O idoso e os desafios no mercado de trabalho

 Introdução

           Vários são os problemas que assolam o nosso país na atualidade. Mas um dos mais urgentes e complexos,  se refere ao envelhecimento da população e a sua relação com o trabalho.

           A cada dia novos estudos comprovam que é necessário medidas sérias e urgentes para  a inserção deste "novo" profissional no mercado de trabalho, pois do contrário, as conseqüências podem ser drásticas em vários aspectos para toda uma sociedade.

           Diante destes fatos e de vivenciarmos as dificuldades impostas à chamada Terceira Idade  no que tange principalmente  ao trabalho, resolvemos fazer o nosso estudo sobre o artigo intitulado, " Atualidades sobre o idoso no mercado de trabalho", com as devidas referências ao final deste trabalho.

            O tema proposto no artigo é da maior urgência e está mais latente do que nunca.

           Conforme o estudo, o aumento da expectativa de vida num país carregado de preconceitos como o Brasil,  e,  totalmente despreparado em diversos aspectos,    para atender as demandas oriundas dessa faixa etária,  vai gerar, ou melhor, está gerando uma série de complicações.

           Nessa vertente, deparamos com situações complexas e profundas, desde o enraizamento na nossa cultura, de que, o idoso é descartável, inútil com déficit intelectual, até o seu auto-conceito. Ou  seja, o idoso, por estar imerso num mar de pré-conceitos e discriminações, perde a sua própria identidade, e, diante da idolatria à juventude, sente-se realmente incapaz e inadaptado.

           É um mundo novo para ele. Novo e cruel, pois além de  ter que aprender a lidar com os seus conflitos internos, e em alguns casos,  com  problemas biológicos, ainda sofre a pressão exterior em face da sua avançada idade.  Envelhecer, numa sociedade despreparada e preconceituosa como a nossa, gera culpa, medo  e angústia.

           Além da questão psicológica, econômica e social, deparamos com outras dificuldades também na estrutura física e ergonômica das cidades, principalmente dos grandes centros. Poucos estabelecimentos oferecem estrutura adequada para atender ao idoso. Geralmente, as escadas tem degraus  altos, e não tem corrimão,  não contém rampas, os banheiros públicos não  contém barras e outros recursos que proporcionem maior segurança.  Quando se pensa em trabalho,  não podemos descartar estes  dados.

           Vale lembrar, que a Inglaterra, chamada de país de velhos, hoje considerada modelo para o mundo nesta faixa etária, levou mais de 150 anos para reestruturar e se adequar para os idosos. Seja no trabalho, transito, saúde e demais setores. 

            Fazendo esta pequena reflexão, percebe-se que estamos diante de um gigantesco desafio. Precisamos urgentemente de políticas públicas que possibilitem exigir  algo concreto neste sentido. Pois inserir o idoso no mercado de trabalho, demanda muitas vezes, um local seguro e até mesmo adaptado especificamente para esta faixa etária, levando em consideração, que cada pessoa  tem as suas possibilidades e limites. Não podemos permitir que continue esta generalização, de que todos  os idosos são velhos, doentes e "gagás".

           Concordamos com o estudo,  quando menciona que  o envelhecimento está relacionado com diversas questões e atinge a todos os seres vivos.

          Sendo assim o envelhecimento é um fenômeno que atinge a todos os        seres vivos,    no   caso   do homem está   relacionado intimamente com as condições de vida e trabalho.E é de senso comum que, na medida de que as pessoas vivem, vão adquirindo mais experiência. Então, pode-se correlacionar às questões relativas ao envelhecimento com as questões relativas à experiência (Stell, 2003)

           Neste contexto, acreditamos que o idoso tem muito a acrescentar e contribuir nas mais diversas áreas, inclusive naquelas que requerem medidas estratégicas e administrativas nas empresas. Isso é possível verificar em   grandes  organizações, onde  presidência  e cargos importantes são exercidos por pessoas com 60 anos ou mais. É importante ressaltar,  que,  neste caso específico,  estes profissionais envelheceram trabalhando dentro da corporação,  sem perder a sua capacidade  intelectual e cognitiva. As perdas biológicas,  que fazem parte do ciclo da vida,  nem sempre interferirão no potencial produtivo e intelectual do sujeito.

           Por outro lado, sabemos que a inserção do idoso no mercado de trabalho, ou seja, conseguir uma vaga aos 60 anos ou mais, é bem diferente do que envelhecer dentro de uma organização. Embora, muitas vezes aquele também poderá sofrer algum tipo de preconceito pelo jovem que está chegando. Mas este comportamento discriminatório ou de respeito,  dependerá do mundo de onde  este novo   profissional estará vindo e das  crenças e cultura que trás na sua bagagem.

