Márcio Costa Corrêa[1]

Claudio Cesar de Mattos Viegas[2]

 Leandro Bonoow Xavier[3] 

O Homem do Iluminismo: a descoberta de um novo mundo 

O termo “Iluminismo” denominou uma nova mentalidade surgida durante a idade moderna, e pode ser considerada resultante de uma combinação de fatores: Renascimento, Humanismo, Absolutismo.

Este é o principal tripé onde em cima do qual se apóia o “Iluminismo”, novo momento intelectual que legou ao mundo a noção de que o século XVII seria doravante conhecido como século das luzes.

Não deixemos, entretanto de considerar que o Iluminismo não constituiu apenas papel passivo na historia da civilização ocidental; ele foi inúmeras vezes agente ativo da história, sempre que considerado vetor que impele o homem ao questionamento das verdades estabelecidas, dos juízos cristalizados e das autoridades inquestionáveis.

Guardemo-nos ainda do equivoco de adotar tendências sociais ou defesas de causa, em detrimento da liberdade e da soberania ideais - que se alguma vez o homem atingiu foi na elaboração de uma “ideia pura”-.

Podemos ainda sublinhar o antagonismo dos termos “Iluminismo” e “Idade das trevas” os termos constituem um par oposto e complementar. O período modernista viria, portanto, no sentido oposto do período medieval, ou pelo menos teria sido assim considerado pelos homens daquele tempo o que é dizer muito.

O homem propriamente havia mudado. Este novo vagão que agora era atrelado ao comboio da civilização ocidental judaico cristã, comportava dentro de si uma profusão de elementos conflitantes: Um resgate do ideal clássico grego; uma reforma religiosa protestante... e o que é dizer mais: Uma “contra reforma católica”;o medo de deus é relativizado; a igreja ensina ao mundo o parlamentarismo papal;  o rei também conheceria o seu parlamento; o nichos absolutistas, e o modelo de vida cortesão produziriam um refugio aristocrático onde o espírito podia refinar-se, o gentil homem educado no “Ancian Regime” de frança seria ainda durante algum tempo modelo de educação ideal.

Os centros urbanos crescidos entre a corte e a igreja, agora eram cidades onde uma nova classe social surgiria e exigiria seu espaço definitivo, estamos falando da “burguesia”, mercadores bem sucedidos, banqueiros, comerciantes, todos componentes de um novo “ extrato-social”, com a característica de ter acumulado um “excedente” de capital. O arcabouço de um novo sistema econômico se impõe, são os alicerces do “capitalismo”.

As cidades já tinham feições das atuais, o homem já apresentava traços do homem contemporâneo. E por incrível que possa aparecer, mantinha ainda mais forte seu elo com o mundo grego; resgatará o foco humanista através do renascimento, agora o mundo pode novamente ser visto de forma horizontal enfrentável pelo homem confiante em suas faculdades mentais e físicas, capaz de abraçar o mundo, e ciente de que deus o havia criado para isto. Cada homem era agora “Um ponto onde o universo se faz consciente”. Não se pode, portanto, censurar o homem Iluminista por egocentrismo.

Cabe-nos aqui  algumas reflexões, quanto ao conjunto de fatores que formam o Iluminismo, e, o quanto ele teria propulsionado a “Revolução Francesa”; bem como o quanto de medievalismo havia latente dentro deste novo homem, que ainda morre por deus e por ele mata; este homem que segue a moda da corte, e singra um oceano em busca de novos horizontes; o quanto ele é contraditório, o quanto ele moderno, medieval ou clássico? Algumas destas questões são respondidas pela semântica, ou pela lógica dos pares de opostos; mas os contrastes não são assim tão fortes... Toda a mudança é resultado de um processo, não foi diferente com o homem moderno; não podemos apurar”a moral da história”... Podemos sim, sentir-nos dentro dela, e por meio dela procurar entende-la.

A idade moderna houve-se com uma quantidade de mudanças e diferenças em relação ao período medieval, tão grande, quanto o numero de traços que dele herdou. A idade moderna é, filia rebelde do medievo ocidental, é por essa discrepância, que justifica-se a turbulência, a desacomodarão, que parecem sempre cercar as paragens modernistas.

Na melhor concepção do termo discussão o Iluminismo foi discutível; o absolutismo nutriu no seu ventre o gérmen da sua destruição; a contra reforma manteve a igreja, e a salvou para sempre; “Quem inventou a guilhotina morreu nela”. “A Inglaterra e o império britânico despontam no céu modernista como um novo lume de orientação; a França revela ao mundo o modelo ideal de rei “Absolutista”, na personalidade de Luiz XIV “O rei sol”, a revolução que pregava fraternidade, decapitava seus opositores em praça pública; os progressos artísticos, os homens de letras, o surgimento da imprensa, seriam os pontos de luz que inspiraram a denominação deste “Homem Iluminista”... aquele que acendeu  uma luz  em uma câmara escura... talvez uma vela...ainda assim vislumbrou o potencial humano, na penumbra, e sem embargos foi ofuscado.

            Neste século, ocorreu um aumento populacional na Europa, passando de 20 para 28 milhões de pessoas, este fato, está relacionado ao avanço da medicina no que se refere, à prevenção e cura de certas doenças, como (varíola). Neste sentido, podemos afirmar que houve um regresso em relação às epidemias, possibilitando assim uma organização social privilegiada em comparação aos séculos anteriores.

            “A relação à vida, ao nascimento, ao amor, ao casamento, à sexualidade e, por ultimo, à morte, começa a mudar” É neste momento que os homens, assim como as mulheres adquirem novos hábitos, modificando sua forma de pensar e agir na sociedade. Outra característica deste século é o aumento significativo na circulação de idéias através dos jornais, revistas e folhetos, a opinião pública é mais esclarecida, a vida na cidade se torna mais rica culturalmente.

            Neste cenário, de transformações culturais surge alguns porta vozes que contribuem para os ideais iluministas, são eles: Homem de Letras, homem de negócios e os funcionários da corte, estes homens compartilham nas Universidades e também nas Lojas maçônicas, uma nova concepção do mundo, o homem é o ser supremo da natureza, o criador das ciências, o arquiteto do universo, portanto, é ele quem deve decidir sobre seu futuro, a teoria de liberdade, fraternidade e igualdade, foi criada neste momento.  

Referências bibliográficas 

VOVELLE, Michel. “O homem do Iluminismo”. Lisboa: editorial presença, 1997.



[1] Aluno de graduação do curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal do Pampa. UNIPAMPA, Campus Jaguarão/RS. 

[2] Aluno de graduação do curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal do Pampa. UNIPAMPA, Campus Jaguarão/RS. 

[3] Aluno de graduação do curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal do Pampa. UNIPAMPA, Campus Jaguarão/RS.