O HOMEM SOCIAL E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL


A vida humana caracteriza-se por um contínuo processo de socialização, que se estende do nascimento até a velhice. Durante toda a sua existência, o homem se vê sempre em conflitos: ora está em conflito com a sociedade, ora está em conflito com ele mesmo. E assim grande parte do seu tempo é consumida por uma busca constante de soluções e saídas.
O seu ajustamento à sociedade depende de uma adaptação que abrange três aspectos. São eles: o psicológico, o individual e o social.
O aspecto psicológico se caracteriza pelo seu amadurecimento, através do desenvolvimento de suas potencialidades e de sua autoconfiança e autoaceitação.
O aspecto individual se desenvolve de forma positiva à medida que vai ocorrendo à anulação da sua parte animal, dos seus instintos e do seu egocentrismo.
Já o aspecto social é o resultado de uma educação coletiva que o indivíduo adquire no seu convívio social. Ela tem como objetivo, afirmar e reafirmar que não há espaço para o homem integralmente individual, priorizando a homogeneização do pensamento, do comportamento e das necessidades, embotando, assim, grande parte da capacidade desse ser individual. O ser humano, aos poucos, deixa de ser exclusivamente individual para também tornar-se racionalmente social.
Na visão do autogerenciamento vivencial, o mundo atual prioriza o social em detrimento do individual. Ou seja, sufoca o ser individual e valoriza ao extremo o ser social, como se, na formação da personalidade, não fosse possível a harmonização desses dois aspectos.
Para que haja essa harmonização, a educação deve não só cuidar do aprimoramento da vida social mas também fornecer meios a cada indivíduo a fim de que ele possa se desenvolver como ser único, dando-lhe mais liberdade para ser. Transferir para cada pessoa, grande parte da responsabilidade pela sua vida, passe a ser também uma necessidade social.
Como primeira medida, é preciso deixar de lado a velha e ortodoxa ferramenta: a punição. Em vez disso, ressaltar a responsabilidade que cada ser humano deve ter em relação a si mesmo e ao outro. Uma sociedade melhor e mais justa depende, sobretudo, do modo como ele atua nela. Abandonaria de vez o raciocínio de que, somente com o emprego da punição, é possível desenvolver o senso de responsabilidade, importante, sem dúvida, para a melhoria da qualidade de vida.
Assim, de posse desses novos valores, as pessoas irão aos poucos se tornando agentes transformadores, deixando de lado, definitivamente, a passividade que muito prejudica não só a elas como a própria sociedade. Com essa nova consciência, aí sim, será possível construir um mundo melhor, um mundo em que cada ser humano procura fazer o melhor não só para si como para o outro.
Agora, abrindo um parêntese, é importante que façamos uma análise com mais detalhes sobre o mundo em que vivemos e da importância da sociedade nas nossas vidas.
Cada sociedade, seja a mais primitiva, seja a mais complexa, estabelece, exige e controla, através de regras diretas ou indiretas, o cumprimento de suas exigências que são transmitidas pelo sistema educacional.
Através do sistema educacional, ela controla e determina o grau de importância das informações e quais são as informações que poderão ser passadas para as pessoas. Em outras palavras, determina quais os requisitos são fundamentais para o homem social, tanto em nível de comportamento como de pensamento, criando, assim, um homem social que pensa como ela deseja que ele pense. Os objetivos, desejos, vontades e valores são encaixados dentro de certos limites. As necessidades deixam de ser individuais para serem sociais. Assim, o ser humano é delimitado pelas regras sociais, embotando grande parte do pensar auto-reflexivo em função de um pensar técnico, único, gestor do meu, do seu e do nosso pensar.
As regras sociais, por sua vez, além de organizar o convívio social, estruturar os valores e conceitos de família, atendem também aos interesses do sistema dominante. No momento atual,o foco recai menos no ser humano, mais no econômico.
O sistema social, ao ter como foco principal a produção e o consumo de bens de produção, se estrutura, pois, com o apoio dessas necessidades, tanto no âmbito da educação e da valorização do ser humano como na determinação das próprias regras.
Conseqüentemente, são formados pseudo-homens que não conseguem refletir sobre a própria vida e estabelecer limites para esse sistema social que tudo pode. Não são capazes de oferecer resistência aos interesses de quem detém o poder, ou seja, de quem representa o domínio.
Interessante!!!!!!
Mas, se por acaso, houver alguma idéia ou atitude que interfira nos propósitos estabelecidos, cria-se logo uma lei, que evitará que haja algum efeito, capaz de danificar o sistema dominante, principalmente em seu aspecto econômico. Os interesses econômicos estão acima dos indivíduos, da natureza e até da própria vida. A vida é mais do que nunca calculada em cifras econômicas.

Aí mora um grande perigo, uma vez que a diferença entre o legal e o ilegal é estabelecida exclusivamente por leis.

Afinal!!!!!!!!!!Qual é o ideal de vida??????

As mudanças atuais estão mais preocupadas com lucro de capital do que com ganhos humanos. Estamos vivenciando um processo desumanização do ser.
Segundo o autogerenciamento vivencial, a espécie humana tornou-se um joguete do sistema que ela mesma criou e mantém. O que estiver fora do padrão é inútil, por isso será excluído socialmente ou, como a história nos mostra, em alguns casos, perderá a vida para o bem da sociedade e dos interesses econômicos.
Infelizmente, os valores econômicos se tornaram os principais referenciais usados para avaliar uma pessoa, uma família, uma sociedade, ou até mesmo um país. Ou seja, uma pessoa é vencedora, uma família é importante, uma sociedade é evoluída ou um país é desenvolvido de acordo com a condição econômica em que se encontram. E, nessa busca frenética por riquezas materiais, o ser humano não só destrói a natureza da qual é parte como também se esquece que há algo dentro de si que se sobrepõe à matéria que tanto deseja, o espírito, que é a essência do seu ser. Troca a sua identidade por pseudo-identidades, sufocando importantes forças na sua formação como cidadão: a valorização das inter-relações pessoais, o respeito à diversificidade e a capacidade de caminhar usando as suas próprias idéias.

Reflitamos!

Na realidade, a sociedade é uma criação do Homem; sendo assim, terá a forma que a mente humana quiser. O que nos leva a concluir que a formulação e reformulação de conceitos, a interpretação de comportamentos e atitudes, a idealização de felicidade, o estabelecimento de novas regras, tudo isso dependerá sobretudo desse novo homem social e não unicamente da sociedade.

Acorde!!!!!!!Simplesmente eleger alguém não significa democracia.

Sem a miscigenação do saber e a harmonização entre pessoas, não há transformação social.


Drº Cláudio de Oliveira Lima ? psicólogo
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