O fundamento do nada.

Amanha.

Se eu deixasse de existir.

Seria um fato.

Normalíssimo.

Porque trilhões.

De outros anos passados.

Eu nunca tive existência.

Do mesmo modo você.

Na superação das cadeias.

De elos para a evolução.

Entao é como se voltasse.

Aquilo que não fui.

O não ser é a minha essência.

Contrariamente, ao meu ser.

Morrer não é nenhum fato.

Estranho.

O mundo é uma repetição da morte.

Jamais da vida.

Então a vida é a realização.

Da não existência.

Quando eu morrer será apenas.

O meu não ser.

Ao fechar os olhos.

Poucas pessoas sentirão saudades.

Se morrer não vou entender.

Intuitivamente.

O que seria o futuro da minha morte.

O amanha será o porvir dos não amanha.

Quanta gloria um ou outro poema.

Pudesse talvez fazer sentido.

 Pressinto a irrealidade.

 Que a realidade acontece desse modo.

Para todos.

O meu futuro é o vosso futuro.

A aurora dos dias.

O choro perderá a graça.

O caminho natural das coisas.

É apenas o esquecimento.

Se morresse amanha.

O sol continuaria azul.

As estrelas não perderiam seus brilhos.

A natureza dançaria naturalmente.

Sua velha melodia.

O significado da vida.

O sonho da gloria.

O colorido das fantasias.

Todas essas coisas seriam sinais ultrapassados.  

Um silêncio profundo abateria sobre os segredos.

Do meu coração.

A voz emudeceria.

Acordaria em outro plano.

Mas não despertaria.

Bateria no peito o significado obscuro.

 Da pobre existência.

De um ser que poderia ter sido.

Mas o ser não pode ser.

O significado da existência.

Eu diria para mim mesmo.

Antes de fechar os olhos.

E iniciar a interminável.

Noite de sono.

Edjar você nunca foi antes.

E quem nunca foi no passado.

Não poderá  ser no futuro.

A sua breve existência.

 Apenas  a ficção de sua sombra.

Ainda bem que não ideologizou.

A vossa mente.

Entendeu então que não deveria ter.

Em sua razão.

Nenhuma proposição da realidade.

Metafísica.

Recusou pensar em Deus.

Edjar você disse para você mesmo.

Que vida seria uma grande bobagem.

Por um simples motivo.

Suponhamos que exista uma alma.

Claro essa possibilidade é descartável.

Estou admitindo a possibilidade do erro.

A loucura dessa possibilidade.

Admitamos a existência de deus.

Essa tese é a coisa mais absurda.

Das demais possibilidades.

Existência do céu e do inferno.

Então deus na sua estupidez.

Fica administrando o vazio.

Porque a alma não sente dor.

Muito menos frio e calor.

Ela é apenas um fluido.

 Sem  substância.

Motivo pelo qual a morte.

É simplesmente a inexistência.

 A mesma que nunca deixou o ser.

Constituir-se antes do ser.

E quando se desconstituiu.

É como transformar em um fluido.

A existência.

Então se morrer amanha serei apenas.

A eternidade do meu não ser quando nunca foi.

É nessa lógica.

Que tudo que existe do infinito ao vazio.

Da matéria e sua transposição para evidência.

A percepção é apenas do nada.

E da insignificância da realização de um princípio.

Cujo fundamento nunca se efetivou de fato.

Pelo motivo da irrealidade.

  De todas as coisas.

O real é própria ausência da realidade.

 Dele mesmo.

Edjar  Dias de Vasconcelos.