Personagens de duas importantíssimas obras da literatura ocidental, Aquiles e Werther representam símbolos literários em suas respectivas épocas, demonstrando a riqueza literária dos imortais Homero e Goethe.

Enquanto Homero descreve Aquiles como sendo o grande herói de batalhas e conquistas, venerado por seu espírito guerreiro, pela sua fortaleza diante dos obstáculos que enfrentava; Goethe por sua vez enfoca o espírito frágil e até inocente do jovem Werther, que se deixou escravizar por um amor impossível que lhe corrompeu a alma, levando-o ao ápice do sofrimento e desventura.

O lendário Aquiles, pela própria característica da época em que viveu, tinha um espírito lutador, capaz de grandes proezas para alcançar seus objetivos. Era impetuoso e impunha de seus seguidores respeito e obediência. Atormentou-se por decidir entre uma vida longa e desconhecida ou uma vida curta e lendária. No entanto, o sentimento de ser glorificado, fez com que tomasse o caminho dos grandes feitos, de batalhas e conquistas.

Werther, porém, dedicado às artes, era dotado de farto sentimentalismo, de adoração à natureza, simpatizava com a solidão, apreciava tudo que era belo e deixava-se levar pelas emoções. No momento em que se apaixonou, deixou que o sentimento lhe tirasse a razão, passando a viver em função desse único sentimento. Esqueceu sua arte e passou a viver na sombra de um amor impossível. Diante da angústia de não poder ter ao seu lado o bem maior de sua vida, Werther chegou ao limite de sua emoção, tirando a própria vida, que não mais lhe seria de valia, se não conseguisse ter o amor de sua vida.

Traçando um comparativo entre os dois personagens, chega-se à conclusão que o excesso de sentimentos os levou a corromper suas existências. De um lado, Aquiles, que sucumbiu à sua própria ira e, de outro Werther, que por um amor não correspondido, optou por rejeitar a própria existência.

Ainda assim, a coragem de ambos por seus feitos é algo comum, mesmo denotada através de sentimentos contrários.