Ao chegarem a uma certa idade, as crianças ficam profundamente admiradas com a possibilidade de se localizarem num mapa. Essa localização do “eu” em configurações concebidas por estranhos constituem um dos aspectos importantes daquilo que, talvez eufemisticamente, é chamado de “crescer”.
Os horizontes do mundo, da maneira como os adultos o definem, são determinados pelas coordenadas de cartógrafos remotos. A criança pode exibir identificações alternadas ao se apresentar como o pai na hora de brinca de casinha, mais não deixará de saber que está apenas brincando. Somos induzidos à sanidade em nossa infância – é claro que devemos escrever todas as palavras chaves entre aspas: “saber”, “reais”, “fatos”. E ainda ressalvam que criança sadia é aquela que acredita que está registrada em sua ficha escolar e adulto normal é aquele que vive dentro das coordenadas que lhe foram atribuídas.
Esta localização informa ao individuo aquilo que ele pode fazer e o que pode esperar da vida. Esta localização na sociedade significa estar no ponto de interseção de forças sociais específicas. A pessoa age em sociedade dentro de sistemas cuidadosamente definidos de poder e prestígio.
É o “sistema”, o mapa traçado por estranhos, sobre o qual tem-se de continuar a rastejar. Mais isto seria uma maneira unilateral de se considerar “o sistema”, se se pressupõe que este conceito perde seu significado quando uma pessoa passa para as camadas superiores da sociedade.
Na maioria das situações sociais especificadas que o sociólogo se dispõe a analisar, ele encontra poucos motivos para desmentir a idéia de que são “ele” quem mandam. Ao contrario “eles” terão ainda mais ascendência sobre nossas vidas de que julgávamos antes da análise sociológica. Este aspecto da perspectiva sociológica pode ser melhor esclarecido pelo exame de duas importantes áreas de investigação- o controle social e a estratificação social.
Controle social refere-se aos vários meios usados por uma sociedade para “enquadrar” seus membros recalcitrantes. Nenhuma sociedade pode existir sem um controle social. Os métodos de controle variam de acordo com a finalidade e o caráter do grupo em questão.
O meio supremo e, sem duvida, o mais antigo, de controle social é a violência física. Nenhum estado pode existir sem uma força policial ou seu equivalente em poderio armado. Essa violência final pode não ser usada com freqüência. Poderá haver inúmeras mediadas antes de sua aplicação, à guisa de advertência e repetidamente.
O importante é que todos saibam de sua existência. A violência é o alicerce supremo de qualquer ordem política. Nos paises de ideologia menos democrática e humanitária os instrumentos de violência são exibidos – e empregados- com muito menos discrição.
O motivo mais importante é o fato de que mesmo nos estados ditatoriais ou terroristas, um regime tende a ganhar aquiescência e até aprovação com a simples passagem do tempo. Nas sociedades democráticas há no mínimo a tendência de a maioria das pessoas aceitar os valores em nome dos quais os meios de violência são empregados vale ressaltar que esses valores não são obrigatoriamente valores bons. Em qualquer sociedade normal a violência é utilizada com parcimônia e como último recurso, e a mera ameaça dessa violência final basta para o exercícios do controle social.
Compreendido assim o papel da violência, poucos meios coercitivos são ta eficientes quanto os que ameaçam o ganha-pão ou o lucro. Entretanto, os meios econômicos de controle também são eficientes fora das instituições que compreendem a “economia”. É claro que tais argumentos são empregados mas abertamente em instituições econômicas propriamente ditas, mas a igreja e universidade não difere muito, em seus resultados, da que se verifica no mundo dos negócios.
Tratam-se dos negócios de persuasão, ridículo, difamação opróbrio. Já se descobriu que em discussões grupais que se estendem durante certo período, os indivíduos modificam suas opiniões originais, ajustando-as à norma do grupo, que corresponde a umas espécies de média aritmética de todas as opiniões representadas no grupo. Esse desejo pode ser manipulado com toda eficiência, como bem sabem os terapistas de grupo, os demagogos e outros especialistas no campo da “engenharia do consenso” .
O ridículo e a difamação são instrumento potentes de controle social em grupos primários de todos as espécies. A difamação, ou o mexerico, como é bem sabido, é bem maior parte eficácia em pessoas conduz suas vidas num alto grau de visibilidade e possibilidade de inspeção por parte de seus vizinhos. Tanto o ridículo quanto como a difamação, podem ser manipulados deliberadamente por qualquer pessoa inteligente que tenha acesso às suas linhas de transmissão.
