O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, declarou esta semana que o G7 , que congrega os antigos todos poderosos do mundo, morreu. É obvio : o país dele, não faz parte do G 7( Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Canadá) , o grupo de países que sempre decidiu quase tudo no mundo, que são ricos, desenvolvidos e abalados pela crise de 2008.

Neste cenário ganha ainda mais força, conforme os outros artigos já publicados, o grupo BRICs ( Brasil, Rússia, India e China), que são as quadro grandes potências regionais, emergentes, agora de status global. Contudo, antes de regionalizar o mundo, é necessário considerar alguns fatos.

O G7 não morreu, mas perdeu sua identidade, pois suas reuniões isoladas não são tão significativas e sempre acompanham os visitantes, os países do BRICs por exemplo e alguns da África, para consolidar o aspecto de "solidariedade" dos "grandes". Diante disso, esta tal grandeza fora maior em outros tempos quando os emergentes eram menores ...

Contudo, perdendo a grandeza, assistindo a retomada econômica dos BRICs e ainda em crise , fica difícil liderar o mundo. O melhor é "compartilhar" o poder com os BRICs, que estão com suas economias mais saudáveis e geridas por uma espécie de capitalismo intervencionista.

Agora os BRICs passaram melhor pela crise dos Estados Unidos e estão no momento certo de reinvidicar o poder que lhes cabe, pelo simples fato de não possuírem nada se comparados ao G7 : é neste exato momento de crise do " centro", que esta nova periferia, agora credora do FMI, pode se impor consideravelmente.

Os quatro países que compõem os BRICS serão as principais potências do mundo em dentro de alguns anos e é natural que reinvidiquem uma posição de maior destaque no mundo deste agora, dentro de órgãos como Bird, FMI e ONU. De certa forma, os BRICs ocupam o vazio de liderança geopolítica que a Guerra Fria deixou.

O mundo geopolítico do século XXI é pluripolar, ou seja, apresenta vários pólos de poder ( econômicos e geopolíticos), sendo três grandes centros ( que neste anos estão em crise e compõem o G 7) formados por Estados Unidos, Europa e Japão e quatro centros regionais (que são emergentes com grandes mercados consumidores, industrializados e matéria prima dentro do país ou em sua região de influência) , formados por Brasil, Rússia, Índia e China.

Esta nova regionalização que se caracteriza não descarta o poder do G7, apenas o diminui, pois as quadro novas potências regionais ganharão cada vez mais espaço no cenário internacional, enquanto que o primeiro grupo diminuirá sua presença, pelo fato de possuírem ainda hoje, muito poder sobre todos os outros demais.

Ainda não é a hora de comemorarmos um mundo mais democrático ou justo. Estqs novas potências são tão imperialistas quanto às primeiras. Neste momento histórico, bem como o final da Guerra Fria, marca uma ruptura com algo velho e desenha-se algo novo. O mundo se fascina com a beleza de três BRICs , Brasil, China e Índia e continua, como nos tempos da União Soviética, com receio da Rússia.

O centro perde poder. A Periferia ganha poder e torçamos para que novos erros não sejam cometidos, contudo esta torcida não pode ser otimista. Em vez de uma solidariedade mundial, ainda é mais fácil a Índia, potência do futuro, colonizar a decadente Inglaterra e esta última fazer surgir um novo Gandhi, agora em Londres. Seria o primeiro caso onde uma metrópole se transformaria em uma colônia. O mundo não é mesmo fantástico ?

Ivan Santiago da Silva – é graduado em Geografia, pós graduado em Educação e professor titular do curso de Geografia do Instituto Superior de Ciências Aplicadas