poderão ser abordados em outras oportunidades.
Portanto, a contribuição deste trabalho procura atender a Instituição localizada em São Paulo para que obtenham conhecimentos relativos à importância da Qualidade de Vida de seus docentes, conscientizando que para serem competitivas no mercado educacional é preciso adotar esta prática para o bem estar de seus professores e alunos.


5. Referências Bibliográficas

AVELO, Rosa. Que impacto o nosso trabalho tem sobre nossa vida afetiva? Disponível em: <http://www.vidaprofissional.com.br>. Acesso em: 21 de fev. de 2010.
BOCK, Ana Mercês Bahia. Uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Editora Saraiva, 2002.
CLARA, Maria. Programas de Qualidade de Vida no Trabalho. Disponível em: <http://www.administradores.com.br>. acesso em: 09 jun. 2010.
FONTANA, David. Personalidade, características e estresse do Professor. Disponível em: <http://www.serprofessoruniversitario.pro.br>. acesso em: 21 fev. 2010.
GIULIESE, Maria. Carreira e Qualidade de Vida. Disponível em: <http://br.hsmglobal.com>. acesso em: 26 out. 2009.
LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina. Qualidade de Vida no Trabalho-conceito e práticas nas empresas da sociedade pós-industrial. São Paulo: Editora Altas, 2008.
LIPP MEN. Manual do inventário de sintomas de stress para adultos de Lipp (ISSL). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.
MALAGRIS, Lucia Emmanoel Novaes, Associação Brasileira de Stress. Disponível em: <http://www.abs-2003.org.br>. acesso em: 04 mai 2010.
MARCONI, Mariana de Andrade, LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.
PENNA, Lucy. A Sustentabilidade. Disponível em: <http://lucypenna.com>. acesso em: 21 fev. 2010.
SORATO, Maria Tereza. A percepção do Professor Universitário acerca do Stress. Disponível em: <http://www.unimep.br>. acesso em: 21 fev. 2010.