           Por isso,  é extremamente necessário  a implementação de projetos e campanhas  que ensinem o cidadão de todas as idades e classes sociais a respeitarem e tomarem consciência de que o idoso, é  um cidadão que demanda atenção específica em alguns aspectos, mas está vivo e apto para o trabalho. Podendo apresentar ou não alguns limites, para determinadas profissões.  Vale lembrar,  que o jovem também tem as suas aptidões e dificuldades. Portanto, a juventude não é um passaporte para que o jovem exerça todas as funções. Afinal, ele também tem os seus  limites, medos e frustrações.  

         Para Neri (2000), o processo de envelhecimento ocorre diferentemente para as   pessoas, dependendo de seu ritmo e da época de sua vida, pois, a velhice não é um peeriodo caracteriazado só   por perdas e limitações. Embora aumente a probabilidade de doenças e limitações biológicas, é possível manter   e aprimorar a funcionalidade nas áreas física, cognitiva e afetiva. Mesmo pessoas comuns podem alcançar alto   nível de especialização em domínios selecionados da inteligência como a memória e a solução de problemas.

                           

           Estudos comprovam  os benefícios do trabalho para o ser humano e como o seu significado pode variar de pessoa para pessoa independentemente da faixa etária.

           Diversos estudos tem mostrado que as pessoas que trabalham, ou seja até mesmo com trabalho informal sem carteira assinada apresentam melhores condições de saúde do que a população gerla, e que pessoas doentes e incapazes, são geralmente, excluídas do mercado de trabalho (Giatti & Barreto 2003).

           Assim sendo, o trabalho é fundamental para o desenvolvimento pessoal e reconhecimento social, tendo o aposentado  dificuldades de desvincular do mesmo. O trabalho representa o papel de regulador da organização da vida humana, em que horários,  atividades e relacionamentos pessoais são determinados conforme as suas exigências, sendo fundamentais para a vida social. As atividades exercidas, ao longo da vida, servem de ponto de referencia para as pessoas, sendo dificil desarticular-se dessas (Zanelli,2001).

          Algumas instituições no Brasil, tem projetos que visam trabalhar de forma preventiva a questão da aposentadoria. Segundo vários estudos, inclusive feito também  na Universidade Federal de Viçosa, algumas pessoas com a aproximação da aposentadoria, vivenciam um sentimento de ambivalencia. Por um lado,

esperam muito por este momento, mas ao mesmo tempo começam a se sentirem apreensivas e angustiadas. As causas,  podem ser as mais diversas, variando de pessoa para pessoa, mas é inegável  que o preconceito e a sensação de finitude, para alguns,  estejam também presentes.  A sociedade e o próprio idoso,  não estão preparados  para lidar com esta nova fase da vida:  o envelhecimento em todos os seus aspectos.

                      Para Lopes (2000) o trabalho é um dos fatores mais significativos na conquista e manutenção da qualidade de vida para os seres humanos. Quando associado à idéia                                   de satisfação e     realização pessoal, amplia as possibilidades de uma sobrevida   saudável e digna e  preserva  sobretudo o papel   social do individuo no meio em que se encontra inserido.

           Quando se fala  na inserção do idoso no mercado de trabalho, nota-se que pouquíssimas instituições  públicas ou privadas se preocupam com este papel social. De acordo com as nossas pesquisas, a maioria dos projetos que tem como objetivo promover  a inserção e  bem estar social do idoso, tem como foco principal o lazer, entretenimento  e oficinas terapêuticas.

           Será que o trabalho de conscientização sobre o potencial produtivo do idoso deverá começar por estas instituições?     

           Como despertar a sociedade para esta realidade?

 Conclusão

           Diante deste estudo,  concluímos que são enormes os desafios para a psicologia, a sociologia e outras ciências que se interessarem pelo tema.

           Vale mencionar que, muitas vezes o preconceito surge primeiramente no seio familiar.

           Acreditamos que  para desconstruir preconceitos e quebrar paradigmas é necessário um trabalho  integrado, envolvendo instituições públicas e privadas, ONGS, escolas, mídias impressa e eletrônica, além de toda a sociedade.

           Para mudar este cenário, defendemos a criação de políticas públicas urgentes, bem como campanhas educativas que promovam a reflexão sobre esta importante fase da vida e as suas novas possibilidades. Além de deixar claro, que o trabalho digno e honesto é direito de todo cidadão.

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Estudo baseado no artigo intitulado " Atualidades sobre o idoso no mercado de trabalho" publicado por:

 Roberta Fernandes Lopes do Nascimento

Psicóloga, mestreem Psicologia Clínica, no Grupo de pesquisa e intervenção Psicológica no Ciclo Vital, PUCRS.

 Irani R. de Lima Argimon

Psicóloga. Doutora em Psicologia e professora da graduação e programa em pós graduação em Psicologia da PUCRS

 Regina Maria Fernandes Lopes

Psicóloga. Especialistaem avaliação Psicológicapela UFRGS e colaboradora do grupo de pesquisas Avaliação e Intervenção psicológica no Ciclo Vital PUCRS