O FORMALISMO E SUA CONTRIBUIÇÃOPARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA1.


Fabiana Gomes do Nascimento Santos2
Silvana Sousa de Oliveira3


Resumo.
O estudo a seguir que trata a respeito da teoria formalista traz como temática a análise da estrutura interna da palavra, focalizando a competência linguística dos seres humanos, como uma teoria explicativa da língua internalizada (língua I). Neste estudo, faz-se necessário esclarecer os referenciais de entendimento e análise que encontram-se principalmente nos textos de Maria Carlota Rosa, Neves, Chomsky e Bakhtin.


Palavras-chave: Formalismo, língua, linguagem.


Este trabalho será feito no intuito de explicar as contribuições que o formalismo trouxe para o ensino de língua portuguesa, já que o mesmo se preocupa com a estrutura interna das palavras de uma língua.
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1- Artigo elaborado como requisito para obtenção da nota AP 3 da disciplina: Metodologia do ensino de língua portuguesa, ministrada pela professora Maria das Dores Moreira de Araújo.
2 - Acadêmica do 5° período do curso de Letras- Português da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA
3 -Acadêmica do 5° período do curso de Letras- Português da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA

O formalismo e um modo de focalizar a descriçãogramatical cuja ênfase recai na forma ou estrutura da palavra ,analisando essa estrutura gramatical das línguas ,vendo –a como o reflexo de um modelo formal de linguagem preexistentes as línguas naturais e faz desse modelo o próprio objeto de estudo da linguística.
O formalismo também e conhecido por gramática gerativa que surgiu na década de 1950,a partir de um livro chamado. “Estruturas sintáticas” de Noam Chomsky que trouxe uma nova revolução no modo como a linguagem é analisada.
Segundo Chomsky (1957, p.59) “dois princípios básicos caracterizam a concepção gerativa de gramática”. O primeiro que ele fala é o princípio do inatismo, ou seja, uma estrutura inata e a partir disto Chomsky também observou outro aspecto importante nessa gramática que foi a competência e o desempenho, onde ele define “competência” como a capacidade em parte inata e em parte adquirida que falante possui de formular e compreender frases em uma língua e caracteriza “desempenho” como a utilização concreta dessa capacidade, ou seja, o ser humano nasce biologicamente com uma gramática programada e é desenvolvida de acordo com o ambiente. A competência é o conhecimento da gramática “programada” e o desempenho é o uso da gramática.
De acordo com Chomsky (1957, p.59) “o segundo princípio gerativista é o princípio da modularidade da mente, que prevê que a nossa mente é modular”. E é neste ponto que entra a faculdade da linguagem que é o que existe dentro de cada indivíduo, em outras palavras é o domínio da fala, que permite a aquisição da língua materna.
Então o formalismo é de suma importância pois traz a proposta de observar o uso da língua considerando-o fundamental para a compreensão da linguagem, observando não apenas o nível da frase, mas analisando, sobretudoo texto e o diálogo, tem visão dinâmica das línguas, focaliza a criatividade do falante para adaptar as estruturas lingüísticas aos diferente contextos de comunicação e considera que a linguagem reflete um conjunto complexo de atividades comunicativas, sociais e cognitivas, ou seja, sua
estrutura é conseqüente de processos gerais de pensamento que os indivíduos elaboram ao criarem significados em situações de interação com outros indivíduos.
Como já foi dito o formalismo é uma teoria que tem como ênfase a forma ou a estrutura gramatical, não a função dessas formas, o que está em vista é a competência lingüística dos seres humanos. Ao contrário do funcionalismo que tem como foco os enunciados efetivamente produzidos, vistos nas suas funções e a interação verbal entre os falantes.
No entanto as duas teorias tratam do mesmo fenômeno a língua, com tudo a forma como os lingüista vêem esse fenômeno é distinta, o que implica o uso de metodologias distintas nesse fenômeno. Como afirma Neves (1997, p.39) “a língua é um sistema autônomo, em quanto, o funcionalismo vê a língua como um sistema não-autônomo inserido em um contexto de interação social.
Os formalistas vêem a língua como um fenômeno mental, derivados de uma herança lingüística genética comum da espécie humana, capacidade inata que os indivíduos tem, de adquirir a língua ou as línguas faladas no ambiente ao seu redor. A formalização não pode, porém ser entendida como “um exercício técnico desprovido de finalidade” mas como um meio de “trazer a luz erros ou lacunas e pressupostos ocultos”, e de “conduzir a novos ensights teóricos e sugerir novos problemas empíricos para investigação”. (Chomsky, 1981: 336, ou seja, o formalismo não se propõe a descrever dados de uma língua mas sim é uma teoria que se volta para forma e o significados das expressões nessa língua, sendo assim, ao classificarmos um enfoque como formalista, estamos dizendo que nos restringimos a parte do conhecimento lingüístico a que chamamos competência gramatical, pois é apenas um dos módulos do conhecimento lingüístico, aquele que lida com estruturas gramaticais.
O ensino de língua materna vem sendo alvo de preocupação de especialistas da mais variadas áreas. Os lingüistas criticam o modo como a escola trata o ensino de linguageme apontam fragilidades encontradas no ensino tradicional ao lidar com as diferenças sociais e lingüísticas dos novos alunos que integram a escola pública brasileira. Com tudo para Neves (1997,
p.97) “a partir do momento que um professor de língua materna, entende a teoria formalista ele terá entendido um conjunto de pressupostos que poderão orientá-lo na sua atividade em sala de aula”.