Uma das punições mais devastadoras à disposição de uma comunidade humana consiste em submeter um de seus membros ao opróbrio e ostracismo sistemáticos. Este é um mecanismo controle favorito de grupos que se opõem em princípio ao uso da violência.
Um dos aspectos do controle social que deve ser salientado é o fato de se basear frequentemente em afirmações fraudulentas. É importante salientar que uma concepção de controle social é incompleta, e, portanto tendenciosa, se esse elemento não for levado em consideração. É por isso que a inteligência cobriu para a sobrevivência quando se trata de com a brutalidade, a maldade e recursos materiais.
É um sistema que, contra a vontade da pessoa, lhe cobrara imposto, a convocará para as forças armadas, a fará obedecer às suas inúmeras leis e a último recurso a matará.
Outro sistema de controle social que exerce pressão contra a figura solitária no centro dos círculos é o da moralidade, costumes e convenções. O desafio extremo aos costumes de nossa sociedade, que dispõe de um instrumento de controle bastante desenvolvido, pode levar ainda a outra conseqüência – a definição de uma pessoa como “adoidada”. A ocupação escolhida por um individuo inevitavelmente o subordina a vários controles, muitas vezes bastantes rígidos. Há os controles formais de juntas, organizações profissionais e sindicatos, além, é claro, dos requisitos formais estabelecidos por seus empregadores. Ao lado desses controles formais, há outros informais, impostos por colegas de profissão e companheiros de trabalho. As sanções econômicas são, naturalmente, as mais comuns e eficientes nesses casos. Todo o papel ocupacional na sociedade, até mesmo em empregos muito humildes, traz consigo um código de conduta que não pode ser violado impunemente.
O controle social do sistema ocupacional é maior importância porque é o emprego que decide o que uma pessoa pode fazer na maior parte de sua vida. Em todos esses casos, porem constituem círculos de controle que circunscrevem efetivamente o âmbito das possíveis ações do individuo na situação dada.
O circulo da família e dos amigos pessoais, também constituem um sistema de controle. É neste círculo que se encontram normalmente os laços sociais mais importantes de um individuo. Portanto, arriscar a desintegração dos relacionamentos com essas pessoas equivale a arriscar perder-se a si mesmo de maneira inapelável. Não é de admirar, portanto, que muitos déspotas no escritório obedeçam prontamente às suas mulheres e tremam diante de um olhar de reprovação dos amigos.
Estratificação social é a análise sociológica que talvez contribua para elucidar o pleno significado da localização na sociedade ou seja refere-se ao fato de que toda sociedade compõe-se de níveis inter-relacionados em termos de ascendência e subordinação. A soma desses estratos constitui o sistema de estratificação de uma determinada sociedade.
E as três principais recompensas da posição social – poder, privilégio e prestigio- com freqüência não se sobrepõem, antes existindo lado a lado em sistemas de estratificação distintos.
O tipo de estratificação mais importante na sociedade ocidental é o sistema de classes. Em que um tipo de estratificação no qual a posição geral de uma pessoa no sociedade é determinada basicamente por critérios econômicos que os sociólogos chamam de símbolos de status, que têm despertado grande atenção nos estudados de estratificação.
Defini-se classe como as expectativas que um individuo pode ter ou seja a classe de uma pessoa pode determina certas possibilidades, ou oportunidades, quando ao destino que a pessoa pode espera da sociedade. Mas a conseqüência da localização dentro do sistema de classe vai mais além.
As diferentes classes de nossa sociedade não só vivem de maneira diferente quantitativamente, como também vivem em estilos diferentes qualitativamente. Um sociólogo competente, diante de dois índices básicos de classe, como a renda e ocupação, é capaz de fazer uma longa lista de prognóstico sobre o individuo em questão, mesmo que nenhuma outra informação. Mas o sociólogo pode ir adiante.
Se a localização num determinado estrato social tem essas amplas conseqüência numa sociedade relativamente “aberta” como a nossa, é fácil imaginar quais serão as conseqüências em sistemas mais “fechados”.
Contudo até em nossa sociedade existem outros sistemas de estratificação, por assim dizer sobreposto ao sistema de classe, muito mais rígidas que este e que, por conseguinte, determina de muito mais severa toda a vida do individuo.
Para as finalidades do sociólogo, a realidade é uma questão de definição. É  por isso que  sociólogo deve analisar atentamente muitas facetas da conduta humana que em si mesma são absurda ou ilusivas. Muitas situações sociais na verdade, controladas pelas definições imbecis...