Essa teoria se oferece como teoria explicativa da língua internalizada (a língua I). sendo assim, o professor terá compreendido as propriedades básicas da faculdade da linguagem o que lhe será útil na compreensão mínima do processo de aquisição da linguagem, sem dúvida componente fundamental da compreensão do papel do professor de língua materna.
Essa pesquisa tem como embasamento teórico a bibliografia de Neves, 1990, Noam Chomsky, 19957 e 1964, Maria Carlota Rosa, 2000 e Bakhtin 1986. Através deste estudo espera-se demonstrar a contribuição do formalismo para o ensino de língua materna. Para isto foi utilizado os textos dos referidos autores, dos quais foram retirados citações e alguns trechos a fim de confirmar as discussões e comentários abordados no estudo. O objetivo do trabalho foi desenvolver a aplicabilidade do formalismo no ensino do Português, como o mesmo pode ajudar na transmissão de conhecimento nos métodos empregados no ensino para facilitar a aprendizagem dos discentes. Para se concluir este estudo foi usado os textos já citados mais pesquisas, análises e artigos de acadêmicos de outras universidades para o melhor entendimento dos interlocutores e confirmação de nossas hipóteses.
De acordo com Neves (1990, p.52) “as pessoas falam, exercem a linguagem, usama língua para produzir sentidos, e desse modo estudar gramática é, exatamente pôr sob exame o exercício da linguagem, o uso da língua, a final a fala”. Isso significa que a escola não pode criar no aluno a falsa noção de que ler ou escrever não tem nada a ver com gramática, reforçando assim a importância da teoria formalista no ensino de língua portuguesa, pois essa teoria não se propõe a descrever regras, mas, analisar de maneira explícita.
De acordo com o preceito formalista para o indivíduo desenvolver uma língua é preciso que ele tenha uma experiência lingüística, ou seja, o mesmo deverá ser exposto a uma língua, sendo assim, falará de acordo com a comunidade lingüística a qual foi exposto. Por esse motivo não se tem êxito ao
tentar ensinar uma língua a indivíduos que cresceram afastados do convívio social.
Portanto, para o formalismo a língua é adquirida a partir de estágio inicial, que se desenvolve de acordo com o meio do qual o indivíduo estiver inserido. Pode-se dizer que o estágio inicial é o conhecimento lingüístico que o indivíduo tem da própria língua materna. Esse processo de aquisição inicia-se na infância, e é ele que nos permite criar e compreender um número infinito de frases da nossa língua.
Falar em construtivismo, gerativismo e formalismo é falar de uma mesma teoria, pois ambos trabalham a mesma teoria, mas em épocas diferentes, os mesmos visam a coerência das frases como mostra o exemplo a seguir; ao invés de falar “eu ia te convidar” para o formalismo deve-se dizer “convidar-te-ia”. Os estruturalista objetivam a análise explícita sobre determinada língua, ao contrário das outras gramáticas a descrever regras, no entanto Chomsky em seus trabalhos analisam a língua e linguagem para que possamos compreender esses termos que nem sempre foram compreendidos do mesmo modo.
Sendo assim até mesmo autores a favor do funcionalismo com Bakhtin também discute pontos positivos do formalismo no ensino de língua portuguesa depende da maneira como é trabalhada.
A língua materna a composição de seu léxico e sua estrutura gramatical, não aprendemos nos dicionários e nas gramáticas, nós adquirimos mediante enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos durante a comunicação verbal viva que se efetua com os indivíduos que nos rodeiam. Assimilamos as formas da língua somente nas formas assumida pelo enunciado e juntamente com essas formas. As formas da e as formas típicas de enunciado, isto é, os gêneros do discurso, introduzem-se em nossa experiência e em nossa consciência justamente e se que sua estreita correlação seja rompida. Aprender a falar é aprender a estruturar enunciados (porque falamos por enunciados e não por orações isoladas e, menos ainda é óbvio, por palavras isoladas). Os gêneros do discurso
organizam nossa fala da mesma maneira que organizam as formas gramaticais (Bakhtin, 1992, p.301-302).
Contudo, isso não significa dizer que o autor não reconheça os méritos e as conquistas pertencentes aos estruturalistas no estudo da linguagem. Em outras palavras, não há nada de condenável no ato de formalizar desde que essa atitude, no caso específico da teoria de Bakhtin, esteja voltada para a interação verbal ou falando especificamente de ensino, desde que o nosso trabalho como professor, com estruturas de frases eventualmente descontextualizada tenha, por finalidade última não a memorização de conceito, mas o uso efetivo da linguagem.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


A partir das pesquisas obtidas através do embasamento pode-se dizer que o estudo da língua está relacionado a gramática um complementa o outro. A língua produz sentido e a gramática é utilizada para pôr sob exercício a linguagem de maneira adequada sendo assim estabelecendo a estrutura interna da competência lingüística-língua internalizada (língua I) que visa o desenvolvimento da base genética e pode-se dizer que é o que estar dentro de cada indivíduo fazendo relação com o meio, a partir disto se observa que o formalismo diz respeito ao estudo das formas linguísticas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


NEVES, de M.H.M gramática na escola. São Paulo: Ed. Contexto, 1990.
CHOMSKY, Noam. 1964curentessues in linguistic theory.Maia: nouton,1970.
BAKHTIN, m.marxismo e filosofiada linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.
ROSA, Maria Carlota. Introdução a morfologia: de que lingüística estamos falando? São Paulo: contexto, 2000.